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julho 31, 2013
Felipe Ehrenberg - Apocalipstick na Baró, São Paulo
Individual do artista mexicano abre no sábado 3/8; mostra reúne inéditos dos últimos três anos
Felipe Ehrenberg - Apocalipstick, Baró Galeria, São Paulo, SP - 06/08/2013 a 06/09/2013
A partir de sábado (3/8), o mexicano Felipe Ehrenberg ocupa a Baró Galeria com a individual Apocalipstick, reunindo trabalhos inéditos produzidos ao longo dos últimos três anos. Com mais de 50 anos de carreira, o artista adota uma abordagem especial nesta exposição, que tem o formato de um eclético e agorafóbico gabinete de curiosidades.
Aos 70 anos de idade, Ehrenberg é referência da arte latino-americana no mercado internacional, mas ainda é pouco conhecido no Brasil, país onde chegou como adido cultural, há 14 anos. Apocalipstick é uma oportunidade singular para descobrir seu diálogo provocativo com o entorno social, em uma mostra especialmente convidativa para aqueles que farão seu primeiro contato a obra do artista.
“Preocupa-me muito que o público não compreenda a arte contemporânea. Foco no contato com as pessoas que sabem pouco do mundo labiríntico e quase fechado da arte plástica atual. Há tempos procuro criar obras menos herméticas. A idade nos dá experiência e isso traz vantagens, como uma medida saudável de ceticismo frente à ostentação. Gosto combinar isso ao humor. O humor quebra barreiras para compartilhar verdades,” afirma o artista, que nos anos 1970 integrou o movimento Fluxus, quando morou na Inglaterra.
Entre os cerca de 50 trabalhos que integram Apocalipstick, há peças agigantadas, de dois metros de altura, e outras de poucos centímetros. Para criá-las, Ehrenberg percorre processos distintos e aplica diferentes técnicas, do digital à pintura e à escultura. Materiais como metal e papel se mesclam e se alternam com plástico e madeira, em um contínuo questionamento sobre o tempo presente. Na produção, o artista vivencia etapas conceituais (como na quase esquecida arte postal) e artesanais simultaneamente. “Sou considerado um artista de vanguarda, mas me acho conservador, talvez porque faço tudo a mão. Penso com a mente e com o coração, mas sobretudo, com as pontas dos dedos”, diz.
Neste curioso e “abigarrado” gabinete há obras feitas com celulares embutidos em cimento, e talhas de concreto que eternizam os falsos sorrisos tão constantes nas redes sociais. Montagens de figuras em madeira que misturam motivos pré–colombianos sobre impressões digitais aproximam passado e presente. Metros cúbicos de terra deslocados de três diferentes regiões de São Paulo compõem uma metáfora refinada da especulação imobiliária. Um dos destaques é um portal detector de metais construído com madeira antiga, cujo ruído redimensiona a tensão das passagens de controle de segurança contemporâneas. Há ainda desenhos e livros de artista.
Vanguarda e manutenção se aproximam na obra de Ehrenberg, tornando perene um estado de inovação. A exposição Apocalipstick proporciona um contato envolvente com a produção de um vanguardista pioneiro na arte latino-americana e internacional. Imperdível.