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abril 17, 2013
Casa Daros realiza o programa Meridianos/Colômbia
Com dois encontros em abril, a Casa Daros retoma a série de conversas abertas ao público, com artistas integrantes da exposição “Cantos Cuentos Colombianos”
Cantos Cuentos Colombianos, Casa Daros, Rio de Janeiro, RJ - 24/03/2013 a 08/09/2013
Meridianos/Colômbia: María Fernando Cardoso: “Projeto MOCO – Museus dos Órgãos Copulatórios”, Casa Daros - Auditório, 18 de abril de 2013, das 16h às 18h
A Casa Daros apresenta a partir do dia 18 de abril de 2013, o programa Meridianos/Colômbia, com conversas abertas ao público com artistas que integram a exposição “Cantos Cuentos Colombiano”. Realizado pela primeira vez ao longo de 2011, quando reuniu duplas de artistas de diferentes gerações e países em cinco encontros gratuitos, o programa Meridianos busca dar voz ao artista e aproximar seu processo criativo, e sua trajetória, do público.
A segunda edição do programa se chama Meridianos/Colômbia, e abre com a artista María Fernanda Cardoso, nascida em 1963, em Bogotá, e que vive em Sydney, Australia. Presente na exposição inaugural da Casa Daros com quatro obras, em que utiliza ossos de boi ou insetos dessecados, como grilos, moscas e lagartixas, María Fernanda utiliza os materiais como parte conceitual de seus trabalhos.
A artista irá abordar o uso dos materiais que escolhe, e ainda o projeto Museu de Órgãos Copulatórios, pesquisa que desenvolve sobre a forma e dimensões dos genitais dos insetos, com fotografias e modelos 3D sob o título “Não é o tamanho que importa, mas a forma”. Ela conta que quando menina queria ser cientista, “um gênio, inventar coisas”, e seu pai a levava a exposições científicas.
O próximo Meridianos/Colômbia será com o artista Rosemberg Sandoval, no dia 25 de abril de 2013, das 16h às 18h. O tema da conversa será “A História da arte por Rosemberg Sandoval”. No dia 27 de abril, às 18h, ele fará sua performance “Rosa-Rosa”, que está, em vídeo, na exposição “Cantos Cuentos Colombianos”.
TERRITÓRIO COLÔMBIA
Eugenio Valdés Figueroa, diretor de arte e educação da Casa Daros e curador de Meridianos/Colômbia, explica que nesta segunda edição do programa o território Colômbia se destaca não para “etiquetar” uma maneira “nacional” de produzir e de entender a arte, “mas para trazer uma reflexão acerca da repercussão de um contexto, uma circunstância, e uma história cultural sobre a cosmovisão e os pontos de vista, desde como os colombianos falam entre si e de como falam com o mundo”. “Meridianos/Colômbia versará, também, sobre a diferença e a singularidade de quem escuta”, ressalta.
PRÓXIMOS MERIDIANOS/COLÔMBIA
Estão previstas conversas dentro do Meridianos/Colômbia dos artistas Juan Manuel Echavarría, Oswaldo Maciá, José Alejandro Restrepo e Fernando Arias, em datas a serem definidas.
PROGRAMA DE REFLEXÃO E MEMÓRIA
Como em sua primeira edição, as conversas e eventos do programa Meridianos/Colômbia serão registrados em vídeo, fotografia e áudio, a serem posteriormente incluídos em publicações impressas e digitais, com objetivos de pesquisa e educativos.
MERIDIANOS
O nome “Meridianos” foi retirado de uma fala do venezuelano Carlos Cruz-Diez durante uma mesa-redonda em 2008, em Zurique, por ocasião da exposição “Face to Face”, no espaço de exibição que a Daros Latinamerica à época. Ele explicava sua decisão de deixar sua cidade para viver e trabalhar em Paris na década de 1960, pois lá era a “cidade pela qual passava um dos meridianos da arte e da experimentação”.
“Desde então pensamos em realizar algo a partir dessa afirmação”, conta Isabella Nunes, diretora geral da Casa Daros. Ela e Eugenio Valdés ressaltam que a própria Daros Latinamerica pode ser percebida dentro deste parâmetro de cruzamento de meridianos, “já que se trata de uma coleção de arte da América Latina baseada na Suíça, com um programa para o continente a partir do Rio de Janeiro”.
Eugenio Valdés destaca que “apesar de as noções de tempo e espaço se colocarem no foco dos diálogos propiciados, nos interessou também separar o aspecto geográfico para identificar uma dimensão pessoal e única dos ‘meridianos’ de cada artista”.
Na primeira edição do programa Meridianos, estiveram reunidos as duplas de artistas Carlos Cruz-Diez [1923, Caracas], Waltercio Caldas [1946, Rio], Teresa Serrano [1936, México], Lenora de Barros [1953, São Paulo], Gonzalo Diaz [1947, Santiago do Chile], José Damasceno [1968, Rio de Janeiro], Leandro Erlich [1973, Buenos Aires], Vik Muniz [1961, São Paulo], Julio Le Parc [1928, Mendoza, Argentina] e Iole Freitas [1945, Belo Horizonte].
MARÍA FERNANDA CARDOSO
Nasceu em 1963, em Bogotá, vive e trabalha em Sydney, Austrália. Cardoso não tem medo de animais mortos. Ela dedicou sua arte à fauna: trabalha com animais como os existentes nos mitos pré-colombianos, ou aqueles que desde a infância a acompanham, alguns banais e outros mais fascinantes: borboletas, lagartixas, cobras, gafanhotos, pulgas, moscas, rãs ou piranhas. Ossos de boi polidos, que em tempos coloniais, por falta de mármore, eram usados para pavimentar as calçadas das casas senhoriais, se transformam pelas suas mãos em pequenos punhos erguidos de aspecto extravagante. Em seus arranjos minimalistas, os cadáveres de animais são transformados em quadros ornamentais muito variados que produzem efeito contundente pela sua palpável autenticidade. Estas obras curiosas são absurdas e surreais e às vezes repelentes, exigem mudanças na percepção, mas ao mesmo tempo nos fascinam e atraem. A força dos objetos animais de Maria Fernanda deriva do fato de que escapam completamente do contexto dominante. Eles são "artefatos naturais": este antagonismo implícito provoca uma invariável inquietação no espectador.