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setembro 22, 2013
Rochelle Costi na Luciana Brito, São Paulo
“Intertextualidade” – Processo de produção de um texto literário, que parte de vários outros e com eles se imbrica (Michaelis). Essa definição, embora seja voltada para produção textual, muito poderia se aplicar à próxima exposição individual de Rochelle Costi na Luciana Brito Galeria. Primeiramente, sob seu olhar sempre colecionista, a narrativa expositiva não linear da instalação “O Tempo todo” (Galeria 1) segue um retrospecto único e inédito, que toma conta do espaço através de imagens. Sob curadoria de Ricardo Resende, a instalação apresenta uma seleção de trabalhos realizados desde meados da década de 80 até 2013, que se inter-relacionam para contar a história da poética de sua obra.
O fio condutor transversal de “O Tempo todo” induz o espectador a conhecer “Lugar comum” (Galeria 2), série inédita que culmina exatamente no amadurecimento de uma forma de trabalhar muito peculiar da artista. Ricardo Resende explica: “Rochelle sempre trabalhou seu acervo pessoal de objetos comuns, além de situações banais observadas diariamente, resgatando e atribuindo significado ao que seria facilmente desprezado”.
Por meio da instalação “O Tempo todo”, o espectador pode rever algumas das mais icônicas obras de Rochelle Costi, como as das séries “Toalhas”, “Quartos”, “Mudanças”, “Vende-se Tudo”, “Uma Festa”, “Desmedida” e “Residência”. Uma disposição quase profusa desses trabalhos é propositalmente apresentada nas paredes da sala principal da galeria, numa narrativa histórica da obra da artista, que tanto se equipara à sua própria poética de criar. Rochelle Costi é conhecida por sua capacidade de lidar com a memória intrinsicamente associada a elementos e lugares comuns, não só atribuindo-os um significado extra, mas mais do que isso, criando uma nova realidade e atraindo o espectador para esse cotidiano, muitas vezes nada surpreendente, apenas ordinário.
Esse cotidiano captado pelos nossos olhos vem sendo massificado atualmente pelas lentes e aplicativos de celulares e redes sociais. Para Rochelle Costi, no entanto, isso não tira o brilho das imagens capturadas, mas confere a elas uma qualidade extraordinária de conquista de mais um espaço comunicação, como uma crônica visual, um ‘lugar comum’, simplesmente como parte natural do seu processo de evolução a partir da tecnologia digital. “Lugar comum” é sua mais nova série de fotografias que, além de trabalhar com essa realidade, traz a naturalidade intrínseca do dia a dia de Rochelle Costi.
SOBRE A ARTISTA
Rochelle Costi
Caxias do Sul, RS, Brasil, 1961
Vive e trabalha em São Paulo
Formada em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUC/RS (1981), Rochelle Costi frequentou ateliês de Arte na Escola Guignard e UFMG, em 1882. Em 1991/92 estudou Fotografia na Central Saint Martins College of Art & Design, em Londres. Atualmente, seus trabalhos podem ser vistos na I Bienal de Fotografia Masp Pirelli. Além disso, participou da 24ª e 29ª Bienal de São Paulo (1998 e 2010); 6ª e 7ª Bienal de Havana, em Cuba (1997 e 2000); II Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (1999); Tokyo Photography Biennial, no Japão (1997); XXVI Bienal de Pontevedra, na Espanha (2000); I Bienal del Fin del Mundo, Ushuaia, Argentina (2007); 11th International Architecture Exhibition, Veneza, Itália (2008); X Bienal de Cuenca, Equador (2009), entre outras mostras internacionais. Desde Tentativa de Vôo, em 1983, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – Margs, tem realizado exposições individuais, dentre as quais: Dinâmica Comum, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2005); Reprodutor, Museu da Imagem e do Som, São Paulo (2008); e Pele, Projeto Parede Museu de Arte Moderna de São Paulo (2010); e recentemente, na Casa da Imagem, em São Paulo (2012) e outras coletivas, Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna de São Paulo (1995); Mirades Impúdiques, na Fundació La Caixa, em Barcelona, Espanha (2000), Ultra Baroque: Aspects of Post Latin American Art, no San Diego Museum of Contemporary Art, em La Jolla, EUA (2000/01); Más Allá del Documento. Centro de Arte Reina Sofia, Madri, Espanha (2000); Arte Contemporânea: Coleção Caixa Geral de Depósitos, Culturgest, Porto, Portugal (2002); Miradas Cómplices, no Centro Galego de Arte Conteporánea, em Santiago de Compostela, Espanha (2003); Farsites: Urban Crisis and Domestic Symptoms in Recent Contemporary Art, Centro Cultural Tijuana, México, e San Diego Museum of Art, EUA (2005); Transactions: Contemporary Latin American and Latino Art, Museum of Contemporary Art San Diego, La Jolla, EUA (2006); Arte e Sociedade - uma relação polêmica, no Itaú Cultural, São Paulo (2007).