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outubro 21, 2010
Ana Luiza Dias Batista na Yabakatu, Curitiba
Expondo pela primeira vez em Curitiba, Ana Luiza é conhecida por obras que lidam criticamente com os seus contextos de circulação e exposição, partindo das características (físicas, históricas, de função, uso…) dos espaços ou suportes em que se inscrevem para criar situações em que a arte pergunta, com sutileza e economia de meios, pelo seu próprio estatuto.
A exposição reúne, pela primeira vez, um conjunto representativo dos trabalhos impressos e edições da artista. Uma noção ampliada de desenho, que se "anima" em sequências ou conjuntos, explorando diversos suportes, está presente em todas as obras.
A série Blocos margeados, por exemplo, é composta de blocos de 100 fls. de papel margeado, produzidos pela artista em 8 diferentes modelos, bastante semelhantes aos blocos para desenho técnico que se encontram no mercado, não fosse por modificações nas próprias margens – o “ desenho” da artista consistindo, em suas palavras, na "alteração do próprio campo projetivo do papel, espaço que se pretende abstrato, destinado a receber, passivamente, o desenho".
Nos Desenhos de calígrafos, por sua vez, calígrafos profissionais são contratados para escrever, ou, como quer Ana Luiza, “ desenhar” com palavras sobre folhas de papel “ pergaminata” .
Na obra Hipódromo, duas grandes bobinas de papel monolúcido trazem impressa, a cada metro linear, a mesma imagem: um jóquei num cavalo de corrida, que compete com seus pares pelos 4 km de extensão das bobinas. Quem for à galeria poderá levar para casa pedaços dessas bobinas.
Já o Caderno Parque, que partiu da observação do uso das lâmpadas nos parques de diversões, é um livro no qual as imagens são formadas por acúmulos de círculos coloridos e ganham sentido na seqüência das páginas, incorporando algo da lógica de um flipbook.
No anexo da Galeria Ana Luiza apresentará um trabalho inédito, projetado especificamente para a sua janela-vitrine. Um insulfilm esverdeado, usado em carros, será aplicado sobre o vidro, e depois recortado. O desenho resultante reproduzirá, sobre a janela ortogonal do espaço, os contornos das janelas de um carro, em escala real, visto em perspectiva.
Ana Luiza Dias Batista nasceu em São Paulo em 1978, é graduada e doutoranda em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - USP. Participou de mostras coletivas no Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM-SP, Centro Cultural São Paulo, Oca, Paço das Artes, Casa das Rosas e Funarte. Apresentou exposições individuais na Estação Pinacoteca, no Centro Universitário Maria Antônia, no Centro Cultural São Paulo, nas galerias MendesWood e Adriana Penteado e no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, cidade onde morou como prêmio da edição de 2005 da Bolsa Pampulha. Em 2002 realizou o Plano Copan, com Rodrigo Matheus e Eurico Lopes, e participou do São Paulo S.A./ Situação # 1, com curadoria de Catherine David. Em 2007 realizou, ao lado de Laura Andreato e João Loureiro, a mostra “ Vistosa” , em galpão no bairro da Barra Funda, em São Paulo, resultado do Prêmio Conexão Artes Visuais da Funarte. Em 2009 foi premiada pelo Programa de Ação Cultural da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Possui obra na coleção do MAM-SP.