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novembro 4, 2011
Sobre a exposição de Manuel Caeiro e Pincilada
Sobre a exposição de Manuel Caeiro e Pincilada
Baró Galeria apresenta a exposição individual do português Manuel Caeiro.
De forma paralela propõe “pincelada: mostra coletiva de pintura contemporânea brasileira”: André Andrade, Bruno Baptistelli, Daniel Lannes, Eduardo Srur, Fabio Baroli, Fabiano Gonper, Felipe Barbosa, Jorge Menna Barreto, José Spaniol, Luciano Deszo, Luiz Martins, Marcone Moreira e Paulo Whitaker
Baró Galeria inaugura no dia 10 de novembro a mostra individual do artista português Manuel Caeiro, com uma seleção de pintura e escultura de suas últimas produções.
A pesquisa de Manuel Caeiro (Évora, Portugal, 1975) é produto de uma reflexão que abarca várias disciplinas artísticas. Arquitetura, desenho e pintura são confrontadas na construção do espaço, que colocam o espectador não como mero assistente, mas como usufruidor e construtor.
Em Caeiro a casa e as suas ramificações ocupam um lugar de destaque. Desde as suas primeiras pesquisas é notória a atenção que o artista confere “aos sinais do fazer e do fazer do tempo. Nos seus trabalhos mais recentes concretizados com estruturas de segurança existentes em canteiros de obras, o artista procura ampliar o seu potencial pictórico e escultórico. O objetivo é a criação de espaços pictoricamente funcionais, que aproximem o espectador, de estruturas arquitetônicas que apelem à contemplação.
Em 1999, Caeiro inicia o seu percurso ainda enquanto estudante da escola de Belas Artes de Lisboa. Desde então tem participado em diversas exposições, destacando as individuais “Reconstruction and Rebuilding”, Guimarães, Portugal (2006); “Reconstruyendo el Vacío”, Léon, Espanha (2007); e “Paredes Ocas”, Barcelona, Espanha (2008), e coletivas “Exposição/exhibition Terceira Metade”, MAM Rio de Janeiro (2011), “Surrounding Matta-Clark”, Lisboa, Portugal (2006) e “Parangolé”, fragmentos desde os anos 90 - Brasil, Portugal e Espanha. Caeiro também está presente em feiras internacionais como ARCO Madrid, VOLTA New York, SPARTE São Paulo, Arte Lisboa, e na primeira edição de ARTRIO no passado mês de setembro.
No mesmo espaço da galeria, no galpão da rua Barra Funda, serão apresentadas uma seleção de pintura brasileira contemporânea. Com o intuito de mapear as propostas mais recentes da produção artística atual a Baró vem realizando uma serie de exposições coletivas: “Arsenal” em 2010 e “20 poucos anos” e “Álbum: coletiva de fotografia contemporânea” em 2011.
Com o nome de “Mostra”, essa vez o foco é técnica pictórica, analisando as procuras que desde a abstração até o naturalismo estão surgindo na última década no panorama com obras de artistas de varias gerações: André Andrade, Bruno Baptistelli, Daniel Lannes, Eduardo Srur, Fabio Baroli, Fabiano Gonper, Felipe Barbosa, Jorge Menna Barreto, José Spaniol, Luciano Deszo, Luiz Martins, Marcone Moreira e Paulo Whitaker.
O artista Jorge Menna Barreto foi convidado a intervir na mostra propondo o título e também exibindo seu mais recente trabalho composto por um jogo de palavras que estará em exibição em um tapete de capacho ao centro da mostra: “gosto da ideia de pensar uma obra enquanto uma cilada, ou uma emboscada, que exige um desvelar. na origem da palavra cilada, há cellare, que significa ocultar. as boas obras têm um veneno, guardam um perigo. à espreita, esperam para picar ou morder. inverte-se aqui a ideia da pintura como revelação, para pensá-la enquanto velamento. com a pincelada, opera-se então um ocultamento sob camadas, muito distante da pintura histórica ou documental. a prática é repensada no mundo atual da hipertransparência e da tirania da visibilidade. vale pelo que vela, pelo que não diz, pelo que esconde sob a pincilada”.
As propostas mais formalistas vem da mão de José Spaniol e Paulo Whitaker, ambos participantes em diferentes Bienais de São Paulo, e figuras de grande presença e influencia no panorama artístico nacional. Spaniol (São Luiz Gonzaga, RG, 1960) expõe nesta mostra as pinturas que formaram parte de seu projeto para a última Bienal de São Paulo. Usando a mármore como tela, a qualidade do material se revela como uma proposta de um olhar diferente sobre os formatos clássicos da pintura, e por extensão, da intervenção artística. Whitaker (Sao Paulo, 1958), artista que representou ao Brasil na Bienal de São Paulo de 2002, mostra nesta coletiva a proposta mais objetiva e a pintura com o único intuito da pintura. Com um vocabulário de gabaritos e paleta de cor restringida as preocupações de Paulo se enquadra no discurso formal além de qualquer metáfora: a formação de planos, a relação de figuras ou a tensão entre o vazio e o cheio.
Luiz Martins, (Machacalis, MG, 1970, mora em São Paulo), expõe como primícias obra da serie que será exibida em Santa Catarina, Goiás, Rio de Janeiro e Belo Horizonte durante 2012 e 2013. Continuando sua linha de trabalho baseado em literatura, nesta ocasião Nietzsche e Saramago, para representar uma simbologia aonde o objeto e a escrita na pintura falam de arqueologia e etnologia do homem.
Felipe Barbosa, Eduardo Srur e Fabiano Gonper são ligados a uma linguagem figurativa com um olhar sobre a sociedade atual. Barbosa recolhe em suas pinturas a investigação sobre as falhas dos processos da logica nossa vida diária. Através da construção geométrica de imagens simplificadas de objetos comuns (setas, casinhas de pássaros), as pinturas de fortes cores criam novos sistemas de sinalização que transmitem a mirada lúdica do artista. Eduardo Srur (São Paulo, 1974), conhecido por seus projetos de intervenção na cidade como ‘Âncora’, no Monumento as Bandeiras; ‘Touro Bandido’, na Cow Parade; ‘Caiaques’, no rio Pinheiros; e ‘Acampamento dos Anjos’, no Hospital da Mulher, na cidade de São Paulo, desenvolve através da pintura uma faceta mais introspectiva de seu trabalho. Na serie “Celestial” retoma desde a abstração com a pincelada pastosa o tema da solidão da viagem. E Fabiano Gonper apresenta suas obras em preto e branco que através da silhueta do sujeito. Em esse uso mínimo do material o artista reflexiona sobre os poderes e atitudes que articulam as relações contemporâneas.
As mais novas propostas estão representadas por Fabio Baroli, André Andrade, Luciano Deszo Daniel Lannes e Marcone Moreira.
Nos novos óleos de Fábio Baroli, (Uberaba, MG 1981) recorta, reorganiza e une diferentes imagens extraídas de fotos pessoais, albumes de família, flirck e blogs. Em maior formato e com pincelada vibrante mostra o olhar do voyeaur no âmbito domestico aonde revela o estranhamento e a perversidade.
André Andrade (Rio de Janeiro, 1969), apresenta um trabalho baseado na recepção da imagem interferida, já seja pela luz (retratando os reflexos na agua) como pela eletricidade (com imagens captadas nas falhas de transmissão da tv).
Luciano Deszo procura o confronto com tradução material em pintura de fotografias. Essa tensão entre o artista e a técnica se traduz em perspectivas de parques de atrações que transmitem a vertigem e incerteza de sua labor.
Marcone Moreira (Pio XII, MA, 1982) reúne também em sua proposta pictórica suas raízes nordestinas. Sua serie “Acúmulos” é uma abstração do desgaste pelo passo do tempo nas superfícies dos utensílios de trabalho da economia informal desenvolvida na sua região.
Daniel Lannes, jovem artista carioca que já ocupo o foyer do MAM neste ano, propõe uma releitura dos clichés da pintura brasileira que seguia os conceitos da arte clássica europeia, em uma investigação do mistério existente na imagem da historia reconstruída.
E por fim, Bruno Baptistelli que vai além da canvas apresentando um site-specific no espaço da galeria que dialoga diretamente com o processo de construção de suas pinturas de paisagens geométricas, criando uma linha ‘invisivel’ que distancia o publico das peças exibidas.