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setembro 26, 2013
Julio Le Parc na Nara Roesler, São Paulo
Julio Le Parc - Uma busca contínua, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 04/10/2013 a 30/11/2013
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Apesar de seu papel fundamental na história da arte cinética, as telas, esculturas e instalações de Julio le Parc incluem questões relativas aos limites da pintura, por meio tanto de procedimentos mais próximos da tradição pictórica, tais como a acrílica sobre tela, quanto de assemblages ou aparatos mais propriamente cinéticos.
Pioneiro na modalidade, Julio le Parc foi um dos fundadores, em 1960, do Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960-68), coletivo de artistas ótico-cinéticos que se propunha estimular a participação dos observadores, amplificando a sua capacidade de percepção e ação. Coerentemente com essas premissas e, de maneira mais geral, com a aspiração, bastante difusa na época, a uma arte desmaterializada ou indiferente às exigências do mercado, o grupo apresentava-se em lugares alternativos e até na rua. As obras e instalações de Julio le Parc formadas apenas por jogos de luz e sombras são fruto direto desse contexto, em que a produção de uma arte efêmera e invendável tinha uma clara conotação sociopolítica.
Julio Le Parc
Mendoza, 1928
Vive e trabalha em Paris
Nascido em 1928, em Mendoza, na Argentina, Julio Le Parc estudou na Escuela de Bellas Artes em Buenos Aires, em 1943. Le Parc rapidamente se envolveu com a cena de vanguarda local, em pleno desenvolvimento, e com grupos ativistas de esquerda. Em reação à ditadura repressora de Juan Perón, o artista abandonou a escola de arte e só retornou após a queda do ditador em 1955. Quando da sua volta, Le Parc teve um papel de liderança como artista-defensor ao se juntar à organização estudantil universitária Federación Universitaria Argentina, uma das maiores forças militantes de oposição ao governo.
A exposição de Victor Vasarely em Buenos Aires, em 1958, foi um importante catalisador da partida de Le Parc para Paris naquele mesmo ano. Com uma bolsa de estudos, Le Parc realizou trabalhos em colaboração com artistas colegas de Vasarely e cofundou o Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV), em 1960. Enquanto as primeiras pinturas geométricas de Le Parc tiveram influência da tradição construtivista da Arte-Concreto Invención em Buenos Aires, os trabalhos criados logo após sua chegada em Paris também revelaram um crescente interesse pelo trabalho de Mondrian e Vasarely. No início dos anos 1960, Le Parc passou a incorporar movimento e luz à sua pesquisa. Interessado nas possibilidades do movimento, e na participação do espectador, ele desenvolveu seus característicos ambientes de luz e esculturas cinéticas, que vieram a lhe trazer reconhecimento internacional enquanto um dos maiores expoentes da arte cinética.
Representante da Argentina na Bienal de Veneza de 1966, Le Parc recebeu o Grande Prêmio Internacional de Pintura como artista individual. Apesar da dissolução do grupo em 1968, Le Parc continuou a trabalhar tanto como artista individual quanto como integrante de coletivos internacionais, particularmente dos que estavam envolvidos na denúncia política de regimes totalitários. A participação de Le Parc na revolta parisiense de Maio de 1968 e em comícios sindicais resultou em sua expulsão da França pelo período de um ano. Ao voltar para Paris, Le Parc se tornou um canal importante entre artistas ativistas latino-americanos e a cena artística de Paris, notadamente por meio da publicação parisiense ROBHO, para a qual ele cobria os eventos do coletivo de artistas Tucumán Arde na Argentina.
As obras de Le Parc ganharam diversas exposições individuais na Europa e na América Latina, em locais como o Instituto di Tella (Buenos Aires), o Museo de Arte Moderno (Caracas), o Palacio de Bellas Artes (México), a Casa de las Americas (Havana), o Moderna Museet (Estolcomo), Daros (Zurique), Städtische Kunsthalle (Dusseldorf). Além disso, integraram muitas outras exposições coletivas e bienais, entre as quais estão a polêmica The Responsive Eye (1965), no Museum of Modern Art de Nova Iorque, a Bienal de Veneza, em 1966 (na qual recebeu o Prêmio), e Bienal de São Paulo (1967). Em protesto contra o regime militar repressor no Brasil, Le Parc se juntou a outros artistas no boicote à Bienal de São Paulo de 1969 e publicou o catálogo alternativo Contrabienal, em 1971. As obras coletivas realizadas posteriormente por Le Parc incluem a participação em movimentos antifascistas no Chile, em El Salvador e na Nicarágua.
Mais recentemente, a obra de Le Parc foi objeto de uma grande retrospectiva em 2013, chamada Soleil froid, no Palais de Tokyo, e apresentada na exposição coletiva Dynamo, no Grand Palais, em Paris.
Julio Le Parc - Uma busca contínua, Galeria Nara Roesler, São Paulo, SP - 04/10/2013 a 30/11/2013
Despite their pivotal role to the history of kinetic art, the canvases, sculptures, and installations by Julio le Parc touch on issues pertaining to the boundaries of painting, using procedures both closer to pictorial tradition, such as acrylic on canvas, and more properly kinetic assemblages or apparatuses.
A pioneer of the genre, Julio le Parc was a cofounder of Groupe de Recherche d’Art Visuel (1960–68), a collective of optical-kinetic artists who set out to encourage the participation of viewers in order to enhance their abilities to perceive and act. In keeping with these premises, and more generally with the then quite disseminated aspiration to a dematerialized art, an art indifferent to market demands, the group would present itself in alternative venues and even on the street. Julio le Parc’s works and installations, made from nothing but the interplay of light and shadow, were a direct result of that context, in which the production of a fleeting, unsellable art had a clear sociopolitical tinge.
Julio Le Parc
Mendoza, 1928
Lives and works in Paris
Born in 1928 in Mendoza, Argentina, Julio Le Parc attended the Escuela de Bellas Artes in Buenos Aires in 1943. Le Parc rapidly became engaged with the flourishing avant-garde scene and with leftist activist groups. In reaction to the repressive dictatorship of Juan Perón, the artist dropped out of art school returning only after the dictator’s fall in 1955. Upon his return, Le Parc took a leadership role as an artist-advocate joining the university students’ organization Federación Universitaria Argentina, a major force of militant government opposition.
Victor Vasarely’s 1958 exhibition in Buenos Aries became an important catalyst for Le Parc’s departure for Paris that year. Awarded a scholarship to study in Paris, Le Parc pursued collaborative work with fellow artist friends of Vasarely and cofounded the Groupe de Recherche d’Art Visuel (GRAV) in 1960. While Le Parc’s early geometric paintings were first informed by the Constructivist tradition of Arte-Concreto Invención in Buenos Aires, works produced soon after his arrival in Paris also reflect a growing interest in the work of Mondrian and Vasarely. By early 1960, Le Parc began incorporating movement and light into his research. Interested in the possibilities of movement, and the participation of the viewer, he developed his signature kinetic sculptures and light environments, which would ultimately bring him international recognition as a leading exponent of Kinetic Art.
Representing Argentina at the 1966 Venice Biennale, Le Parc won the Grand International Prize for Painting as an individual artist. Although the group dissolved in 1968, Le Parc continued to work simultaneously as an individual artist and as part of international collectives, particularly those involved in politically denouncing totalitarian regimes. Le Parc’s participation in the May 1968 Paris uprising and union rallies led to his expulsion from France for a period of a year. Upon his return to Paris, Le Parc became an important conduit between activist Latin American artists and the Paris art scene, most specifically through the Paris publication ROBHO, for which he covered the events of the artist collaborative Tucumán Arde in Argentina.
Le Parc’s works have been the subject of numerous solo shows in Europe and Latin America, including Instituto di Tella (Buenos Aires), Museo de Arte Moderno (Caracas), Palacio de Bellas Artes (Mexico), Casa de las Americas (Havana), Moderna Museet (Stockholm), Daros (Zürich), Städtische Kunsthalle (Düsseldorf). Le Parc’s works have also been included in numerous group exhibitions and biennials, including the Museum of Modern Art’s controversial exhibition The Responsive Eye (1965), the Venice Biennale in 1966 (where he was awarded the Prize), and the São Paulo Biennial (1967). As acts of protest against repressive military regime in Brazil, Le Parc joined artists in boycotting the 1969 São Paulo Biennial and published an alternative Contrabienal catalogue in 1971. Le Parc’s later collective works included participation in antifascist movements in Chile, El Salvador and Nicaragua.
More recently Le Parc’s work has been the subject of a major 2013 retrospective, Soleil froid, at the Palais de Tokyo, and included in the group exhibition Dynamo at the Grand Palais in Paris.