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agosto 5, 2013
João Maria Gusmão e Pedro Paiva no Galpão Fortes Vilaça, São Paulo
O problema de Molyneaux é a segunda individual de João Maria Gusmão e Pedro Paiva em São Paulo. Destaque nesta Bienal de Veneza, os artistas apresentam fotografias, esculturas em bronze e filmes em 16mm, todos recentes ou inéditos.
Gusmão e Paiva exploram referências ao existencialismo na tradição filosófica, à literatura metafísica assim como ao proto-surrealismo de Alfred Jarry. O título da exposição é extraído de uma questão filosófica, proposta por William Molyneux a John Locke sobre a recuperação da visão. Um homem nascido cego, que sente a diferença entre formas, tais como uma esfera e um cubo, poderia também distingui-las pela visão caso pudesse começar a ver? O problema é comentado por Locke em seu Ensaio acerca do Entendimento Humano sobre as bases do conhecimento e dos mecanismos de cognição da mente humana.
Na primeira sala de exposição, oito esculturas de bronze propõem alegorias sobre a natureza das imagens, ilusões óticas e fenômenos físicos. Em Coisas Redondas, uma série de objetos circulares são conectados de forma que parecem ser quadrados sob certos ângulos. Bola de tênis reproduz o movimento de uma bolinha quicando sobre o pedestal. Cavaleiro é uma imagem distorcida que também cria uma ilusão de tridimensionalidade sob determinado ponto de vista. Uma vez que aludem com humor à linguagem científica, estes objetos revelam a natureza narrativa da ciência e da filosofia em suas tentativas de apreensão do mundo.
A segunda sala de exposição foi transformada numa grande sala de projeção com cinco filmes curtos em 16mm. Na grande tela as sequências se desenrolam em loop. Três sóis se põem entre rochedos, um homem cego devora um mamão papaia e frutos geometrizados rodopiam no ar como se fossem um sistema planetário. O ruído do projetor ⎯ os filmes não têm som ⎯ é uma lembrança permanente da materialidade das imagens.
João Maria Gusmão (Lisboa, 1979) e Pedro Paiva (Lisboa, 1978) colaboram criando objetos, instalações e filmes em 16 e 35mm desde 2001. Já participaram de diversas Bienais, tais como: 8ª Bienal de Gwangju, Coréia do Sul, em 2010; 53ª Bienal de Veneza, 2009, na qual representaram Portugal; 6ª Bienal do Mercosul, Brasil, em 2007; 27ª Bienal de São Paulo, Brasil, 2006. Dentre suas exposições individuais, destacam-se: em 2011, Alien Theory, no Frac Île-de-France, Le Plateau, Paris; There’s nothing more to tell because this is small, as is every fecundation, no Museo Marino Marini, Florença; Tem gwef tem gwef dr rr rr no Kunsthalle Dusseldorf; em 2010 e On the Movement of the Fried Egg and Other Astronomical Bodies, na Ikon Gallery, Birmingham.