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setembro 24, 2004
Arte em revista | para todos
Comentário de Débora Monnerat à exposição Arquivo Geral, em andamento no Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
A arte tem que ser para todos. Se não for assim, perde-se a oportunidade de entendê-la tal como ela é. Não há nessa afirmação nenhum posicionamento romântico ou utópico, mas a constatação da dimensão real de toda arte.
Toda arte tem que ser vista. Não apenas por alguns, mas por muitos. E, se possível, por todos. Mas para isso é necessário um esforço, uma vontade e, sobretudo, um objetivo. Escrevo isso enquanto vejo a exposição Arquivo Geral realizada no Jardim Botânico. Quem esteve na abertura desta mostra percebeu que é possível (e muito bom) reunir e unir em torno da arte, não apenas artistas, galeristas, críticos e colecionadores do Brasil e exterior, mas também pessoas das mais distintas áreas. No dia seguinte à inauguração, as visitas continuaram constantes e variadas. Eu creio que essa brisa boa - e tipicamente carioca - que senti diante do movimento gerado pelas inaugurações, seminários e eventos agendados para esta semana, também foi percebida por muitas pessoas. Alguns podem até dizer que isto é pouco, mas são ações como esta que nos permitem vislumbrar um futuro mais interessante para as artes plásticas no Rio de Janeiro.
Ações simples podem ser profundamente transformadoras, mas precisam de continuidade, investimento, apoio. E respeito também. É estranho constatar como o Rio - cidade onde a natureza produz imagens incrivelmente belas, desconcertantes e próximas de quem vive ou passa por aqui - é tão carente de debate, espaço e conhecimento sobre artes plásticas. Mas mesmo com tantas dificuldades, não dá para negar: se a arte que é para todos fosse vista por todos, o Rio seria muito mais feliz.