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agosto 18, 2013
Meridianos: Colômbia 4 - José Alejandro Restrepo na Daros, Rio de Janeiro
A Casa Daros traz para uma conversa aberta ao público o artista colombiano José Alejandro Restrepo, autor de instalações emblemáticas na exposição “Cantos Cuentos Colombianos”
Cantos Cuentos Colombianos, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 24/03/2013 a 08/09/2013
A Casa Daros traz para seu programa Meridianos: Colômbia 4, no próximo dia 22 de agosto de 2013, às 17h, o artista colombiano José Alejandro Restrepo, que conversará sobre seu trabalho, e particularmente sobre suas obras que integram a exposição “Cantos Cuentos Colombianos”: "Musa Paradisíaca" (1996), "O crocodilo de Humboldt não é o de Hegel" (1994), "Canto de Morte" (1999) e "Olho por dente" (1994).
José Alejandro Restrepo nasceu em 1959, em Bogotá, onde vive e trabalha. O artista estuda a história cultural da Colômbia com uma piscadela maliciosa: seus mitos, seu descobrimento e exploração, os interesses e poderes envolvidos e a persistente exploração.
Na instalação "Musa paradisíaca" (nome botânico da banana), uma das que mais chamam atenção na exposição “Cantos Cuentos Colombianos”, a natureza (a bananeira) e a tecnologia (televisão) passam por uma síntese grotesca. A situação paradisíaca de um Éden de acordo com a perspectiva ocidental, que a Colômbia representa em todo o seu esplendor e diversidade, colidem com a realidade social: é a história interminável de opressão e violência, manifesta nas plantações de banana, tal como mostram as gravações televisivas sobre os massacres perpetrados nas últimas décadas.
O artista afirma: “Não trabalho mais entre quatro paredes”. “Descobri que o mais importante para mim é a pesquisa. É escutar, andar em zonas afastadas de Bogotá, em distantes áreas rurais onde acontecem os conflitos, é ver a geografia, é compartilhar com as pessoas”.
TERRITÓRIO COLÔMBIA
Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros e curador de Meridianos/Colômbia, explica que nesta segunda edição do programa o território Colômbia se destaca não para “etiquetar” uma maneira “nacional” de produzir e de entender a arte, “mas para trazer uma reflexão acerca da repercussão de um contexto, uma circunstância, e uma história cultural sobre a cosmovisão e os pontos de vista, desde como os colombianos falam entre si e de como falam com o mundo”. “Meridianos: Colômbia versará, também, sobre a diferença e a singularidade de quem escuta”, ressalta.
PRÓXIMOS MERIDIANOS:COLÔMBIA
Estão previstas conversas dentro do Meridianos/Colômbia com os artistas Oswaldo Maciá e Fernando Arias, em datas a serem definidas.
PROGRAMA DE REFLEXÃO E MEMÓRIA
Como em sua primeira edição, as conversas e eventos do programa Meridianos: Colômbia serão registrados em vídeo, fotografia e áudio, a serem posteriormente incluídos em publicações impressas e digitais, com objetivos de pesquisa e educativos.
MERIDIANOS
O programa Meridianos busca dar voz ao artista e aproximar seu processo criativo, e sua trajetória, do público. Ao longo de 2011, quando reuniu duplas de artistas de diferentes gerações e países em cinco encontros gratuitos: Carlos Cruz-Diez [1923, Caracas], Waltercio Caldas [1946, Rio], Teresa Serrano [1936, México], Lenora de Barros [1953, São Paulo], Gonzalo Diaz [1947, Santiago do Chile], José Damasceno [1968, Rio de Janeiro], Leandro Erlich [1973, Buenos Aires], Vik Muniz [1961, São Paulo], Julio Le Parc [1928, Mendoza, Argentina] e Iole Freitas [1945, Belo Horizonte].
O nome “Meridianos” foi retirado de uma fala do venezuelano Carlos Cruz-Diez durante uma mesa-redonda em 2008, em Zurique, por ocasião da exposição “Face to Face”, no espaço de exibição que a Daros Latinamerica à época. Ele explicava sua decisão de deixar sua cidade para viver e trabalhar em Paris na década de 1960, pois lá era a “cidade pela qual passava um dos meridianos da arte e da experimentação”.
“Desde então pensamos em realizar algo a partir dessa afirmação”, conta Isabella Nunes, diretora geral da Casa Daros. Ela e Eugenio Valdés ressaltam que a própria Daros Latinamerica pode ser percebida dentro deste parâmetro de cruzamento de meridianos, “já que se trata de uma coleção de arte da América Latina baseada na Suíça, com um programa para o continente a partir do Rio de Janeiro”.
Eugenio Valdés destaca que “apesar de as noções de tempo e espaço se colocarem no foco dos diálogos propiciados, nos interessou também separar o aspecto Geográfico para identificar uma dimensão pessoal e única dos ‘meridianos’ de cada artista”.
JOSÉ ALEJANDRO RESTREPO
Nasceu em 1959, em Bogotá, onde vive e trabalha. Em "Ojo por diente", duas vitrines antigas como as de um museu etnográfico, vemos, à esquerda, uma fotografia de um antropólogo de óculos, e dentro, um pouco perdidos, os óculos. À direita, a fotografia de um "selvagem" que mostra os dentes e – como contraponto aos óculos – minuciosamente ordenados e numerados, estão seus dentes. Quem canibalizou quem? Quem come – até o presente – quem? Restrepo estuda a história cultural da Colômbia com uma piscadela maliciosa: seus mitos, seu descobrimento e exploração, os interesses e poderes envolvidos e a persistente exploração. As incertezas, os temores e preconceitos, assim como as possíveis causas e sua construção, se refletem ironicamente nos comentários de Hegel e Humboldt sobre o tamanho do crocodilo americano: o Novo Mundo se confronta com o velho, o empirismo com a teoria; fica evidente a relatividade da nossa percepção e, finalmente, triunfa a imaginação. E o próprio crocodilo comenta este processo com uma piscadela de olho (da câmara)... Em "Musa paradisíaca" (nome botânico da banana), a natureza (a bananeira) e a tecnologia (televisão) passam por uma síntese grotesca. A situação paradisíaca de um Éden de acordo com a perspectiva ocidental, que a Colômbia representa em todo o seu esplendor e diversidade, colidem com a realidade social: é a história interminável de opressão e violência, manifesta nas plantações de banana, tal como mostram as gravações televisivas sobre os massacres perpetrados nas últimas décadas.