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outubro 22, 2003
Coletiva - participação Cristina Pape
Olá Patrícia,
O que eu posso falar da exposição é uma questão que está mais ligada à dimensão do que qualquer outra coisa. Vou me deter nos trabalhos do jardim, ainda mais porque foi uma boa conquista esse novo espaço de mostra lá no museu. Mais um! Os dois trabalhos que mais me chamaram a atenção foram os dois, que por sinal estão pertos um do outro: o dos vergalhões cravados no gramado com a corrente e a trama que está encostada numa árvore. Senti que eles pediam para crescer, expandir, tomar todo aquele espaço e se fazer presente no mundo.
Sinceramente vi os dois como desenho no espaço, sem fronteiras delimitantes. Grandes, com material bruto e pesado, mas incrivelmente suaves, entrando e saindo da terra, costurando o mundo.
Abraços
Cristina Pape
Olá CrisPape,
Ainda não tinha colocado isso em palavras, ficou tão bonito... "Grandes, com material bruto e pesado, mas incrivelmente suaves, entrando e saindo da terra, costurando o mundo."
De cara relaciono o seu "costurando o mundo" com o "Conte com minha agulha e linha virtuais" do Franklin Cassaro. Se você visse o movimento das crianças passando por baixo e por cima dos vergalhões e correntes veria a sua imagem em movimento... e foram justamente as crianças brincando no trabalho, e o comentário de uma das professoras*, "Eles jamais conseguirão repetir o mesmo caminho", que me fizeram perceber a necessidade de aumentar o tamanho destas anotações, já que esta reflexão trouxe a tona o principal assunto ali desenvolvido: o percurso caótico do hipertexto no espaço cibernético.
Gosto muito de trabalhar nestes resíduos visuais os contrastes entre bruto-suave e leve-pesado, tanto nas correntes flutuantes, e nas rendas transparentes do cimento, como nas contradições do mosaico aplicado junto a uma estrutura ou nas novas características que ele adquire, instabilidade e mobilidade, quando aplicado sobre papel, com o objetivo que eles reforcem as relações entre eles, por acreditar que está aí, neste diálogo, o verdadeiro trabalho.
A trama encostada na árvore reforça ainda mais as relações entre os trabalhos, pois assim displicentemente, sua presença evoca os trabalhos de Orlândia 1 e Grande Orlândia, onde elas estiveram formando outros trabalhos em situações bem diversas a esta encontrada no gramado do Museu da República.
Abração,
Patricia Canetti
* Foram levados alunos de 7/8 anos e 15/16 anos (por iniciativa das próprias professoras, já que o departamento educativo do museu ignora a programação da Galeria Catete), da 2a série do Ensino Fundamental da Escola Eliezer-Max, que estão dando Linhas e Formas no Espaço Bi e Tri-dimensional; e alunos da 1a série do Ensino Médio do Colégio Pedro II que estudam arte moderna e contemporânea, respectivamente.