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maio 25, 2006
Roteiro Conexões Tecnológicas - Temas e Discussão on-line
CONEXÕES TECNOLÓGICAS
Conexões Tecnológicas foca a revolução digital, propondo aprofundar discussões em torno da inovação tecnológica, da produção cultural e da democratização da informação. O formato é inovador. Buscando um ambiente fértil para a troca de idéias, realiza um encontro com palestrantes de diferentes áreas e utiliza a Internet como um espaço experimental para pesquisa e discussão on-line - um espaço informacional coletivo.
26 de maio de 2006, sexta-feira, de 9 às 18 horas, no Senac Lapa Scipião, Rua Scipião 67, São Paulo - SP
Concepção e organização: Patricia Canetti, Priscila Arantes e Renata Motta
Realização: Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, Senac São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
Apoio digital: Canal Contemporâneo
Patrocínio: Telefônica e Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura
ROTEIRO
Conforme revela o nosso parágrafo de apresentação, buscamos em nosso fórum não apenas tratar as questões relacionadas à revolução digital, mas também experimentar as convergências midiáticas na criação de novos formatos para eventos tradicionais. Com uma pesquisa realizada por alunos do Senac, um questionário enviado aos palestrantes e uma pré-discussão iniciada online, temos o objetivo de criar um ambiente mais fértil ao debate entre palestrantes, debatedores e participantes no fórum presencial.
SUMÁRIO
Os linques deste roteiro ora levam para este documento, ora para o Fórum do Canal ou para a internet
Programação, temas e participantes
Resumos das palestras e biografias
Respostas ao questionário do Canal / Juliana Monachesi
Temas centrais das palestras e textos pesquisados no fórum on-line
Discussão no fórum on-line: Interfaces Críticas e A Caosmose do PCC
TEMAS CENTRAIS DAS PALESTRAS E TEXTOS PESQUISADOS NO FÓRUM ONLINE
Pesquisas e produção em interfaces emergentes
- O papel limitador da hegemonia da visão no ambiente imersivo
- A possibilidade de privilegiar uma ou outra dimensão sensória a cada nova versão do projeto
- A definição de uma nova dimensão pelo efeito ilusório da imersão
- A familiaridade homem-máquina tornada possível pelo desenvolvimento da interface, capaz de transformar gestos físicos em códigos binários e informação binária em estímulos sensoriais
Convergência Tecnológica e a oferta de serviços de telecomunicações
- Os meios de comunicação tradicionais e a busca por outros meios de interação com o público
- O posicionamento estratégico das grandes empresas de telecomunicação ante ao fenômeno da convergência das mídias
- A televisão digital como um mercado de disputa entre modelos de difusão (analógico x digital) pelas companhias de telecomunicação
Academia e desenvolvimento tecnológico
- Os desafios trazidos pelas novas tecnologias ao ensino acadêmico e a adaptação dos métodos didáticos à nova ecologia das mídias
- A emancipação da ciência no mundo do hiperlink, que possibilita a difusão do conhecimento em velocidade instantânea
- A capacidade de adaptação do "profissional do futuro" num ambiente em que as redes de comunicação tornam possível a utilização de bibliotecas e mesmo laboratórios de forma virtual
Arte e netativismo
- Arte e Política
- A ação virótica da informação na rede
- O uso de redes (computadores, celulares) na ação do PCC em São Paulo...
- Políticas de resistência da arte e novas mídias
- O impacto e a função social de ações como os flash mobs
- O projeto Luther Blisset como exemplo de netativismo
Cultura hacker e mercado
- As diferentes formas de contribuição de produtores (pesquisa), usuários e empresas no novo sistema tecno-cultural
- Trabalhos colaborativos X vício da propriedade
- O livre arbítrio como estratégia do marketing hacker
- O Manifesto Cluetrain como questão para uma nova economia empresarial
Software livre e globalização contra-hegemônica
- O software livre no cenário brasileiro e a participação do governo na nova cultura tecnológica
- Inclusão digital: resposta ou confirmação dos esquemas de controle da sociedade global?
- Definição dos conceitos de copyleft e 4 liberdades
Pesquisas e produção em interfaces emergentes
- O papel limitador da hegemonia da visão no ambiente imersivo
Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, acho que o primeiro limite a ser superado é a hegemonia da visão. Todo o corpo deve ser integrado ao sistema computacional - e os esforços das pesquisas já se concentram nessa direção. O outro ponto limitador é a atual separação entre a realidade virtual e a realidade física. Para mim, um sistema 'ideal' deveria possibilitar criar um híbrido de ciberespaço com espaço físico.
Acesse o tópico Daniela Kutschat e Rejane Cantoni no fórum on-line
- A possibilidade de privilegiar uma ou outra dimensão sensória a cada nova versão do projeto
"A cada nova versão, Kutschat e Cantoni procuram discutir diferentes aspectos relativos a modelos científicos e artísticos de espaço. 'Agora nós estamos atrás de discutir a dimensão sonora do experimento', explica Cantoni. A idéia, segundo a artista, é pensar como um cego perceberia a passagem de uma dimensão a outra, uma vez que, nas instalações anteriores, o elemento visual era ainda determinante."
Leia a matéria completa publicada no Estadão.
- A definição de uma nova dimensão pelo efeito ilusório da imersão
De acordo com as teorias físicas, vivemos num mundo tridimensional. Mas o que o trabalho de Rejane Cantoni e Daniela Kutschat acaba por demonstrar é que há mais dimensões do que nossos dedos podem contar. Construído como uma ferramenta multisensorial de experimentação do conceito de espaço, OP_ERA é uma espécie de instalação imersiva que, através da sincronia de feixes de luz, simula a revelação de uma nova dimensão.
Leia a íntegra da entrevista de Roberta Alvarenga com as artistas, em inglês, no sítio da NY Arts Magazine.
- A familiaridade homem-máquina tornada possível pelo desenvolvimento da interface, capaz de transformar gestos físicos em códigos binários e informação binária em estímulos sensoriais
A transformação de gestos físicos em códigos binários e de informação binária em estímulos sensoriais cria um novo estágio de familiaridade com a máquina, a partir de o momento em que lhe confere a capacidade de responder de uma forma quase-humana, corporificada. Recorrendo a dados históricos e a processos ainda em andamento, a artista comenta sobre essas novas perspectivas do ciberespaço.
Leia o texto de Rejane Cantoni no sítio do Itaú Cultural.
Convergência Tecnológica e a oferta de serviços de telecomunicações
- Os meios de comunicação tradicionais e a busca por outros meios de interação com o público
A convivência entre as novas redes de informação trazidas pela tendência convergente das mídias digitais e o fortalecimento de organismos já estabelecidos, que se adaptam aos novos meios.
Acesse o tópico "Maurício Giusti, Telefônica" no fórum on-line.
- O posicionamento estratégico das grandes empresas de telecomunicação ante ao fenômeno da convergência das mídias
Pesquisa sobre a indústria de telecomunicações realizada globalmente pela IBM e pela Unidade de Inteligência do The Economist indica que mais de 80% dos executivos de telecomunicações entrevistados afirma ser essencial adotar a convergência dentro dos próximos três anos como fonte de crescimento da renda a longo prazo. 88% dos entrevistados consideram que a convergência de voz e dados continuará tendo maior incidência, seguida pela tecnologia de acesso fixo/móvel (mencionada por 77% dos executivos), pela convergência de telecomunicações e mídias (66%) e pela convergência das redes IP/TI (51%). Os fatores incentivadores de tais iniciativas são a explosão da demanda por acesso a banda larga, os avanços tecnológicos, a concorrência e o potencial de crescimento de renda dos provedores de serviços.
Leia a matéria no sítio da IBM.
- A televisão digital como um mercado de disputa entre modelos de difusão (analógico x digital) pelas companhias de telecomunicação
De que forma o fortalecimento das novas mídias concorre com os paradigmas da comunicação vigente? A criação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (sbtvd.cpqd.com.br) demonstra a urgência em se pensar uma dimensão política para a revolução tecnológica da TV digital, que torna evidente a convergência de conceitos como os de computação, imagens digitais e internet. Num mercado com 100 milhões de televisores, a disputa entre modelos de difusão (analógica X digital) vem promovendo debates entre as principais operadoras de telecomunicação do país.
Saiba mais no sítio da Associação Mineira de Rádio e Televisão.
"A criação de novo marco regulatório para o audiovisual e para a comunicação social brasileira envolve aspectos políticos, econômicos e culturais que antecedem, perpassam e acompanham a implantação da TV digital. Trata-se de um debate público necessário, cujos resultados são fundamentais para a cultura e a democracia brasileiras e para a consolidação do país como grande produtor de conteúdos na era das convergências e da economia digital."
Leia o texto completo de Gilberto Gil e Orlando Senna no sítio NovaE.
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Academia e desenvolvimento tecnológico
- Os desafios trazidos pelas novas tecnologias ao ensino acadêmico e a adaptação dos métodos didáticos à nova ecologia das mídias
"Eu defendo que os cursos superiores tenham uma base muito sólida, calcada em aspectos de humanidades e artes, possibilitando ao aluno lidar com constantes mudanças e oferecendo uma formação que lhe dê a capacidade de saber o que quer, onde encontrar e como selecionar o que precisa. O conhecimento mais técnico e específico deverá ser recebido por meio dos cursos just in time."
Leia a entrevista de João Antônio Zuffo no sítio iColetiva.
- A emancipação da ciência no mundo do hiperlink, que possibilita a difusão do conhecimento em velocidade instantânea
Não acredito mais em escolas. É lógico que não faço referência às escolas para o aprendizado. Estou desacreditado dos intelectuais, das escolas de pensamento filosófico. A academia já não tem o monopólio do saber. Está perdida na virtualidade da rede. Se o conhecimento não está sufocado entre as quatro paredes da academia, ele está liberado para uso comum.
Leia o artigo de Hernani Dimantas no sítio Marketing Hacker.
- A capacidade de adaptação do "profissional do futuro" num ambiente em que as redes de comunicação tornam possível a utilização de bibliotecas e mesmo laboratórios de forma virtual
Num futuro breve, as redes de comunicação dominarão o ensino de tal forma que bibliotecas e mesmo laboratórios serão utilizados de forma totalmente virtual. Assim, os alunos desenvolverão suas atividades em casa, o que reconfigurará as noções de tempo, partilha de conhecimento e novas formas de relação social.
Leia o texto de João Antônio Zuffo no sítio ProjetoE.
- Arte e Política
Brian Holmes discute, em "Liar´s Poker", um dos motes de sua palestra no próximo dia 26: as relações entre a política e o sentido de uma arte pública em nossos dias. Aprofundando o debate acerca da representação, o teórico expõe sua visão crítica acerca do mercado e das políticas da arte, expandindo a análise para um de seus principais objetos de estudo - a noção de democracia.
Leia a íntegra do texto, em inglês, no sítio do 16 Beaver Group.
- A ação virótica da informação na rede
Pela sua característica descentralizada e horizontal, a "ação virótica" da informação encontraria na rede mais um veículo acrítico de disseminação ou um elemento diluidor pela sua múltipla oferta de referências?
Acesse o tópico no Fórum on-line.
- O uso de redes (computadores, celulares) na ação do PCC em São Paulo e seu paralelo com as novas formas de acontecimento social, que tornam evidente um fluxo sem centro e que desestabiliza algum tipo de ordem
Acesse o tópico no Fórum on-line.
- Políticas de resistência da arte e novas mídias
As formas de resistência historicamente encontradas pela arte para comentar a comunicação em massa são revistas com o estabelecimento das novas tecnologias, que põem em xeque as noções de partilha de conhecimento e reconfiguram o trânsito das informações, resultando no esboço de identidades mais predispostas ao questionamento.
Leia o texto de Priscila Arantes no sítio Trópico.
- O impacto e a função social de ações como os flash mobs
A criação de um mundo à parte é um rompimento - ainda que momentâneo - com a ordem. Não se trata apenas de um ato de contestação, pois os gestos e as palavras dos movimentos de contestação já foram absorvidos pela mídia e, portanto, pelo imaginário popular. Ou seja, já não produzem mais os efeitos almejados. Desgastados pela mídia, tornaram-se peças da sociedade do espetáculo, marionetes em um mundo no qual a imagem prevalece sobre o real.
Leia o texto de Rodrigo Gurgel no sítio NovaE.
- O projeto Luther Blisset como exemplo de netativismo
O "projeto" Luther Blissett é um dos melhores exemplos de netativismo, agindo na interseção entre tecnologia, teoria crítica, arte e política radical. Personagem fictício, tornou-se um mito ao abordar de forma teórica e prática o caráter fictício da informação e o poder virótico dos movimentos sociais midiaticamente estruturados.
Acesse o tópico no Fórum on-line.
Conheça "O XYZ do Netativismo" de Luther Blisset no sítio rizoma.net.
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Cultura hacker e mercado
- As diferentes formas de contribuição de produtores (pesquisa), usuários e empresas no novo sistema tecno-cultural
Temos um novo sistema tecno-cultural no qual produtores (pesquisadores e hackers), usuários e empresas contribuem de forma diferenciada: os produtores, com a cultura de abertura e cooperação em torno de projetos tecnológicos (cultura hacker); os usuários com a dimensão comunitária criando novas formas de interação social na rede (cultura comunitária virtual); e as empresas com a difusão dessas tecnologias na sociedade em geral (cultura empresarial).
Leia o ensaio "Cibercultura e Software Livre", de Lucas Rocha.
- Trabalhos colaborativos X vício da propriedade
Não quero falar em confiança ou desconfiança, pois essa dicotomia nos remete ao modo de produção capitalista. Creio que numa operação pirata os nós se relacionam livremente; as pessoas se enclavam em zonas de poder. Não é possível revolucionar apenas com a ocupação dos espaços. Faz-se necessária a retomada do agenciamento coletivo.
Leia o texto "É fato" no sítio de Hernani Dimantas.
- O livre arbítrio como estratégia do marketing hacker
As pessoas estão mostrando que podem exigir mais, muito mais, no relacionamento com as empresas.O marketing hacker pretende mostrar que a tecnologia tem favorecido um pensamento libertário e provocado um processo de mutação nos mercados. Existe uma migração do poder, que sempre esteve nas mãos das empresas, para as pessoas comuns.
Leia a entrevista de Hernani Dimantas.
- O Manifesto Cluetrain como questão para uma nova economia empresarial
O Manifesto Cluetrain consiste num documento de 95 teses postuladas pelos gurus da rede Locke, Levine, Searls e Weinberger para identificar a nova tendência dos mercados e a falência de certos paradigmas do mundo dos negócios. Os sistemas empresariais só estarão aptos a encarar a nova realidade cultural quando reconhecerem a capacidade crítica de seres humanos e o poder seletivo do consumo.
Acesse o tópico no Fórum on-line.
Conheça as teses do Manifesto Cuetrain.
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Software livre e globalização contra-hegemônica
- O software livre no cenário brasileiro e a participação do governo na nova cultura tecnológica
O Brasil é reconhecido com um dos países que mais têm realizado esforços governamentais para a adoção dos softwares livres, tanto na sua administração direta, como em projetos de inclusão digital. A adoção de softwares livres coloca em questão o monopólio de firmas produtoras de softwares e reforça a cultura do compartilhamento, a cultura copyleft que está em oposição à lógica proprietária do copyright que dominou a dinâmica sociocultural dos mass media.
Leia o texto de André Lemos no sítio da Facom/UFBA.
- Inclusão digital: resposta ou confirmação dos esquemas de controle da sociedade global?
A luta pela inclusão digital pode ser uma luta pela globalização contra-hegemônica se dela resultar a apropriação pelas comunidades e pelos grupos sociais socialmente excluídos da tecnologia da informação . Entretanto, pode ser apenas mais um modo de estender o localismo globalizado de origem norte-americana, ou seja, pode acabar se resumindo a mais uma forma de utilizar um esforço público de sociedades pobres para consumir produtos dos países centrais ou ainda para reforçar o domínio oligopolista de grandes grupos transnacionais.
Leia o texto de Sérgio Amadeu da Silveira no sítio softwarelivre.gov.br.
- Definição dos conceitos de copyleft e 4 liberdades
Copyleft é um tipo de licenciamento que permite ao usuário re-distribuir, ser co-autor e/ou desenvolvedor baseado num trabalho iniciado por outro, dispensando prévia autorização e garantindo os mesmos termos de liberdade em suas derivações. As 4 liberdades são a base do conceito de copyleft, originalmente definidas nos anos 80 por Richard Stallman para expor o que é software livre e hoje disseminadas na discussão sobre a propriedade intelectual na rede:
Liberdade 0: rodar o programa visando qualquer fim desejado.
Liberdade 1: estudar o código-fonte e modificá-lo para fazer com que o programa faça o que o usuário quiser.
Liberdade 2: ajudar o próximo, podendo fazer cópias do programa e distribuí-las a outras pessoas.
Liberdade 3: ajudar a comunidade, podendo publicar e distribuir versões modificadas do programa.
Saiba mais sobre licenciamento na internet no sítio do GNU Project.
DISCUSSÃO NO FÓRUM ONLINE: INTERFACES CRÍTICAS E A CAOSMOSE DO PCC
Outros posts desta discussão, além dos já incluídos nos temas acima
Acesso à íntegra da discussão no tópico do fórum on-line
- A ação virótica da informação: a rede como mais um veículo acrítico de disseminação ou elemento diluidor pela múltipla oferta de referências
- O uso de redes (computadores, celulares) na ação do PCC em São Paulo e seu paralelo com as novas formas de acontecimento social, que tornam evidente um fluxo sem centro e que desestabiliza algum tipo de ordem
Outros posts...
- Interfaces Críticas por Lucas Bambozzi
- A caosmose do PCC, por Giselle Beiguelman
- Post Lucio Agra 1
- Post Ricardo Rosas
- Post Marcus Bastos 1
- Interfaces Críticas por Lucas Bambozzi
Diante de novos sistemas de mediação envolvendo tecnologias com penetração em vários ambientes e camadas sociais, torna-se pertinente falar de práticas artísticas e culturais abrangentes, que se deixem afetar pelo contexto em sua diversidade de nuances. Este texto observa a criação de mecanismos por parte de determinados projetos que produzem conexões entre artista, público e a suposta responsabilidade de criação de espaços compartilháveis (vida pública), através do que pode ser chamado de interfaces sociais baseadas na realidade (reality-based-interfaces). Na medida em que tornam a mediação transparente, minimamente permeável, alguns trabalhos que emergem no cenário das novas mídias nos sugerem um sentido expandido para a idéia de 'interfaces', como sistemas viabilizadores de comunicação, experiências de potencialização do pensamento crítico e do uso de dispositivos de forma a sugerir enfrentamentos diante de novas formas de alienação que surgem embebidas nessas tecnologias. Seriam essas as faces e desafios de um ativismo atualizado às redes móveis, baseadas em sistemas locativos e imersos na trama da cidade?
- A caosmose do PCC, por Giselle Beiguelman
Depois de ler o resumo de sua palestra [bastante estimulante] e ser intoxicada, à distância, pela TV e pela Web, com as imagens de SP depois da ação do PCC, fico me perguntando se interfaces sociais baseadas na realidade (reality-based-interfaces) estão emergindo nas supostas frestas que críticos, artistas e ativistas pretendem ocupar e às vezes de fato ocupam, ou se estão emergindo nas cicatrizes abertas de nossos processos de interação social mais brutais.
O que mais me impressionou, nessa ação do PCC, foi a capacidade de incorporar pressupostos críticos sofisticados, como a idéia de espaços sem paredes e ação virótica.
Por outro lado, me impressionou também, o cenário Guerra dos Mundos de Orson Welles, que colocou uma cidade inteira (e inclusive um país, no caso os EUA) em pânico, ao fazer um uso radical da mídia (o rádio) levando-a ao limite de suas potencialidades.
Repito: Estou acompanhando tudo de muito longe e pode ser que o que li sobre a força da boataria na web e por SMS seja exagerada. Mas ela é midiaticamente um dado.
Vou estar um tanto desconectada nos próximos dias, em um lugar muito isolado. Este post, por isso, não é exatamente uma proposta de discussão, mas uma sugestão para que pensemos na amplitude desses fenômenos não só dos pontos de vista das frestas e dos circuitos sociais alternativos, mas tbm pelo ângulo da microfísica do poder e de suas estratégias.
- Post Lucio Agra 1
Sem muita pretensão, respondendo à Gisele, pensando alto mesmo: acho que de todos esses aspectos que vc. mencionou eu ficaria com a expansão virótica da informação. Ele, aliás, é fundamental em qualquer circunstância de confinamento e, se formos reparar bem, veremos que é usado desde muito tempo antes do aparecimento de tecnologias da informação. Estas, por sua vez, forjadas em contextos de máquina de guerra derivam seus procedimentos dessa genealogia.
Acho, por outro lado - e por isso seu depoimento à distância é tão importante - que a maior vitória nesse caso é da midalização do evento porque isso permitiu a audiência recorde de programas-parasita, hospedeiros do miserê, do gênero "Cidade alerta". O "plantão" não saiu do ar...
- Post Ricardo Rosas
Interessante lembrar, em relação ao comentário da Giselle, por exemplo, um fato noticiado a não menos de um mês no Jornal da Tarde sobre o boom de uso de chips de celular roubados nas cadeias de São Paulo. Coincidiu um pouco com a pesquisa que estou fazendo sobre gambiarras e cada vez mais é constatável que vivemos uma abundância de tecnologias variadas, uma espécie de convergência cíbrida, que configuraria o que tenho chamado de "cultura do plug", onde a versatilidade se dá em tecnologias recombinantes, permitindo arranjos e improvisações as mais diversas, desde os aparelhos móveis até as mixagens low com high-tech ou analógico com digital. Por outro lado, também estes dispositivos, como ressalta o Lucas, acabam (sem julgamentos morais), por se tornar interfaces que possibilitam a crítica, pro bem ou pro mal. As revoltas interconectadas nas cadeias seriam apenas mais um sintoma do que ainda está por vir.
- Post Marcus Bastos 1
Perguntas: não dá para para generalizar esse tipo de estratégia virótica de segunda (que aparece tanto na ação do PCC, quanto na forma como os boatos foram expandindo na velocidade dos torpedos e scraps)? Não é um tipo de ação que já se tornou um dado da cultura contemporânea? Não dá para relacionar (também sem julgamento moral) com a forma como foram organizadas as manifestações contra o FMI em Seattle e Praga? Ou com o embate entre high-tech e low-tech na luta entre governo americano e chiapas? Ou com a onda das flash mobs?
Claro que são exemplos de natureza e calibre diferentes, mas parece que tem elementos comuns em todos, como o fator supresa (em maior ou menor escala a cada caso), a velocidade com que começam e terminam, o papel que redes (de computador, celulares, etc) desempenham na organização desses acontecimentos e a forma como vem à tona um fluxo sem centro e à margem, que desestabiliza algum tipo de ordem estabelecida.
Acesso à íntegra da discussão no tópico do fórum on-line
Roteiro Conexões Tecnológicas - Questionário
CONEXÕES TECNOLÓGICAS
Conexões Tecnológicas foca a revolução digital, propondo aprofundar discussões em torno da inovação tecnológica, da produção cultural e da democratização da informação. O formato é inovador. Buscando um ambiente fértil para a troca de idéias, realiza um encontro com palestrantes de diferentes áreas e utiliza a Internet como um espaço experimental para pesquisa e discussão on-line - um espaço informacional coletivo.
26 de maio de 2006, sexta-feira, de 9 às 18 horas, no Senac Lapa Scipião, Rua Scipião 67, São Paulo - SP
Concepção e organização: Patricia Canetti, Priscila Arantes e Renata Motta
Realização: Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, Senac São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
Apoio digital: Canal Contemporâneo
Patrocínio: Telefônica e Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura
ROTEIRO
Conforme revela o nosso parágrafo de apresentação, buscamos em nosso fórum não apenas tratar as questões relacionadas à revolução digital, mas também experimentar as convergências midiáticas na criação de novos formatos para eventos tradicionais. Com uma pesquisa realizada por alunos do Senac, um questionário enviado aos palestrantes e uma pré-discussão iniciada online, temos o objetivo de criar um ambiente mais fértil ao debate entre palestrantes, debatedores e participantes no fórum presencial.
SUMÁRIO
Os linques deste roteiro ora levam para este documento, ora para o Fórum do Canal ou para a internet
Programação, temas e participantes
Resumos das palestras e biografias
Respostas ao questionário do Canal / Juliana Monachesi
Temas centrais das palestras e textos pesquisados no fórum on-line
Discussão no fórum on-line: Interfaces Críticas e A Caosmose do PCC
RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO DO CANAL / JULIANA MONACHESI
Agrupadas por perguntas:
1. Em poucas palavras, o que o advento da internet modificou na sua vida pessoal e profissional?
2. Em que termos a "democracia digital" pode ser considerada uma realidade, na sua opinião?
3. Como a arte foi afetada pela "revolução digital"?
4. A informação ganhou outro significado no contexto da cultura digital?
5. Quais os três sites que você não passa um dia sem visitar?
Agrupadas por entrevistado no fórum on line:
"a ciência é copyleft avant la lettre", resposta de André Lemos
"somos links que se relacionam com outros links", resposta de Hernani Dimantas
"em breve teremos intensos infomovimentos de arte", resposta de João Antônio Zuffo
"artistas manejam o tempo como um volume programável", resposta de Karin Ohlenschläger
"informação e lixo hoje são coisas muito próximas", resposta de Lucas Bambozzi
1. Em poucas palavras, o que o advento da internet modificou na sua vida pessoal e profissional?
André Lemos
Modificou completamente, desde a minha prática profissional como professor e pesquisador de Universidade, como enquanto usuário comum. Acho mesmo que na minha profissão estamos saindo da idade média agora . O ideal de todo trabalho científico é a circulação do conhecimento, a citação múltipla e cruzada, as influências de teorias, métodos, visões... A ciência é copyleft "avant la lettre". A internet potencializa o que é próprio do fazer científico: circulação de obras, pesquisadores, alunos, circulação de informações as mais diversas, acesso planetário a livros, papers, filmes, fotos, áudio... Em um país como o Brasil, onde não temos nem livrarias nem bibliotecas equipadas, a internet é uma dádiva e modificou completamente não o fazer ciência em sua essência, pelo menos não totalmente, mas o acesso à produção científica e a pesquisadores ao redor do mundo.
Hernani Dimantas
o maior impacto veio com a banda larga que modificou a relação de acesso à informação. Com o acesso discado o computador dava a impressão de mediar as informações, pois conectava-se e desconectava-se à medida das necessidades. Com a banda larga o computador passou a mediar as conversas em rede.
João Antonio Zuffo
A revolução da "internet", na minha opinião, está apenas no início. A quantidade de informação disponível tornou obsoletas todas as enciclopédias impressas e a própria "Wikipedia" não consegue acompanhar o ritmo.
É claro que é necessário selecionar a informação e verificar o rigor e a precisão de sua fonte, porém, hoje, gasto pelo menos duas horas diárias na busca de informações e não consigo acompanhar e ler todos os meus e-mails.
Sem dúvida, a vida pessoa e profissional é profundamente afetada, grande parte do meu trabalho, atualmente, é feito em casa, coisa impensável 30 anos atrás.
Karin Ohlenschläger
Profissionalmente mudou muito: o livre acesso e a circulação da informação que antes requeria meses de trabalho, deslocamentos e viagens, eu o posso realizar agora em questão de segundos ou horas. Também se facilitou muito o trabalho à distância, as colaborações e os modos e alcances da comunicação e participação em projetos.
Pessoalmente tanto mudou que estou vivendo com um pé na rede e com o outro em terra, quero dizer, muitas vezes estou fisicamente presente, mas virtualmente ausente e com a mente em outros lugares. Isto é maravilhoso no sentido em que amplia nosso campo de ação, ainda que às vezes também possa ser desgarrador.
Lucas Bambozzi
Modificou drasticamente. Tanto para lados positivos quanto negativos. Não conseguiria viver de meu trabalho sem o acesso às redes. O negativo é que trabalho muito mais, sem ver necessariamente algo se concretizando, me esvaindo pelos buracos da rede. E mais recentemente observo a grande diferença entre ter acesso [em ações voluntárias] e estar conectado em tempo integral [onde há uma pressão para que se responda de forma não-voluntária a demandas externas].
2. Em que termos a "democracia digital" pode ser considerada uma realidade, na sua opinião?
André Lemos
A democracia não é uma realidade nem fora da internet. Ela é um conceito normativo, algo que buscamos como um ideal, como o Bem, a Verdade, o Belo, a Liberdade. A democracia não existe em sua plenitude, mas em sua imperfeição do real, na nossa construção atual. Na internet ainda não há evidências de que possamos falar de uma democracia virtual. Várias experiências falharam ao redor do mundo. Mas temos potências micro-políticas muito interessantes. Evidentemente a internet potencializa a troca informativa, o contato entre pessoas, a formação de agrupamentos ou comunidades, mas não há necessariamente engajamento político, troca de informações visando uma comunicação plena para além da troca informativa mais imediata ou hedonista. Esta comunicação plena (ideal, improvável e normativa também), só se daria pela razão exercitada em busca de um consenso sobre o bem comum. Isso não existe nem na internet, nem fora dela. Devemos buscar, efetivamente, formas de dinamizar o debate público e não apenas o voto on-line, seja pela internet, por celulares ou por terminais.
Hernani Dimantas
Não gosto do termo democracia digital. Acho mais pertinente tratarmos da descentralização do poder catalisada pela conexão. Acredito que muitas vozes podem se elevar e que essas diversas vozes podem impactar o agenciamento coletivo e, assim, inflluenciar a microfísica do poder.
João Antonio Zuffo
A democracia digital ainda não é realidade hoje, mas sem dúvida será em pouco tempo, não só pela queda de custo dos computadores de mesa e de comunicação em faixa larga, mas também no sentido de que o computador pessoal tornar-se-á tão indispensável às pessoas como o telefone celular.
Karin Ohlenschläger
A democracia digital segue sendo um assunto pendente. Só poderá existir se desaparecer a brecha digital e a desigualdade de acesso à informação e à educação. Segundo os últimos dados da Cúpula Mundial sobre a Sociedade da Informação (CMSI) de Túnez, "15% da população mundial, residente nos chamados países do Norte, controla mais de 85% de todos os recursos em telecomunicações. Em relação à conectividade, apenas um país, Estados Unidos, controla 50% de todos os servidores de Internet". Resta-nos muito trabalho pela frente, já que a rede tem um enorme potencial para a transformação das práticas sociais de base.
Lucas Bambozzi
Há uma falsa idéia de acesso a meios digitais de informação. Por mais que tenham se expandido, ainda há massas totalmente alheias a esse contexto.
3. Como a arte foi afetada pela "revolução digital"?
André Lemos
Desde as décadas de 60 e 70 os artistas têm se interessado pela fusão arte-telecomunicação e, com o surgimento da informática, houve uma radicalização dessa fusão. Formas artísticas novas surgem com as tecnologias digitais, como a arte robótica, a web ou net arte, a arte em espaços virtuais... assim como formas canônicas, como a música, a dança, o teatro, a pintura. O mais importante, ao meu ver, é a possibilidade de ampliação, tanto dos formatos, como daqueles que podem hoje se apropriar das tecnologias de comunicação e informação para produzir arte. Os três pilares da cibercultura -a saber, liberação da emissão, conexão generalizada por redes telemáticas e reconfiguração de formatos midiáticos e instituições sociais- possibilitam novas formas de apropriação resultando em uma maior possibilidade de construção e fruição coletiva de obras. Estamos vendo isso em trabalhos colaborativos em rede, em formas de escrita em celulares e em blogs, em produção de fotos, vídeos e filmes... As novas tecnologias democratizam o acesso aos meios de produção e fruição artística.
Hernani Dimantas
Uma sociedade em rede é caracterizada por um rizoma do conhecimento. Somos links que se relacionam com outros links. A arte, nesse sentido, tende a absorver a cultura do remix, do copyleft, onde a autoria é apenas uma referência de uma rede de produção.
João Antonio Zuffo
A revolução nas comunicações, sem dúvida, está afetando profundamente o conceito de arte, embora isto ainda não seja percebido pela maioria das pessoas. Muitos artistas antes completamente desconhecidos estão começando a expor suas obras de artes em seus blogs pessoais, provocando uma interatividade em nível planetário, até agora inédita. Sem dúvida, em breve teremos intensos infomovimentos de arte.
Karin Ohlenschläger
Na era da informática e das telecomunicações, as novas práticas artísticas encontram possibilidades de expressão e experimentação sem precedentes. Não se trata apenas da incorporação de novas ferramentas, mas de trabalhar com novos conceitos, linguagens e dinâmicas relacionadas com a construção social da realidade.
Muitos dos atuais projetos artísticos são efêmeros e intangíveis. Não se materializam sobre tela, pedra ou metal, uma vez que se visualizam em suportes como vídeo, multimídia e outros dispositivos interativos. Os artistas plantam mundos fluídos e mutáveis; constroem com ondas e partículas, com algoritmos de crescimento ou com códigos genéticos. Trabalham com entidades híbridas e evolutivas. Concebem suas obras para espaços dinâmicos e imersivos. Manejam o tempo como um volume programável com distintas densidades. Conectam e relacionam diversos planos da realidade, abarcando desde as escalas nanométricas da bioengenharia até as macroestruturas tecnoeconômicas das atuais dinâmicas globais. Hoje em dia, a arte explora as estruturas caóticas ou os sistemas complexos. O artista participa na concepção de novos modelos que conectam os processos locais de convivência com as dinâmicas globais da comunicação.
Lucas Bambozzi
Acho que a arte que me interessa é afetada sempre pelo contexto à nossa volta. Prefiro ver essa chamada revolução digital como uma série de impactos que se produzem localmente, em contextos distintos, produzindo questões e embates igualmente distintos. Quando um artista acerta sua mira para pontos de conflito [entre o contexto tecnológico-digital e a subjetividade, por exemplo], direcionando nossa atenção para a produção simbólica ligada a determinadas urgências, isso geralmente produz interesse e nos afeta.
4. A informação ganhou outro significado no contexto da cultura digital?
André Lemos
Informação, como diz Gregory Bateson, da escola de Palo Alto, é a "diferença que faz uma diferença". Informar é sempre dar nova forma a algo ("in-formare"). Assim, na era da liberação da emissão, da circulação em rede e da reconfiguração da indústria cultural massiva, o que estamos vendo é um novo valor da informação como circulação, agregação de criatividade e colaboração. Estamos vendo isso nos blogs, nos sistemas P2P, no movimento dos softwares livres, nos podcasts, nas diversas formas da arte eletrônica contemporânea. Informação hoje é mais do que "in-formare". Trata-se de "de-formare", pela criação, pela extinção do valor da cópia, pela apropriação e pela circulação.
Hernani Dimantas
No contexto da cibercultura, as tecnologias da informação e comunicação entram no pensamento humano da mesma forma que as ciências entraram no contexto do modernismo. Apontar para a informação passou a ser uma característica de uma sociedade hiperconectada. A cibercultura rompe com a metafísica padrão liberando além do conhecimento as noções de tempo, espaço e do ser.
João Antonio Zuffo
A informação em larga escala, só limitada pela capacidade de nosso cérebro em absorvê-la, está, sem dúvida, revolucionando toda a convivência social, inclusive nossos costumes políticos, embora represente também uma enorme ameaça à privacidade.
Karin Ohlenschläger
A informação é a matéria-prima da cultura digital. Não é a quantidade de informação, mas antes a qualidade dela que nos nutre e que aporta crescimento e riqueza intelectual, emocional e material. É importante que aprendamos a utilizá-la, processá-la e transformá-la em alimento e conhecimento. É importante humanizar a conectividade, deslocar ou ampliar seu desenvolvimento desde os entornos mercantil ao âmbito social e cultural.
Lucas Bambozzi
Acho que sim. Passou a ser mais descartável, menos acreditada [não que antes fosse mais fidedigna]. O fluxo de notícias via RSS ou os blogs vem produzindo um outro tipo de leitor. Por outro lado, informacão e lixo hoje são duas coisas muito próximas. Tanto os filtros subjetivos [nós mesmos] como os spam-blockers têm dificuldade em distinguir uma coisa da outra.
5. Quais os três sites que você não passa um dia sem visitar?
André Lemos
O Google, o meu blog Carnet de Notes (já que escrevo quase que diariamente) e o sites de informação nas áreas de tecnologia como o NYT, BBC, The Guardian, Wired, Libé, entre outros.
Hernani Dimantas
www.google.com
www.novae.inf.br
www.bloglines.com
João Antonio Zuffo
A variedade de sites que acesso é muito grande e não existem sites específicos que visito diariamente, a não ser, obviamente, o "google" e correlatos, com caminho de acesso intermediário a outros sites.
Karin Ohlenschläger
www.google.com, www.wikipedia.org e, por questões de trabalho, www.medialabmadrid.org.
Lucas Bambozzi
Não diria que acesso diariamente, pois depende das urgências ou procuras de cada dia. A maior parte das informações que me interessam chega várias vezes ao dia por e-mail e não via browser, como as listas Nettime, Crumb New Media Curating, Coro, Rhizome, Digitofagia, Vjbr, Canal Contemporâneo, e-flux etc.
Diria que, além desses, freqüento muito:
- www.we-make-money-not-art.com [blog de uma garota belga que compila informações sobre arte e tecnologia]
- www.google.com [difícil de assumir algo tão óbvio]
- o raio de algum site de Internet Banking!
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Roteiro Conexões Tecnológicas - Introdução
CONEXÕES TECNOLÓGICAS
Conexões Tecnológicas foca a revolução digital, propondo aprofundar discussões em torno da inovação tecnológica, da produção cultural e da democratização da informação. O formato é inovador. Buscando um ambiente fértil para a troca de idéias, realiza um encontro com palestrantes de diferentes áreas e utiliza a Internet como um espaço experimental para pesquisa e discussão on-line - um espaço informacional coletivo.
26 de maio de 2006, sexta-feira, de 9 às 18 horas, no Senac Lapa Scipião, Rua Scipião 67, São Paulo - SP
Concepção e organização: Patricia Canetti, Priscila Arantes e Renata Motta
Realização: Prêmio Sergio Motta de Arte e Tecnologia, Senac São Paulo e Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo
Apoio digital: Canal Contemporâneo
Patrocínio: Telefônica e Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura
ROTEIRO
Conforme revela o nosso parágrafo de apresentação, buscamos em nosso fórum não apenas tratar as questões relacionadas à revolução digital, mas também experimentar as convergências midiáticas na criação de novos formatos para eventos tradicionais. Com uma pesquisa realizada por alunos do Senac, um questionário enviado aos palestrantes e uma pré-discussão iniciada online, temos o objetivo de criar um ambiente mais fértil ao debate entre palestrantes, debatedores e participantes no fórum presencial.
SUMÁRIO
Os linques deste roteiro ora levam para este documento, ora para o Fórum do Canal ou para a internet
Programação, temas e participantes
Resumos das palestras e biografias
Respostas ao questionário do Canal / Juliana Monachesi
Temas centrais das palestras e textos pesquisados no fórum on-line
Discussão no fórum on-line: Interfaces Críticas e A Caosmose do PCC
PROGRAMAÇÃO, TEMAS E PARTICIPANTES
Senac Lapa Scipião, Rua Scipião 67, São Paulo - SP
26 de maio de 2006, sexta-feira, 9 às 18 horas
Mesa-redonda Desenvolvimento tecnológico e mercado
Mediadora: Priscila Arantes, crítica e curadora
9h
Abertura
9h30
Linhas de pesquisa e investigação em centros de arte e mídia
Karin Ohlenschläger, da Medialab Madrid
10h
Convergência Tecnológica e a oferta de serviços de telecomunicações
Maurício Giusti, Telefônica - Brasil
10h30
Academia e desenvolvimento tecnológico
João Antônio Zuffo, Laboratório de Sistemas Integráveis da USP
11h
Pesquisas e produção em interfaces emergentes
Daniela Kutschat e Rejane Cantoni, artistas multimídias
Debatedores: Daniela Bousso (Paço das Artes), Eduardo Brandão (Galeria Vermelho), Giselle Beiguelman (PUC-SP), Romero Tori (Centro Universitário Senac) e Solange Farkas (Associação Vídeo Brasil).
Mesa-redonda Democratização da informação e sociedade
Mediadora: Patricia Canetti, artista multimídia / Canal Contemporâneo
13h30
Arte e política
Brian Holmes, crítico cultural e ativista da rede
14h
Arte e netativismo
Lucas Bambozzi, artista multimídia
14h30
Cultura hacker e mercado
Hernani Dimantas, pesquisador em Cibercultura e autor do livro "Marketing hacker"
15h
Software livre e globalização contra-hegemônica
André Lemos, diretor do Centro Ciberpesquisa da UFBa
Debatedores: Guilherme Kujawski (Jornalista), Lucia Leão (Centro Universitário Senac), Lucio Agra (Centro Universitário Senac), Marcus Bastos (PUC-SP) e Ricardo Rosas (Escritor e Midiativista)
RESUMOS DAS PALESTRAS E BIOGRAFIAS
André Lemos, diretor do Centro Ciberpesquisa da UFBa
Brian Holmes, crítico cultural e ativista da rede
Daniela Kutschat e Rejane Cantoni, artistas multimídias
Hernani Dimantas, pesquisador em Cibercultura e autor do livro "Marketing hacker"
João Antônio Zuffo, Laboratório de Sistemas Integráveis da USP
Karin Ohlenschläger, da Medialab Madrid
Lucas Bambozzi, artista multimídia
André Lemos, diretor do Centro Ciberpesquisa da UFBa
As práticas sociais emergentes com as novas tecnologias de comunicação nos colocam em meio a uma cultura da conexão generalizada, engendrando novas formas de mobilidade social e de apropriação do espaço urbano. Processos de territorialização e de desterritorialização estão em marcha, potencializados pelas tecnologias móveis. A noção de desterritorialização é uma constante em textos sobre a cibercultura. O argumento central desse artigo é que as tecnologias móveis não fomentam apenas processos de desterritorialização, mas novas reterritorializações, através de dinâmicas de controle e acesso à informação. Mostraremos que o ciberespaço e as tecnologias móveis criam territorializações em meio à tendência global desterritorializante da cultura contemporânea.
Biografia
André Lemos é professor da Faculdade de Comunicação da UFBa, Doutor em Sociologia (Sorbonne). Diretor do Centro Internacional de Estudos Avançados e Pesquisa em Cibercultura, Ciberpesquisa, consultor da Fapesp, CNPq e CAPES. Autor dos livros Cibercidade II (e-papers, RJ, 2005), "Cibercidades" (e-papers, RJ, 2004), "Olhares sobre a Cibercultura" (Sulina, 2003), "Cultura das Redes" (Edufba, 2002), "Cibercultura. Tecnologia e vida social na cultura contemporânea" (Sulina, 2002, 2004) e "Janelas do ciberespaço" (Sulina, 2000). Atualmente desenvolve pesquisa sobre o tema "Cibercidades" com apoio do CNPq (pesquisador nível 1). É membro do júri internacional do prêmio Best of Blogs (BoB), da "Deutsche Welle", Alemanha e do "International Advisory Board" do Prêmio "Ars Electronica", para a área de "Digital Communities", Áustria. Foi presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação - COMPÓS - de 2003 a 2005.
Brian Holmes, crítico cultural e ativista da rede
EMBODIED WE FLOW:
Tactics and Strategies of Information in Contemporary Social Movements
Democracy's promise is unfulfilled - necessarily. This is because the representative mechanisms of today's democratic societies cannot "cover" the full extent of minority demands, except by covering them up with the languages of efficiency and profitability. Social movements therefore arise to put bodies on the line, to challenge the abstract logic of machines and money with living presence. What they make visible on the street is a missing feeling of direct participation, of community: what the anthropologist Victor Turner calls a "flow." But in today's mass-individual societies, such a feeling of community only arises, and only becomes effective, through tactics and strategies that manipulate the mediated flows of abstract information.
Drawing on the examples of the European "precarity" movements and of the recent events in France around the question of flexible labor, this paper explores the tactics and strategies of mediated information in contemporary social movements. How do ideas become "tactile," how do they touch individuals, inspiring them to join a human flow? How do minority ideas find the strategies that can allow them to enter and transform the dominant flows of abstract information, without betraying their embodied origins? The focus here is not on the single creator, the visual genius, but rather on the complex and sometimes ambiguous role of the media practitioner in the context of wider movements - in between the contradictory flows that define the democratic predicament.
Biografia
Crítico de arte, ensaísta e tradutor, Brian Holmes vive em Paris e se interessa pelos cruzamentos entre arte, economia política e movimentos sociais estando particularmente envolvido com o mapeamento do capitalismo contemporâneo. Desde o "Carnaval contra o Capitalismo" na cidade de Londres em 1999, Holmes tem tomado parte e escrito sobre inúmeras manifestações contra a globalização corporativa do mundo.
Fez doutorado sobre linguagens e literatura romântica na Universidade de Berkeley (Califórnia) e foi editor da versão inglesa do catálogo Documenta X, Kassel, Alemanha, 1997. Membro do grupo ativista de arte gráfica Ne pas plier (Não se curve) de 1999 à 2001, trabalha há pouco tempo com o grupo de arte conceitual parisiense Bureau d'études com o qual fundou revista "Autonomie artistique".
Contribui regularmente com a lista de difusão Nettime e colabora com diversas revistas como a Springerin (Vienne) e a Parachute (Montréal). Autor do catálogo de textos Hieroglyphs of the Future: Art and Politics in a Networked Era (Zagreb: Arkzin, 2003). É autor do livro La personnalité flexible: pour une nouvelle critique de la culture. Também faz parte da redação da publicação Multitudes, tendo dirigido seu número espacial l'Art contemporain: la recherche du dehors, (Janvier 2004, Exils).
Daniela Kutschat e Rejane Cantoni, artistas multimídias
Ambientes imersivos-interativos, um híbrido de espaço de dados e espaço físico, além de dispositivos que servem para produzir ilusões espaciais, são promessas de novas interfaces através das quais o humano e o computador poderão comunicar simbioticamente. Nesses ambientes, o comportamento `natural´ do agente humano está associado ao comportamento `artificial´ do computador de maneira inseparável. Cada ação ou contato estabelecido sob tais circunstâncias gera compreensão equivalente a qualquer uma das partes.
Isso traz à tona o velho problema das interfaces humano-computador. Como, e através de que tipo de interfaces um sistema pode melhor interagir com outro? Ou, da perspectiva que conhecemos melhor, através de que tipo de interfaces podemos imergir e interagir em um mundo de dados sem termos nossa atenção desviada por estranhos dispositivos `não naturais´?
Inspiradas por tais questões nós estamos desenvolvendo (desde 1999) o projeto OP_ERA, uma ferramenta de experimentação multisensorial de conceitos de espaço.
Biografias
Daniela Kutschat Hanns é artista e pesquisadora e doutora em Artes pela ECA-USP . Coordena a pesquisa em design: informação e interfaces e o laboratório de pesquisas em ambientes interativos do SENAC. O enfoque de sua pesquisa é em sistemas adaptativos e sistemas de integração e interfaces humano-computador. É professora nos Cursos de Design e da Pós-Graduação em Mídias Interativas da mesma instituição.
Rejane Cantoni é artista e pesquisadora de sistemas de informação. Doutora e Mestre pelo Programa de Comunicação e Semiótica da PUC-SP; Mestre em Visualização e Comunicação Infográficas pelo Programa de Études Supérieures des Systèmes d´Information da Universidade de Genebra, Suíça; e Vice-Diretora da Faculdade de Matemática, Física e Tecnologia da PUC-SP.
Hernani Dimantas, pesquisador em Cibercultura e autor do livro "Marketing hacker"
Linkania: resistência e descentralização
A cibercultura estuda o impacto das tecnologias digitais na sociedade, ou mais especificamente, o impacto da migração de uma sociedade de massa para uma sociedade em rede. A Linkania é um conceito que tenta explicar a caordem do sistema e na inter relação das pessoas ou dos links. As multidões vêm a contrapor o poder do império globalizado. Um processo de resistência emerge desta linkania das multidões e aponta para um novo paradigma nas relações da microfísica do poder. A partir desses enfoques dá a ver a existência de novos meios e métodos de produção e agenciamento das relações entre pessoas e instituições. Aponta, pela via das teorias, entre outros, de Giles Deleuze e Toni Negri, mudanças em todos os aspectos da sociedade. Formula a hipótese do nascimento da linkania, caracterizada pela multiplicação das vozes e pela descentralização da informação, do conhecimento e das decisões.
Biografia
Hernani Dimantas - Desde 1997 ele tem se dedicado ao estudo, debate e construção de projetos colaborativos. Publicou vários artigos sobre a internet. Autor do livro Marketing Hacker - a revolução dos mercados (Rio de Janeiro, Garamond, 2003) e é co-autor de Software Livre e Inclusão Digital (São Paulo, Conrad, 2003), Derivas - cartografias do ciberespaço (São Paulo, AnnaBlume, 2004) and DiY Survival - there is no subculture only subversion (UK, c6.org). Dimantas foi editor do projeto www.marketinghacker.com.br. Foi fundador, juntamente com Felipe Fonseca , do projeto Meta:Fora, um projeto independente focado nas novas possibilidades catalisadas pelas tecnologias informacionais. O MetaFora derivou para outros projetos como o MetaReciclagem www.metareciclagem.com.br. Hernani Dimantas está terminando o mestrado em comunicação e semiótica na PUC-SP sobre o tema Linkania - a sociedade da colaboração; Estes projetos têm dialogado como vários atores em políticas e ações em todas as instâncias de governo.
João Antônio Zuffo, Laboratório de Sistemas Integráveis da USP
LSI
Será apresentada a colocação do Laboratório de Sistemas Integráveis - LSI dentro da Universidade de São Paulo -USP, um pouco de seu histórico e pessoal envolvido, suas divisões de pesquisa interna e principais trabalhos realizados.
Biografia
João Antonio Zuffo é professor titular da Escola Politécnica da USP. Em 1976, fundou o Laboratório de Sistemas Integráveis da USP, do qual é coordenador-geral. Autor de 19 livros, dentre eles : "A Sociedade e a Economia no Novo Milênio", tema de uma série de livros recém-publicados, abordando as transformações em que a sociedade está mergulhada em função do desenvolvimento das tecnologias da informação.
Karin Ohlenschläger, da Medialab Madrid
medialabmadrid
from basic research to cultural impact
If we were to accept the theory of the North American physicist, William Day, that movement generates space and structure, we would arrive at a reasonable explanation of how medialabmadrid has evolved.
It set up its first programme at the beginning of 2002. This was designed as a small laboratory open to the production, research, teaching and diffusion of the art and science related to the new technologies of informatics and telecommunications.
At the outset, what is now one of the most dynamic transdisciplinary spaces in Madrid comprised no more than a narrow passage occupying some 50m2 and a dozen computers. medialabmadrid has since become a catalyst for ideas, projects, and people with a vocation that is both local and international. The current open, modular structure of its activities is sometimes limited to the 300m2 area of resources and production, while at others its exhibition programme occupies over 3,000m2, situated in the north wing of the Conde Duque Cultural Centre, a renovated eighteenth century barracks, which has been turned into one of the major exhibition areas belonging to the City Council of Madrid.
Biografia
Crítica de arte e curadora em arte contemporânea e novas tecnologias. È co-diretora do MediaLabMadrid desde 2002.
Dirigiu o Cibervision - Ier Festival Internacional de Arte, Ciencia y Tecnología no Centro Cultural Conde Duque (2002), the Chips: circuitos emergentes de la cultura digital competition at the European Institute of Design in Madrid (2001), Cibervisión99 - Muestra Internacional de Arte, Ciencia y Nuevas Tecnologías, at the Rey Juan Carlos University in Madrid (1999), the Festival Internacional de Infoarquitectura, Ministerio de Fomento, Madrid (1997), bem como IN ART -Festival Internacional de Arte Cibernético, Tenerife (1996) e o Vídeo Forum Internacional no Museu Espanhol de Arte Contemporanea em Madrid (1986/8).
Foi curadora das exposições banquete05_comunicación en evolución, at the Conde Duque Cultural Centre (2005) e banquete03_metabolismo y comunicación, no Palau de la Virreina em Barcelona, no Center for Art and Media/ZKM in Karlsruhe e no Conde Duque Cultural Centre (2003), Media Ambiente - MAD01, Comunidade Autonoma de Madris, IFEMA (2001), Marea Negra at the Fundación Telefónica em Madrid (2000), Vértigos - artes audiovisuales on-line/off-line at the Sala Amadís (1999), Arte Virtual - Realidad Plural no the Museo Monterrey , Mexico (1997) e Todo Fluye, uma retrospectiva da infografia espanhola, no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, MNCARS, in Madrid (1996), entre outras.
Lucas Bambozzi, artista multimídia
Interfaces Críticas
Diante de novos sistemas de mediação envolvendo tecnologias com penetração em vários ambientes e camadas sociais, torna-se pertinente falar de práticas artísticas e culturais abrangentes, que se deixem afetar pelo contexto em sua diversidade de nuances. Este texto observa a criação de mecanismos por parte de determinados projetos que produzem conexões entre artista, público e a suposta responsabilidade de criação de espaços compartilháveis (vida pública), através do que pode ser chamado de interfaces sociais baseadas na realidade (reality-based-interfaces). Na medida em que tornam a mediação transparente, minimamente permeável, alguns trabalhos que emergem no cenário das novas mídias nos sugerem um sentido expandido para a idéia de 'interfaces', como sistemas viabilizadores de comunicação, experiências de potencialização do pensamento crítico e do uso de dispositivos de forma a sugerir enfrentamentos diante de novas formas de alienação que surgem embebidas nessas tecnologias. Seriam essas as faces e desafios de um ativismo atualizado às redes móveis, baseadas em sistemas locativos e imersos na trama da cidade?
Biografia
Desde o final dos anos 80 desenvolve estudos e trabalhos artísticos em torno da expressividade da linguagem audiovisual com ênfase nos meios eletrônicos e suas confluências. Foi artista residente no Centro CAiiA-STAR (atualmente Planetary Collegium, no Reino Unido), onde atualmente finaliza seu MPhil (Master of Philosophy). Foi o responsável pela implantação do setor de Internet e desenvolvimento de projetos de novas mídias para a Casa das Rosas, tendo sido o curador de exposições como Arte-Suporte-Computador (1998) e Imanência (1999). Tem escrito inúmeros artigos e críticas sobre arte eletrônica e digital em publicações e catálogos no Brasil e no exterior. Entre 2004 e 2005 participou ativamente como curador e coordenador nos eventos SonarSound (2004) Digitofagia (2004) e Nokiatrends (2005). EM 2006 oi convidado para fazer a curadoria geral da programação multimedia do Motomix Art & Music Festival.
Como artista trabalha em várias mídias e suportes tendo construído um corpo consistente de obras em vídeo, filme, instalação, trabalhos site-specific, vídeos musicais, projetos interativos, Internet e CD-Rom. Seus trabalhos vem sendo freqüentemente premiados e exibidos em festivais e mostras em mais de 30 países.
Em 2005 foi homenageado no XXe Videoformes em Clermont-Ferrand (França) com uma retrospectiva completa de seus trabalhos em vídeo, participou do festival ToShare em Turim (Itália) com uma instalação interativa, apresentou a obra O Pêndulo de Foucault no CCCB (São Paulo) e realizou uma exposição individual em Londres na galeria HTTP (House of Technologically Termed Praxis - htttp://htttp.uk.net) com a instalação SPIO, um sistema robotizado de autovigilância, utiliza processos generativos e processamento de imagens em tempo real, independentemente da ação do artista. Neste mesmo ano participou ainda de outras importantes exposições como Cyphorg Citizens and Unwitting Avatars no New Langton Arts, em Berkeley (EUA) e Bel Horizon, como parte da Bienale d'Art Contemporain de Lyon (França) e da Bienale de l'Image en Mouvement de Genebra (Suíça).
Atua junto a diversos coletivos de intervenção em mídias e performances de live-video com os grupos FAQ/feitoamãos e grupo C.O.B.A.I.A., tendo participado de projetos como o Z.A. Zona de Ação (SESC-SP), CUBO (CCBB-SP) e Território São Paulo (IX Bienal de Havana). É professor no curso de pós-graduação em Criação de Imagens e Sons em Meios Eletrônicos do Senac.
maio 2, 2006
Eduardo Kac: arte al límite, entrevista com Eduardo Kac
Eduardo Kac: arte al límite
Entrevista com Eduardo Kac, originalmente publicada no La Nacion, seção Extra tecnologia, no dia 23 de abril de 2006
El controvertido brasileño insiste en borrar las fronteras entre biología, técnica y humanidad. Saltó a la fama con la creación de una polémica coneja fluorescente. Aquí, un diálogoa fondo con el artista, cuya obra se presenta en Buenos Aires
Aquel 11 de noviembre de 1997 la Casa das Rosas, en San Pablo, mutó de centro cultural a sala hospitalaria. Las cámaras de TV se ocuparon de registrar la transformación: instrumental quirúrgico, personal médico, una ambulancia. También mostraron las imágenes que, colgadas de las paredes, rodeaban la parafernalia médica: fotografías tomadas en la década del 30 a una familia polaca que sería diezmada poco después, durante la Segunda Guerra Mundial. En el centro de ese dispositivo, un artista multimedia, descendiente de aquellos lejanos polacos, se recostaba sobre una camilla y observaba cómo un médico le injertaba un microchip con información digital (el mismo sistema utilizado en la identificación de animales) en el tobillo. Acción, intervención e instalación a un tiempo, la obra se llamó Time Capsule y generó ríos de tinta en los medios académicos, en la prensa, e incluso en centros de investigación de Chicago y Boston. "No es la estética lo que me interesa, sino crear experiencias", clamó Eduardo Kac, el artista que había utilizado su propio cuerpo como material creativo. Mientras tanto, desde los más diversos campos del mundo cultural, todos se preguntaban qué demonios había querido expresar con semejante gesto. ¿Una advertencia sobre las futuras formas de vigilancia y control sobre los seres humanos? ¿Una metáfora sobre los cambios biológicos que traerá la implantación de memorias artificiales en nuestro cuerpo? ¿Ambas cosas a la vez?
Lo cierto es que, con esta "instalacción", Kac estableció un antes y un después en su carrera. Hasta ese momento, había recurrido a la holografía para dar cauce a sus obsesiones. Pero a partir de Time Capsule comenzó a mirar con mayor interés el territorio de la ingeniería genética. Hasta que se zambulló de lleno en él.
-¿Por qué esta fascinación por la tecnología?
-Mis pasiones son el arte, la poesía. La técnica, simplemente, me sirve para resolver problemas expresivos. Esto fue así desde que comencé a trabajar, en los años 80. En aquel momento, la gente estaba muy cómoda hablando del arte posmoderno, los pastiches, el reciclado. Pero yo sabía que el arte del futuro -el que algunos ya estábamos haciendo- era algo totalmente diferente: un arte inmaterial, en red, basado en la información y la comunicación.
De paso por Buenos Aires, donde viene a presentar una muestra (ver recuadro), Kac ingresa en la charla con la suavidad de un surfista. Nadie diría que tiene sobre sus espaldas varios días de aviones y aeropuertos. Un periplo que comenzó en Europa, siguió en San Pablo y Buenos Aires, y que luego continuará rumbo a Nueva York y Chicago. "Vivo con jet lag", dice, siempre sonriente, en ese castellano musical que delata el origen brasileño. Desde 1989, año en que dejó definitivamente San Pablo para instalarse en los Estados Unidos, los viajes forman parte de su estilo de vida. Este año, Time Capsule fue premiada en la madrileña Feria Internacional de Arte Contemporáneo (Arco). Un reconocimiento que se sumó al premio Leonardo para la Excelencia, que el artista recibió en 1998, y a la distinción que le otorgó en 1995 la Fundación Shearwater. "Mis obras siempre tienen una dimensión filosófica -afirma-. Se preguntan qué es ser humano hoy; cuál es y cuál será nuestra relación con el mundo."
Efectivamente, su formación académica pasó más por la lingüística, la comunicación y la filosofía que por las artes plásticas. Kac pertenece, además, a la generación que creció arrullada por el zumbido familiar de la TV, y hace buena gala de eso. Es de los que pueden citar un poema de Ezra Pound con la misma soltura con que festejan el kitsch del Batman sesentista o se maravillan ante las sutilezas del manga japonés. Una versatilidad que, sin duda, fue un factor clave en su diálogo con tecnobiólogos, genetistas y expertos en electrónica.
-Su obra intenta desmitificar conceptos tales como los de identidad, memoria, raíces. ¿Realmente podemos vivir sin estos elementos?
-Es confortable tener esos pilares, ese tipo de estructura. Pero la verdad es que siempre hay una negociación, un flujo. La conciencia no está dentro de la caja craneana; está, justamente, en ese espacio de negociación.
-¿Usa la tecnología para hacer metafísica?
-No sólo metafísica: me interesan la epistemología, la comunicación, la filosofía. Es un proyecto ambicioso. Busco recrear las condiciones en que un universo sensible se encuentra con otro. Para mí, uno de los pasajes más bonitos de la filosofía pertenece a Emmanuel Lévinas. Este pensador solía contar que, cuando estaba prisionero en Auschwitz, el único que le recordaba que era humano era el perro del campo de concentración. El único que lo miraba, lo reconocía y lo hacía sentir persona era ese perro.
La condición humana: justamente, ésa fue la piedra del escándalo que se desató en 2000, cuando el artista presentó la que quizá sea su apuesta más arriesgada: Alba, una coneja transgénica, "obra viva de arte" que, si es iluminada con luz azul, se vuelve fluorescente. Para crearla, Kac trabajó junto a investigadores del Instituto Nacional de Investigación Agronómica de Francia, que incorporaron genes de una medusa del Pacífico a un embrión de conejo. "¿Tiene el arte derecho de hacer esto?", se preguntó, por esos días, Luigi Capucci, docente e investigador italiano. "La obra de Kac permite pensar el desarrollo contemporáneo de la ciencia y de la tecnología fuera de la dicotomía del bien y del mal, de lo verdadero y de lo falso, pero dirigiéndose al enfrentamiento de toda su complejidad", escribió, en contrapartida, Arlindo Machado, profesor de la Universidad de San Pablo.
Por su lado, el creador de Alba propuso, desde las páginas de la revista Leonardo (publicada por el Instituto Tecnológico de Massachusetts, MIT), que el arte transgénico sería una forma de creación "basada en el uso de las técnicas de la ingeniería genética para transferir material de una especie a otras, o para crear singulares organismos vivientes con genes sintéticos". Y siguió. En 1999 realizó la obra Genésis. Con el apoyo del Departamento de Medicina Genética del Illinois Masonic Medical Center, creó un gen sintético traduciendo al código genético una frase de la Biblia ("Dominen a los peces del mar, a las aves del cielo y a todos los seres vivos que se mueven sobre la tierra"). El gen fue introducido a unas bacterias, con lo cual esas pequeñas criaturas se convirtieron en las estrellas de la obra.
-¿Qué ocurre al incorporar seres vivos en la tarea creativa?
-Trabajar con la vida es muy difícil. La materia viva tiene lógica propia. La naturaleza no hizo una coneja verde, pero la permite. Alba pone en evidencia lo que tenemos en común: el código genético. No busco negar la existencia del ser humano, sino cuestionar su supuesta posición privilegiada en el mundo. Nosotros nos adaptamos al mundo por medio de nuestras habilidades. Pero también lo hacen el león, el mono, la bacteria. Es más una visión relativa que negativa.
-¿Muchas de sus obras no implican un diálogo un tanto forzado? La coneja o las bacterias quizá no querían participar.
-La noción de que crear una bacteria o una coneja es una manipulación sigue siendo una visión antropocéntrica. Yo pregunto: cuando creo una bacteria, ¿qué estoy haciendo? Estoy multiplicando la existencia de bacterias en el planeta. Soy un agente al servicio de la bacteria, que tiene su vida propia. Cuando las creo, no tengo control sobre ellas. Es como tener un hijo: tomas una decisión, tener un hijo. Una decisión racional. Y empieza el proceso para tenerlo. Si hay problemas, se puede recurrir a la tecnología. Pero el hecho de que la decisión sea racional, de que la tecnología intervenga, no hace que el hijo sea un objeto. Tiene su vida propia; es un sujeto independiente. Así ocurre con la bacteria. Lo mismo con la coneja. Fueron creadas en el contexto específico del arte, como una pareja tiene un hijo en el contexto específico de su matrimonio. A partir de este punto, el nuevo ser no es reductible al contexto en el que fue creado. Este es el cambio principal que trae mi arte transgénico.
-¿Eso no implica idealizar la condición humana? Quiero decir, ¿es realista suponer que los seres humanos somos tan desprendidos que podemos intervenir en la naturaleza y después no querer apropiarnos de lo que hicimos?
-No estoy interviniendo en la naturaleza.
-Se lo pregunto en términos del ser humano en general.
-Desde el punto de vista del conejo, yo soy solamente un agente. Supongamos que cae un árbol y hace que un conejo negro salte, vaya al río, se tope con un león, corra para otro lado, se encuentre con un conejo blanco, y entre los dos tengan un conejo gris. Hubo una serie de agentes que llevaron a ese nacimiento. Entonces, desde el punto de vista del conejo, yo soy un árbol que cae, un viento, una cosa que hace que nazca un ser. Si hay una guerra nuclear, los únicos sobrevivientes serán las bacterias. Nosotros tenemos más de 500 tipos de bacterias en nuestro cuerpo. Es decir, ya vivimos con ellas, somos una red; en cada pedazo de piel tenemos muchos seres vivos. Hay que preguntarse si realmente la bacteria es un objeto de mi control.
-¿Un agente es también responsable por lo que hace?
-Lévinas es también muy interesante en ese sentido, porque dice que "diferencia que no es indiferencia es responsabilidad". Entonces, nadie puede decir que nunca va a pasar nada con la coneja o con las bacterias. Yo no puedo saberlo. Tú tampoco sabes qué ocurrirá con este artículo. ¡Quizás alguien lee que existe una coneja verde, se impresiona y sufre una ataque al corazón! De todos modos, crear seres vivos no es abandonarlos. Hay que reconocer que se tiene una responsabilidad. Pero eso no es reducir el ser que creaste a la condición de objeto, sino reconocerlo como entidad independiente. A partir de ese reconocimiento, que es un reconocimiento de la diferencia, empieza una relación de responsabilidad.
Para saber más
www.ekac.org
www.espacioft.org.ar
Datos útiles
En agenda
# Con la curaduría de Graciela Taquini, el artista presenta algunas de sus obras en Buenos Aires. Entre ellas, se cuentan Génesis, instalación basada en un gen sintético incorporado en una bacteria; Move 36, que refiere al juego de ajedrez entre la computadora Deep Blue y el maestro Gary Kasparov, y Rabbit Remix, una recopilación de la producción visual (carteles, histo-rietas, afiches, fotografías) generada a partir de la discutida creación de Alba, la coneja fluorescente.
# Dónde: Espacio Fundación Telefónica, Arenales 1540.
# Cuándo: hasta el 27 de mayo.