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agosto 30, 2013
Vera Chaves Barcellos na FVCB, Viamão
"Inéditos ou quase... Uma exposição de Vera Chaves Barcellos”, amplo conjunto de obras da produção da artista pela primeira vez exposto na Sala dos Pomares, espaço expositivo da Fundação criada e mantida pela artista desde 2005. Curadoria: Ana Albani de Carvalho – Abertura no dia 14 de setembro, das 11h às 17h. Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão.
Com curadoria de Ana Albani de Carvalho, "Inéditos ou quase...", é uma exposição que reúne exemplos de várias décadas da criação artística de Vera Chaves Barcellos. A produção da artista ocupa a Sala dos Pomares pela primeira vez, e mostra cerca de 30 obras, desde objetos inéditos dos anos 60, obras em xerografia e fotografia manipulada dos anos 70 e 80, até trabalhos mais recentes incluindo um vídeo e 2 livros de artista.
As obras de Vera Chaves Barcellos remetem às questões da autonomia da visualidade e da linguagem verbal, ao deslocamento dos campos de conhecimento e ao rompimento das categorias artísticas tradicionais promovidas pela arte conceitual.
Vera Chaves Barcellos foi uma das primeiras artistas gaúchas a problematizar a relação entre imagem fotográfica e texto através de sua série “Testartes”, iniciada na década de 1970, o que levou a artista a representar o Brasil na Bienal de Veneza, em 1976. No TESTARTE VII, o público poderá ver o caderno com o relato da pesquisa psico-social realizada com estudantes gerada a partir deste trabalho.
Muitos trabalhos inéditos da artista são apresentados pela primeira vez, como os da série "Cadernos para Colorir", e revelam a persistência no que a artista chama de “exercícios irônicos de pintura". E, no caso da série "Cadernos de Leonardo", da apropriação lúdica dos desenhos técnicos de Da Vinci, gerando novas e delicadas estampas em xerografia em uma artesania técnica no uso das cores.
"On ice", a série de 26 fotos p&b realizada pela artista em coautoria com Flávio Pons e Claudio Goulart, a partir de uma performance em um lago congelado em Amsterdã, em 1978, poderá ser vista completa pela primeira vez em Porto Alegre.
Espécie de selfportrait irônico, "Meus pés", trabalho em processo que remete à "inexorável incompletude das imagens", segundo Glória Ferreira, traz uma série de 30 fotografias dos pés da própria artista, ora inseridos como elemento da composição ou como o próprio objeto da cena, obtidas ao longo dos anos nas mais variadas circunstâncias pessoais e geográficas.
O jogo de opostos, tão caro no repertório temático da artista, pode ser visto na série "Do aberto e do fechado", trabalho dos anos 70, em imagens agora digitalizadas e em novo e grande formato e que traz partes do corpo e da face da artista brincando com a dicotomia "aberto X fechado".
O emblemático trabalho da artista "Epidermic Scapes", de 1977, série de cópias fotográficas p&b obtidas a partir de impressões sobre papel vegetal de fragmentos da pele do corpo humano, é mostrado numa pequena série de 9 imagens originais da época.
A série "Comparações" traz 4 colagens com fotografias e desenhos em que o aspecto formal e seus significados mais uma vez revela uma das questões centrais na obra da artista: o complexo problema das representações.
Em “Telegrama Planetário”, de 1974, um texto breve sem imagens, já se pode notar a preocupação em investigar novas possibilidades poéticas e sua ruptura com os repertórios formais modernos.
Nas séries fotográficas "O Grito", de 2006, e "Fêmme Aeroporto", de 2002, também inéditos no Brasil, a artista se apropria de imagens da mídia para subverter os possíveis significados que elas comportam. O apelo à acuidade do observador é igualmente o mote da obra "Atenção II", de 1980, em que uma fotografia é reproduzida em dezenas de seus detalhes, em xerografia, forçando o espectador ao exercício da observação.
Dois livros de artista são apresentados: "Arroio Dilúvio" e "Consum", ambos de 2013, com impressões digitais apresentadas numa caixa trazendo imagens apropriadas de da mídia. O primeiro reúne imagens dos carros que caem no Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, e o segundo ironiza sobre a febre consumista em anúncios de revistas norte americanas dos anos 50.
Destaque para dois trabalhos, também inéditos: “Auto-retrato no espelho”, fotografia digital colorida de 2013, em que a imagem da artista é duplamente refletida no espelho e “Falso Andy Warhol”, em xerografia, de 1987, obra irônica em que a artista se apropria de uma famosa foto de Man Ray retratando Meret Oppenheim e, numa paródia de Andy Wharol, exacerba a questão da apropriação de imagens.