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setembro 4, 2013
Matheus Rocha Pitta - Nau na Progetti, Rio de Janeiro
A escolha da data da vernissage, dia 7 de setembro, não se deu por acaso: “Nau”, exposição que o artista plástico Matheus Rocha Pitta apresenta na Progetti, revela ângulos da réplica de uma caravela da época do descobrimento atracada na zona portuária do Rio, próximo à galeria. As fotos, feitas de uma câmera de celular comum, sem nenhum tratamento, foram realizadas ao longo de dois anos, sempre que o artista passava pela Perimetral – de ônibus, de van, de táxi e até mesmo a pé, durante uma maratona. O resultado vai ser vivenciado pelo público de uma forma bastante inusitada. Um andaime de 4,20m conduz até a parede onde estão expostas doze fotografias, como um comentário à impermanência da perimetral, cuja demolição já começou.
“Sempre gostei muito da visão que se tem de cima do viaduto, de onde se contempla o topo de importantes monumentos do Rio, como o Mosteiro de São Bento, com o Museu da Marinha ao fundo. Independente da polêmica, temos um ponto de vista, isso é inquestionável. Essa sobreposição é bastante particular – e temporária -, uma vez que em breve não mais existirá”... afirma Matheus, que, por coincidência ou não, ao concluir o trabalho, perdeu o aparelho utilizado.
Exposição parte de alguns contrapontos
Começando pelo próprio nome, a exposição traz alguns contrapontos. Nau remete a uma época da História do Brasil, das naus portuguesas, e ao mesmo tempo soa como o agora, em inglês. Tem ainda a questão da técnica, pois mesmo tendo sido feitas de um celular, as fotografias brincam com a pintura de gênero se parecendo ora com uma tela impressionista (resultado da chuva no vidro do ônibus), ora com gravuras, ora com aquarelas novecentistas.
SOBRE O ARTISTA…
Nascido em Tiradentes, em 1980, Matheus Rocha Pitta vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde se formou em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
O número de exposições de Matheus Rocha Pitta já ultrapassou a casa dos 40 e atualmente o artista tem obras em 14 acervos pelo mundo. Em 2011, participou da coletiva Rendez Vous, no Institut d’Art Contemporain de Lyon e realizou a individual Provisional Heritage, na Sprovieri, Londres, Reino Unido. Em 2012 realizou individuais no Paço Imperial, Rio de Janeiro e na Fondazione Volume!, Roma. Seu último trabalho foi na coletiva Avante Brasil, KIT Dusseldorf, na Alemanha, em 2013. Com Nau, volta para a Progetti, onde ele já havia passado em 2010 com a individual FF#2, exposição que mostrava uma videoinstalação exibindo uma operação de desmanche de carros. Em FF#2, o vão central do sobrado foi isolado e transformado em um grande fundo falso.
Em 1999, foi primeiro lugar na categoria fotografia do Prêmio Rio Jovem Artista, no Rio de Janeiro. Em 2003, participou do 27º Salão de Arte Nacional de Belo Horizonte, Bolsa Pampulha, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Venceu o Prêmio Aquisição 14º Salão da Bahia, MAM Bahia e a Bolsa Iberê Camargo – Blanton Art Museum, Austin, nos EUA, em 2007. No ano seguinte, participou do 47º Salão de Arte de Pernambuco, bolsa de pesquisa concedida ao projeto Drive Thru # 2, em Recife e do1º Illy Sustain Art Prize, Arco 08, em Madrid. Em 2010, ganhou o Prêmio Mostras de Artistas no Exterior, PBAC, Fundação Bienal, São Paulo, e o XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, Rio de Janeiro. Foi também recipiente do 1º lugar na categoria do I Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea, em 2011.