|
junho 25, 2010
Transcultura: Festival ROJO@NOVA apresenta a vanguarda das artes visuais digitais por Carol Luck, O Globo
Matéria de Carol Luck originalmente publicada no caderno Cultura do jornal O Globo em 25 de junho de 2010.
Com toda a efervescência cultural que surge em tempos de novas tecnologias, faltava um festival que celebrasse a arte contemporânea e toda a sua diversidade. E eis que surge a "ROJO®NOVA", mostra organizada em parceria com a revista "Rojo", que aposta no que há de mais fresco no mundo das artes, sempre focando em nomes que abusam das técnicas contemporâneas, do experimentalismo e das novas tecnologias. A exposição toma conta de todo o Museu da Imagem e do Som de São Paulo, a partir de 1 de julho. Artistas se revezarão durante sete semanas na criação de um trabalho colaborativo, que só será finalizado no último dia de exposição. Mark Jenkins, Maya Hayuk, Krink e os brasileiros Flávio Samello e Objeto Amarelo são alguns dos artistas escalados.
Além de ilustrações, videoarte, instalações e performances, a mostra também vai promover shows de música experimental. Um dos artistas que vêm ao Brasil é o cultuado duo inglês de música eletrônica Fuck Buttons. A dupla se apresenta no dia 12 de agosto, com Ryoichi Kurokawa, no auditório do MIS. Na parte musical tem também o folk experimental do Tunng, o islandês Sin Fang Bous e o eletroclash alemão do Chicks on Speed. Durante a temporada, também vão rolar sessões de cinema e workshops. Um deles é o Live Cinema, em que artistas editarão seus projetos audiovisuais ao vivo junto com apresentações musicais.
Confira a programação completa do festival Rojo@Nova
A expo é feita em parceria com a "ROJO®", fundada pelo espanhol David Quiles Guilló em 2001, que visa à divulgação do trabalho de novos artistas. A ideia cresceu, e hoje são mais de mil artistas associados. E além de a revista ser distribuída em mais de 40 países, a "ROJO®" possui 28 salas de exposições ao redor do mundo.
Inteligência artificial: mostra chega à quinta edição por Marina Vaz, estadao.com.br
Matéria de Marina Vaz originalmente publicada no caderno Cultura do estadão.com.br em 25 de junho de 2010.
SÃO PAULO - Todo artista lida com surpresas ao criar uma obra. Mas, na 5ª edição da Bienal Internacional de Arte e Tecnologia do Itaú Cultural, o imprevisível foi pré-requisito para a seleção dos trabalhos. Emoção Art.Ficial 5.0 - Autonomia Cibernética reúne artistas nacionais e internacionais que criaram obras baseadas em sistemas ‘autônomos’. "Por sua programação, esses sistemas têm a capacidade de elaborar suas próprias regras de interação", explica o curador Marcos Cuzziol.
É o que acontece no vídeo ‘Evolved Virtual Creatures’, de Karl Sims, que mostra um computador gerando ‘seres’ mutantes a partir de bloquinhos virtuais, sem interferência do artista. Em ‘Bion’, de Adam Brown e Andrew H. Fagg (foto), esculturas reagem à presença do público emitindo sons. E o Grupo Poéticas Digitais, formado por 15 brasileiros, coloca na calçada da Avenida Paulista árvores reais com dispositivos eletrônicos que captam o barulho da via - e agitam seus galhos de acordo com o nível de poluição sonora. Tão imprevisível quanto o trânsito do local.
ONDE: Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, 2168-1776. QUANDO: 9h/20h (sáb., dom. e fer., 11h/20h; fecha 2ª). Abre 5ª (1). Até 5/9. QUANTO: Grátis.
junho 24, 2010
Bagunceira na Bienal por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Matéria por Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada do jornal Folha de São Paulo em 24 de junho de 2010.
Artista argentina Marta Minujin traz happening clássico a São Paulo e comenta potência política de sua obra durante a ditadura argentina
Ela mesma abre a porta. Marta Minujin veste um macacão branco, que vai da cabeça aos pés. Mesmo na sombra, fica de óculos escuros, dois círculos negros envoltos pela cabeleira platinada.
É desse jeito que ela aparece em quase todos os retratos desde que despontou na cena da arte nos anos 60. Minujin é a imagem dela mesma, indissociável da sua obra.
"Sou sujeito e objeto", diz a artista argentina em seu ateliê, em Buenos Aires. "Faço arte por osmose, arte invisível, impossível, efêmera."
Ou nem tanto. Seu labirinto, de fato, efêmero, estará na próxima Bienal de São Paulo, em setembro. "La Menesunda", ou bagunça, foi uma sequência de situações bizarras que ela montou em 1965.
Eram 16 salas iluminadas por néons. Numa delas, televisores ligados no último volume. Na próxima, um casal fazendo amor. Depois, um balcão de cosméticos. Por fim, um consultório de dentista e um freezer lotado de tecidos e cheiro de fritura.
Sobrou só um filme disso tudo, que será exibido na mostra paulistana. Minujin também promete voltar a São Paulo com uma ação ao vivo. Ela não dá detalhes da performance e diz que nem mesmo os curadores da Bienal sabem do que se trata.
De qualquer forma, dá para adiantar que será absurdo, como tudo que fez até hoje.
Sem modéstia nem recato, Minujin se diz a inventora do happening na América Latina, talvez desconhecendo o que fez Flávio de Carvalho nos anos 30 ou Wesley Duke Lee três décadas depois.
Não importa. No mesmo ano em que Duke Lee levou seus desenhos eróticos ao João Sebastião Bar, no centro paulistano, Minujin convocou um grupo de artistas em Paris para intervir sobre suas obras feitas de colchões.
Terminou a performance ateando fogo a tudo, ao mesmo tempo em que libertava 500 pássaros e cem coelhos. "Faço a obra e o público é quem desarma", diz. "Tiro a gente da vida cotidiana."
Minujin então interrompe a entrevista para gritar num megafone. Passeia pelo ateliê dando ordens desconexas aos assistentes. Volta a sentar num sofá, no meio da balbúrdia de seu palacete neoclássico, e aponta na parede instruções para happenings.
"Tenho uma receita", resume. "Tudo tem que ser absurdo, tipo entre numa sala e beije todo mundo, repita a mesma palavra 50 vezes."
OBELISCO DOCE
São palavras de ordem para tempos difíceis. Todo o absurdo de Minujin, pelo menos no intervalo ocupado pelos excessos da ditadura argentina, parece voltado para combater com graça um estado de exceção e violência.
Na repressão militar do país, que foi de 1976 a 1983, Minujin fez uma réplica com pão doce do obelisco da avenida Nueve de Julio. Instalou um cartaz em praça pública, assinando a obra. Terminava tombando seu monumento, devorado pelo público.
É talvez sua obra mais política. "Fiz um falo para os militares, e eles não proibiram", lembra. "Eram tão burros que não enxergaram nisso um comentário político."
Passado o regime, Minujin entrou para a economia. Decidiu pagar a dívida externa argentina de forma simbólica, numa performance em que dava a Andy Warhol milhares de espigas de milho.
De costas para Warhol, ela mesma aparece numa fotografia, documentando a quitação da dívida. Esse retrato está no ateliê da artista até hoje, dois lados do pop, o miserável e o desmedido, olhando fixos para a câmera.
"A arte está acima da política", diz. "Mas interfere nela em ondas subterrâneas."
RAIO-X
MARTA MINUJIN
VIDA
Nasceu em 1943, em Buenos Aires, onde vive e trabalha
OBRA
Despontou na cena artística nos anos 60. Ficou conhecida por happenings absurdos, como o que ateou fogo às próprias obras ou criou um obelisco de pão doce
CARREIRA
Já participou das bienais de Veneza, São Paulo e Sydney. Estará na próxima Bienal de São Paulo e terá retrospectiva no Malba, no fim deste ano
junho 23, 2010
A Brazilian Makes Playful but Serious Art por Larry Rohter, NYTimes.com
Matéria de Larry Rohter originalmente publicada no NYTimes.com em 21 de junho de 2010
At the New Museum last Friday the artist Rivane Neuenschwander was on her knees, slicing up the carpeting in a third-floor gallery as she searched energetically for microphones hidden in the floorboards and walls. A security and surveillance team had secreted the bugs there at her request, but without her knowing their locations; now the devices were recording her hunt in the otherwise silent room, in preparation for a fast-approaching show.
Ms. Neuenschwander’s exhibition, a “midcareer survey” — she’s 42 — that opens on Wednesday and continues through Sept. 19, is called “A Day Like Any Other,” but this was definitely out of the ordinary. “I don’t know how this is going to work,” she said. “I may have to tear the walls down.”
The painstaking search was part of a new work, “The Conversation,” inspired by the 1974 Francis Ford Coppola film of the same name, in which a wiretap expert believes that he himself is being observed.
“Remember that wonderful last scene, where Gene Hackman destroys his apartment looking for a microphone, a bug?” she said. “That kind of paranoia interests me, and thus this work is a mixture of chance and control. It is not preconfigured but is instead rather like a game, and it ends only when I have found all the microphones, which will then be replaced with speakers to play back the sounds of my destruction of this space.”
Games figure heavily in much of Ms. Neuenschwander’s art, especially games meant to make the spectator a participant in a work. She is a Brazilian, and very much part of a tradition of blurring the distinction between creator and viewer established by modern Brazilian artists like Lygia Clark and Hélio Oiticica.
“I do think she is completely different from her predecessors, but they are also there and essential to understanding her work,” said Richard Flood, chief curator at the New Museum, in the Bowery. “The notion of social agency is incredibly important, and maybe that’s what she and they share the most: the belief in art as something participatory.”
Ms. Neuenschwander also draws from her country’s rich folk traditions. One of her best-known works — “I Wish Your Wish,” first presented in 2003 — is derived from a tradition popular among pilgrims to the Church of Nosso Senhor do Bonfim in Bahia, who bind ribbons to their wrists or the church’s front gate in the belief that when the ribbons fall off or disintegrate, their wishes will be granted.
In Ms. Neuenschwander’s conceptual-art variation, which will be displayed at the rear of the New Museum’s lobby, colorful silk ribbons have each been stamped with one of 60 wishes left by previous viewers of the piece. The show’s visitors can take a ribbon from one of 10,296 small holes in the wall in exchange for scribbling a new wish on a slip of paper and inserting it into the hole. “When I was starting off, I was very interested in the ephemeral, in quotidian materials that disappear or are subject to entropy, which is how my art got stuck with labels like ‘ethereal materialism,’ ” she explained.
Ms. Neuenschwander’s artistic vocabulary “always contains the presence of the other,” said Ricardo Sardenberg, a Rio de Janeiro-based curator, critic and art-book publisher who has known the artist for a dozen years. “She started off drawing on things that are typically ours,” he added, “food and objects from the street and from fairs. But once she began traveling outside Brazil, she grabbed hold of elements from the daily life of wherever she happened to be and transformed them aesthetically, too.”
Another piece, called “Involuntary Sculptures (Speech Acts),” originally from 2001 (but like many of her works, constantly updated), takes its title and inspiration from Brassaï’s 1933 photographs of graffiti and other ephemera. Ms. Neuenschwander has combed bars and taverns looking for the three-dimensional doodles that customers idly construct from straws, paper, plastic and clips while they drink and converse, which she then turns into “works of art” by mounting them on pedestals.
Behind the playful exterior of her work, Ms. Neuenschwander says, there often lurks something “more somber and serious,” even dark. Brazilians may have the reputation of being happy-go-lucky, but that is not an attitude or a temperament she generally shares.
junho 21, 2010
Mac lança editais por Síria Mapurunga, Diário do Nordeste
Matéria de Síria Mapurunga originalmente publicada no Caderno 3 do jornal Diário do Nordeste em 21 de junho de 2010.
Pela primeira vez, são abertos no Museu de Arte Contemporânea editais de ocupação em quatro projetos. Está mantida ainda a escolha de artistas por convite da curadoria
O Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar está com inscrições abertas, até o dia 30 de julho, para editais de ocupação em quatro de seus projetos: Painel Giratório, Projeto Arroba, Sala Experimental e Projeto Acampamento.
Atualmente, cada trabalho é executado por artistas convidados pela curadoria do Museu. "O procedimento vai continuar, mas agora teremos também artistas escolhidos por edital", explica José Guedes, diretor do MAC.
Os editais criam abertura para novos artistas, que terão seus trabalhos aprovados e montados. Nos critérios de seleção, serão levados em conta principalmente a qualidade e a adequação aos conceitos dos projetos, de acordo com Guedes.
No momento, somente o Painel Giratório está sendo apresentado, com o trabalho "Construção em Amarelo" do artista cearense Zakira, "por conta de duas exposições de grande escala: ´Pra Começo de Século´ e ´De Picasso a Gary Hill´, que será aberta no dia 30 de junho".
Espaços
O Painel Giratório se localiza na área externa do MAC, no paredão da rampa de acesso ao ateliê de Artes do Memorial da Cultura Cearense. O espaço tem cerca de 6 x 4 m, fica em cartaz por dois meses e é aberto à participação de qualquer artista.
O projeto aprovado será impresso em lona vinílica aplicada em um painel de dimensões 3,53m de largura por 6,10m.
O projeto Arroba também é localizado externamente ao Museu, em local onde o fluxo de pessoas é grande. É realizado com trabalhos compostos e desenvolvidos em linguagem digital, enviados por e-mail sem que haja perdas em suas qualidades técnica ou conceitual.
"Era parte da Sala Experimental, mas agora ganha autonomia e lugar específico justamente no momento em que surgem os editais", explica.
Ao todo, são seis painéis em sequência com imagens impressas em lona vinílica, montadas em estruturas metálicas que medem 1,70m de largura por 2,60m de comprimento.
A Sala Experimental acontece no interior do Museu e é um espaço aberto para a experimentação. As exposições ou instalações aprovadas serão realizadas na sala A do 1° Piso do MAC.
Já o projeto Acampamento pode ser pensado e proposto para qualquer outra sala que não seja a Experimental. Segundo Guedes, é destinada àqueles artistas que tiveram as carreiras deslanchadas já a partir do século XXI.
As inscrições deverão ser protocoladas no Dragão do Mar, nos horários de 8h30 às 12h e 13h30 às 18h, ou encaminhadas por meio dos Correios e ainda pelo e-mail projeto@dragaodomar.org.br.
MAIS INFORMAÇÕES
Inscrições para editais de ocupação do MAC do Dragão do Mar. Até 30 de julho. Os editais podem ser acessados no site www.dragaodomar.org.br. Telefone: 3488.8622