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novembro 7, 2005

Comentário de Angélica de Moraes ao post alô, câmbio!, de Nós

Comentário de Angélica de Moraes ao post alô, câmbio!, por Nós

Prezadíssimos "nós":
Esse estranhamento verbalizado por vocês é algo que me enche de alegria. Afinal, isso só surge em jornalistas e/ou críticos desobedientes, que não aceitam trabalhar apenas sobre a rígida pauta de eventos estabelecida pela indústria cultural (por mais relevantes que, por vezes, alguns desses eventos sejam). Acho que a crítica de artes visuais tem muito a ganhar quando assume a postura do repórter que vai à cata da notícia em lugar de ficar sentado esperando o release e a foto e (até!) a sugestão de comentário já escrita pelo assessor de imprensa. Por outro lado, tem que fugir também da tal "torre de marfim" da crítica que "fica se sentindo" em vez de sentir...a arte!

Aqui vai meu abraço. Congratulations! Ah...quanto ao problema. Não é um problema: é uma solução! Para a arte que inventa outros caminhos, nada melhor do que inventar novos caminhos para refletir sobre arte. Este aqui do Canal, aliás, é bem interessante. Vamulá, moçada! Tem que ir onde o povo da arte vai. Reportar no calor da hora.

Abraços grandes

Angélica de Moraes

Posted by João Domingues at 11:04 AM | Comentários(2)
Comments

Navalha no Vale

ou

Com quantas bolhas gigantes se faz uma arte minúscula

O espaço da cidade. O espaço do museu. O museu-cidade. A cidade-museu. A arte e o sentido do espaço.

São Paulo viu na tarde do dia 19 de novembro durante a “Virada Cultural” o confronto entre a obra de arte e o espaço na qual foi inserida. Ou melhor, a indignação do artista diante da “deturpação pública” de conceitos pré-determinados, pois os fatos parecem comprovar que para Sônia Guggisberg a arte precisa se fechar no museu e nas galerias: os olhos sob grades, as mãos amarradas com linhas imaginárias de separação real. Por favor, não toquem.

A instalação denominada “Bolhas Gigantes” colocada no Vale do Anhangabau foi literalmente devorada pela cidade através das mãos, pernas, rostos, corpos, risadas e brincadeiras das crianças que, sem estarem tomadas (domadas?!) por critérios estéticos, censuras formais ou anseios contemporâneos, lançaram-se dentro daquilo que mais lhes parecia um pula-pula transparente recheado de ar e água.

A manipulação, dobra e torções, conceitos trabalhados pela artista durante 15 anos em seu atêlie, ganharam a dimensão pública, escorregaram para o Vale e foram acrescidas de torções da brincadeira, dobras da ingenuidade e manipulações de sentido durante seu percurso. Fez-se outra obra dentro da grande bolha São Paulo.

Não seria este fato uma grande coroação da arte e do artista, um elogio sem adjetivos coloquiais, a mais consistente apropriação da obra pelo público? Talvez sim, não fosse a confusão da própria artista.

Poucos segundos após se aproximar de sua bolha e verificar a usurpação, Sônia Guggisberg sacou uma navalha do bolso e de um só golpe rasgou sua obra para evitar maiores “constrangimentos” estéticos.

Crianças murcharam com a bolha minúscula.

A cidade perdeu. A arte perdeu. A artista talvez ganhe uma linha no jornal com seu nome em negrito. Na seção de óbitos de humanidade. E arte.

Posted by: edu moraes at novembro 22, 2005 1:42 PM

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Posted by: ROMÁRIO MARTINS at setembro 18, 2008 3:02 PM
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