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outubro 29, 2013
Cine Lage com André Parente na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
EAV Parque Lage convida André Parente para o próximo Cine Lage
Cine Lage: É Giro, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, RJ - 01/11/2013
No dia 1° de novembro (sexta), às 20h, tem Cine Lage, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage – espaço da Secretaria de Estado de Cultura. André Parente, artista e teórico do cinema e das novas mídias, selecionou a programação que também será comentada.
A mostra conta com onze curtas e foi pensada a partir de elementos como o cinema de arquivo e a música. Há um predomínio da música ao longo dos trabalhos. “Apenas um dos vídeos apresenta fala. Mas a fala é secundária. Há, entretanto, outras obras onde o trabalho de apropriação e ressignificação das imagens de arquivo domina. Uma das questões principais aqui são os movimentos de suspensão da ação e das narrativas. Estas últimas se constituem e se destituem ao mesmo tempo. A música desperta em nós uma série distinta de universos de sensações e situações”, afirma Parente.
O Cine Lage é uma programação mensal de exibição de filmes e vídeos com o objetivo de promover o debate e a reflexão sobre essa produção. “Com o programa, a EAV busca contribuir para a divulgação de obras que não são exibidas no circuito comercial. A cada apresentação, um artista ou curador é convidado a selecionar e a comentar filmes e vídeos que são exibidos em um telão, no pátio da piscina”, afirma Claudia Saldanha, Diretora da EAV Parque Lage. A entrada é gratuita.
PROGRAMAÇÃO
Poeira ao Vento (Dirceu Maués, 3’30’, 2007)’
O vídeo "...feito poeira ao vento..." foi realizado a partir da animação de uma sequência de 991 fotografias captadas em uma única ação (com quatro horas de duração) com câmeras artesanais pinhole (utilizando caixinhas de fósforo). Mostra, em 3,5 minutos, a transmutação do espaço/movimento da feira em um giro de 360 graus.
O Mundo de Janiele (Caetano Dias, 3’59’’, 2007)
Numa tarde de sol, uma menina brinca de bambolê sobre uma laje de um bairro da periferia. Enquanto isso, o mundo gira ao redor dela. A órbita desenhada pelo bambolê é reiterada pelo movimento circular traçado pela câmera.
Duas Ilhas (Analu Cunha, 2’30’, 2006)
Em um ponto central da Lagoa Rodrigo de Freitas, um casal apaixonado murmura a melodia da música Que maravilha, de Jorge Benjor. Sempre a girar, a câmera ao final enquadra um emblemático personagem da mitologia amorosa - e da carioca.
Wonder Woman (9’59’’, 2007)
Imagens retiradas da terceira temporada de Wonder Women, onde vemos a atriz Diana Prince girar e girar, para se transformar na mulher maravilha.
Ne me quitte pas (Nino Cais, 3’50’’, 2009)
Ao som da canção Ne Me Quitte pas e sem revelar completamente seu rosto, Nino Cais envolve cuidadosamente objetos do cotidiano em pedaços de tecido branco. São panelas, colheres, xícaras e vasos, entre outros, que são guardados nas roupas do artista, presos em sua camisa.
Circulado (4’17’’, 2007)
Trata-se de um vídeo realizado a partir de imagens de arquivo. Nessas imagens, personagens reais e míticos (Dervishe, Telonnius Monk, Edipo, Corisco e Franciscanos) aparecem em situações limite (transe, loucura, morte, destino), giram sem cessar.
A Descoberta do amor (Solon Ribeiro, 9’)
Solon Ribeiro fez uma série de videos, série intitulada o Golpe do Corte, com os mais de 40 mil fotogramas colecionados por seu avô, dono de uma sala de cinema.
O vento sopra onde quer, (André Parente, 10’, 2013)
Trata-se de instalação realizada a partir de imagens de mãos dos filmes de Robert Bresson, uma das marcas do estilo do cineasta francês. Nos filmes de Bresson, a possessão do mundo físico e espiritual está associada à ação das mãos. É pela mão que conhecemos o mundo, não apenas o espaço e os objetos que o ocupam, mas a vida e a morte, a violência e a entrega amorosa. A mão mostra que o homem não está preso ao fundo do céu ou da terra com o qual ele parece formar um só corpo. É a ação das mãos que nos leva a conhecer a nossa determinação espiritual, bem como a escolha que fizemos ou deixamos de fazer que determina a natureza do nosso destino.
Supermemória (Danilo Carvalho, 20’, 2010)
Um olhar poético sobre a cidade de Fortaleza a partir de registros caseiros feitos em super-8 nas décadas de 60, 70 e 80. Este filme é fruto de uma manifestação das pessoas no ato de doar suas memórias para uma poesia coletiva.
O quarto (Ticiano Monteiro, 8’, 2008)
Uma performance em vídeo que mostra uma situação onírica de um homem habitando um quarto situado no meio das águas de um rio.
The Orchestra (Fragmento, Zbigniew Rybczynski, 9’10’’)
Neste vídeo, trecho do longametragem The Orchestra, o realizador polonês utiliza a Sonata N. 2 (Marcha Fúnebre) de Chopin, tocada em um teclado infinito que mostra personagens de várias idades, sexos e classes. É uma obra sensual e complexa, que suscita uma variedade grande de universos de sensações e de situações.
SOBRE O CURADOR
André Parente é artista e teórico do cinema e das novas mídias. Em 1987, obtém o doutorado na Universidade de Paris 8 sob a orientação de Gilles Deleuze. Em 1991, funda o Núcleo de Tecnologia da Imagem (N-Imagem) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde é professor e pesquisador. Entre 1977 e 2013, realiza inúmeros vídeos, filmes e instalações nos quais predominam a dimensão experimental e a conceitual. Seus trabalhos foram apresentados no Brasil e no exterior (Alemanha, França, Espanha, Suécia, México, Canadá, Argentina, Colômbia, China entre muitos outros). É autor de vários livros: Imagem-máquina. A era das tecnologias do virtual (1993), Sobre o cinema do simulacro (1998), O virtual e o hipertextual (1999), Narrativa e modernidade (2000), Tramas da rede (2004), Cinéma et narrativité (L’Harmattan, 2005), Preparações e tarefas (2007), Cine- ma em trânsito (2012), Cinema/Deleuze (2013), Cinemáticos (2013)