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AS MIL E UMA ABAS - Primeiro episódio: Night gallery...

AS MIL E UMA ABAS - Primeiro episódio
Night gallery...

Acho que estou há horas parado na frente deste vídeo, não sei do que se trata e também não sei como vim parar aqui... Humm, tem gente na sala. Será que repararam em mim?

A imagem do vídeo mostra uma pintura, cada vez mais perto, e eu poderia muito bem entrar dentro dela para sair daqui. As pessoas ao lado estão conversando e gravando um vídeo, eu acho. Além de estar cercado de vídeos por todos os lados nesta galeria, agora ainda está sendo feito um vídeo, que pode me capturar. Seria melhor entrar dentro desta tela plana na minha frente. Mas eu teria que escolher muito bem a cena para não repetir o final daquele filme de terror dos anos 70.

O personagem do filme (um curta na verdade, pois o filme todo mostrava três contos) sempre visitava uma galeria de quadros, um museu, talvez, e namorava uma pintura de um barco. Ele desejava imensamente estar ali naquela cena bucólica. No final do filme, ele está fugindo (e não me lembro do quê) e passa por onde o quadro normalmente estava pendurado e pede mais uma vez para ser transportado para aquela cena. Desta vez ele foi atendido, só que o quadro havia saído dali e em seu lugar estava uma pintura representando uma cena de sofrimento. Cena final do filme: vemos o personagem retratado em tormento nessa outra pintura.

Só de lembrar, sinto a mesma angústia que senti quando era criança e vi este filme na tv.

Aliás, assistir filmes na TV era minha ocupação favorita quando criança. Mas, não só na infância. A tela me acompanha até hoje, quase não desligo a TV, nem quando saio de casa. Gosto de abrir a porta e ouvir o seu barulhinho, como se me recebesse, me desse as boas vindas após um dia inteiro fora.

Bom, já que lembrei do filme em que o personagem entra na pintura. Penso que não seria necessário entrar nessa tela na minha frente, pois logo ali um vídeo está sendo feito, poderia fazer parte desse vídeo. Mas, não sei. Gosto da relação que tenho com o vídeo, um de frente para o outro. Não quero estar do outro lado.

PARA SER CONTINUADO...

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Este episódio foi escrito por Patricia Canetti e Fábio Tremonte.