|
outubro 9, 2003
Respostas a 3 perguntas paulistanas
Estive em São Paulo durante o FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica), e conversando com algumas pessoas no Paço das Artes, surgiram questões e dúvidas sobre o Canal Contemporâneo, que desenvolvo aqui para compartilhar uma melhor compreensão deste trabalho coletivo de arte, midiático e informacional, atualmente tão indispensável às nossas coletividades.
Porque o Canal publica a sua lista de assinantes?
Quem patrocina o Canal Contemporâneo?
Porque a equipe do Canal busca por mais matérias no Rio do que em São Paulo?
Porque o Canal publica a sua lista de assinantes?
Para dar visibilidade a rede que o constrói e é construída por ele, seria a primeira resposta. Mas também para possibilitar, a partir da visisbilidade destes nomes, um entendimento mais aprofundado das características deste trabalho. Não se trata de um agrupamento de informações que responde a interesses de mídias convencionais, nem mesmo a regras de negócios, ou à lógica do capital. Não se trata de um serviço anônimo ou autômato, e sim de uma relação de reciprocidade de indivíduos e coletividades em torno de um tema comum. Eu diria mesmo que esta relação de quem constrói e ao mesmo tempo é construído é de fato a coluna vertebral deste trabalho. (É preciso esclarecer também que para algumas pessoas é mais interessante permanecerem anônimas, e este desejo é respeitado.)
Quem patrocina o Canal Contemporâneo?
Nós mesmos - as pessoas físicas e jurídicas que compõem as nossas coletividades, através das assinaturas semestrais, dos portfolios bienais e da publicidade (que ainda engatinha entre nós).
Trazer as questões econômicas e de mercado para dentro deste trabalho, e trabalhá-las construindo uma autosustentabilidade e uma redistribuição de recursos, ao mesmo tempo em que novas estratégias de visibilidade são criadas, é o que torna esta mídia potente e transformadora. A maturidade artística deste trabalho coletivo de arte passa fatalmente por questões financeiras e jurídicas, que nos apontam para a construção de uma sociedade anônima, aonde estaremos participando com nosso trabalho e usando os serviços do Canal Contemporâneo, e recebendo dividendos como acionistas daquilo que fazemos parte.
Porque a equipe do Canal busca por mais matérias no Rio do que em São Paulo?
Esta pergunta revela dois equívocos comuns em relação à estrutura e ao funcionamento do Canal Contemporâneo. Imagina-se quase sempre que sejamos uma extensa equipe, montada artificialmente e anteriormente ao processo de criação desta mídia, e também muito bem equipada, que busca em todo Brasil e no exterior pelas matérias que são publicadas. Algumas pessoas chegam a pensar que todos os textos de imprensa são aqui redigidos... e não é nada disso.
Desde o início, em janeiro de 2001, quando comecei a enviar alguns emeios noticiando exposições de amigos (se você é assinante, conheça os primeiros e-nformes na página http://www.canalcontemporaneo.art.br/e-nformes.php) que o Canal Contemporâneo é construído como um mosaico coletivo de informação: as pessoas (físicas e jurídicas) enviam o seu material e nós olhamos, escolhemos, pedimos mais ou diferente, para atender ao que acreditamos ser o potencial desta mídia coletiva. Portanto, não se trata de uma escolha que tem um ponto de partida, mas sim, um de chegada, o que faz toda a diferença, tornando esta escolha muito mais próxima da produção contemporânea brasileira - me refiro aqui à produção que tem vontade e necessidade de visibilidade e troca. (Funcionamos como eu acho que deveria ser a estratégia dos Salões de Arte, se estes tivessem por objetivo ampliar a visibilidade de nossa produção, o que considero uma função mais contemporânea do que apontar para uma qualidade específica num conjunto de obras selecionadas.)
A partir deste mês estaremos indicando a origem do material recebido para dar maior visibilidade ao mosaico informacional que construímos coletivamente.
Em relação à equipe, é preciso deixar claro o funcionamento do Canal Contemporâneo, inclusive para que as pessoas entendam as nossas limitações em relação a processar o material que chega em cima da hora dos eventos. Trabalhamos aqui no Canal, que também é casa e ateliê, eu e o editor-assistente João Domingues (que por enquanto trabalha apenas meio período). Ele recebe e pré-seleciona o material, monta os e-nformes e os envia, e atualmente também coordena a produção da seção Portfolios do sítio do Canal Contemporâneo, http://www.canalcontemporaneo.art.br/portfolio.php, que estamos tentando dinamizar. Júlia Morales, que era nossa estagiária no ano passado, hoje é responsável por alimentar a Agenda Carioca, http://www.canalcontemporaneo.art.br/guiacarioca. Marcus Moura, da Clique Aqui, é responsável pelo sítio do Canal Contemporâneo, e pela sua intranet, extranet e internet. E Rubens Pileggi Sá é o primeiro artista a receber um pagamento, ainda simbólico, pelos seus textos publicados atualmente no Blog do Canal, http://www.canalcontemporaneo.art.br/blog.
Essa é a equipe que podemos ter. Apesar de enxuta, ela é bastante eficiente, como vocês podem avaliar constantemente, mas ela ainda está muito aquém de nossas reais necessidades - o que nos leva sempre ao mote HORA DE CRESCER.
Patricia Canetti é artista plástica e criadora do Canal Contemporâneo.