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abril 6, 2009

Experiências virtuais tomam conta dos museus do século XXI por Marcelo Leite Silveira, Estadão Online

Experiências virtuais tomam conta dos museus do século XXI

Matéria de Marcelo Leite Silveira originalmente publicada em Tecnologia - Informática no Estadão Online, em 27 de março de 2009.

Projeto Catavento, de iniciação científica, tem ênfase na ciência, artes e conhecimento humano

A cidade de São Paulo recebe finalmente um museu de tecnologia à altura de sua dimensão metropolitana. Esta nova área interativa de iniciação científica, com ênfase na ciência, artes e conhecimento humano, é conhecida como Catavento, um projeto inovador das secretarias de Educação e Cultura do Estado de São Paulo. Mais do que um museu convencional, o Catavento disponibiliza em seu acervo inúmeros recursos de simulação, que proporcionam aos visitantes a oportunidade de interagir com o seu conteúdo, ou de participar diretamente em experiências virtuais. O projeto é coordenado por Sérgio Freitas, presidente do Conselho de Administração da Organização Social Catavento Cultural e Educacional.

Uma das atividades digitais mais interessantes do acervo é uma viagem aérea virtual em três dimensões pela cidade do Rio de Janeiro, na forma de uma verdadeira maquete digital, conhecida como Caverna Digital. Esse ambiente é uma pequena sala onde é feita a projeção de imagens em três paredes, e através de óculos especiais pode-se visualizar o efeito tridimensional.

A partir de centenas de milhares de imagens planas, o relevo e a estrutura urbanística da cidade foram redesenhados como objetos espaciais, através de softwares avançados de processamento de imagens. Com 64 processadores gráficos em paralelo, que funcionaram sem parar durante 7 meses (dia e noite), foi feita uma "filmagem virtual" desses objetos, que gerou um arquivo de vídeo com tamanho aproximado de 230 Gbytes (ou 365 CD's). Este processo conseguiu então simular um vôo hipotético pela "cidade", ao recriar digitalmente em vídeo e áudio a perspectiva dinâmica da visualização em três dimensões. Com a paralaxe das imagens sendo gerada por projetores de alta definição em duas cores separadas, o uso de óculos com filtros separa as imagens e dá ao usuário a sensação da visão tridimensional.

O Projeto Catavento - Passeio Virtual foi desenvolvido para o Governo do Estado de São Paulo sob coordenação do professor doutor Marcelo Knörich Zuffo, tendo como gerente a professora Marcia Narumi Shiraishi Kondo.

Este simulador foi resultado de uma parceria entre o Catavento e a Escola Politécnica da USP, através do Núcleo de Realidade Virtual do Laboratório de Sistemas Integráveis - Tecnológico (LSI-TEC)

Caverna Digital

Em 2001, o conceito de simulação ambiental foi concretizado no Brasil através do projeto da nossa primeira Caverna Digital. A expressão era alusiva à Alegoria da Caverna de Platão, onde a realidade era visualizada através de outras perspectivas. Tendo sido construída com o apoio da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), esta experiência de simulação ia muito além das projeções tradicionais em 3 dimensões. Ela podia receber interfaces que estimulavam até mesmo o som e o tato, em um modelo de realidade virtual com alto grau de envolvimento e imersão do usuário. Embora possa se assemelhar a um "cinema 3D" dos parques de diversão, a Caverna Digital representa muito mais do que isso para a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologia de ponta no Brasil. Esse dispositivo, o único da América Latina, é usado para desenvolver facilidades nas interações homem-computador em setores como governo, energia, petroquímica, entretenimento, educação, medicina, entre outros. Nos Estados Unidos este ambiente é conhecido como CAVE (Cave Automatic Virtual Environment) e na Europa como Cube.

Potencial

Muitos projetos privados ou governamentais exigem graus de prototipação dispendiosos, como forma de obter a modelagem em escala da natureza e impacto do empreendimento, buscando-se testar a exeqüibilidade da proposta. Em tempos de crise, a possibilidade da redução de custos de pesquisa com o uso de simulações virtuais em detrimento de simulações físicas pode viabilizar financeiramente e dar garantia a muitas iniciativas de alta complexidade. As indústrias brasileiras já começam a se beneficiar dessa tecnologia. Isso se deve ao fato de que os custos com a produção digital são muito inferiores aos protótipos reais, com a vantagem de apresentarem uma grande versatilidade de alterações nas várias fases do projeto.

O Núcleo de Realidade Virtual já desenvolveu aplicações para Engenharia (Naval, Mecânica, Civil, Automobilística e Eletrônica), para Medicina (simulações de cirurgias e biópsias, anatomia), para ciências básicas (Astronomia, Biologia, Matemática e Química), para Arte (Artemídia), para Pedagogia (jogos interativos educativos), para Arquitetura (maquetes virtuais) e para entretenimento (roteiros de imersão e estudos em imagens de alta resolução).

Estrutura

A equipe do Núcleo de Realidade Virtual é multidisciplinar e interdisciplinar e conta com 28 profissionais especialistas, e uma rede de mais de 200 pesquisadores à disposição em outras equipes da LSI-TEC. O LSI-TEC trabalha desde 1975 sem fins lucrativos na formação de parcerias e recursos humanos para o desenvolvimento e aplicação de projetos em Realidade Virtual e outras áreas de tecnologia digital avançada. Um dos seus principais objetivos é colaborar com o aumento da competitividade brasileira na área de visualização científica, com a criação de sistemas imersivos e de simulação através de tecnologias nacionais de Realidade Virtual.

Serviço

O Museu Catavento situa-se no Palácio das Indústrias, no Parque D. Pedro II, centro da cidade de São Paulo. Na Internet o endereço é http://www.cataventocultural.org.br/index.asp

As visitas do público em geral serão feitas nos horários:
- De terça-feira a domingo, das 9h às 17h
- Entrada até as 16h
- Recomenda-se visitação para crianças acima de 7 anos

Ingressos (pagamento somente em dinheiro):
- Normal: R$ 6,00
- Aposentados e idosos: R$ 3,00
- Estudantes com carteirinha: R$ 3,00
- Estacionamento: R$8,00

Sessões com hora marcada:
- De hora em hora, a partir das 10 horas
- Nanotecnologia: 48 pessoas
- Laboratório de Química : 40 pessoas
- Prevenindo a Gravidez Juvenil: 20 pessoas

As visitas de grupos, escolas públicas, privadas e grupos não escolares serão atendidas apenas com agendamento. As visitas terão cerca de 2h de duração, e podem abranger apenas uma ou mais seções.

Para agendar a visita, preencha o formulário no endereço http://www.cataventocultural.org.br/vis_grupos.asp

O serviço de telefone está temporariamente indisponível.

Regras para visitação:
- Não são permitidos alimentos e bebidas
- São permitidos blocos de anotações, câmeras fotográficas com flash e filmadoras
- Não é permitido fumar
- Os celulares devem permanecer desligados ou no silencioso durante a visita

Marcelo Leite Silveira - Centro de Documentação e Informação de O Estado de S. Paulo

Posted by Patricia Canetti at 7:54 AM