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março 30, 2013
André Komatsu apresenta Corpo Dócil na Galeria Vermelho, São Paulo
André Komatsu - Corpo Dócil, Galeria Vermelho, São Paulo, SP - 03/04/2013 a 27/04/2013
A individual “Corpo Dócil”, de André Komatsu, na Galeria Vermelho, apresenta uma série de trabalhos nos quais o artista emprega um conjunto de regulamentos retirados de sistemas racionais como a matemática, a arquitetura e a geometria com o propósito de revelar a ambivalência desses sistemas e questionar sua eficácia.
É o que ocorre na obra “O estado das coisas 2 (Três Poderes]", em que o artista utiliza essas estratégias para discutir ideias como as de nação, território e fronteira. A instalação, vista na 8ª Bienal do Mercosul, em 2011, e dessa vez montada sobre a fachada da Vermelho, é composta por um mastro de bandeira e por um par de tênis, e sugere um território de abandono e de desterro.
Na série de esculturas “Três Vidros”, que apresenta três maquetes de edificações modernas em ruína, iniciada em 2012, Komatsu se apropria de projetos arquitetônicos de edificações, característicos da arquitetura moderna brasileira, e as transforma em escombros. Nesse caso, o acidente passa a habitar a miniatura que serviria de esboço para o projeto acabado, sugerindo, assim, a ineficiência e a falência da lógica que permeou o projeto modernista no Brasil.
Em “Esquadria Disciplinar/Ordem Marginal” [2013], placas de aço galvanizado crescem em progressão geométrica sobre a parede de fundo do cubo branco da galeria, numa tentativa de criar uma nova organização espacial e uma nova disciplina hierárquica a partir da forma fechada de um retângulo. Esse experimento pretende ressaltar pequenas diferenças ou falhas que ocorrem dentro de sistemas convencionalmente fechados.
Caibros e pontaletes espalhados por vários cantos do espaço expositivo compõem a série “Campo Aberto”, de 2013. Em conjunto, esses quatro trabalhos revelam as estratégias de Komatsu por meio de pequenas narrativas. Numa delas, um pontalete sustenta um refletor que projeta sombras sobre a parede; em outra, um sarrafo de madeira perfura o reboco, criando um defeito sobre a superfície branca da parede; à terceira escultura, Komatsu agrega imagens em silk-screen, e à quarta, o desenho de um retângulo projetado sobre pedaços de madeira que distorce a perspectiva e confunde o olhar.
Criado em 2008, “Ícone” revela o interior de uma parede expositiva, iluminando o vão, o que está entre. A obra pretende apontar para a ideia de depósito que caracteriza toda exposição de arte, distorcendo o conceito de ícone estático e paralisado.
Em “Time Out”, de 2013, um bloco de papel sulfite obstrui o andamento dos ponteiros de um relógio de parede, impedindo a passagem do tempo.
Completam a individual as obras “Modos Operandi” [2010], “Máquina do Mundo” [2012] e “Cooperativa Antagônica” [2013].
Em “Corpo Dócil”, André Komatsu apresenta um universo vivo composto pelas ideias, e também pelas ferramentas que compõem seu vocabulário, construindo com essas esculturas, instalações e desenhos um corpo flexível e maleável, não domesticado pela lógica dos sistemas.
André Komatsu
São Paulo, 1978.
Exposições Individuais [seleção] Acaso por intenção, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil; Concreto/Periódico, Natalie Seroussi, Paris, França [2010]; Projeto Bolsa Pampulha, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, Brasil [2006]. Exposições Coletivas [seleção] O Abrigo e o Terreno. Arte e Sociedade no Brasil I, Museu de Arte do Rio [MAR],Rio de Janeiro, Brasil [2013]; Future Generation Art Prize 2012 [21 Shortlisted Artists], Pinchukartcentre, Kiev, Ucrânia [2012]; The Peripatetic School: itinerant drawing from Latin America, Drawing Room, Londres, Inglaterra; Ensaios de Geopoéticas, 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil [2011].