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março 14, 2011
Sobre a exposição de Gustavo Speridião na Anita Schwartz Galeria de Arte
Anita Schwartz Galeria de Arte apresenta a exposição “Gustavo Speridião – Fora do plano tudo é ilusão”, a partir de 16 de março, para convidados, e do dia seguinte para o público. Gustavo Speridião, com apenas 32 anos, já ocupa um lugar destacado no panorama da arte contemporânea brasileira, tendo participado de coletivas em instituições importantes, como o MAM Rio, Paço Imperial, Itaú Cultural, MAM Bahia, CCBB, integrado mostras no exterior, e recebido vários prêmios.
Na exposição “Fora do plano tudo é ilusão”, que ocupará todo o espaço da galeria, e é a maior individual já feita pelo artista, ele vai mostrar nove pinturas em grande formato, inéditas, e produzidas recentemente, com 2,12m de altura, e larguras que variam de um a seis metros. Morando em seu ateliê, no Morro da Conceição, ele pinta sobre lonas cruas ou preparadas por uma camada de verniz incolor, que prefere aplicar com pincel. “Seria muito mais rápido se usasse rolo, mas preciso desse tempo mais longo para iniciar a relação com a tela”, diz. Com exceção de um trabalho, que leva as cores primárias azul, vermelho e amarelo, ele sempre usa a cor preta. Além das pinturas, ele mostrará uma série de 21 fotografias, produzidas de 2006 até o final de 2010, a maioria no formato de 60cm x 80cm; seus cadernos de anotações, onde desenha e anota idéias; e, no contêiner que fica no terraço da galeria, será exibido o vídeo “Os Inimigos” [ http://www.youtube.com/watch?v=7b23YS04km8], de 2008.
O título da exposição é uma sátira em alusão à célebre frase de Lênin, "fora do poder tudo é ilusão", em que Speridião se refere ao plano enquanto espaço pictórico – “a janela renascentista” – e também político. “Passamos por um período de reflexão sobre esse tipo de pintura. Nossa geração não vivenciou ainda grandes lutas políticas, como está acontecendo em outros países”, afirma. “Teve essa revolta no Egito, via internet, e eu havia passado por lá antes e não tinha visto nada que indicasse uma revolta apesar da extrema miséria e opressão. Não dava para imaginar”.
Algumas fotografias que estarão na exposição foram registros de uma viagem de três meses, no ano passado, à França, Espanha, Grécia, Marrocos e Egito. Uma delas é fruto da surpresa ao ver emergindo do Mar Egeu um rochedo em formato geométrico, que remeteu imediatamente a um desenho feito quatro anos antes onde escreveu: “Dentro do mar havia um cubo, e dentro do cubo o circo”.
Gustavo Speridião não dá nome às telas, que já contêm frases ou palavras. Muitas vezes prefere desenhar diretamente na tela, sem recorrer a anotações prévias em seu caderno, da mesma forma que escolhe o material a ser usado de acordo com a ideia que pretende desenvolver. “Cada trabalho pede um tamanho próprio, instrumentos diferentes. Cada tipo de tinta traz uma carga distinta, tem um simbolismo”, diz, se referindo ao nanquim, à caneta de ponta grossa (também à base d’água, como o nanquim), à tinta acrílica, vinílica e ao grafite, que emprega em suas pinturas.
Ele já recebeu os seguintes prêmios:
Prêmio Funarte Marcantonio Vilaça [MAC-Niterói], em 2010; Prêmio Rumos Artes Visuais Itaú Cultural 2008-2009, Prêmio FASM de videoarte, São Paulo, Prêmio SPA das Artes, Recife, em 2009; Prêmio Projéteis Funarte de Artes Visuais, Prêmio Conexões Funarte de Artes Visuais, em 2007; Prêmio Intervenção Urbana na Semana de Artes Visuais de Recife – PE, em 2004.