|
setembro 18, 2011
João José Costa, Superfícies em expansão no Maria Antônia por Felipe Scovino
O Grupo Frente, compromisso estético baseado no Rio de Janeiro na primeira metade da década de 1950 e do qual João José Costa foi integrante, ao lado dos seus antecessores Atelier Abstração e Grupo Ruptura (para não citar os casos quase omissos pela historiografia da arte brasileira de obras abstratas realizadas por Belmiro de Almeida, em 1908, e Ismael Nery, na década de 1930, por exemplo), foi responsável pela pesquisa e produção acerca da linguagem construtiva no país.
Junto aos do Ruptura, os artistas do Grupo Frente demarcaram, assim, uma posição de vanguarda que se mostrou fundamental na passagem do que podemos identificar como do estado moderno ao contemporâneo nas artes visuais brasileiras. Abrangendo obras de João José entre os anos de 1953 e a década de 1980 (neste caso, tratando-se de projetos que foram concebidos nos anos 1950), esta exposição propõe um recorte na obra desse artista que constituiu um diálogo de excelência no difícil jogo entre lirismo e suavidade, na articulação de cores e tramas, e a suposta racionalização do espaço e da forma, da qual os concretistas foram acusados.
A formação de João José como arquiteto não pode ser esquecida, quando travamos contato com sua obra. Suas “construções” modulares partem de uma sugestão de ordem para se dissolverem, por meio de ritmos aleatórios e a fabricação de planos virtuais, em uma espécie de desorientação óptica, que por sua vez constituirá uma superfície vibrátil que tende a expandir a pintura. Todo esse processo passa pelo prisma da delicadeza e por uma economia de gestos e métodos. Em algumas obras, as figuras geométricas quebram o ritmo esperado e tornam visíveis novas (e inúmeras) formulações espaciais, afirmando, portanto, que não são estacionárias, mas em constante trânsito, produzindo incessantemente um espaço virtual. Esse aspecto de um concretismo repleto de ambivalências, que particulariza a obra de João José Costa, orientou a curadoria desta exposição.
João José Costa no Maria Antonia, São Paulo