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novembro 25, 2019
Representantes de museus criam Frente pela Cultura para defender setor e atrair investimentos por Nelson Gobbi, O Globo
Representantes de museus criam Frente pela Cultura para defender setor e atrair investimentos
Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 22 de novembro de 2019.
Proposta surgiu em reunião na casa de Fabio Szwarcwald, exonerado na última quinta da direção da EAV do Parque Lage
RIO — Uma reunião realizada na noite de quinta-feira, no apartamento do recém-exonerado diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, Fabio Szwarcwald, no Leblon, definiu a criação da Frente pela Cultura, reunindo gestores de equipamentos, curadores, artistas, empresários e outros membros da sociedade civil.
Estavam presentes na reunião representantes do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna (MAM), Museu Casa do Pontal, Museu do Amanhã, entre outras instituições. Um conselho, que deverá reunir, além de Szwarcwald, nomes como Evandro Salles, ex-diretor cultural do MAR , vai estabelecer diretrizes para a frente, que serão levadas ao poder público. A intenção é ampliar a articulação política, tanto com o poder público quanto com membros do legislativo, além de reforçar junto à população o valor da cultura e dos equipamentos.
— A proposta é definir estratégias para garantir o funcionamento destas instituições, desde buscar parcerias com a iniciativa privada até mostrar para a sociedade o quanto valem os museus e as coleções, quantos empregos geram e que retorno dão — diz Szwarcwald. — Além de sensibilizar os gestores públicos, queremos o apoio de vereadores, deputados, senadores. Vamos começar pelo Rio, que vem sofrendo com equipamentos fechados ou em risco de fechar, além da falta de investimentos em todos os níveis. Mas a ideia é criar um movimento nacional.
Desdobramentos : Após exoneração de diretor, Associação de Amigos da EAV deixa administração do Parque Lage
Para Evandro Salles, é fundamental unir diferentes pontos de vista em defesa da cultura, de artistas a empresários, passando por educadores e pensadores:
— É importante pensar a cultura e a arte como um projeto de muitas vozes, e não de uma instituição ou de um governo específico. E defender a cultura do Rio é defender a de todo o Brasil. Sem abraçar o setor não conseguiremos evoluir em nenhuma área, nem socialmente, nem na educação ou na economia.
Mesmo tendo como ponto de partida o setor de artes visuais, a proposta é abranger outras áreas, como cinema, música e teatro. Para Szwarcwald, é fundamental criar um clima de confiança nas gestões profissionais para atrair investimentos privados.
— A crise do setor não tem a ver com a qualidade do trabalho, muito pelo contrário. O MAR, a Casa do Pontal, a EAV, entre tantos outros, têm programas de excelência. Falta ao Estado reconhecer que a cultura é uma área prioritária, em que valha a pena investir — comenta. — Os recursos privados só virão se as empresas tiverem confiança no trabalho e na sua continuidade. E se estes espaços puderem cumprir livremente seu compromisso com o conhecimento e a diversidade.
Inspirado no Inhotim, centro cultural brota em antiga usina de açúcar em PE por Bruno Albertim, Folha de S. Paulo
Inspirado no Inhotim, centro cultural brota em antiga usina de açúcar em PE
Matéria de Bruno Albertim originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 22 de novembro de 2019.
Parque espalha obras de arte contemporânea em meio à paisagem canavieira da zona da mata
ÁGUA PRETA (PE) Protegido por um chapéu de palha, o cubano radicado em Madri Carlos Garaicoa examinava a paisagem entre montanhas sob o sol da zona da mata de Pernambuco.
Indicando onde deve ser erguida a instalação “Jardim Frágil”, parou à beira de um pequeno açude: “Aqui, o espelho d’água poderia ser visto através das paredes de vidro e integrado ao trabalho”.
Com obras espalhadas pelo mundo e incluído em listas de artistas contemporâneos mais influentes, Garaicoa passou a última semana no município pernambucano de Água Preta para planejar a instalação desta que deve ser a 21ª grande obra do parque artístico-botânico da usina Santa Terezinha.
Declaradamente inspirada no Inhotim, a antiga usina de açúcar, falida nos anos 1980, vai ressignificando a paisagem canavieira com arte contemporânea. A iniciativa é do casal de empresários Ricardo e Bruna Pessoa de Queiroz, herdeiros da propriedade. Há quatro anos, criaram a Usina de Arte.
“Quando conhecemos Inhotim, vimos que seria possível. Não sabíamos ainda como, mas resolvemos começar a implantar a ideia”, diz Ricardo.
Há cerca de 6.000 pessoas vivendo nos entornos da Santa Terezinha. Desde a implantação do projeto, a comunidade criou seis pequenos restaurantes, serviços turísticos, uma pousada, uma associação com artesãos e ainda aluga casas durante o Festival Arte da Usina, realizado anualmente.
Uma das primeiras obras implantadas no parque, a Rádio Catimbó, de Paulo Meira, consiste numa instalação sonora e “viva”: é uma rádio comunitária montada numa antiga caldeira da usina.
“O parque botânico-artístico e o festival”, diz Bruna, “são apenas o lado mais evidente das ações de longo prazo”. Além de financiar residências de artistas e escritores, o projeto mantém uma biblioteca-escola centrada nas artes visuais e uma escola de música para os jovens da comunidade. Tudo é financiado com a venda de gado e de cana-de-açúcar, além do aporte de empresas.
No antigo hangar de aviões da usina, o artista paraibano José Rufino criou, há quatro anos, a primeira das mais de 20 obras. Batizado de “Scopolus”, o galpão foi convertido numa instalação com foices, estrovengas e outros instrumentos de trabalho dos antigos cortadores de cana. “A ideia é trazer a memória social por meio do trabalho”, diz Rufino.
Ao lado do artista Fábio Delduque, criador do festival paulista Arte na Serrinha, Rufino atua como curador da Usina de Arte. Numa área de cerca de 30 hectares, estão já instaladas obras de artistas como Paulo Bruscky, Marcelo Silveira, Frida Baranek, Joan Barrantes e Flávio Cerqueira.
No momento, a pernambucana Juliana Notari acompanha a execução de sua obra após uma residência de três meses. Intitulada “Diva”, consiste numa fenda de quase dez metros rasgando uma montanha numa alusão ao sexo feminino.
Ao contrário do Inhotim, a Usina de Arte não surgiu para abrigar grandes coleções previamente constituídas. “Felizmente, não temos um planejamento estático. As coisas vão acontecendo. Ou não teríamos feito metade do que fizemos”, afirma Ricardo. “Mas já temos necessidade de expandir. Há uma área maior que a atual sendo preparada.”
Carlos Garaicoa deve voltar no começo de 2020 para dar continuidade a “Jardim Frágil”. A obra traz elementos da poética recorrente do cubano —a reflexão sobre os hiatos e rupturas entre os projetos de modernidade e a falência na arquitetura das grandes cidades.
USINA DE ARTE
Onde Rod. PE 99, km 10, Água Preta, Pernambuco. Para visitar, entre em contato pelo site usinadearte.org
Após exoneração de diretor, Associação de Amigos da EAV deixa administração do Parque Lage por Nelson Gobbi, O Globo
Após exoneração de diretor, Associação de Amigos da EAV deixa administração do Parque Lage
Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 22 de novembro de 2019.
Em nota, entidade afirma que Secretaria de Cultura não vem cumprindo 'com sua mínima obrigação contratual'. Estado não comenta
RIO — Em reunião na noite desta quinta-feira, após a publicação da exoneração de Fabio Szwarcwald da direção da Escola de Artes Visuais do Parque Lage , os integrantes do conselho da Ameav (Associação de Amigos da EAV) decidiram deixar a administração do equipamento. Por contrato firmado com a secretaria estadual de Cultura, no ano passado, a associação ficou responsável pelas despesas de pessoal e atividades na escola, cabendo ao Estado cuidar da limpeza, jardinagem e segurança do local. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio (Secec) ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Em nota emitida ontem, a Ameav detalhou as acusações de irregularidades contra a associação e o ex-diretor, ambos alvo de processo administrativo, após denúncias anônimas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). O texto destaca que “diferentemente de outros equipamentos culturais do Estado, que se encontram notoriamente à míngua, graças à gestão da Ameav, a EAV tem hoje à sua disposição, em caixa, mais de R$ 1,2 milhão” e que a “secretaria de Cultura, por sua vez, não vem cumprindo regularmente com sua mínima obrigação contratual, qual seja, de prover a manutenção, segurança e limpeza do Parque Lage”.
O comunicado afirma que a pasta designa apenas dois vigilantes, no lugar dos 16 anteriores, e que foi preciso contratar funcionários autônomos para cuidar da limpeza. “Isso sim é uma irregularidade patente, que poderia dar ensejo a questionamentos quanto à probidade da gestão do senhor secretário de Cultura”. A nota também informa que uma assembleia dos associados será convocada para deliberar sobre a prestação de contas da atual gestão e a eleição de novos administradores para a Ameav.
— Queremos entregar a gestão com a prestação de contas finalizada e buscando a melhor solução para os funcionários — ressalta o advogado Marcelo Viveiros de Moura, presidente da associação. — Todas os integrantes do conselho são pessoas de reputação ilibada, que dedicavam seu tempo e esforços à Ameav por acreditarem no projeto. Foram feitas acusações gravíssimas, sem comprovação, e não queremos ter mais nossos nomes envolvidos neste tipo de situação.
Viveiros de Moura conta que chegou a falar com o secretário de Cultura, Ruan Lira, que discorda da forma como ele conduziu o processo que resultou na exoneração de Szwarcwald:
— Disse que ele tem todo o direito de ter na direção da EAV uma pessoa que seja de sua confiança, mas poderia ter agido de outra forma, sem atingir a reputação do Fabio e dos integrantes do conselho. Agora, a secretaria, que não estava cumprindo nem o mínimo acordado com a escola, terá que assumir a folha de 50 funcionários, a um custo de R$ 170 mil mensais. Espero apenas que a EAV não se transforme num novo Canecão.
Leia a nota da Ameav na íntegra
Tendo em vista as recentes notícias veiculadas pela imprensa sobre os motivos que levaram ao afastamento e posterior exoneração do diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage – EAV, Sr. Fabio Szwarcwald, pelo Sr. Secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, Ruan Lira, o Conselho e a Diretoria da AMEAV acharam por bem fazer publicar esta Nota de Esclarecimento ao público em geral em particular aos professores, estudantes, artistas, funcionários e todas as pessoas e instituições que doaram recursos ou de outra forma contribuíram para a AMEAV na nossa gestão.
1. - As supostas irregularidades que foram fruto de alegadas denúncias anônimas ao Tribunal de Contas do Estado, utilizadas como justificativa para o afastamento do Sr. Fabio Szwarcwald, referem-se, em quase sua totalidade, a atos de gestão de recursos da AMEAV, uma associação sem fins lucrativos de direito privado cuja totalidade das receitas é oriunda de doações e do aluguel de espaços no Parque Lage com o único fito de manter e desenvolver a EAV, a mais reconhecida escola de artes do Brasil, que formou alguns do nossos mais relevantes artistas contemporâneos.
2. – A AMEAV não recebe um centavo que seja de recursos públicos, sendo toda a sua receita advinda da captação de recursos junto a pessoas e entidades privadas. Não obstante, por gerir um espaço público com o fito de prestar um serviço de interesse público, qual seja, a manutenção e desenvolvimento no Parque Lage de uma escola de artes visuais, a AMEAV, no âmbito de seu Acordo de Cooperação com a Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, mensalmente presta contas detalhadas de todas as suas receitas e de todos os seus gastos.
3. – A AMEAV, da mesma forma, como associação de direito privado que é não está sujeita em suas contratações às exigências impostas pela lei 8.666/93, que rege as licitações públicas, mas apenas, nos termos do Acordo de Cooperação firmado com a Secretaria de Cultura, a seguir os princípios constitucionais da imparcialidade, eficiência e economicidade, garantindo que está, sempre, fazendo o melhor uso dos recursos que dispõe com o único objetivo de manter e desenvolver a EAV como polo de cultura e das artes. E assim sempre foi feito.
4. – As supostas irregularidades encontradas (e alegadamente denunciadas anonimamente) depois de quase três anos de gestão da AMEAV são as seguintes:
(i) A primeira refere-se ao pagamento de vale-transporte e vale-refeição aos funcionários da Secretaria de Cultura locados na EAV. De fato, fizemos isso. Os funcionários, a grande maioria de renda modesta, ficaram sem receber seus salários do Estado do Rio de Janeiro por quatro meses, como fartamente noticiado à época, devido à crise fiscal pela qual passava (e ainda passa!) o Estado. A gestão da AMEAV, num gesto de preservação da dignidade humana e com o objetivo único de permitir o funcionamento da EAV normalmente, forneceu durante esse período vale-transporte e vale-refeição a esses funcionários, para que pudessem permanecer trabalhando. Essa questão está totalmente superada, na medida em que, nos termos do Acordo de Cooperação, tais funcionários foram totalmente absorvidos pela AMEAV e hoje recebem seus salários absolutamente em dia.
(ii) Uma outra suposta irregularidade teria sido o fato de termos feito um adiantamento de salário a uma funcionária que precisava de recursos emergencialmente, pois o filho estava enfermo, internado em um hospital. De fato, adiantamos à nossa funcionária o valor de R$ 2.800,00, que foi descontado de seu salário e encontra-se totalmente quitado. Mais uma vez, trata-se de ato humanitário, de gestão de pessoal e que em nada fere os princípios acordados com a Secretaria de Cultura em nosso Acordo de Cooperação.
(iii) A terceira suposta irregularidade diz respeito à renovação da concessão do bistrot que funciona dentro do Parque Lage. O atual concessionário é o mesmo que já estava lá quando celebramos o Acordo de Cooperação com a Secretaria de Cultura e reclamava uma dívida de R$ 180 mil da gestora anterior, relativa ao período em que havia estado fechado durante as Olimpíadas, quando o Parque Lage foi cedido à delegação da Grã-Bretanha. Essa dívida, vale dizer, origina-se da falta de pagamento pela Secretaria de Cultura de suas obrigações contratuais para com a antiga gestora. Numa negociação árdua, conseguimos do concessionário o perdão da dívida da antiga gestora e o aumento do valor da concessão de R$ 18.000,00 para R$ 30.000,00. Apenas a título de comparação, o Jardim Botânico está fazendo uma chamada de preços para o seu bistrot que usa por referência o valor de R$ 12.500,00. Não há dúvidas de que foram atendidos os princípios da transparência, eficiência e economicidade na renovação desse contrato.
(iv) Há ainda uma discussão sobre a ausência de anuência da Secretaria de Cultura para o funcionamento de uma loja de souvenires dentro do espaço do Parque Lage. Em primeiro lugar, o Sr. Fabio Szwarcwald era o funcionário da Secretaria lotado na EAV e não só anuiu como foi um entusiasta do projeto e, portanto, não há que se falar em falta de anuência. Ademais, o Acordo de Cooperação firmado com a Secretaria de Cultura não requer anuência para qualquer utilização de espaço no Parque Lage, mas apenas que tal utilização tenha por fim gerar recursos para a manutenção e desenvolvimento da EAV, o que é rigorosamente o caso.
(v) Finalmente, há um incômodo com certos contratos pequenos, do dia-a-dia da escola, como para compra de material de papelaria, firmados sem licitação ou procedimento análogo à mesma. Naturalmente, desde que a contratação obedeça aos princípios constitucionais estabelecidos no Acordo de Cooperação, como dito acima, não há qualquer irregularidade em uma associação privada comprar seus insumos de dia-a-dia e selecionar e contratar seus fornecedores de serviços diretamente, já que exatamente não está sujeita às normas da Lei 8.666/93, nem mesmo por analogia, como quer a Secretaria.
5. – O fato é que, diferentemente de outros equipamentos culturais do Estado, que se encontram notoriamente à míngua, graças à gestão da AMEAV, a EAV tem hoje à sua disposição, em caixa, mais de R$ 1,2 milhão. Além de manutenção da escola, compra de equipamentos de última geração e material de ensino de primeira qualidade, esse caixa vinha sendo utilizado em bolsas de estudo, exposições gratuitas, ciclos de palestras, visitas de escolas públicas às exposições, apresentações e tantas outras atividades que transformaram o Parque Lage em um dos espaços culturais mais vibrantes da Cidade. Apenas como exemplo, a exposição “Campo”, que apresentou trabalhos de ex-alunos consagrados da escola, recentemente encerrada, foi inteiramente patrocinada por um parceiro privado, sem qualquer custo para o erário e foi franqueada ao público gratuitamente. Foram mais de 40.000 visitantes à essa exposição, inclusive diversas excursões de escolas públicas.
6. – Quando assumimos a AMEAV, em plena crise fiscal do Estado do Rio de Janeiro, o Parque Lage ameaçava tornar-se a “cracolândia” mais bonita do Brasil, um novo Canecão. Hoje, as cavalariças estão reformadas e recebendo exposições de relevância internacional, temos um projeto pronto e aprovado de restauro do casarão e mais de R$ 1,2 milhão em caixa. É essa a gestão que está sendo questionada!
7. – A Secretaria de Cultura, por sua vez, não vem cumprindo regularmente com sua mínima obrigação contratual, qual seja, de prover a manutenção, segurança e limpeza do Parque Lage. Hoje, para toda a área do Parque Lage temos apenas dois vigilantes (eram 16!) e não fossem funcionários autônomos contratados pela AMEAV, não teríamos mais serviços de limpeza. Isso sim é uma irregularidade patente, que poderia dar ensejo a questionamentos quanto à probidade da gestão do senhor Secretário de Cultura.
8. – O Conselho e a Diretoria da AMEAV são formados por pessoas de indiscutível sucesso profissional em suas áreas de atuação e reputação absolutamente irrepreensível. São cariocas que, por puro diletantismo, dedicaram seu pouco tempo disponível para fazer com que um lugar tão icônico do Rio de Janeiro continuasse a formar os melhores artistas contemporâneos do Brasil e a ser um polo vibrante de cultura e de arte. Deveriam ganhar uma medalha por isso e não terem seu nome associado a supostas irregularidades, que não existem.
9. - O ataque público a reputações por questões políticas é um subterfúgio baixo. Se o Sr. Secretário quer assumir a gestão do Parque Lage (e, com isso, o caixa da AMEAV) que o faça, mas não dessa maneira.
10. – Nesse contexto, é com pesar que comunicamos aos artistas, professores, estudantes, doadores, funcionários e ao público em geral que iremos convocar uma assembleia dos associados da AMEAV para deliberar sobre: (i) a prestação de contas da atual gestão; e (ii) a eleição de novos administradores para a AMEAV.
Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2019
Conselho:
Marcelo Viveiros de Moura
Nelson Eizirik
Eugenio Pacelli Pires dos Santos
Gustavo Martins de Almeida
Alvaro Piquet Pessoa
George Kornis
Diretoria:
Marcelo Viveiros de Moura
George Kornis
Fabio Szwarcwald é exonerado da direção da Escola de Artes Visuais do Parque Lage por Jan Niklas e Nelson Gobbi, O Globo
Fabio Szwarcwald é exonerado da direção da Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Matéria de Jan Niklas e Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 21 de novembro de 2019.
Diretor diz que recebeu com surpresa decisão; Associação de Amigos da EAV vai definir se mantém parceria com o Estado
RIO — O diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, Fabio Szwarcwald, foi exonerado do cargo nesta quinta-feira. Ele estava suspenso de forma preventiva desde o fim de outubro, para que fossem apuradas supostas irregularidades em sua gestão . A decisão foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro .
O agora ex-diretor da EAV diz ter recebido com surpresa a notícia da exoneração. Ele foi notificado na segunda-feira por uma funcionária do RH da secretaria de Cultura e Economia Criativa do estado do Rio (Secec) e não ouviu qualquer explicação sobre a decisão por parte da pasta.
— Não vou recorrer. Eu não trabalho mais com esse secretário de Cultura (Ruan Lira) — afirmou Szwarcwald — Quando fui afastado, eu me reuni com ele e apresentamos todas as explicações sobre as denúncias. Mesmo assim ele tomou essa decisão sem motivo nenhum, de forma esdrúxula.
O afastamento havia sido decretado pelo secretário, Ruan Lira, após o Tribunal de Contas do Estado (TCE) encaminhar à pasta cinco denúncias anônimas feitas contra a gestão de Szwarcwald.
O ex-diretor disse que todas as questões levantadas pelo TCE eram relacionadas à Ameav (Associação de Amigos da EAV), responsável pela gestão do espaço. Ele deveria responder apenas pela alegação de duplicidade no ressarcimento de uma nota de passagem aérea, que ele teria se prontificado a devolver quando soube do equívoco.
Em nota, a Secec diz que concluiu que “não houve má-fé por parte do servidor”, e pediu a devolução da verba recebida em duplicidade. O texto, no entanto, informa que Lira decidiu pela exoneração por entender que a por sua exoneração por entender “que a relação de parceria e comunicação entre o servidor e a Secec tornou-se irremediável e sem sintonia, no momento em que a direção da EAV do Parque Lage é um cargo de confiança”. No comunicado, a Secretaria indica que “as atividades atuais do Parque Lage e da Escola de Artes Visuais serão mantidas” e que “não há, por hora, a necessidade de nomeação de um novo diretor”.
Projeto prejudicado
Szwarcwald afirmou que seus advogados não tiveram acesso aos autos do processo, mesmo entrando com vários pedidos.
— Nem na época da ditadura aconteceu isso — acusa o ex-diretor.
Entre as possíveis irregularidades que deveriam ser apuradas estavam a falta de licitação para renovação do contrato do bistrô que atende o local; o pagamento de vale-transporte e tíquete-refeição a funcionários do estado que estavam com salários atrasados; e empréstimo a um funcionário, que também estava com salário atrasado.
Ele afirmou ainda que o projeto para reformar o palacete, que estava tocando, agora será paralisado. Szwarcwald disse que já havia avançado em negociações para conseguir recursos via Lei Rouanet e com o Iphan para as obras que se iniciariam no ano que vem, quando a escola completará cem anos.
— Vários patrocinadores já me ligaram dizendo que não vão renovar com a escola após essa decisão acontecer dessa forma — afirmou.
Há duas semanas, artistas fizeram um manifesto a favor da gestão da Ameav e pela permanência do diretor da escola. Um dos signatários do abaixo-assinado, Vik Muniz diz que a preocupação vai além da defesa de uma determinada gestão ou do que a classe deseja para o espaço.
— É um absurdo que a exoneração seja decidida sem qualquer indício de irregularidade, só por motivação política e ideológica. Na época da montagem da "Queermuseu", disse ao Fábio que tinha medo da repercussão, porque grupos políticos conservadores sempre tentam usar a polêmica contra o que condenam — comenta Vik, sobre a coletiva censurada em 2017 no Sul e remontada na EAV no ano passado. — Somente quando for divulgado o nome do novo diretor é que vamos saber as verdadeiras intenções por trás desta exoneração.
A Ameav, que até o momento não se manifestou sobre a exoneração de Szwarcwald, terá uma reunião hoje para decidir se mantém ou rescinde o contrato firmado com a Secretaria, durante a gestão anterior, na qual a Associação assumiria toda a folha de pagamento, ficando o Estado responsável apenas pelas despesas com limpeza, jardinagem e segunrança. Um dos imbróglios envolvendo o contrato é o destino do R$ 1,2 milhão que a escola tem em caixa hoje, proveniente de doações e campanhas realizadas recentemente. Em caso de rescisão de contrato, este valor iria para a Secretaria.
Outra questão é o destino dos funcionários e professores, já que todos são contratados pela Ameav, sem vínculo com o Estado. Há a preocupação por parte do corpo docente que todos possam ser dispensados com as mudanças na instituição.
— Desde que foi criada Rubens Gerchman, há 45 anos, a escola mantém essa dinâmica, em que os professores são pagos proporcionalmente pelo número de mensalidades dos seus cursos. Só assim a EAV consegue ter artistas, críticos e curadores atuantres no mercado como professores — observa Suzana Queiroga, que dá aulas na EAV desde 1985. — Tudo aconteceu sem nenhum comunicado aos professores, da mesma forma que não conseguimos nos reunir com ninguém da Secretaria. O que está acontecendo agora vai além da administração do Fábio, o modelo de ensino consagrado pela EAV pode ruir.
A partir do afastamento do ex-diretor, uma equipe da Secretaria vem acompanhando todo o trabalho da área administrativa da EAV em tempo integral. Uma fonte da escola, que não quis se identificar, disse que o clima é de "intervenção e caça às bruxas" e que os funcionários estariam "constrangidos e com medo".
Szwarcwald estava à frente da EAV desde março de 2017. Em julho de 2018, ele chegou a ser exonerado pelo então secretário estadual de Cultura, Leandro Monteiro, que apontou como motivação discordâncias administrativas e seu perfil alinhado mais à iniciativa privada do que à gestão de equipamentos públicos. Monteiro, no entanto, voltou atrás no dia seguinte.
Leia a nota da Secec na íntegra:
O servidor Fábio Szwarcwald, afastado até então da direção do Parque Lage, foi exonerado após conclusão da comissão do processo administrativo, onde foi constatado que não houve má-fé por parte do servidor, mas a decisão conclui pela devolução à SECEC da verba recebida em duplicidade.
Com sua exoneração, e conclusão da comissão, seu processo é finalizado. Também, os demais objetos de verificação da apuração se dão por finalizados, já que um novo processo se encontra em andamento sobre as prestações de contas da AMEAV — atual parceira da EAV.
O Secretário de Estado de Cultura e Economia, Ruan Lira, decidiu por sua exoneração por entender que a relação de parceria e comunicação entre o servidor e a SECEC tornou-se irremediável e sem sintonia, no momento em que a direção da EAV do Parque Lage é um cargo de confiança.
As atividades atuais do Parque Lage e da Escola de Artes Visuais serão mantidas. Desde o afastamento, uma equipe robusta da Secretaria está à frente da gestão do Parque Lage e não há, por ora, a necessidade de nomeação de um novo diretor.
Ruan deseja sorte e faz questão de agradecer pelo ótimo trabalho desempenhado por Fábio ao longo desse tempo à frente do equipamento.
novembro 14, 2019
Masp e Pinacoteca recebem prêmio de R$ 1 mi da casa de leilões Sotheby's, Folha de S. Paulo
Masp e Pinacoteca recebem prêmio de R$ 1 mi da casa de leilões Sotheby's
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 8 de novembro de 2019.
Premiação apoia trabalho de instituições que exploram áreas negligenciadas ou pouco representadas da história da arte
O júri da premiação Sotheby's 2019 escolheu duas iniciativas brasileiras para receber o prêmio de US$ 250 mil (R$ 1,03 milhão).
Um deles é o projeto OPY,—iniciativa da Pinacoteca, da Casa do Povo e do centro cultural Kalipety—, exposição que investiga a cultura indígena no Brasil, prevista para julho de 2020. O projeto pretende destacar a ausência de arte indígena em coleções de museus e abordar questões de preservação.
O Masp (Museu de Arte de São Paulo) compartilha o prêmio. A iniciativa premiada é uma exposição, prevista para outubro de 2021, que apresentará arte e cultura visual de histórias indígenas do mundo inteiro, do século 16 ao 21. O projeto tem entre os curadores Lilia Moritz Schwarcz e pesquisadores da Austrália e Nova Zelândia.
O prêmio tem o objetivo de apoiar o trabalho de instituições que exploraram áreas negligenciadas ou pouco representadas da história da arte.
Abaixo-assinado: Apoiamos a gestão atual da AMEAV e da EAV Parque Lage - por uma escola livre!, Change.org
Apoiamos a gestão atual da AMEAV e da EAV Parque Lage - por uma escola livre!
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O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) recebeu denúncias anônimas de supostas irregularidades de gestão por parte da Associação de Amigos da Escola de Artes Visuais (AMEAV), a entidade privada que responde pela administração da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, desde 2017.
Na última quinta-feira (31/10), o secretário estadual de Cultura, Ruan Lira, decidiu pelo afastamento do atual diretor da instituição, Fabio Szwarcwald, alegando possíveis interferências na apuração de processo disciplinar instaurado em setembro.
O afastamento desagradou professores e alunos da EAV que, unidos à classe artística, articularam um expressivo ato em favor da gestão da AMEAV e pela permanência de Szwarcwald à frente da direção. O manifesto gerou um abaixo-assinado que já conta com o apoio de centenas de nomes, não só das artes, mas de setores diversos da sociedade civil.
A ampla mobilização em tão curto prazo é resultado de uma gestão competente e reconhecidamente dedicada, que em apenas dois anos recuperou a saúde financeira da EAV Parque Lage, sem repasse de recursos do estado, tornando-a economicamente sustentável. Desde 2017, a tradicional escola organiza regularmente exposições que atraem grande público, promove fóruns de debate, concede bolsas de estudos à alunos de baixa renda e desempenha um papel preponderante na cena cultural do Rio de Janeiro.
Por meio desta petição, pretendemos dar continuidade à coleta de assinaturas em apoio à AMEAV e ao diretor Fabio Szwarcwald, por acreditarmos que a sindicância em curso e o afastamento infundado visam ao desmonte da EAV Parque Lage.
Assine este abaixo-assinado no Change.org
Diretor da Escola de Artes do Parque Lage, Fabio Szwarcwald é suspenso por supostas irregularidades por Jan Niklas e Nelson Gobbi, O Globo
Diretor da Escola de Artes do Parque Lage, Fabio Szwarcwald é suspenso por supostas irregularidades
Matéria de Jan Niklas e Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 31 de outubro de 2019.
Ato do secretário Ruan Lira foi publicado no DO desta quinta-feira
RIO — O diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, Fabio Szwarcwald, foi ontem suspenso do cargo de forma preventiva para que sejam apuradas supostas irregularidades em sua gestão. O ato assinado pelo secretário de Cultura e Economia Criativa do estado do Rio (SECEC), Ruan Lira, responde a um pedido do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre cinco denúncias anônimas feitas contra a gestão de Szwarcwald.
Na justificativa dada pela secretaria estadual de Cultura para o afastamento, o tribunal de contas teria apontado a falta de licitação para renovação do contrato do bistrô que atende o local; o pagamento de vale-transporte e ticket refeição a funcionários do Estado que estavam com salários atrasados; e empréstimo a um funcionário, que também estava com salário atrasado.
Szwarcwald afirma que todas estas questões são relacionadas à Ameav (Associação de Amigos da EAV), responsável pela gestão do espaço. Ele diz que deveria responder apenas pela alegação de que recebeu uma passagem da Ameav para São Paulo, onde foi trabalhar no estande da EAV na SP-Arte deste ano, e numa duplicidade de nota recebida como ressarcimento, no valor de R$ 1.149,09.
— Houve uma duplicidade no ressarcimento de uma diária em Brasília por um voo da Avianca que foi cancelado. Por engano, o valor foi cobrado da Ameav e da secretaria de Cultura. Quando soube do equívoco, me prontifiquei a devolver o valor excedente — diz Szwarcwald. — A passagem para São Paulo foi paga pela Ameav para que eu pudesse representar a escola na Sp-arte. Fiquei hospedado na casa de um amigo para evitar mais despesas. Mas usaram isso para dizer que eu estaria recebendo um benefício enquanto servidor, como se fosse um passeio.
Para o diretor da EAV, as alegações em relação aos espaços também não procedem: o acordo da associação privada com o governo do Estado não estabeleceria necessidade de licitação para a exploração comercial dos espaços. Sobre o empréstimos a funcionários e pagamentos benefícios, Szwarcwald diz que a Ameav agiu de forma humanitária.
— Todos esses esclarecimentos poderiam ter sido feitos de forma bem mais simples, sem necessidade do afastamento. Ontem me reuni com o secretário e acatei sua decisão, embora discorde dela — comenta Szwarcwald. — Vou ficar um mês afastado no momento crucial para captação, já que o limite para lei de incentivo se encerra no fim de novembro. Estamos tentando captar R$ 42 milhões para reforma do palacete, tinha várias reuniões agendadas e não vou poder fazer.
O secretário Ruan Lira não quis dar entrevista.
Intenção de afastar
Advogado da EAV, Demian Guedes diz que houve uma sindicância há dois meses e uma tentativa de afastar o diretor, mas a procuradoria do Estado deu parecer contrário.
— Eles transformaram a sindicância em processo disciplinar, para poder afastá-lo. Quando soubemos da sindicância, fiz um pedido para ter acesso ao processo, mas somente ontem ele foi entregue ao Fábio — diz Guedes. — Ocorre uma tentativa de assassinato de reputação. Como tentaram exonerar o Fábio ano passado, sem sucesso, estão tentando jogar dúvidas na sua administração para uma futura exoneração.
Fabio Szwarcwald está à frente da EAV desde março de 2017. Em julho de 2018, ele chegou a ser exonerado pelo então secretário estadual de Cultura, Leandro Monteiro, que apontou como motivação discordâncias administrativas e seu perfil alinhado mais à iniciativa privada do que à gestão equipamentos públicos. Porém, Monteiro voltou atrás da decisão no dia seguinte.
De acordo com a SECEC, a relação entre o secretário Ruan Lira e Szwarcwald é de confiança, e Lira optou pelo afastamento e não pela exoneração do diretor porque acredita em seu trabalho e na lisura dos seus atos.
A secretaria garantiu que o funcionamento da Escola e do Parque não sofrerá qualquer alteração no período. Quem responderá pela gestão na ausência do diretor será a superintendência de artes da SECEC, à qual o Parque Lage é subordinado, chefiada por Fernando Marendaz.
Dos 45 funcionários do Parque Lage, apenas Szwarcwald e um técnico de TI recebem pelo Estado. O resto da folha, cerca de R$ 170 mil, é paga pela Ameav.
Abaixo-assinado: MAR VIVE - Pela permanência do Museu de Arte do Rio e da Escola do Olhar, Change.org
MAR VIVE - Pela permanência do Museu de Arte do Rio e da Escola do Olhar
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Ao Excelentíssimo Sr. Prefeito Marcelo Crivella,
O Museu de Arte do Rio de Janeiro, o MAR, é uma instituição única. Fortalecido por profissionais de notória competência, em seis anos de trabalho, o MAR é hoje um verdadeiro Museu-Escola, que discute e ressignifica a cidade e suas possibilidades simbólicas. Com programação de excelência, tornou-se o mais importante e propositivo museu do Rio de Janeiro e um dos dois mais visitados do país. Até o mês de novembro de 2019, foram 557 mil visitantes – 40% a mais que o registrado no ano passado –, totalizando quase três milhões de pessoas desde sua abertura.
O setor educativo da Escola do Olhar recebe alunos oriundos da rede pública, vindos dos subúrbios cariocas, além de oferecer regularmente cursos de formação para professores dos ensinos fundamental e médio. Cerca de 92.000 crianças e jovens participam dessas atividades, e aproximadamente 450.000 pessoas, das visitas educativas. O museu mantém, ainda, programas em parceria com universidades. Todas essas ações têm papel inovador para a educação.
O MAR tem uma proposição de amor com nossa cidade e sua população. Inclusivo, aberto à diversidade e à pluralidade de nossa cultura, proporciona ao público da periferia e às comunidades em seu entorno um espaço de aprendizado e lazer. Suas atividades e exposições (60 mostras, desde 2013) atraem visitantes de um perímetro urbano ampliado, que antes raríssimas vezes tinham essa oportunidade. Práticas educativas orientadas para as trocas simbólicas fazem o público se sentir representado e voltar ao museu. Começa, assim, sua integração ao circuito habitual das instituições culturais da cidade.
O acervo do MAR conta hoje com quase 9 mil peças de amplo perfil histórico. Inclui obras-primas da arte brasileira e internacional, sejam da Antiguidade, da Arte Indígena, do Barroco, do Modernismo ou do Contemporâneo, além de preciosidades da iconografia do Rio de Janeiro. Essa potente coleção, uma das mais importantes do país, foi construída em grande parte por doações realizadas por artistas, galeristas e colecionadores, que o fizeram pela confiança nas diretrizes do MAR. Tal congregação de profissionais da cultura entende e defende a relevância, para a cidade, das ações que o museu promove. O MAR tem responsabilidade ética e material com esse notável acervo.
Apesar da história de êxito e reconhecimento, o MAR tem futuro incerto. Com importantes exposições agendadas para o ano corrente e para 2020, além de novas doações e parcerias de apoiadores, o museu é uma plataforma de arte e educação que deve ser mantida e preservada de qualquer instabilidade, em benefício da Cidade do Rio de Janeiro.
A classe artística, constituída de artistas, pensadores, críticos, curadores, educadores e produtores subscritos a seguir, vem recorrer à Prefeitura do Rio de Janeiro, na figura de seu representante, Marcelo Crivella, para que não permita que o MAR feche suas portas um dia sequer e evite que a atual crise se torne ainda mais aguda, o que causaria muitos danos à cultura e à imagem da nossa cidade.
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Em crise, Museu de Arte do Rio dá aviso prévio a todos os funcionários por Gustavo Fioratti e Francesca Angiolillo, Folha de S. Paulo
Em crise, Museu de Arte do Rio dá aviso prévio a todos os funcionários
Matéria de Gustavo Fioratti e Francesca Angiolillo originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 11 de novembro de 2019.
Segundo administradores da casa, Prefeitura do Rio não faz repasses desde setembro
Os funcionários do Museu de Arte do Rio, o MAR, foram informados que a partir desta segunda-feira (11) estão cumprindo aviso prévio. O plano de demissões pode atingir todos os empregados, mas há possibilidade de reversão desse quadro se a prefeitura efetuar os pagamentos atrasados.
Embora as exposições e os programas educativos sejam mantidos por recursos de captação e leis de incentivo fiscal, a folha de pagamento de funcionários é paga com verba da prefeitura, que não faz os repasses desde setembro ao Instituto Odeon, organização social que administra o museu há sete anos.
No fim da semana passada, o diretor cultural do MAR disse que estava deixando o cargo. Evandro Salles se demitiu do museu após críticas à Prefeitura do Rio, à qual atribuiu um "profundo desmantelamento de aparatos culturais e artísticos".
Inaugurado pelo então prefeito Eduardo Paes em 2013, como parte do processo de revitalização da zona portuária da capital fluminense, o museu é alvo de disputa entre o prefeito Marcelo Crivella (PRB) e a Fundação Roberto Marinho, parceira de Paes na construção do museu.
Na última sexta (8), o Instituto Odeon enviou um ofício à Secretaria Municipal de Cultura da cidade informando que iniciaria, nesta segunda, as ações de desmobilização, "inclusive procedendo com o aviso prévio de seus funcionários, para a proteção dos direitos trabalhistas dos mesmos", informou a assessoria de imprensa da instituição.
"O início do processo de desmobilização acontece após os consecutivos atrasos no pagamento de parcelas do contrato de gestão, incluindo a parcela de setembro que até o momento não foi depositada. Com isso, não há mais fôlego financeiro para manter o equipamento funcionando."
Segundo nota da Secretaria Municipal de Cultura do Rio, "o aviso prévio é uma medida preventiva adotada pelo Instituto Odeon diante de seus funcionários".
A secretaria diz que está "buscando junto à Secretaria de Fazenda uma solução para equacionar os pagamentos".
"Reiteramos a importância do Museu de Arte do Rio como um dos mais importantes equipamentos da secretaria. E todos os esforços estão sendo feitos no sentido de sanar as questões pendentes e garantir o museu a pleno vapor em 2020."
Diretor do Museu de Arte do Rio deixa cargo e cita 'profunda crise financeira', O Globo
Diretor do Museu de Arte do Rio deixa cargo e cita 'profunda crise financeira'
Matéria originalmente publicada no jornal O Globo em 2 de novembro de 2019.
Evandro Salles era diretor cultural do MAR desde 2016
O artista e curador Evandro Salles anunciou neste sábado que vai deixar o cargo de diretor cultural do Museu de Arte do Rio (MAR).
Num texto publicado nas redes sociais, Salles disse que abre mão do posto em meio "a uma profunda crise financeira e política vivida pela instituição, devido às dificuldades insuperáveis do poder público em entender o papel cultural, educacional e socioeconômico do museu para a cidade e atender às suas necessidades básicas de manutenção."
Evandro Salles passou a comandar a programação artística do museu em 2016, no lugar de Paulo Herkenhoff. Recentemente, a instituição inaugurou uma nova galeria dedicada a trabalhos de jovens artistas e abriu um programa de bolsas de estudo para jovens da periferia.
Em agosto, a falta de verbas que ameaça o funcionamento dos três dos mais importantes equipamentos culturais da cidade — o Museu do Amanhã, o Museu de Arte do Rio (MAR) e a Cidade das Artes — gerou um movimento da sociedade civil em apoio a estes locais.
O MAR ainda não anunciou quem entra no lugar de Salles.