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maio 26, 2016
Adriana Rattes: Por que recusei a Secretaria de Cultura, Época
Adriana Rattes: Por que recusei a Secretaria de Cultura
Declaração de Adriana Rattes originalmente publicada na revista Época em 20 de maio de 2016.
Não dá para menosprezar as preocupações de um setor que está no cerne da construção da identidade nacional. O Ministério da Cultura foi uma conquista, não uma invenção casuística
Nosso Ministério da Cultura foi extinto, voltou a existir e acabou novamente. Como se a cultura não tivesse relevância para o país e como se os agentes de cultura não representassem uma parcela importante de nossa sociedade e não merecessem ser ouvidos. Uma decisão arbitrária, intempestiva, tomada de um jeito tacanho, na contramão do espírito do tempo.
Principalmente por isso, me foi impossível aceitar o convite do ministro da Educação, Mendonça Filho, para assumir a Cultura no governo Temer. O ministro tratou mais essa crise desnecessária com tato e disposição. Desejo todo o sucesso ao recém-nomeado Marcelo Calero como secretário nacional de Cultura. Torço para que dê certo porque torço pelo Brasil. E meu partido é o da Cultura. Mas me impressiona a distância entre Brasília e o Brasil. Como extinguir com uma canetada 30 anos de MinC, sem compreender o simbolismo negativo dessa decisão?
Se o enxugamento dos ministérios era importante, por que não pensar a questão de forma mais ampla e consequente? Por que o MinC pode acabar e o Ministério do Turismo não? Temos alguma política tão relevante de turismo que justifique mais esse ministério que o da Cultura? Aliás, o que atrai o olhar do estrangeiro para o Brasil não é o Carnaval, o samba, a bossa nova, a arquitetura modernista, o Pelourinho, o colorido, os ritmos e os sabores da nossa mestiçagem, a vocação para a festa e a alegria? E tudo isso não é da ordem da cultura?
Por que não fundir também Esporte com Educação? Por que não juntar Integração Nacional com Cidades? Por que não um ministério que reúna os temas da comunicação e cultura e, talvez, também ciência e tecnologia? E se um ministério assim absorvesse as universidades brasileiras, que são os espaços de produção de conhecimento por excelência, a principal e mais potente ponte para o futuro? E se um novo ministério incorporasse também a Funai e toda a contribuição que o modo de viver indígena ofereceu e ainda pode oferecer ao país? E se organismos supraministeriais fossem criados para articular políticas entre essas diversas áreas?
Desculpem-me a audácia de imaginar outros formatos, já posso ouvir o barulhão da polêmica. Nenhuma solução é perfeita, mas a intenção é demonstrar como a discussão poderia ser rica e virtuosa. Ministérios são estruturas menos estáveis do que pode crer o senso comum e mudam de configuração a todo momento pelo mundo, seguindo, além das conveniências dos governos, os humores, necessidades e prioridades do interesse público. O MinC poderia ser objeto de outro arranjo, sim. Ainda é importantíssimo aproximar as políticas para educação e cultura.
Mas de que serve essa precipitação, extinguir sem dialogar? Na instabilidade política que vivemos, pior ainda. O governo Temer tem sido cauteloso com a gestão da economia e por isso formou uma equipe que tem recebido aplausos. O presidente interino ouviu muito, conversou à exaustão com os especialistas na área, para decidir rumos e nomes. Estou aqui reivindicando o mesmo tratamento para a cultura, sim, senhor! Não somos um assunto menor. Não há como menosprezar as preocupações de um setor que está no cerne da construção da identidade nacional.
O movimento atabalhoado só poderia provocar revolta e resistência. Ainda bem que a reação veio rápida e intensa, pois obrigou o Congresso a tomar posição e, seja qual for o resultado, deve fazer com que o governo reveja seus conceitos. Como sou otimista, acredito que os ecos do momento influenciem positivamente os anos vindouros.
Não conseguiria legitimar minha ida para o governo federal agora, porque me sentiria compactuando com um erro de princípio. E de valor. O Ministério da Cultura foi uma conquista, não uma invenção casuística. Veio com a redemocratização do país. Sua existência não se devia ao loteamento clientelista dos interesses partidários.
Apesar de uma certa fragilidade institucional e da debilidade financeira, que persistiram governo após governo (situação que só piorou com Dilma Rousseff), o MinC fortaleceu a compreensão e difusão da identidade, do gênio e do patrimônio histórico, cultural e artístico do país. Criou políticas para a literatura, preservação da memória, cultura popular, cinema e audiovisual, para o financiamento das artes e para democratizar o acesso a tudo isso. Sem falar na vigorosa reinvenção por que passou na gestão de Gilberto Gil.
Sou boa de correr riscos e decidir com minha própria consciência, mesmo contra a maré, porque é assim que a vida vale a pena. Quando aceitei trabalhar no serviço público como secretária de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, enfrentei o desafio de recriar uma secretaria fundada por Darcy Ribeiro, que se tornara decadente, esquecida e aparelhada graças à insensibilidade de sucessivos governos. Nos dez anos anteriores, 11 secretários (repetindo, 11!) haviam ocupado a Pasta. Fiquei lá por quase oito anos. Entre muitas conquistas, criamos bases para políticas fundamentais. Além de estimular a pluralidade das manifestações culturais e formar gestores em cultura, construímos uma rede de bibliotecas parques que se tornaram referência. No período que se seguiu, o magnífico Theatro Municipal, restaurado em toda a sua beleza, virou um dos símbolos da candidatura do Rio de Janeiro às Olimpíadas.
Não sou ligada a nenhum partido e meus tempos de militância e crenças arraigadas ficaram bem lá atrás. Amadureci como mulher e cidadã interessada em investigar minhas dúvidas e me arriscar. Mais do que em definir minha posição no jogo. Mas construí minha identidade profissional e social com a certeza de que no campo da cultura, da arte, do conhecimento e da experiência estética eu encontrava meu desejo de expressão.
Portanto, gostaria de pedir aos senhores – e senhoras – engravatados de Brasília que tratem com reverência a cultura de nosso país. E, se possível, que aproveitem este momento de distopia aguda para mirar na agenda de criatividade, diversidade e inovação que o século XXI nos apresenta. E fazer a conexão entre essa agenda e o meio ambiente, o desenvolvimento, a economia, a qualidade de vida e a cidadania. Só assim ajudarão nossa debilitada democracia a vencer a desigualdade, a ignorância e a intolerância.
Adriana Rattes foi secretária estadual de Cultura do Rio de Janeiro entre 2007 e 2014.
Temer decide recriar Ministério da Cultura, anuncia Mendonça Filho por Fábio Brisolla, Leandro Colon e Valdo Cruz, Folha de S. Paulo
Temer decide recriar Ministério da Cultura, anuncia Mendonça Filho
Matéria de Fábio Brisolla, Leandro Colon e Valdo Cruz originalmente publicada no jornal Folha de s. Paulo em 21 de maio de 2016.
O ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM), anunciou neste sábado (21) que o presidente interino, Michel Temer, decidiu recriar o Ministério da Cultura.
A decisão foi tomada pelo presidente, segundo Mendonça Filho, como um "gesto" para a área da cultura do país, que criticou fortemente a extinção do Ministério da Cultura, que havia sido anexado ao da Educação.
"O presidente avaliou que seria melhor recriar o Ministério da Cultura pelo caráter emblemático que tem a pasta. A sua fusão à Educação foi na linha de reduzir o tamanho do governo, mas, diante das reações, optou-se por voltar à configuração original", disse Mendonça Filho à Folha.
Segundo ele, será editada uma medida provisória na segunda-feira (23) com a recriação do Ministério da Cultura. No dia seguinte, terça-feira (24), Marcelo Calero, que havia sido escolhido secretário nacional de Cultura, tomará posse como ministro.
Mendonça Filho disse que, como secretaria ou ministério, o mais importante será fazer uma reestruturação completa da área de cultura do governo. "Está tudo desorganizado, sem planos, o novo ministro vai reestruturar o setor", disse o ministro da Educação.
A confirmação inicial do recuo do governo, diante das pressões do setor cultural, veio por meio da conta no Twitter do ministro da Educação, que informou que a medida foi decidida no final da manhã deste sábado em conversa com o presidente interino Michel Temer.
"O compromisso do presidente com a Cultura é pleno", disse Mendonça. "A decisão de recriar o Minc (Ministério da Cultura) é um gesto do presidente Temer no sentido de serenar os ânimos e focar no objetivo maior: a cultura brasileira", ressaltou.
Em meio à polêmica, pelo menos cinco mulheres anunciaram ter recusado sondagens para assumir a Secretaria Nacional de Cultura, subordinada ao ministro da Educação pelo organograma montado por Temer.
A Folha apurou que Marcelo Calero recebeu uma ligação de Temer no início da tarde deste sábado (21) para informá-lo sobre a mudança. Temer disse que o Ministério da Cultura seria restaurado e avisou a Calero que ele seria o novo ministro.
"Com Marcelo Calero vamos trabalhar em parceria para potencializar os projetos e ações entre os ministérios da Educação e da Cultura", frisou o ministro Mendonça Filho.
Com a recriação da pasta, o governo interino de Temer passa a ter então 26 ministérios, seis a menos que o de Dilma.
CRÍTICAS
O corte do Ministério da Cultura foi criticados tanto por entidades da área como por movimentos de esquerda.
O fim da pasta foi um dos principais argumentos usados por manifestantes que ocuparam prédios públicos para criticar o governo Temer. As manifestações começaram na sexta-feira (13), em Curitiba, e se alastraram por ao menos outras 15 capitais do país.
A ocupação do Palácio Capanema, prédio histórico no centro do Rio, contou nesta sexta-feira (20) com shows de nomes como Caetano Veloso e Erasmo Carlos, que bradaram contra a extinção do ministério.
Uma carta a Temer, assinada por artistas de renome, considerava um "retrocesso" a extinção da pasta.
maio 17, 2016
"Predominou o obscurantismo", diz Wagner Moura sobre extinção do MinC, Zero Hora
"Predominou o obscurantismo", diz Wagner Moura sobre extinção do MinC
Declaração de Wagner Moura originalmente publicada no jornal Zero Hora em 16 de maio de 2016.
Ator falou para a Zero Hora sobre a decisão do governo interino de Michel Temer de acabar com o Ministério da Cultura
A extinção do Ministério da Cultura (MinC) pelo presidente interino Michel Temer segue repercutindo entre artistas e produtores culturais do Brasil. Em comunicado enviado a pedido para a redação da Zero Hora, o ator Wagner Moura - que sempre demonstrou abertamente ser contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff - manifestou seu ponto de vista sobre a decisão do governo provisório em fundir a pasta de cultura à educação, voltando a formar o Ministério da Educação e Cultura (MEC).
"A extinção do MinC é só a primeira demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo. O pior ainda está por vir", afirmou o ator, que se encontra na Colômbia para as gravações da segunda temporada da série Narcos, para a redação da Zero Hora.
Confira, na íntegra, a declaração de Wagner Moura sobre o assunto:
A extinção do Minc é só a primeira demonstração de obscurantismo e ignorância dada por esse Governo ilegítimo.
O pior ainda está por vir.
Vem aí a pacoteira de desmonte de leis trabalhistas, a começar pela mudança de nossa definição de trabalho escravo, para a alegria do sorridente pato da FIESP, que pagou a conta do golpe.
Começaram transformando a Secretaria de Direitos Humanos num puxadinho do Ministério da Justiça.
Igualdade Racial e Secretaria da Mulher também: tudo será comandado pelo cara que no Governo Alckmin mandou descer a porrada nos estudantes que ocuparam as escolas e nos manifestantes de 2013.
Sob sua gestão, a PM de São Paulo matou 61% a mais.
Sabe tudo de direitos humanos o ex-advogado de Eduardo Cunha, o senhor Alexandre de Moraes.
Mas claro, a faxina não estaria completa se não acabassem com o Ministério da Cultura, que segundo o genial entendimento dos golpistas, era um covil de artistas comunistas pagos pelo PT para dar opiniões políticas a seu favor (?!!!).
Conseguiram difundir essa imbecilidade e ainda a ideia de que as leis de incentivo tiravam dinheiro de hospitais e escolas e que os impostos de brasileiros honestos sustentavam artistas vagabundos.
Os pró-impeachment compraram rapidamente essa falácia conveniente e absurda sem ter a menor noção de como funcionam as leis (criadas no Governo Collor!) e da importância do Minc e do investimento em Cultura para o desenvolvimento de um país. É muito triste tudo.
Ontem vi um post em que Silas Malafaia comemorava a extinção “do antro de esquerdopatas”, referindo-se ao Minc. Uma negócio tão ignóbil que não dá pra sentir nada além de tristeza. Predominou a desinformação, a desonestidade e o obscurantismo.
Praticamente todos os filmes brasileiros produzidos de 93 para cá foram feitos graças à lei do Audiovisual. Como pensar que isso possa ter sido nocivo para o Brasil?!
Como pensar que o país estará melhor sem a complexidade de um Ministério que cuidava de gerir e difundir todas as manifestações culturais brasileiras aqui e no exterior?
Bradar contra o Minc e contra as leis (ao invés de contribuir com ideias para melhorá-las) é mais que ignorância, é má fé mesmo.
E agora que a ordem é cortar gastos, o presidente que veio livrar o Brasil da corrupção e seu ministério de homens brancos, com sete novos ministros investigados pela Lava Jato, começa seu reinado varrendo a Cultura da esplanada dos Ministérios… Faz sentido.
Os artistas foram mesmo das maiores forças de resistência ao golpe. Perdemos feio.
Acabo de ler que vão acabar também com a TV Brasil.
Ótimo. Pra que cultura?
Posso ouvir os festejos nos gabinetes da Câmara, nos apartamentos chiques dos batedores de panela, na Igreja de Malafaia e na redação da Veja:
“Acabamos com esse antro de artistazinhos comprados pelo PT! Estão pensando o que? Acabamos a mamata da esquerda caviar! Chega de frescura! Viva o Brasil!”
Trevas amigo… E o pior ainda está por vir.
* Escrevi essa resposta-texto para jornalistas do Estado e da Zero Hora que queriam minha opinião sobre a extinção do Minc. O Zero Hora vai dar. O Estado se recusou.
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Marieta Severo, Leoni e outros artistas armam resistência contra fim do MinC por Luiza Franco, Folha de S. Paulo
Marieta Severo, Leoni e outros artistas armam resistência contra fim do MinC
Matéria de Luiza Franco originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 17 de maio de 2016.
Ocupações, shows, carta de repúdio. Essas são algumas das estratégias que a classe artística pretende usar para lutar contra a extinção do Ministério da Cultura.
Cerca de 60 deles se reuniram na noite desta segunda (16) em um casa em Botafogo, zona sul do Rio. O encontro foi convocado pela APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio).
Estavam presentes artistas como Marieta Severo, Renata Sorrah, Leoni, Marcelo Serrado, Marco Nanini, Tonico Pereira, Bruna Linzmeyer e representantes de entidades, como Paula Lavigne, do Procure Saber.
Aplausos e homenagens deixaram evidente o apoio dos artistas à ocupação do Palácio Gustavo Capanema, prédio histórico no centro do Rio. O edifício, onde hoje funciona a Funarte, foi ocupado no início da tarde desta segunda por manifestantes contrários à extinção do Ministério da Cultura e por movimentos contrários ao governo do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Tudo indica que o local virará um centro de resistência. Lavigne anunciou que a Procure Saber pretende montar um palco no pilotis do edifício e organizar shows e apresentações ali todas as noites, às 19h. A programação ainda não foi definida, mas as atividades devem começar na próxima quarta (18). Otto e Lenine já disseram que participarão dos atos.
Depois de duas horas de votações e debates, ficou decidido que uma carta de repúdio ao fim do ministério será entregue ao governo interino de Temer. Ela será assinada por associações, como a APTR, a Procure Saber, o GAP (Grupo de Ação Parlamentar Pró-Música) e sindicatos (veja íntegra da carta abaixo).
Não se chegou lá sem muita discussão. Isso porque todos os presentes estavam unidos no desejo de repudiar a extinção do ministério, mas houve divergência sobre como articular o movimento pois muitos se recusam a dialogar com um governo que consideram ilegítimo.
A questão foi trazida logo no início do encontro por Marieta Severo. A grande questão que está no ar é: como a gente negocia com um governo que a gente considera ilegítimo?", perguntou ao microfone.
Tonico Pereira brincou: "Eu reconheço o governo Temer. Vejo filme de vampiro desde criancinha."
Até Marcelo Serrado, que foi a manifestações pedindo a queda da presidente Dilma Rousseff (PT) com camiseta do #morobloco, um trocadilho entre os nomes do juiz Sergio Moro e da banda Monobloco, estava resistente.
"Aquele governo não me representa, mas este também não. Quero novas eleições. Eu não vou a Brasília apertar a mão do Temer", disse o ator.
A resposta veio de pessoas como Lavigne, Frejat e o presidente da APTR, Eduardo Barata. "Se a gente não dialogar, o que vai ser de nós? Ficaremos acéfalos? Nossa proposta é tentar garantir as mínimas condições de diálogo", afirmou Barata.
"Para não dividir a classe, escolhemos fazer o 'Fica MinC'. Eu sou daqueles que não reconhecem a legitimidade política desse governo, mas, mesmo que não concordemos, ele extinguiu o ministério. Uma vez resolvida a questão política, queremos que essa estrutura esteja lá. É uma conquista nossa de 30 anos", disse Junior Perim, do Circo Crescer e Viver.
AÇÃO NO STF
Lavigne também anunciou que o Procure Saber deve entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a extinção de departamentos específicos do ministério, por exemplo, o que lida com propriedade intelectual. A empresária, no entanto, não deu mais detalhes dessa iniciativa.
O presidente interino Michel Temer (PMDB) pretende definir até o final desta semana o nome que comandará a secretaria nacional de Cultura, estrutura que será subordina ao Ministério da Educação.
Em reunião nesta segunda, o peemedebista definiu que, embora seja dependente financeiramente do Ministério da Educação, a pasta terá autonomia gerencial.
A tentativa é, assim, diminuir a repercussão negativa da extinção da pasta.
Segundo a Folha apurou, o presidente interino está entre dois nomes para a estrutura: da ex-secretária estadual de Cultura do Rio de Janeiro, Adriana Rattes, e da atual diretora de Educação do Banco Mundial, Claudia Costin.
Veja a íntegra da carta dos artistas a Michel Temer:
Às vésperas das comemorações do bicentenário da independência do Brasil, o setor cultural recebe com repúdio a Medida Provisória que extinguiu o Ministério da Cultura. Este ato promoveu um retrocesso de 30 anos. O MinC é uma conquista da sociedade brasileira e não pode deixar de existir, especialmente num cenário de ausência completa de debate com os interlocutores necessários.
A alegada demanda por uma máquina pública enxuta não pode ser implementada à custa do desmonte de estrutura dedicada à guarda e preservação da identidade nacional.
Encaminhamos este documento público para expressar a fundamental importância da permanência do Ministério da Cultura, como órgão superior e nacional para formulação de políticas a altura da relevância de um projeto de cidadania e desenvolvimento.
Manifestantes ocupam salões com obras de Portinari na sede da Funarte por Lucas Vettorazzo, Folha de S. Paulo
Manifestantes ocupam salões com obras de Portinari na sede da Funarte
Matéria de Lucas Vettorazzo originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 16 de maio de 2016.
O salão mais importante do Palácio Gustavo Capanema, prédio histórico no centro do Rio que abriga diversos painéis de Cândido Portinari, foi ocupado no início da tarde desta segunda-feira (16) por manifestantes contrários à extinção do Ministério da Cultura e por movimentos contrários ao governo do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Manifestantes de movimentos como o Reage Artista e o Teatro pela Democracia, contrários ao processo impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) e seu consequente afastamento, ocupam o local "por tempo indeterminado".
A ação foi promovida por coletivos culturais e também por integrantes da Frente Brasil Popular e da CUT. O deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ) acompanhou o protesto, assim como o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Jefferson Moura (Rede). O cineasta Ruy Guerra e o documentarista Silvio Tendler também estiveram presentes ao ato.
Um grupo de 50 pessoas promete passar a noite no chamado Salão Portinari, no segundo andar. Uma outra parte ocupou à tarde o mezanino onde foram realizadas assembleias e discursos. Na parte externa do prédio, sob o pilotis, será organizada uma agenda cultural com apresentações.
Além da oposição específica em relação a Temer, a pauta gira em torno do destino da cultura após o fim da pasta, responsável pela lei Rouanet, editais de fomento a produções culturais e o programa Pontos de Cultura, que apoia coletivos regionais pelo país.
"Estamos ocupando o Capanema, que é um prédio histórico, emblemático para a cultura do Rio, para dizer que não queremos o presidente Temer. Nós não reconhecemos a sua presidência. Estamos aqui para dizer que o MinC [Ministério da Cultura] é nosso", disse a atriz e produtora cultural Isabel Gomide, integrante do movimento Reage Artista e do Teatro pela Democracia.
"Queremos construir um espaço novo, mas sem diálogo com esse governo ilegítimo. Ao se extinguir o Ministério da Cultura, todos os projetos que estavam em andamento estão ameaçados."
O Palácio Capanema abriga as sedes da Funarte (Fundação Nacional das Artes) e da representação no Rio do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O prédio, o primeiro de inspiração modernista do país, foi construído entre 1937 e 1945. Seu tombamento data de 1984.
Diante da entrada do prédio, a manifestação começou com o coro "Fora Temer". Às 11h, houve um abraço simbólico ao redor do edifício.
A atriz Débora Lamm, que integra o elenco do programa "Zorra Total" (Globo), esteve à tarde na ocupação. Ela disse estar representando principalmente a classe dos atores de teatro. Afirmou ainda que a extinção do ministério é um retrocesso e classificou o impeachment de Dilma como golpe.
"Estamos lutando pelos nossos direitos e dizendo não ao retrocesso. A partir do momento que você não dá atenção à cultura, acredito que não podemos nem considerar isso aqui um país. A cultura é muito importante para a formação do ser humano. Diminuir [o espaço das artes na sociedade] é algo inaceitável. A arte é muito importante, inclusive para esclarecer a população num momento como o que estamos vivendo", disse.
Luiz Sérgio afirmou que estava no local em solidariedade ao protesto e disse que parlamentares do PT apoiarão movimentos sociais contrários ao governo Temer em manifestações por todo o país.
"Extinguir o Ministério da Cultura é algo impensável, é colocar a cultura num degrau inferior. Do ponto de vista da economia, é muito pouco. Em todos os governos com viés autoritário, que não chegam ao poder através de voto popular, um dos primeiros atos é atacar a cultura. Porque a cultura sempre esteve na vanguarda da luta pela democracia."
PATRIMÔNIO
O Palácio Capanema abriga obras de arte de valor inestimável. Parte do piso do salão ocupado pelos manifestantes, no segundo andar do edifício, é coberto por um tapete criado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, um dos projetistas do prédio. O tapete, que fica em frente à obra "Guerra e Paz", de Portinari, foi isolado com uma fita para evitar a circulação de pessoas sobre ele.
Os próprios manifestantes espalharam cartazes pedindo que ninguém fumasse ou comesse no local.
Neste momento, a fachada, os pilotis e quatro dos 16 andares passam por uma reforma iniciada há quase dois anos. O jardim de Burle Marx, no segundo andar, está interditado, mas o chamado Salão Portinari, onde estão os manifestantes, e a biblioteca continuam abertos ao público.
Procurado, o Iphan informou que "até o momento não houve nenhuma ameaça ao bem tombado" e afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os próprios ocupantes estão tomando cuidado com o patrimônio.
A Folha entrou em contato com a assessoria do extinto Ministério da Cultura, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
Comissão convoca ministro para explicar fim do Ministério da Cultura, G1
Comissão convoca ministro para explicar fim do Ministério da Cultura
Matéria originalmente publicada no portal de notícias G1 em 17 de maio de 2016.
Comissão de Educação do Senado aprovou requerimento nesta terça. Pasta será fundida com Educação; mudança gerou protestos de artistas.
A Comissão de Educação do Senado aprovou nesta terça-feira (17) um requerimento de convocação do ministro da Educação e Cultura (MEC), Mendonça Filho, para prestar informações sobre a extinção do Ministério da Cultura e a migração de suas atribuições para o MEC.
Por se tratar de convocação, o ministro é obrigado a comparecer à comissão. Ainda não há data para que ele fale aos senadores.
A comissão também aprovou um requerimento para a realização de audiência pública com artistas e intelectuais para debater a extinção do Ministério da Cultura.
A decisão do presidente em exercício Michel Temer de extinguir o Ministério da Cultura e transferir as atribuições da pasta para a Educação gerou diversos protestos de artistas nos últimos dias.
Com a repercussão negativa, Temer anunciou que toda a estrutura da Cultura atual será mantida – apenas sem o status de ministério. A intenção do peemedebista é nomear uma mulher para a comandar a área.
A estratégia também funcionaria como forma de responder às críticas pelo fato de o primeiro escalão do governo não ter nenhuma mulher no comando de pastas.
Na última sexta (13), Mendonça Filho foi alvo de protestos durante reuniões com servidores das duas pastas. Em entrevista ao G1 por telefone, o ministro disse ter sido "bem recebido" nas pastas e classificou as manifestações como "vozes discordantes residuais".
Cultura em risco por Angelo Oswaldo de Araújo Santos, Folha de S. Paulo
Cultura em risco
Opinião de Angelo Oswaldo de Araújo Santos originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 17 de maio de 2016.
Um impasse foi criado no imenso território da cultura. A reintegração do Ministério da Cultura ao MEC, como proposto pelo governo Michel Temer, não daria vida a uma letra morta há 31 anos.
O Ministério da Educação manteve a sigla, após a emancipação da Cultura, em 1985, porque o "C" não tivera maior significação. Havia ali representado apenas uma secretaria comprimida pelo peso das tarefas educacionais e a força das universidades.
O ex-presidente Fernando Collor errou ao transformar o Ministério da Cultura (MinC), em 1990, em uma secretaria entregue a Ipojuca Pontes e à mestria dos caricaturistas, em meio a protestos de todas as procedências. A maioria dos setores culturais posicionou-se radicalmente contra o governo. Restaurado pelo presidente Itamar Franco, o MinC rendeu-lhe a simpatia da classe artística e o apoio do cinema nacional.
Instalar novamente uma Secretaria da Cultura diretamente vincula à Presidência da República levaria ao palácio uma ação que não é benesse do chefe do Executivo, mas política de Estado.
Emenda à Constituição consagrou o Sistema Nacional de Cultura, que prevê um órgão gestor, o Fundo Nacional e o Conselho Nacional de Política Cultural, entre outros pontos inerentes à ação sistêmica. Todos os Estados da Federação dispõem de um Plano Estadual de Cultura -Minas Gerais se prepara, na Assembleia Legislativa, para votar o último deles.
Numerosos municípios igualmente aderiram ao sistema da Cultura. A extinção do ministério está em conflito com a normativa prevista na Carta Magna.
A verba do Ministério da Cultura em 2015 correspondeu a 0,12% do Orçamento da União. Com recursos relativamente módicos, o governo poderia reavivar os programas contingenciados e aquecer a agenda da cultura, obtendo a atenção de artistas, autores, produtores, grupos e movimentos.
Os chamados Pontos de Cultura e Pontos de Memória, numerosos país afora, são núcleos combativos que podem, caso atendidos após os cortes, estabelecer um processo político de opinião positiva em relação ao novo momento, após uma primeira primeira impressão bastante desfavorável.
O Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura já se posicionou reativamente à proposta do governo. Da mesma forma, o Fórum Nacional dos Secretários de Cultura das Capitais.
Há ainda vários outros fóruns da área de patrimônio histórico e criação artística. Muitos municípios possuem secretarias de cultura. Há cerca de 700 Conselhos Municipais de Patrimônio Cultural só em Minas.
O governo Temer quer fazer da Cultura apenas um acessório dentro da gigantesca estrutura da Educação, como ocorreu até 1985, ou apêndice palaciano no Planalto, sem meios eficientes de interlocução, pondo fim a um diálogo que concorreu para com o fortalecimento do campo, cuja notável projeção na economia nacional mais uma vez é desconsiderada.
Entre tantos cortes, não se há de abolir a sensibilidade intelectual e artística numa hora tão grave como a que atravessa o Brasil.
ANGELO OSWALDO DE ARAÚJO SANTOS é secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais. Foi presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e chefe de Gabinete de Celso Furtado no Ministério da Cultura (1986-1988)
maio 7, 2016
Criticar é pecado (ou é proibido) na SP-Arte por Silas Martí, Plástico
Criticar é pecado (ou é proibido) na SP-Arte
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no blog Plástico do jornal Folha de S. Paulo em 7 de abril de 2016.
Hoje é dia do jornalista. Na manhã de ontem, fui acordado com uma mensagem no celular. Era só uma fotografia de uma reportagem de outro jornal sobre a feira SP-Arte. A matéria, no caso, reproduzia em grande parte o release —texto publicitário enviado a jornalistas por assessores de imprensa— sobre este que é maior evento do mercado de arte da América Latina.
Na sequência, uma assessora da feira me perguntou se minha reportagem publicada no mesmo dia na “Ilustrada” não deveria ter saído junto a outro texto informando sobre a programação paralela à festa do mercado, assunto da reportagem de capa do último “Guia Folha”, que dedicou não só sua capa mas também outras dez páginas às mostras marcadas para a época da feira.
Meu texto publicado na primeira página do caderno de cultura falava sobre a polarização de opiniões políticas entre galeristas e artistas na SP-Arte. Os assessores do evento não podiam prever o teor da matéria, mas barraram meu acesso à feira nos dias da montagem, uma possível tentativa de censura. Suspeito que isso tenha a ver com a cobertura do jornal na última edição do evento, que questionou o uso de recursos da Lei Rouanet por parte da organização da feira, evento que costuma faturar R$ 30 milhões com a venda de estandes e gerar até R$ 300 milhões em negócios.
Nesta edição da SP-Arte, que vai até domingo, houve mais uma vez o uso de verbas incentivadas, agora na ordem de R$ 5 milhões. É uma prática nefasta em tempos de crise econômica. Jornalistas da concorrência estiveram presentes na montagem, enquanto eu fui barrado. Fotógrafos do jornal tiveram acesso à feira e outros repórteres também. A mesma assessoria de imprensa que me deu exemplos de cobertura autorizou, de forma direta ou indireta, a presença da concorrência deste jornal, numa clara tentativa de moldar e barrar o que é ou não publicado a respeito do evento.
Este texto serve de testemunho de um equívoco ridículo de talhar a opinião pública a respeito da SP-Arte. Não tenho nada contra o mercado de arte, já que tudo nesse segmento gira em torno dele. Meu protesto é contra o que parece ser uma tentativa absurda de censurar qualquer jornalista que tenha um posicionamento crítico a respeito dos métodos de financiamento e divulgação dessa feira. Há conflitos de interesse nítidos na maneira como o mercado de arte se estrutura neste país.
No dia do jornalista —eu não ligo para essas datas, mas é uma coincidência interessante—, é triste pensar o quanto o jornalismo cultural é refém de assessorias de imprensa e departamentos de marketing. Exponho essa questão, que pode nem interessar ao público, por princípio. Nosso meio artístico que tanto lamenta a quase extinção da crítica de arte em nossos jornais e revistas é o mesmo que só quer ouvir elogios, não tolera qualquer voz dissonante —uma coisa bem jeca.
Fui informado pela assessoria da SP-Arte que outros jornalistas na montagem da feira ali entraram por um mal-entendido na porta, já que todos estavam barrados antes da abertura do evento. Soube depois que uma outra jornalista, não sei por qual motivo, também foi barrada. Eu cubro a mesma feira há nove anos e sempre entrei durante a montagem para fazer minhas reportagens. A mudança na postura me surpreendeu, ainda mais quando a concorrência entrou —autorizada ou não, nunca vamos saber— antes que eu pudesse ali estar. Censura não é legal. E não combina com arte.
Pobre menina rica por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Pobre menina rica
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no blog Plástico do jornal Folha de S. Paulo em 8 de abril de 2016.
Em ano de crise, feira SP-Arte tem quase R$ 6 milhões em recursos aprovados via Lei Rouanet; galeristas vendem obras mais baratas e congelam valor do dólar para conter a explosão dos preços
Um tanto nervosos, galeristas faziam fila para subir ao topo do hotel Maksoud Plaza, a uma quadra da avenida Paulista, para uma das festas de abertura da SP-Arte, que começa agora no Ibirapuera. Pareciam saber que aquela talvez seja a altura máxima que as coisas vão atingir nesta semana.
Em plena crise econômica, a maior feira de arte ao sul da linha do Equador pediu neste ano R$ 5,7 milhões em recursos incentivados via Lei Rouanet para financiar suas operações --o valor mais alto desde a estreia, há dez anos.
Mesmo faturando até R$ 29 milhões com a venda de estandes e gerando cerca de R$ 250 milhões em negócios para as 140 galerias que levam 3.000 obras ao pavilhão, organizadores da SP-Arte defendem o uso de dinheiro público para a feira, com ingressos a R$ 40.
"Nunca falei que o evento era para o povão, mas incentiva a cultura", diz Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte, que conseguiu por ora captar R$ 1,5 milhão pela Lei Rouanet e pode continuar captando mesmo depois do evento.
"Sobre as vendas, há uma arrecadação tributária de R$ 15 milhões. Se isso é permitido por lei, não vejo por que não fazer. É uma isenção que gera retorno, um supernegócio."
Mas talvez não seja um supernegócio para os galeristas.
Temendo um fracasso de vendas, os principais nomes do mercado levaram obras mais baratas à feira. Neste ano de crise, acentuada pela disparada do dólar que passou dos R$ 3, o preço médio dos trabalhos à venda é um dos mais baixos --a obra mais cara é um Picasso de US$ 5 milhões, quando em anos anteriores alguns trabalhos chegavam a cifras de dois dígitos.
"Trouxemos obras de preços menores, como gravuras em vez de pinturas", diz Rose Lord, da nova-iorquina Marian Goodman, uma das maiores casas do mundo. "Vamos ver o que acontece."
Christophe van de Weghe, da galeria que leva seu sobrenome, também de Nova York, diz que está preparado para dar descontos de até 20% em obras que trouxe à SP-Arte, de artistas como Andy Warhol, Picasso e Lucio Fontana.
Enquanto isso, galeristas brasileiros, com artistas que têm obras cotadas em dólar, tentam frear a explosão dos preços adotando um dólar mais baixo --em muitos casos, a moeda foi congelada a R$ 2,80 para os clientes.
"Nunca vi os colecionadores aqui tão retraídos", diz o galerista André Millan. "O país vai parar, quer dizer, já parou."
CONCORRÊNCIA DESLEAL
Mas um motor de peso continua mantendo a feira de pé. Desde 2012, a SP-Arte tem isenção do ICMS que incide sobre as obras, um benefício concedido pelo governo do Estado que deixa trabalhos 20% mais baratos do que fora da feira.
No caso de obras importadas, que encarecem até 50% com taxas, a medida se tornou o principal atrativo para a vinda de galerias de fora, como as americanas Gagosian e David Zwirner, à feira paulistana.
Também tornou comum uma prática que irrita galeristas locais, que dizem enfrentar uma concorrência desleal com as gigantes de fora.
Com a isenção de parte dos tributos, galerias estrangeiras costumam negociar obras com clientes do país antes mesmo do evento, trazendo trabalhos já encomendados só para concluir os negócios na época da feira, contando então com o benefício.
Greg Lulay, diretor da David Zwirner, considerada uma das galerias mais influentes do mundo, diz que envia imagens de obras específicas para colecionadores no Brasil e tenta trazer aquilo que querem, concretizando a venda no país --muitas galerias, aliás, guardam na reserva de seu estande essas peças já negociadas.
"Trazemos o que alguns clientes estão buscando e também pedimos a artistas que façam obras para a feira", diz Lulay. "Estamos em conversa com esses clientes o ano todo."
"Ninguém chega a uma feira sem já ter mostrado os trabalhos", admite Feitosa. "Mas se as galerias de fora já viessem com tudo vendido, não precisariam de um espaço grande na feira, teriam só um estande pequenininho para a entrega. Esses comentários me parecem meio fantasiosos."
SP-ARTE
QUANDO abre nesta quarta (8), às 11h, para convidados; de qui. a sáb., das 13h às 21h; dom., 11h às 19h
ONDE pavilhão da Bienal, pq. Ibierapuera, portão 3, sp-arte.com
QUANTO R$ 40
maio 4, 2016
32ª Bienal de SP anuncia lista final de artistas por Camila Molina, Estado de S. Paulo
32ª Bienal de SP anuncia lista final de artistas
Matéria de Camila Molina originalmente publicada no jornal Estado de s. Paulo em 4 de maio de 2016.
Edição, a ser inaugurada em setembro, terá 81 participantes de 33 países, entre eles, o cineasta Leon Hirszman e os artistas Frans Krajcberg e Jonathas de Andrade
O cineasta Leon Hirszman e os artistas Frans Krajcberg, que, aos 95 anos, vai exibir criações inéditas, Jonathas de Andrade, Ana Mazzei, Maria Thereza Alves e Wlademir Dias-Pino são alguns dos nomes da lista final de participantes da 32ª Bienal de São Paulo, divulgada nesta quarta-feira, 4, pelos organizadores do evento. Sob o título Incerteza Viva e com curadoria-geral de Jochen Volz, a edição, a ser inaugurada em 10 de setembro, vai ser composta por trabalhos de um total de 81 criadores e coletivos de 33 países selecionados pela equipe curatorial.
"Estamos buscando compreender diversidades, olhar para o desconhecido e interrogar aquilo que tomamos como conhecido", afirma Jochen Volz no comunicado da 32.ª Bienal. Em 8 de dezembro de 2015, a curadoria da edição, formada ainda pela sul-africana Gabi Ngcobo, a brasileira Júlia Rebouças, o dinamarquês Lars Bang Larsen e a mexicana Sofía Olascoaga, anunciou o título da exposição e uma lista de 54 participantes na qual constava o francês Pierre Huygue, os brasileiros Gilvan Samico e Bené Fonteles e o belga Francis Alÿs.
A 32.ª Bienal de São Paulo contará com cerca "de 70% a 80%" de obras comissionadas para o evento, afirma Jochen Volz. Mais ainda, a lista de artistas revela a presença marcante de artistas jovens, nascidos a partir da década de 1970. Veja abaixo os convidados para a edição.
ARTISTAS DA 32ª BIENAL DE SÃO PAULO
Alia Farid
Nasceu em Kuwait, 1985. Vive e trabalha no Kuwait e em Porto Rico
Alicia Barney
Nasceu em Cali, Colômbia, 1952. Vive e trabalha em Bogotá, Colômbia
Ana Mazzei
Nasceu em São Paulo, Brasil, 1980. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Anawana Haloba
Nasceu em Livingstone, Zâmbia, 1978. Vive e trabalha em Oslo, Noruega
Antonio Malta Campos
Nasceu em São Paulo, Brasil, 1961. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Bárbara Wagner
Nasceu em Brasília, Brasil, 1980. Vive e trabalha em Recife, Pernambuco, Brasil
Bené Fonteles
Nasceu em Bragança, Pará, Brasil, 1953. Vive e trabalha em Brasília, Brasil
Carla Filipe
Nasceu em Aveiro, Portugal, 1973. Vive e trabalha em Porto, Portugal
Carlos Motta
Bogotá, Colômbia, 1978. Vive e trabalha em Nova York, EUA
Carolina Caycedo
Nasceu em Londres, Reino Unido, 1978. Vive e trabalha em La Jagua, Colômbia e Los Angeles, EUA
Cecilia Bengolea e Jeremy Deller
Nasceu em Buenos Aires, Argentina, 1984. Vive e trabalha em Paris, França
Nasceu em Londres, Reino Unido, 1966. Vive e trabalha em Londres, Reino Unido
Charlotte Johannesson
Nasceu em Malmö, Suécia, 1943. Vive e trabalha em Skanör, Suécia
Cristiano Lenhardt
Nasceu em Itaara, Brasil, 1975. Vive e trabalha em Recife, Pernambuco, Brasil
Dalton Paula
Nasceu em Brasília, Brasil, 1982. Vive e trabalha em Goiânia, Goiás, Brasil
Dineo Seshee Bopape
Nasceu em Polokwane, África do Sul, 1981. Vive e trabalha em Joanesburgo, África do Sul
Donna Kukama
Nasceu em Mafikeng, África do Sul, 1981. Vive e trabalha em Joanesburgo, África do Sul
Ebony G. Patterson
Nasceu em Kingston, Jamaica, 1981. Vive e trabalha em Kingston, Jamaica e Lexington, Kentucky, EUA
Eduardo Navarro
Nasceu em Buenos Aires, Argentina, 1979. Vive e trabalha em Buenos Aires, Argentina
Em'kal Eyongakpa
Nasceu em Mamfe, Camarões, 1981. Vive e trabalha no Sudoeste de Camarões e Amsterdã, Holanda
Erika Verzutti
Nasceu em São Paulo, Brasil, 1971. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Felipe Mujica
Nasceu em Santiago, Chile, 1974. Vive e trabalha em Nova York, EUA
Francis Alÿs
Nasceu em Antuérpia, Bélgica, 1959. Vive e trabalha na Cidade do México, México
Frans Krajcberg
Nasceu em Kozienice, Polônia, 1921. Vive e trabalha em Nova Viçosa, Bahia, Brasil
Gabriel Abrantes
Nasceu em Chapel Hill, Carolina do Norte, EUA, 1984. Vive e trabalha em Lisboa, Portugal
Gilvan Samico
Nasceu em Recife, Pernambuco, Brasil, 1928 - Recife, Pernambuco, Brasil, 2013
Grada Kilomba
Nasceu em Lisboa, Portugal, 1968.Vive e trabalha em Berlim, Alemanha
Günes Terkol
Nasceu em Ankara, Turquia, 1981. Vive e trabalha em Istambul, Turquia
Heather Phillipson
Nasceu em Londres, Reino Unido, 1978. Vive e trabalha em Londres, Reino Unido
Helen Sebidi
Nasceu em Marapyane, África do Sul, 1943. Vive e trabalha em Joanesburgo, África do Sul
Henrik Olesen
Nasceu em Esbjerg, Dinamarca, 1967. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha
Hito Steyerl
Nasceu em Munique, Alemanha, 1966. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha
Iza Tarasewicz
Nasceu em Kolonia Koplany, Polônia, 1981. Vive e trabalha em Bialystok, Polônia e Berlim, Alemanha
Jonathas de Andrade
Nasceu em Maceió, Alagoas, Brasil, 1982. Vive e trabalha em Recife, Pernambuco, Brasil
Jordan Belson
Nasceu em Chicago, Illinois, EUA, 1926 - São Francisco, Califôrnia, EUA , 2011
Jorge Menna Barreto
Nasceu em Araçatuba, São Paulo, Brasil, 1970. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil
José Antonio Suárez Londoño
Nasceu em Medellín, Colômbia, 1955. Vive e trabalha em Medellín, Colômbia
José Bento
Nasceu em Salvador, Bahia, Brasil, 1962. Vive e trabalha em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Kathy Barry
Nasceu em Christchurch, Nova Zelândia, 1969. Vive e trabalha em Auckland, Nova Zelândia
Katia Sepúlveda
Nasceu em Santiago, Chile, 1978. Vive e trabalha em Colônia, Alemanha e Tijuana, México
Koo Jeong A
Nasceu em Seul, Coreia do Sul, 1967. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha
Lais Myrrha
Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1974. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Leon Hirszman
Nasceu em Rio de Janeiro, Brasil, 1937 - Rio de Janeiro, Brasil, 1987
Lourdes Castro
Nasceu em Funchal, Portugal, 1930. Vive e trabalha na Ilha da Madeira, Portugal
Luiz Roque
Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, 1979. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil
Luke Willis Thompson
Nasceu em Auckland, Nova Zelândia, 1988. Vive e trabalha em Auckland, Nova Zelândia
Lyle Ashton Harris
Nasceu em Nova York, EUA, 1965. Vive e trabalha em Nova York, EUA
Maria Thereza Alves
Nasceu em São Paulo, Brasil, 1961. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha
Mariana Castillo Deball
Nasceu na Cidade do México, México, 1975. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha e Cidade do México, México
Maryam Jafri
Nasceu em Karachi, Paquistão, 1972. Vive e trabalha em Nova York, EUA e Copenhague, Dinamarca
Michael Linares
Nasceu em Bayamón, Porto Rico 1979. Vive e trabalha em San Juan, Porto Rico
Michal Helfman
Nasceu em Tel Aviv, Israel, 1973. Vive e trabalha em Tel Aviv, Israel
Misheck Masamvu
Nasceu em Mutare, Zimbabwe, 1980. Vive e trabalha em Harare, Zimbabwe
Naufus Ramírez-Figueroa
Nasceu na Cidade da Guatemala, Guatemala, 1978. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha e Cidade da Guatemala, Guatemala
Nomeda & Gediminas Urbonas
Nasceu em Kaunas, Lituânia, 1968. Vive e trabalha em Cambridge, MA, EUA, Vilnius, Lituânia e Trondheim, Noruega
Nasceu em Vilnius, Lituânia, 1966. Vive e trabalha em Cambridge, MA, EUA, Vilnius, Lituânia e Trondheim, Noruega
Oficina de imaginação política
Criada em 2016. Baseada em São Paulo, Brasil
OPAVIVARÁ!
Criado em 2005. Baseada no Rio de Janeiro, Brasil
Öyvind Fahlström
Nasceu em São Paulo, Brasil, 1928 - Estocolmo, Suécia, 1976
Park McArthur
Nasceu na Carolina do Norte, EUA, 1984. Vive e trabalha em Nova York, EUA
Pia Lindman
Nasceu em Espoo, Finlândia, 1965. Vive e trabalha em Fagervik, Finlândia
Pierre Huyghe
Nasceu em Antony, França, 1962. Vive e trabalha em Santiago, Chile e Nova York, EUA
Pilar Quinteros
Nasceu em Santiago, Chile, 1988. Vive e trabalha em Santiago, Chile
Pope.L
Nasceu em Newark, Nova Jersey, EUA, 1955. Vive e trabalha em Chicago, Illinois, EUA
Priscila Fernandes
Nasceu em Coimbra, Portugal, 1981. Vive e trabalha em Roterdã, Holanda
Rachel Rose
Nasceu em Nova York, EUA, 1986. Vive e trabalha em Nova York, EUA
Rayyane Tabet
Nasceu em Ashqout, Líbano, 1983. Vive e trabalha em Beirute, Líbano
Rikke Luther
Nasceu em Aalborg, Dinamarca, 1970. Vive e trabalha em Copenhague, Dinamarca e Berlim, Alemanha
Rita Ponce de León
Nasceu em Lima, Peru, 1982. Vive e trabalha na Cidade do México, México
Rosa Barba
Nasceu em Agrigento, Itália, 1972. Vive e trabalha em Berlim, Alemanha
Ruth Ewan
Nasceu em Aberdeen, Reino Unido, 1980. Vive e trabalha em Glasgow, Reino Unido
Sandra Kranich
Nasceu em Ludwigsburg, Alemanha, 1971. Vive e trabalha em Frankfurt, Alemanha
Sonia Andrade
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1935. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil
Susan Jacobs
Nasceu em Sidney, Austrália, 1977. Vive e trabalha em Melbourne, Austrália e Londres, Reino Unido
Till Mycha (Helen Stuhr-Rommereim e Silvia Mollicchi)
Nasceu em Lawrence, Kentucky, EUA, 1986. Vive e trabalha em Filadélfia, Pensilvânia, EUA
Nasceu em Sansepolcro, Itália, 1983. Vive e trabalha em St-Erme, França e Londres, Reino Unido
Tracey Rose
Nasceu em Durban, África do Sul, 1974. Vive em Joanesburgo, África do Sul
Ursula Biemann e Paulo Tavares
Nasceu em Zurique, Suíça, 1955. Vive e trabalha em Zurique, Suíça
Nasceu em Campinas, São Paulo, Brasil, 1980. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil e Quito, Equador
Víctor Grippo
Nasceu em Junín, Argentina, 1936 - Buenos Aires, Argentina, 2002
Vídeo nas Aldeias
Criado em 1986. Baseado em Olinda, Pernambuco, Brasil
Vivian Caccuri
Nasceu em São Paulo, Brasil, 1986. Vive trabalha no Rio de Janeiro, Brasil
Wilma Martins
Nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1934. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil
Wlademir Dias-Pino
Nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, 1927. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil
Xabier Salaberria
Nasceu em Donostia-San Sebastián, Espanha, 1969. Vive e trabalha em Donostia-San Sebastián e Barcelona, Espanha