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abril 12, 2013

Christopher Makos - Lady Warhol no MAM, São Paulo

Amigo pessoal de Andy Warhol, o fotógrafo norte-americano Christopher Makos exibe no MAM de São Paulo seleção de fotos do ícone pop caracterizado como mulher a partir do dia 16 de abril

Exposição Lady Warhol traz 50 fotos da série Imagem alterada, inspirada nos retratos feitos por Man Ray de Rrose Selavy, personagem feminina interpretada por Marcel Duchamp, com curadoria da mostra é da produtora espanhola La Fabrica

Christopher Makos - Lady Warhol, Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM SP, São Paulo - 17/04/2013 a 23/06/2013

Quais limites separam a figura feminina da masculina? Essa pergunta, que abriga em seu interior um universo de inferências a respeito da divisão de gêneros e de identidade sexual, é o cerne das fotos da série Imagemalterada, que o fotógrafo norte-americano Christopher Makos clicou usando como modelo seu amigo e cocriador do projeto, o ícone pop Andy Warhol. Pela primeira vez no Brasil, 50 imagens da série serão exibidas na mostra itinerante Lady Warhol, que o Museu de Arte Moderna de São Paulo recebe a partir do dia 16 de abril (terça-feira), às 20h, com a presença de Makos e curadoria da produtora espanhola La Fabrica, que organizou a mostra em colaboração com o MAM e é a responsável pelo festival PHotoEspaña.

No início dos anos 1970, o fotógrafo, então um iniciante egresso de Los Angeles, conheceu Andy Warhol na abertura da retrospectiva do último no Whitney Museum, e tornaram-se amigos. Um grande admirador da fotografia, o próprio Warhol flertou com esse suporte em retratos de celebridades e de seus amigos em Polaroid. No início dos anos 1980, quando Makos já não era mais novato e já tinha seu nome consolidado como fotógrafo, inclusive de moda, ele e Warhol resolveram fazer um projeto juntos.

A inspiração veio das fotos de autoria de Man Ray (de quem Makos foi assistente no fim dos anos 70), em que Marcel Duchampsurgia caracterizado como o personagem feminino “RroseSelavy (cuja duplicidade no “r” inicial sugere pronúncia que evoca a palavra “hereuse”, “feliz” em francês), mas Makos não queria apenas emular a experiência de seus antecessores no início do século 20. “Eu tinha claro que a obra que realiaríamos juntos devia explorar nossas referências culturais em lugar de limitar-se a calcar a experiência RroseSelavy criada 60 anos antes” afirma ele. “Me perguntava como faria para transitar pela linha estreita que separa a usurpação que supõe a citação da criatividade que implica inspirar-se na obra de outro artista”.

A forma encontrada para resolver esse dilema foi buscar na forma um diferencial na composição dos ensaios e, no conteúdo, trazer questões presentes no tempo dos próprios autores. Tendo trabalhado com o próprio autor do original, Man Ray, Makos muitas vezes se pergunta como Man Ray indicaria a ele que resolvesse um determinado problema na realização de um projeto. “E foi dessa forma que compreendi como devia executar o projeto com Andy”, explica. Em contraponto ao clima noirdas imagens de seus antecessores, o norte-americano optou por trazer às fotos uma claridade que realçasse a brancura da pele já muito branca de Warhol. Segundo Makos, “[...] Andy era a pessoa mais branca que eu tinha conhecido”.

Na escolha do figurino para as imagens, evidenciou-se o caráter de dubiedade de gêneros e de um estilo inconformista e alternativo que contrastava com o modo de vida yuppie da época. Foram utilizadas oito perucas e Andy Warhol foi maquiado como as modelos de então. Mas no corpo, o que se vê são suas roupas usuais de trabalho: camisa branca, gravata, jeans. Na pose, duas atitudes distintas: o olhar perdido no horizonte das mulheres ricas que pediam a Warhol que as retratasse; e fotos “com glamour”, como modelos de passarela, com uma maquiagem elaboradíssima.

Para sintetizar a relevância de Lady Warhol ainda hoje, Makos diz: “se levamos em conta o estado emocional da cultura no mundo, as fotos de Identidade alterada, criadas em 1981, seguem dialogando de maneira eloquente com o público contemporâneo. A mim, me trazem à memória Man Ray, que foi minha grande inspiração, e Andy Warhol, que foi meu melhor modelo e amigo”.

Sobre o artista

Christopher Makos,fotógrafonorte-americano, nasceu em Lowell (Massachusetts), mas cresceu na Califórnia. Desde o início dos anos 1970, tem trabalhado no desenvolvimento de um estilo de fotojornalismo gráfico. Seus retratos de anônimos frequentadores de clubes noturnos e dos expoentes do pré-punk, do glam rock e do punk propriamente (reunidos em livros como “White Trash”, sucesso publicado em 1977) capturaram a essência do período com um estilo cru e direto. Amigo de Andy Warhol, Keith Harring e Jean-Michel Basquiat, consagrou-se como um dos nomes-chave da fotografia dos anos 1980, atuando para revistas como Interview, Rolling Stone, Houseand Garden, Connoisseur, Esquire, People e New York Magazine. Entre seus retratados, figuram Elizabeth Taylor, Salvador Dalí, John Lennon e Mick Jagger; e suas fotos foram expostas em instituições como Guggenheim de Bilbao, Whitney Museum (NY), IVAM (Valencia), além de o Museu Nacional Reina Sofía (Madri) ter comprado um dos retratos de Andy Warhol feitos por ele para seu acervo. Além de “White Trash”; publicou “Warhol: a personalphotographicmemory” (1989), “Makosmen: sewnphotos” (1996) e “Makos” (1997).

Posted by Patricia Canetti at 2:13 PM