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junho 7, 2005

Quebra de Padrão - Centro Cultural Telemar

fotolobo1.jpg

Centro Cultural Telemar

Museu das Telecomunicações
Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo, Rio de Janeiro - RJ
21-3131-1227
www.institutotelemar.org.br/centrocultural
www.oficina.arq.br


Museu das Telecomunicações, Rio de Janeiro

O Instituto Telemar promoveu um Concurso Público Nacional de Arquitetura em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1999, para a escolha do projeto do Museu das Telecomunicações. O objetivo era reformular o antigo Museu do Telephone, edificação construída em 1918, no bairro do Flamengo, e geminada ao edifício sede do IAB-RJ, no Rio de Janeiro. Dentre os 63 projetos de todo o Brasil, venceu a proposta da equipe formada pelos arquitetos Ana Paula Polizzo, André Lompreta, Gustavo Martins, Marco Milazzo e Thorsten Nolte.

O conceito do projeto é o dialogo entre o novo e o antigo. A edificação antiga foi parcialmente demolida para receber um novo volume, nos fundos do terreno, definindo três zonas no edifício: o volume formado pelo edifício antigo, que foi mantido com suas características peculiares; o volume novo, que se diferencia do antigo por uma arquitetura contemporânea; e o vão livre, formado pelo afastamento entre os dois volumes, mantendo um diálogo harmônico entre as partes.

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A representação imaterial da temática da comunicação foi uma das premissas do projeto. Quando pensamos sobre o que é comunicação, instintivamente relacionamos a imagens, como fios de telefone, grandes servidores de computador, ou satélites. Mas a escolha de uma destas imagens revela, afinal, que o espaço da comunicação é bem mais abstrato. Não é um objeto, nem acontece em um determinado lugar, e sim se configura na ausência de algo físico. Pensando assim, chegamos à conclusão de que a comunicação acontece na inexistência de um espaço real.

Como, então, materializar um espaço que defina comunicação? A arquitetura, sem dúvida, tem como objetivo a criação de um espaço real e acessível, que se define por seus limites físicos. Para materializar essa idéia, propõe-se a criação de limites virtuais, ou não-existentes, ou existentes, mas invisíveis ou desfocados, podendo transmitir a ausência de si próprio, através de sua indefinição.

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A sobreposição das malhas

A orientação gráfica do projeto é baseada na sobreposição da estrutura rigidamente ortogonal do edifício existente, e da malha criada por ângulos livres que determinam todas as novas linhas da intervenção. Para a malha do novo volume, foi escolhido um tema referente à comunicação: as ligações - forma de comunicar - entre todas as capitais dos Estados do Brasil.
A subjetividade da criação da nova malha, criada para contrapor os dois tempos, foi determinante para estabelecer o desenho de toda a intervenção, sendo esta perceptível na "costura" dos dois volumes, na gráfica de seus espaços e na composição das fachadas revestidas de zinco.


Intervenção urbana

A demolição realizada na edificação antiga foi parcial. Foram mantidas as fachadas principal e lateral, a antiga estrutura e os revestimentos internos, conservando sua identificação volumétrica.

Com a abertura de uma nova rua lateral à edificação, o Museu das Telecomunicações, ganha uma implantação privilegiada, que requer uma volumetria adequada ao entorno, seguindo todas as exigências urbanas e tornando legível a organização interna do museu, além de valorizar suas fachadas e o conjunto que este faz com o IAB.

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Os limites do real - espaço virtual

A fim de tornar o edifício acessível a todos, alteramos o antigo acesso ao Museu, que era feito pela fachada preservada por um lance de escadas. O novo acesso é feito então pela rua lateral, onde a fachada é totalmente de vidro transparente e o nível do piso externo é igual à do piso interno, reforçando a idéia de continuidade entre espaço interno e espaço externo. Na antiga entrada do Museu foi criado um local para divulgação das exposições.

Este novo acesso foi projetado recuado em relação ao alinhamento, gerando uma fachada inclinada, que segue as linhas da malha criada, conduzindo os visitantes para a nova entrada do museu. Desta forma o museu se abre para a cidade, estimulando no observador o desejo de se aproximar e ver o que existe no interior.

Na fachada Sul ficam destacadas a volumetria nova e a volumetria de concreto da escada de emergência, separadas por um grande painel de madeira e um pano de vidro, onde foi criado um acesso secundário para carga e descarga e entrada de funcionários. Passarelas metálicas com piso de chapa furada ligam os pavimentos à escada e possibilitam a vista da rua dos fundos.

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Os dois tempos

O elo de ligação entre o edifício antigo e a nova intervenção se define pela criação de um vão livre, que corta o volume do museu. Este vão possui fachada totalmente envidraçada, e é coberto por uma clarabóia com brises automatizados, permitindo a entrada de luz. As circulações verticais, escadas e elevador, se desenvolvem neste vão, interligando de maneira interativa as áreas de exposição, uma vez que os pavimentos preservados são ligados a quatro novos pavimentos em níveis intermediários.

As lajes novas construídas são de concreto armado, sem vigas, possibilitando o melhor aproveitamento do espaço. As escadas que interligam os pavimentos são de estrutura metálica, com degraus e guarda corpos de vidro com PVB opaco, possibilitando a passagem da luz. O elevador constitui um volume destacado, apresentando uma de suas faces panorâmica, com vidro transparente e brieses horizontais de madeira, criando uma visão estroboscópica do interior do Museu.

Por este vão se tem a clara visibilidade de todos os pavimentos que compõem o espaço, pode-se entender onde se está e aonde se quer ir. O movimento através do vazio permite experimentar uma dinâmica, onde as escadas, que seguem a força maior do projeto, são parte do trajeto dentro da arquitetura.

Da mesma forma, os espaços internos foram organizados seguindo esta ordem maior: Os novos pavimentos possuem pilares cilíndricos metálicos e pisos cimentados, enquanto os pavimentos antigos possuem pilares quadrados e o piso de tábua corrida de madeira preservada da demolição.

Apesar do edifício antigo e o novo volume permanecerem como dois momentos da arquitetura, estas áreas constituem um todo integrado havendo sempre um diálogo entre passado e presente.


Organização interna

O pavimento de acesso será um local de recepção, onde poderão ocorrer eventos diversos, venda de produtos, e uma livraria, além de apresentação de produtos tecnológicos. A galeria de arte contemporânea se localiza no segundo nível, onde as exposições serão temporárias. No terceiro nível se encontra a administração do Museu e é onde começam as exposições de longa duração continuando até o sexto pavimento. Os andares intercalados e totalmente abertos possibilitam uma continuidade das exposições sem que haja uma interrupção brusca.

No sétimo nível, formado por um volume totalmente fechado e com pé direito de 12m, se encontra o espaço de múltiplo uso, apresentando diversas opções de organização, pois as arquibancadas são formadas por módulos desmontáveis, com cadeiras soltas. No último pavimento se encontra o Cyber-café com um terraço que possibilita a vista da praia.


A nova imagem do museu

As fachadas laterais e de fundos do museu apresentam o edifício para o novo espaço urbano e se mostram como um elemento único, passando uma imagem para a cidade.

Através de painéis modulares de zinco-titânio, com rasgos contendo iluminação, é representada uma linguagem digital, refletindo na reprodução da nova malha a tecnologia das telecomunicações.

Posted by João Domingues at 1:56 PM | Comentários(1)
Comments

Teria como eu contactar o João Domingues, que postou este texto, para tirar algumas dúvidas com ele?

Posted by: Roseane Luz at janeiro 4, 2010 10:24 AM
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