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agosto 13, 2013
Ricardo Becker nas Cavalariças da EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
O artista Ricardo Becker abre a exposição “Espelho seu”, no dia 16 de agosto (sexta), às 19h, nas Cavalariças da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – espaço da Secretaria de Estado de Cultura. Na mostra, uma caixa com materiais reflexivos formam um fluxo de imagens onde a escultura se apresenta como evento.
No salão principal das Cavalariças, uma grande estrutura de madeira com placas de vidro convidam o espectador a entrar. No interior, um chão de espelho forma um fluxo de imagens. O visitante participa da obra como reflexo, em constante alteração, por meio das variações de posição e movimento, não escapando da própria imagem. Essa interação faz com que o espectador hesite entre a observação das imagens refletidas e a percepção de si mesmo. Um efeito de nebulosidade nas imagens no chão e na obra é proporcionado pelo talco, jogado nas paredes. Prolongamentos de madeira formam um visual labiríntico e induzem o espectador a percorrer esse caminho caótico, que se confunde e se integra com a arquitetura do prédio.
O espelho, como superfície refletora, não é ele próprio uma imagem, mas um receptáculo de imagens. Colocar diante dele o vidro é como querer refletir o transparente – um paradoxo. Um terceiro elemento nega ainda mais uma vez a imagem: o talco. O vazio entre as duas superfícies é preenchido por uma névoa imagética.
“O observador, sem o qual nenhuma obra se completa, não escapa da própria imagem nestes trabalhos de Ricardo Becker. Ele participa como reflexo e como aquele que, voluntária ou involuntariamente, enquadra as imagens através de sua posição e do seu movimento. Ele participa com o olhar e, de modo literal, com sua imagem virtual. Mas é subtraído o que a imagem especular tem de duplicata perfeita – e às vezes inclemente. Pelo movimento do corpo, estes trabalhos se expandem no espaço real. Eles são simultaneamente óticos e simbólicos; planares e espaciais – embora extrapolem o quadro sem sinal físico. Eles trafegam entre o diáfano e o extensível.” diz o crítico Fernando Gerheim.
"O espelho é uma prótese que produz uma experiência limiar entre a significação e a percepção. Ele está presente na mitologia grega – Narciso desfaz a própria imagem refletida na superfície do lago ao tocá-la –, na literatura de Borges – 'Os espelhos e as cópulas são terríveis porque multiplicam os seres' (...), e na filosofia de Nietzsche – 'Se queremos ver as coisas no espelho, só vemos o espelho, se queremos ver o espelho, só vemos as coisas nele'. A relação entre o duplo e o um de que esta superfície refletora fala num nível metafórico, pode ser vista ainda na contraditória frase de Rimbaud – 'Eu é um outro', explica Ricardo Becker.
Mais sobre o artista:
Professor da EAV. Diretor de arte em publicidade no RJ e em Lisboa, de 1983 a 1998. Desde os anos 80 participa de exposições destacando-se as individuais Projeto Cisco (Casa de Cultura Laura Alvim, RJ, 2012), Desfazer Imagem (Galerias Eduardo Fernandes – SP-2010) e Novembro(RJ-2007) e Projeto Belvedere (Galeria Novembro - RJ-2005) e as coletivas: Espelhos Reflexos e Reflexões ( Galeria Marilia Razuk – SP – 2008), Novas aquisições | Coleção Gilberto Chateaubriand(MAM, RJ, 2004 e 2001) e V Salão MAM-Bahia (1998), em que recebeu o Prêmio Aquisição.