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dezembro 7, 2005
digitaldivideAULA, Texto produzido coletivamente durante a disciplina: Artes Imersivas: implicações estéticas e políticas
digitaldivideAULA
Alessandra Klug, Álvaro Galrão de França Neto, Cristina Gadotti Rodrigues, Edmilson Vitória de Vasconcelos, Maria Cristina Fabi, Paulo Renato Viegas Damé, Roberto Freitas, Roberto Moreira, Sandra A. Reis Fachinello, Sílvia Regina Guadagnini, Thais Paulina Gralik
Texto produzido coletivamente durante a disciplina: Artes Imersivas: implicações estéticas e políticas, Prof. Yara Guasque. Programa de Artes Virtuais. Ceart/UDESC, tendo como texto base FROHNE, Ursula. Re-mapping the Virtual World. Utopian Construction versus Power Structures in Cyberspace. In WEIBEL, Peter. (Ed.). Olafur Eliasson: Surroundings Surrounded. Essays on Space and Sciences. Cambridge: The MIT Press: 2001, p: 200-207.
Uma interlocução em relação ao texto No país, 68% nunca experimentaram a internet, Matéria de Aguinaldo Novo, originalmente publicada no Jornal O Globo, no dia 25 de novembro de 2005 e no tecnopolticas.
Introdução (Roberto Freitas):
O século que precedeu as redes foi berçário de tentativas de suprimir a miséria existencial com suas frustrações mundanas através de avanços tecnológicos.Foi justamente este o período que inventou o conceito biosfera: busca por um espaço de natureza cativa, um espaço no qual a imersão no mundo natural não possui riscos. Seria o espaço da segurança e do conforto, no qual poderíamos conviver com o selvagem sem correr os riscos que essa convivência traria. Nessas biosferas do século XIX temos a matriz do espaço da realidade virtual, espaço onde a convivência com o outro não nos colocaria no risco de conhecer a materialidade do outro, espaço em que estaríamos protegidos tanto da natureza do outro quanto da nossa própria natureza.
I- Aspirações utópicas x condições de desigualdade material (Sandra)
Mesmo aspirando uma dinâmica universal, ilimitada e irrestrita, não é possível verificar a existência desta retórica otimista que traria uma igualdade ideal para quem atingisse uma comunidade virtual, acima do limite nacional e intelectual. É preciso considerar que esta está distante da realidade social, abrange de forma descentralizada pontos diversos e universais, mas não é generalizada, não atinge a todos, como pode parecer numa projeção utópica. Tratando basicamente de questões imateriais, do conhecimento, é irremediável que consideremos a desigualdade das condições materiais intrínsecas nessa relação.
Existem sim partes não representadas da sociedade global.
Seria pensar quais partes do mundo são "escaneadas".
II- A materialidade das estruturas de poder refletidas no ciberespaço (Silvia e Paulo)
A internet requer um certo nível de alfabetização, por exemplo o domínio do inglês como língua dominante e até um determinado nível de conhecimento tecnológico. Nas nações menos desenvolvidas economicamente e até nas nações mais desenvolvidas industrialmente, um grande numero de pessoas são incapacitadas de conectar por causa de sua idade ou classe social. Reconhecendo essa divisão digital, se torna evidente que enquanto nos conectamos nos tornamos parte de uma nova paisagem étnica que poderíamos chamar de paisagem da Net, ou ciberespaço, no qual as informações e os indivíduos circulam como uma nova comunidade. Enquanto essa comunidade se alastra em tamanho e significância estamos efetivamente envolvidos na relativização daqueles que permanecem fora dessas fronteiras.
As representações no contexto da geografia política atual refletem criticamente a retórica da condição de nossos tempos "conflitos étnicos, nacionalismos ressurgentes e a fragmentação urbana e do tecido social" conflitos esses também refletidos no ciberespaço que confirmam que a materialização do poder das instituições e segmentações sociais existem também na rede.
III- O espaço universal nostálgico refletido no ciberespaço, o qual suprimiria a pobreza e a ignorância (M Cristina e Álvaro)
Esse espaço criaria uma suposta realidade, diferente e independente do real. Na qual não se pode distinguir quem manipula e quem é manipulado, criando assim um ambiente virtual.
A ignorância e a pobreza ficariam maquiadas por falsas realidades.
Ao mesmo tempo esse espaço possibilita o acesso à informação, ainda que não beneficie a todos, questionando sobre essa "Universalidade" e sua abrangência.
A falsa sensação do livre acesso ao ciberespaço, o qual tem se transformado em um verdadeiro campo de batalhas, no qual o capital da informação circula como moeda corrente.
Não sabemos por quanto tempo essa distância entre o mundo físico e o virtual persistirá, e quais serãoas reais possibilidades de redução dessa distância e quais suas vantagens e implicações.
IV- Mapas geopolíticos do ciberespaço (RM e Alessandra)
Fascinados pelas possibilidades tecnológicas, esquecemos das implicações históricas, políticas e éticas que convivem com a conectividade e sua poderosa eficiência integrativa, interativa e comunicativa. O ciberespaço serve como tela projetiva de um espaço universal para vôos românticos. De fato representa o território desejado economicamente para os interesses hierárquicos das corporações globais (Ursula Biemann - performing the border). O acesso eletrônico redefinindo fronteiras. Conceitos utópicos da realidade virtual sob a égide das novas formas de agenciamento da sociedade civil levaria a segregações políticas e culturais? Nova encarnação da colonização????
V.a- O poder no ciberespaço (Edmilson Vasconcelos 2dez05.)
11 comentários pertinentes sobre este tema:
1) Foda-se o poder no ciberespaço!
2) O poder no ciberespaço que se foda!
3) O ciberespaço que se foda no seu poder!
4) O poder e o ciberespaço que se fodam!
5) Foder com o poder no ciberespaço!
6) Poder foder com o ciberespaço!
7) Poder foder no ciberespaço!
8) No ciberespaço poder é foder!
9) O poder que se foda no ciberespaço!
10) Você pode foder no ciberespaço!
11) Você pode se foder no ciberespaço!
V.b- O poder no ciberespaço (Thais)
A Internet inicialmente foi vista como oportunidade histórica para realizar uma comunicação universal, com potencial para "discursos híbridos descentralizados, interativos, ilimitados, não hierarquizados, transmediáticos, interculturais, não lucrativos, e sistema de troca de conhecimentos, acessível à comunidade global" (FROHME, 2001, P.201).
A realidade hoje contrasta com as idéias de um ideal de igualdade que se pensava no princípio do advento das novas tecnologias, principalmente a Internet.Presenciamos hoje, a interferência de empresas com investimento de capital a fim de obtenção de lucros e poder público com maior acesso ao controle sobre a população.
"O espaço eletrônico se transformou não apenas como um aparato, instrumento de comunicação, mas acumulação de capital das operações do mercado do capital global" (FROHME, 2001, p.202).
Embora sirva a interesses alternativos, tornou-se um novo domínio para o colonialismo exercer o poder que "inclui" mas também acentua a exclusão.
VI- A des/hierarquização do ciberespaço (Cristina)
Em um discurso "otimista", a rede estaria acima de interesses individuais e corporativos, além dos limites do preconceito. Seria também um meio de burlar e subverter os sistemas pré-estabelecidos em uma sociedade predominantemente patriarcal e capitalista. Mas sob esta aparente "democracia" virtual, na qual os internautas teriam livre acesso às informações e aos softwares, estão embutidos interesses de grandes empresas, que vêem neste novo veículo de comunicação um mercado cada vez mais amplo. São novas estruturas hierárquicas de poder que ignoram as questões históricas, políticas e éticas em favor da globalização.
Finalização
Aldeia colonizada
Encontro imaterial
Foda-se
Pseudo-democracia
A problemática da biosfera poderia ser pensada como metáfora destes espaços da www, o vidro que separa o artificial do natural protege? Antes de a natureza estar dentro da cúpula que estaria separando a experiência de quem tem a permissão de entrar nessa cúpula e de quem não tem. Quem simplesmente não possui um ingresso ficaria sujeito a sorte do tempo e exposto a vida selvagem.
IMPLANTE DE MÃO DE GORILA