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janeiro 22, 2014
Andreas Fogarasi na Galeria Vermelho, São Paulo
A Vermelho apresenta, de 21 de janeiro a 1 de março de 2014, a exposição “1988” do artista Andreas Fogarasi que conta com curadoria de Sophie Goltz, além da animação “White Noise” (2006), da dupla Angela Detanico e Rafael Lain, e da instalação “Espectro do Vermelho” (2013) de Maurício Ianês. Na data de abertura das exposições, o artista Fabio Morais lança, no Edições Tijuana, o livro “Site Specific, um Romance”, da editora Par(ent)esis.
Andreas Fogarasi é um artista austro-húngaro nascido em Viena [Áustria] em 1977. Em 2007, Fogarasi foi premiado com o Leão de Ouro na 52ª Bienal de Veneza (2007). Fogarasi é graduado em arquitetura e Artes Visuais na Academy of Fine Arts de Viena e é um dos fundadores da revista dérive. Zeitschrift für Stadtforschung.
Em suas obras, Fogarasi utiliza estratégias de exibição que são reminiscências do minimalismo e da arte conceitual para explorar questões acerca do espaço e da representação. “1988”, título escolhido por ele para a individual na Vermelho, faz alusão às várias mudanças políticas ocorridas no final dos anos 1980, bem como a outras manifestações urbanas menos visíveis que aconteceram nas últimas décadas.
A obra de Fogarasi aborda temas como arquitetura, economização das cidades e culturalização dos espaços públicos, (des) construindo por meio de vários procedimentos a idéia de cidade nos países europeus. Seus trabalhos conjugam diferentes expectativas e demandas relacionadas ao espaço urbano, apontando para o comprometimento do artista com a arquitetura do espaço.
Como em outras cidades do globo, as transformações ocorridas no espaço urbano a partir da década de 1990, em São Paulo, apontam, segundo a curadora da mostra, não apenas para o fenômeno de gentrificação, mas também para a prática de apropriação do espaço urbano como instrumento de cidadania, oposto à lógica capitalista. Na exposição, Fogarasi descontrói essa lógica e pergunta como devemos entender as ruas, as praças, as casas, as cidades, a construção e a materialidade do cotidiano. Como se dá a construção da subjetividade nesse meio? Qual o futuro dos grandes projetos arquitetônicos em oposição aos ícones da modernidade tardia, como a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi [São Paulo], ou a Casa Barragán de Luis Barragán [Cidade do México]?
Primeira individual de Fogarasi no Brasil, “1988” apresenta a série de fotos “Mirrors” (2014), criada especialmente para a exposição, e inclui também as instalações “North American International Auto Show” (2012), “Postcards” (Verde Guatemala / Sem título) (2012-2014), além do filme “Folkemuseum” (2010).
No filme “Folkemuseum”, que empresta seu título do museu norueguês localizado em Oslo, visitantes da instituição dividem a projeção com perguntas propostas pelo artista, como Should I bring my own actor (Devo trazer meu próprio artista?). O filme apresenta várias questões, como a história do museu norueguês, a paisagem urbana que o rodeia e a cidade norueguesa por meio de uma coleção de 155 edificações que ocupam uma área de 140.000 m², em Oslo.
Já em “Mirrors” e “North American International Auto Show”, Fogarasi apresenta imagens de importantes projetos arquitetônicos inacabados ou em processo de deteriorização. As imagens criam um jogo com a fotografia arquitetônica convencional, em que o carro, símbolo do capitalismo no século 20, aparece como anti-herói, apontando para a falência do projeto econômico Fordista, que conduziu à decadencia de cidades cujas economias estavam baseadas na indústria de automóveis, como Detroit.
Como nenhuma outra cidade do mundo, Detroit representa o fim de uma era econômica. Ao mesmo tempo, ela surge também como exemplo de alternativa para a vida nas grandes cidades que vai além da eficiência econômica calculada, como novas formas de comunicação e de projetos autogeridos.
1988 sugere ao visitante várias questões, como o que caracteriza a identidade da cidade nos dias de hoje, a paisagem ou a arquitetura? Como podemos devemos enxergá-la?
White Noise (2006)
Angela Detanico e Rafael Lain
A animação “White Noise” apresenta uma seleção de fotografias tiradas por satélite da Amazônia. Lentamente, as cores presentes na imagem invadem a brancura da tela, o som da instalação aumenta proporcionalmente. Em “White Noise”, o som é equivalente ao ruído branco da imagem, como se os pontos selecionados se transformassem simultaneamente no mesmo número de sonoridades. Embora não seja intenção dos artistas apresentar uma metáfora acerca do desmatamento da floresta amazônica e da poluição do seu imenso rio, a ligação parece inevitável.
Espectro do Vermelho (2013)
Mauricio Ianês
“Espectro do Vermelho” se apropria e distorce a forma e o significado das bandeiras, tecendo uma crítica acerca do patriotismo e da idéia abstrata de nação, de sociedade e da representação de comunidade por meio de um símbolo. Ianês compara essa estratégia àquela de usar uma única palavra para descrever objetos díspares ou contraditórios. As vinte e seis bandeiras dos estados brasileiros, além da do Distrito Federal, foram reproduzidas com tecido vermelho e seus emblemas bordados também em vermelho, distorcendo e descaracterizando, dessa forma, seu conteúdo político.
Site Specific, um Romance
Fabio Morais
Editora Par(ent)esis, Florianópolis, 2013, 1000 exemplares.
“Site Specific, um Romance”, mais recente livro escrito por Fabio Morais, é uma obra que utiliza o papel como espaço expositivo. Narrativa fictícia que cobre quase cem anos na vida de dois personagens, o livro foi concebido como uma exposição de arte na qual cada capítulo representa uma obra no espaço expositivo do romance. Para isso, sua textualidade é formalmente construída a partir de conceitos e linguagens do campo das artes visuais, como ready-made, non-site, vídeo, site specific, instalação, entre outros, friccionando assim a práxis literária, natural à escrita, com a práxis das artes visuais.
“Site Specific, um Romance” é a dissertação de mestrado de Fabio Morais, defendida na Universidade Estadual de Santa Catarina, em 2013, que uniu num só corpo textual a obra artística e a dissertação. A obra dá continuidade à atuação de Morais que já há algum tempo une práticas literárias com as das artes visuais, criando nesta intersecção o território de seu trabalho artístico.
Andreas Fogarasi – Seleção de exposições individuais: GfzK. Museum of Contemporary Art, Leipzig (2014); Museum Haus Konstruktiv, Zurique (2014); Galerie Cortex Athletico, Paris (2013); Prefix Institute of Contemporary Art, Toronto (2012); Trafó, Budapeste (2012); Museo Reina Sofia, Madri (2011); CAAC, Sevilha (2011); Ludwig Forum, Aachen (2010); Georg Kargl Fine Arts, Viena (2010); MAK, Viena (2008); Ernst Museum, Budapeste (2008); Lombard Freid-Projects, New York (2008). Seleção de exposições individuais: Grazer Kunstverein, Graz (2011); CAC, Vilnius (2011); MSU, Zagreb (2010); Mücsarnok, Budapeste (2009); 52th Venice Biennale / Hungarian Pavilion (2007), Kunstverein für die Rheinlande und Westfalen, Düsseldorf (2007); European Kunsthalle, Colonia (2007); MAK Center for Art and Architecture, Los Angeles (2006); Palais de Toyko, Paris (2003); Manifesta 4, Frankfurt / Main (2002).
Angela Detanico e Rafael Lain – Seleção de exposições individuais: Alfabeto Infinito - Fundação Iberê Camargo - Porto Alegre – Brasil; - Weightless Days version Kyoto 2013 - Kyoto Art Center - Kioto – Japão; - Amplitude - Museu Coleção Berardo - Lisboa – Portugal (2013); Rio Corrente – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil (2012); - Lexico – Blindarte Contemporanea – Nápoles – Itália (2011); -Horizon Vague -Galerie Martine Aboucaya- Paris – France (2010). Seleção de exposições individuais: Amor e ódio a Lygia Clark - Zacheta National Gallery - Varsóvia – Polônia; Imagine Brazil - Astrup Fearnley Museet – Oslo – Noruega [2013]; Más allá de la xilografía - Museo de la Solidaridad Salvador Allende – Santiago- Chile; The Spiral and the square - SKMU Sorlandets Kunstmuseum - Kristiansand – Noruega (2012); Ensaios de Geopoéticas – 8ª Bienal do Mercosul – Porto Alegre – Brasil (2010); 10ª Bienal Habana - Integración y resistencia en la era global - Havana – Cuba (2009).
Maurício Ianês – Seleção de exposições individuais: O Nome – Projeto Octógono – Pinacoteca do Estado – São Paulo – Brasil; Silence – Y Gallery – Nova York – EUA [2013]; Emet, do sopro ao silêncio – Centro da Cultura Judaica [CCJ] – São Paulo – Brasil; Um e Outro Silêncio – Cultura Inglesa – São Paulo – Brasil (2011); Mensageiro – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil [2006]. Seleção de exposições individuais: Avante Brasil - KIT [Kunst im Tunnel] – Dusseldorf – Alemanha [2013]; FLAM III [Forum of Live Art Amsterdam] – Arti et Amicitiae – Amsterdam – Holanda [2012]; Il va se passer quelque chose: Formes & pratiques actuelles de la performance - Maison de l'Amérique Latine – Paris – França; Festival Performance Arte Brasil – Museu de Arte Moderna [MAM RJ] – Rio de Janeiro – Brasil [2011]; 29ª Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar- – Fundação Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo – Brasil [2010]; 28ª Bienal de São Paulo – Fundação Bienal de São Paulo – Pavilhão Ciccillo Matarazzo – São Paulo – Brasil [2008].
Fabio Morais – Seleção de exposições individuais: - Palavras são Coisas - Oficina Cultural Oswald de Andrade - São Paulo – Brasil [2013]; Símile-fac – Galeria Vermelho – São Paulo – Brasil [2012]; Gente de Palavra – SESC Vila Mariana - São Paulo – Brasil [2007]; Museu de Letras – Galeria Vermelho - São Paulo – Brasil [2005]. Seleção de exposições individuais: Imagine Brazil - Astrup Fearnley Museet – Oslo – Noruega; Passant pàgina. El llibre com a territori d’art - Arts Santa Mònica – Barcelona – Espanha [2013]; - The Storytellers - The Stenersen Museum – Oslo – Noruega; The Spiral and the square - SKMU Sorlandets Kunstmuseum - Kristiansand – Noruega [2012]; 8ª Bienal do Mercosul: Ensaios de Geopoéticas – Porto Alegre - Brasil [2011]; 29a. Bienal de São Paulo: Há sempre um copo de mar para um homem navegar-Fundação Bienal de São Paulo- São Paulo –Brasil [2010].