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maio 9, 2013
Celina Portella - Dublês na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro
Celina Portella, indicada ao prêmio Pipa 2013, apresenta suas video-instalações em "Dublês" no Parque Lage
A exposição “Dublês” da artista Celina Portella ocupará a partir do dia 17 de maio as galeria 1 e 2 da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com duas vídeo-instalações.
A artista vem trabalhando nos últimos anos com instalações que colocam em questão o suporte do vídeo, criam interfaces com “novos espaços” e exploram novos meios e tecnologias. A partir do vídeo, suas obras dialogam com a performance, a dança, a arquitetura e ultimamente com a escultura, caracterizando-se especialmente por um questionamento sobre a representação do corpo e sua relação com o espaço.
Nas instalações intituladas “Vídeo-Boleba” e “Derrube”, apresentadas nesta mostra, o corpo e a imagem do corpo dialogam tornando a questão do duplo uma característica forte e promovendo conexões entre ação virtual e espaço real. Realizadas em períodos diferentes, as obras abordam de duas formas as fronteiras entre a ilusão e a realidade.
A instalação “Vídeo-Boleba” mostra dois meninos jogando bolinhas de gude. A imagem dos corpos e objetos é apresentada em escala real na tela de uma tv, posicionada no chão ao fundo da sala. Agachados, Nino e Guilherme revezam-se no arremesso das bolinhas que, ao sumirem do quadro da imagem pela borda lateral da tela, irrompem o real. Pouco a pouco as bolinhas vão espalhando-se pelo chão da sala, formando desenhos ao acaso.
A cena iniciada na imagem é estendida para o espaço próximo ao público dando continuidade ao deslocamento espacial virtual no plano material. A interação entre o vídeo e objetos, produz articulações entre naturezas supostamente paralelas, atribuindo substância, volume, peso, enfim, matéria, a imagem.
A obra “Vídeo-Boleba” é resultado de um projeto selecionado pelo edital de apoio à Pesquisa e Criação Artística da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, que contou com a orientação da crítica e curadora Ligia Canongia.
Na vídeo-instalação "Derrube", o corpo e seu duplo, projetados em escala real, interagem entre si. Na imagem, uma das figuras golpeia a outra com uma marreta. Ao mesmo tempo que assistimos as reações do individuo que recebe as pancadas, vemos na parede abrir-se aos poucos um buraco por onde o corpo finalmente escapa. A obra revela uma sobreposição de imagens, embaralhando dimensões, tempos e espaços e confundindo a percepção do espectador.
“Derrube”, foi realizada em 2009, por meio do prêmio do II concurso de Vídeoarte da Fundação Joaquim Nabuco em Recife. Após de ser exibida em diferentes mostras e festivais no Rio é a primeira vez que a projeção faz parte de uma exposição na cidade.
Em “Dublês”, o mundo concreto é contraparte do ilusório e vice e versa. Enquanto o vídeo busca uma representação fiel da realidade, seu desdobramento fora da tela busca reproduzir a imagem. O material e o virtual dublam, um ao outro. Finalmente, os dispositivos de Celina Portella burlam, manipulam, desordenam o olhar do espectador, confundindo sua percepção e propondo um questionamento sobre a idéia consensual de realidade.
Sobre a artista
Celina Portella estudou design na Puc-rj e se formou em artes plásticas na Université Paris VIII. Desde 2001 investiga questões sobre a representação do corpo a partir do vídeo. Recentemente foi Indicada para o Prêmio Pipa 2013 e contemplada com a Bolsa de Apoio a Criação da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Ultimamente participou das residências Récollets em Paris, LabMIS no Museu da Imagem e do Som em São Paulo, entre outras. Foi contemplada no Núcleo de Artes e Tecnologia NAT-EAV Parque Lage, Rj e no II Concurso de Videoarte da Fundaj em Recife. Participou da III Mostra Do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, da Mostra SESC de Artes, entre outras exposições.