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agosto 6, 2013
Nuno Ramos - Anjo e Boneco (guaches, 2013) na Fortes Vilaça, São Paulo
Nuno Ramos - Anjo e Boneco (guaches, 2013), Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, SP - 15/08/2013 a 14/09/2013
Temos o prazer de apresentar Anjo e Boneco (guaches, 2013), nova exposição individual do artista Nuno Ramos na Galeria Fortes Vilaça. A mostra traz uma série de desenhos em larga escala, inéditos, todos feitos em guache.
O título da exposição é parte de um verso extraído da obra Elegias de Duíno de Ranier Maria Rilke – “Anjo e boneco: haverá espetáculo” (tradução de Dora Ferreira da Silva). Nuno Ramos, ele mesmo também um escritor, inspira-se frequentemente na obra de outros poetas, escritores e compositores. Sua série de desenhos anteriores partia do famoso diário de memórias de Daniel Paul Schreber, e em Faca só Lâmina, uma série de desenhos sobre alumínio, Nuno utilizava versos extraídos de um poema de João Cabral de Melo Neto, para citar apenas alguns exemplos.
Porém, diferentemente de desenhos anteriores, o artista trabalha com poucos elementos e materiais para compor os trabalhos desta nova série. As composições são todas feitas somente com guache, carvão e pastel seco apresentando em sua maioria apenas uma cor em contraste com o negro do carvão. Há formas geométricas combinadas com linhas gestuais, como em Anjo e Boneco 18: Compreendemos Facilmente os Criminosos. O jogo entre as linhas e formas parece estar sempre na beira do desequilíbrio. Há uma expectativa do porvir, a composição não é estática. Nuno também incorpora escorridos e manchas causados pelas tintas, trazendo o acaso para o processo de criação.
Comum a quase a todos os desenhos, além do título da série, são diferentes versos, também extraídos da IV Elegia de Rilke, impressos sobre o papel em letras de forma com carvão. “Como o coração de uma bela maçã” ou “abandonas a serenidade dos mortos” podem ser lidos entre as linhas, semicírculos e tinta, formando a composição. Ao extrair os versos de seu contexto original e incluí-los nos desenhos, Nuno explora a ressonância das palavras em um contexto de abstração.
Ao alinhar todos os desenhos, apoiados na parede, bem perto uns dos outros, contornando o espaço da galeria, o artista cria a sua própria narrativa, o seu próprio poema, visual e literário. Há uma beleza latente, da mesma potência de suas esculturas.
Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico, compositor, cineasta e escritor, participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se recentemente: em 2012, O Globo da morte de tudo (em parceria com Eduardo Climachauska) na Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro, Ai Pareciam Eternas! na Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte e Solidão, Palavra no Sesc Pompéia, São Paulo; em 2010 Fruto Estranho no MAM, Rio de Janeiro; e a 29ª Bienal de São Paulo. Publicou em 2011 seu oitavo livro, Junco, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2008, venceu Prêmio Portugal Telecom para melhor livro do ano com Ó, também da Iluminuras.