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junho 20, 2013
Meridianos/Colômbia: Juan Manuel Echavarría na Casa Daros, Rio de Janeiro
A Casa Daros traz para uma conversa aberta ao público o artista colombiano Juan Manuel Echavarría, autor de obras emblemáticas em vídeos e fotografias na exposição “Cantos Cuentos Colombianos”
Cantos Cuentos Colombianos, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 24/03/2013 a 08/09/2013
A Casa Daros traz para seu programa Meridianos:Colômbia 3, no próximo dia 20 de julho, às 17h, o artista colombiano Juan Manuel Echavarría, que conversará sobre seu trabalho, e particularmente sobre suas obras que integram a exposição “Cantos Cuentos Colombianos”: “Bocas de ceniza” [2003], “Bandeja de Bolívar” (1999), “Corte de Florero” (1997), e “Guerra y pa’” (2001).
Juan Manuel Echavarría, nascido em Bogotá, em 1947, às vésperas de completar 50 anos decidiu abandonar a bem-sucedida carreira de escritor – são dele os romances “Moros en la costa” (Ancora Editores, 1991) e “La gran catarata” (Editorial Arco, 1981) – e se expressar a partir das artes visuais. Escolheu a fotografia, depois os vídeos. Seu primeiro projeto como artista visual foi a série “Retratos” (1996), fotografias de rostos de manequins desfigurados em vitrines. Sua primeira exposição individual ocorreu em Nova York, na B&B International Gallery, em 1998. Um ano depois, participou de “Arte y violência em Colombia desde 1948”, no Museo de Arte Moderno de Bogotá. Em 2005, sua série “Bocas de ceniza” foi exibida na Bienal de Veneza e, no ano seguinte, realizou uma individual no Weather spoon Art Museum, em Nova York. A exposição “Juan Manuel Echavarría: mouths of ash” circula por várias cidades dos EUA. Em 2011, participa da VIII Bienal do Mercosul – “Ensaios de geopoética”, em Porto Alegre, Brasil,e, em 2012, da XVIII Bienal de Sidney, na Austrália, dentre outras exposições na América Latina, Europa e EUA.
“Não trabalho mais entre quatro paredes”, afirma. “Descobri que o mais importante para mim é a pesquisa. É escutar, andar em zonas afastadas de Bogotá, em distantes áreas rurais onde acontecem os conflitos, é ver a geografia, é compartilhar com as pessoas”.
TERRITÓRIO COLÔMBIA
Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros e curador de Meridianos/Colômbia, explica que nesta segunda edição do programa o território Colômbia se destaca não para “etiquetar” uma maneira “nacional” de produzir e de entender a arte, “mas para trazer uma reflexão acerca da repercussão de um contexto, uma circunstância, e uma história cultural sobre a cosmovisão e os pontos de vista, desde como os colombianos falam entre si e de como falam com o mundo”. “Meridianos: Colômbia versará, também, sobre a diferença e a singularidade de quem escuta”, ressalta.
PRÓXIMOS MERIDIANOS:COLÔMBIA
Estão previstas conversas dentro do Meridianos/Colômbia com os artistas Oswaldo Maciá, José Alejandro Restrepo e Fernando Arias, em datas a serem definidas.
PROGRAMA DE REFLEXÃO E MEMÓRIA
Como em sua primeira edição, as conversas e eventos do programa Meridianos: Colômbia serão registrados em vídeo, fotografia e áudio, a serem posteriormente incluídos em publicações impressas e digitais, com objetivos de pesquisa e educativos.
MERIDIANOS
O programa Meridianos busca dar voz ao artista e aproximar seu processo criativo, e sua trajetória, do público. Ao longo de 2011, quando reuniu duplas de artistas de diferentes gerações e países em cinco encontros gratuitos: Carlos Cruz-Diez [1923, Caracas], Waltercio Caldas [1946, Rio], Teresa Serrano [1936, México], Lenora de Barros [1953, São Paulo], Gonzalo Diaz [1947, Santiago do Chile], José Damasceno [1968, Rio de Janeiro], Leandro Erlich [1973, Buenos Aires], Vik Muniz [1961, São Paulo], Julio Le Parc [1928, Mendoza, Argentina] e Iole Freitas [1945, Belo Horizonte].
O nome “Meridianos” foi retirado de uma fala do venezuelano Carlos Cruz-Diez durante uma mesa-redonda em 2008, em Zurique, por ocasião da exposição “Face to Face”, no espaço de exibição que a Daros Latinamerica à época. Ele explicava sua decisão de deixar sua cidade para viver e trabalhar em Paris na década de 1960, pois lá era a “cidade pela qual passava um dos meridianos da arte e da experimentação”.
“Desde então pensamos em realizar algo a partir dessa afirmação”, conta Isabella Nunes, diretora geral da Casa Daros. Ela e Eugenio Valdés ressaltam que a própria Daros Latinamerica pode ser percebida dentro deste parâmetro de cruzamento de meridianos, “já que se trata de uma coleção de arte da América Latina baseada na Suíça, com um programa para o continente a partir do Rio de Janeiro”.
Eugenio Valdés destaca que “apesar de as noções de tempo e espaço se colocarem no foco dos diálogos propiciados, nos interessou também separar o aspecto geográfico para identificar uma dimensão pessoal e única dos ‘meridianos’ de cada artista”.
JUAN MANUEL ECHAVARRÍA
Nasceu em 1947, em Bogotá, onde vive e trabalha. O vídeo "Bocas de ceniza" mostra que representar as repercussões da violência pode provocar maior impacto que a representação da violência em si: testemunhas de massacres terríveis cantam canções simples sobre o ocorrido. Este ato catártico e autoterapêutico ocorre com tal concentração e honestidade tão assombrosas, que a psique dos “cantores” está completamente exposta. Devido a sua presença quase insuportável, seus olhos e vozes nos fazem participar diretamente do que aconteceu, sem que jamais se revelem detalhes. Assim, Echavarría consegue criar uma presença (da precária situação colombiana) através da ausência (de todas as imagens).
Com frequência, Echavarría recorre à metáfora para validar os seus temas colombianos. Aplica seus recursos estilísticos de modo preciso e claro, obrigando o espectador a um segundo olhar para chegar à compreensão de suas obras. A relação social entre dois papagaios no vídeo "Guerra e pa'" se converte em uma imagem simbólica da convivência humana. Um hino a sua terra natal se transforma, antes de percebermos, em um pequeno monte de cocaína ("Bandeja de Bolívar"). Plantas de aspecto exótico, que parecem extraídas de enciclopédias botânicas do século 19, são, na verdade, ossos humanos.