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Como atiçar a brasa

 


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outubro 27, 2015

10ª Bienal do Mercosul será aberta com mais de 600 obras de artistas de 20 países por Francisco Dalcol, Zero Hora

10ª Bienal do Mercosul será aberta com mais de 600 obras de artistas de 20 países

Matéria de Francisco Dalcol originalmente publicada no jornal Zero Hora em 23 de outubro de 2015.

Com foco na arte da América Latina, edição que será inaugurada nesta sexta-feira (23/10) apresenta oito exposições em Porto Alegre. Em entrevista, o curador-chefe Gaudêncio Fidelis comenta o projeto curatorial e as dificuldades diante da crise

Há um clima de tropicalismo na 10ª Bienal do Mercosul, que começa hoje. Não só por a emblemática Tropicália, de Hélio Oiticica, ser um dos destaques, mas também pelo foco: apresentar a arte da América Latina afastando-se das leituras que esta produção tem recebido com o interesse despertado pelos grandes centros da Europa e dos EUA nas últimas décadas. Assim, a 10ª edição chega com certa postura política, buscando levar ao público a arte dos países das Américas do Sul e Central a partir de uma visão própria, vinda de dentro dos trópicos.

Guia: veja onde são os locais de exposições e o que você não pode perder

É também uma Bienal um tanto tropicalista pela reunião sem distinções de obras díspares no espaço e no tempo, nos processos e nas linguagens. As oito exposições percorrem capítulos da história da arte desde o barroco do século 18 até o presente, repassando aí neste intervalo gerações de artistas modernistas, concretistas, cinéticos, pop, conceituais... E também contemporâneos. Ao contrário do que é comum em Bienais, a do Mercosul não faz suas apostas no que está sendo feito agora de mais recente em arte.

Com mais de 600 obras, assinadas por mais de 200 artistas de 20 países, esta edição traz um forte caráter histórico, por isto museológico.

– É uma Bienal conceitualmente ambiciosa – afirma o curador-chefe, Gaudêncio Fidelis. – Buscamos articular um considerável volume de obras dentro de uma plataforma transnacional de maneira que façam sentido para o visitante não especializado. Preparamos exposições que proporcionem uma experiência única no espaço e no tempo. Mas não queremos transportar o público através de um "túnel do tempo", e sim trazer as obras históricas para o presente de maneira que o visitante possa descobrir nelas questões para sua experiência por meio da arte.

A tropicalidade da Bienal também encontra ressonância no mantra de Hélio Oiticica: "Da adversidade vivemos!". Por adversidade entenda-se a série de dificuldades que esta edição tem tentado superar.

Ao longo do último ano, com a recessão econômica e a alta do dólar, houve corte de orçamento (de R$ 13 milhões para R$ 7,5 milhões) e dificuldade de custear o transporte de obras de outros países. Por fim, a adversidade gerada por uma crise interna que culminou, na semana passada, no desligamento de três curadores e em protestos de artistas selecionados que não foram incluídos nas mostras por falta de recursos para o traslado de suas obras. Situações adversas que levaram a Bienal a buscar alternativas, como a decisão de encontrar, em acervos e coleções localizados no Brasil, obras estrangeiras que antes seriam trazidas de outros países.

– É um projeto complexo – diz Fidelis. – O volume de empréstimos é enorme, estamos exibindo obras de mais de 200 coleções. Esta é a segunda maior Bienal do Mercosul depois da primeira em termos de obras. Isso impõe um esforço extraordinário de logística e também para a obtenção desses empréstimos, para os quais foi realizada uma intensa negociação.

ENTREVISTA: Gaudêncio Fidelis, curador-chefe da 10ª Bienal do Mercosul

Qual é a cara com que chega ao público esta 10ª Bienal do Mercosul? Qual é a aposta? O que se busca propor? E o que se pode esperar que marcará esta edição?

A 10 Bienal do Mercosul – Mensagens de uma Nova América é uma exposição conceitualmente ambiciosa porque busca articular um considerável volume de obras dentro de uma plataforma transnacional de maneira que façam sentido e sejam legíveis para o visitante não especializado e, ao mesmo tempo, por possuir um grupo numeroso de obras muito importantes para a produção artística mundial. Ela também é uma exposição para especialistas e todos os públicos localizados dentro deste arco. Preparamos uma exposição que proporcione ao visitante uma experiência única no espaço e através do tempo. Esta é essencialmente uma exposição de arte contemporânea, embora possua obras históricas. Mas não queremos transportar o visitante através de um "túnel do tempo", mas trazer estas obras para o presente de maneira que o visitante possa descobrir nelas questões que sejam importantes para sua experiência através da arte. Trata-se de uma exposição que é uma oportunidade única de trazer a Porto Alegre obras que provavelmente jamais serão expostas aqui novamente, ou que de outra forma dificilmente se encontraram lado a lado em uma exposição, como o Tiradentes Supliciado (1893), do brasileiro Pedro Américo e O Desmembrado (1947), do mexicano José Clemente Orozco.

Como foi realizar a produção desta edição no atual contexto de crise e recessão econômica? De que modo esse cenário impactou? Quais foram as decisões difíceis a serem tomadas diante das dificuldades de recursos e de logística?

Esta é uma exposição extremamente complexa em termos da estrutura de localização das obras na exposição e, por consequência, de logística. O volume de empréstimos é enorme e estamos exibindo obras de mais de 200 emprestadores e, em alguns casos, de diversas obras do mesmo emprestador. Estamos também apresentando obras de 20 países e um volume de trabalhos consideravelmente grande. Esta é a segunda maior Bienal do Mercosul, depois da primeira, em termos de obras. Isso impõe, logicamente, um esforço de extraordinário de logística e também para a obtenção destes empréstimos, para os quais foi realizada uma intensa negociação. A crise econômica que estamos vivendo, e que pode ser considerada sem precedentes nestes últimos 20 anos, impactou imensamente a realização da exposição impondo enormes desafios. Mas nem por isso deixamos de realizar uma exposição que é extraordinária. Qualquer exposição possuiu decisões difíceis a serem tomadas e nesta não foi diferente. Por exemplo: não realizar a retrospectiva da Bienal de Coltejer que foi produzida e pensada por nós e estava com os empréstimos confirmados e preparada para viajar. É uma perda, mas não impacta o projeto curatorial diretamente pois ela seria uma exposição autônoma.

Quais trabalhos/artistas foram considerados indispensáveis como pilares para garantir a manutenção do projeto curatorial – e que o grupo curatorial se empenhou para conseguir manter e apresentar?

Há um número muito grande de obras que formam a estrutura da exposição. Em cada uma das exposições temos pelo menos 10 trabalhos que são estruturantes. Mas nada nesta Bienal deixa de ser importante e cada obra desenvolve um papel fundamental. Como assinalei diversas vezes, esta é uma Bienal constituída a partir de obras. A curadoria pensou e refletiu sobre cada uma delas e como elas seriam contextualizadas na exposição, de que forma e com quais outros trabalhos se relacionariam. Trata-se de um intrincado processo de reflexão e constituição estrutural que tomou um enorme tempo da curadoria para ser realizado.

Há ineditismos e exclusividades em relação a alguns artistas e trabalhos que poderemos ver em Porto Alegre?

Existem muitos, como obras de Analívia Cordeiro, a obra Calúnia, de Oswaldo Maciá, Um Logo para a América, de Alfredo Jaar, Eu Vi o Mundo... Ele Começa no Recife, de Cícero Dias, a Tropicália, de Hélio Oiticica, montada em sua versão integral um grupo de parangolés nunca antes expostos, as pinturas de Manoel Lezama do México, a pintura A Fundação da Cidade do México, de Jose Maria Jara, a Virgem-Cerro vinda do Museu Nacional de Artes Visuais de La Paz na Bolívia, Soy loco por ti..., de Antonio Manoel, O Impossível, de Maria Martins, e inúmeras outras.

"Bienal do Mercosul terá obras de 20 países", garante curador-chefe, Gaudêncio Fidelis

Há projetos comissionados aos artistas?

Não temos obras comissionadas estrito senso, mas obras que já foram produzidas pelos artistas em algum momento, ainda que recentemente em 2015 como a Ponte, de Santiago Rose, ou Geometria Social, de Ximena Garrido-Lecca. Temos apenas três obras que poderíamos considerar ser comissionadas e foram realizadas para ampliar determinadas questões que o artista estava desenvolvendo e que não tínhamos como contemplar através de empréstimos. Mesmo porque o interesse não seja propor "temas" e assuntos para os artistas trabalharem, mas mostrar que eles já haviam se adiantado a determinadas questões que a Bienal aborda ao produzirem suas obras a priori. Abandonamos este modelo de obras comissionadas do qual as Bienais se valem todo tempo, mas que não me parecem ter muito a acrescentar a uma exposição a esta altura.

Já há alguns anos, muito se problematiza sobre o formato de bienais e de grandes exposições, com discussões sobre o papel desses eventos nas cidades onde se realizam, tanto para o meio artístico quanto para o público. Na sua visão, qual é o papel, na atualidade, desta Bienal do Mercosul que chega a sua décima e celebratória edição, em um contexto bem diverso daquele em que a mostra foi criada e diante de sua própria trajetória desde 1997?

A discussão sobre o papel das Bienais continua na medida que as Bienais não vêm mais oferecendo modelos curatoriais renovadores de realização. Não se trata de uma crise do "modelo Bienal", mas dos modelos utilizados em Bienais. Por isso estamos mudando o modelo para esta Bienal. Por ter convicção que uma Bienal deve ser, antes de tudo, uma exposição com grande densidade artística e que ao mesmo tempo seja crítica do contexto de exposições onde se situa. O contexto desta Bienal é o mais próximo historicamente da primeira Bienal do Mercosul, curada por Frederico Morais, que a meu ver estabelece a vocação da Bienal do Mercosul de ser uma plataforma transnacional para a arte da América Latina. A Bienal abandonou esta vocação progressivamente a partir da sua 6ª edição. Nós a resgatamos de maneira categórica e acreditamos que era tempo de um retorno às origens para mostrar o impacto e contribuição da arte destes países a arte mundial. Depois do longo processo de visibilidade que a produção da América Latina passou nos últimos anos, já era hora de refletir sobre esta produção e o tempo chegou com esta 10ª Bienal.

Comenta-se que esta 10ª edição seria a última Bienal do Mercosul? O que a comunidade pode ter como expectativa em relação a esse comentário, que parte de diversas fontes, mas que a Fundação Bienal do Mercosul não confirmou em outra ocasião ainda neste ano?

Esta é uma questão que deve ser respondida pelos dirigentes da Bienal. Para mim, é fofoca apenas.

Posted by Patricia Canetti at 5:30 PM

Tréplica: Mostra 'espetacular' reflete a linguagem da cultura brasileira por Marcello Dantas, Folha de S. Paulo

Mostra 'espetacular' reflete a linguagem da cultura brasileira

Tréplica de Marcello Dantas originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 26 de outubro de 2015.

Leia também:
Patricia Piccinini exibe obras realistas com discurso imbecil por Fabio Cypriano
Réplica: Crítico perdeu a chance de ver onde reside a obra de Piccinini por Marcello Dantas
Tréplica: Avaliação não é pessoal, mas discute se catraca é critério de qualidade por Fabio Cypriano

Desrespeitar o público é deixar de ouvir a sua vontade. Existem poucas instituições tão plurais como o CCBB, com uma programação democrática e representativa do amplo espectro de interesses da sociedade. O CCBB pode e faz, ao mesmo tempo, exposições como as de Kandinsky, Patricia Piccinini, "Castelo Rá-Tim-Bum" e Iberê Camargo.

É essa pluralidade que define sua importância no cenário cultural brasileiro. E criar público é permitir que alguém que se aproximou da arte por algo com o qual se identificou desperte os sentidos para novas experiências estéticas. Além de um modo excelente de se criar pontes, essa é uma estratégia posta em prática por qualquer espaço cultural de relevância do mundo.

A catraca é, sim, importante critério de avaliação do uso do recurso público, inclusive um dos critérios do Ministério da Cultura. Se no dia da abertura milhares compareceram, é porque há na mostra algo que importa a esses contribuintes e o investimento do recurso público foi, portanto, melhor justificado.

Mais: se são obras de uma artista reconhecida com o maior prêmio das artes visuais de seu país (caso da australiana Piccinini), ajudando a estabelecer uma ponte com um território com o qual o Brasil tem pouco intercâmbio cultural, tanto maior a justificativa. Se além disso o evento tem um excelente projeto pedagógico, que consegue extrair conceitos multidisciplinares de uma exposição de artes visuais para falar de genética, mecânica, história da arte e da ciência, mais justificável ainda o uso desse recurso.

O melhor critério que utilizamos para avaliar o real impacto do nosso trabalho sobre o público é mensurar sua capacidade de reter memória sobre exposições do passado.

Quando fiz a mostra de Tino Sehgal, depois convidamos o público para descrever aquela experiência supersubjetiva em diários narrativos e individuais. Tudo foi documentado. Em "Invento", que acabei de realizar na Oca, as sessões de psicanálise propostas por Pedro Reyes deixaram um registro primoroso da densidade humana do que estamos alcançando, para além da catraca livre e gratuita de todos os projetos que realizo.

Acho que Fabio Cypriano se incomoda com a escala das mostras que faço. Sim, gosto de fazer coisas grandes, "espetaculares" como ele diz, porque o abismo neste país continental é enorme e a linguagem da cultura brasileira é em parte a do espetáculo. De Zé Celso a Suassuna, o Brasil adora o grandioso. E uma das nossas qualidades são as pessoas que prezam pela tolerância e respeitam a diferença de pontos de vista.

Posted by Patricia Canetti at 5:13 PM

Tréplica: Avaliação não é pessoal, mas discute se catraca é critério de qualidade por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Avaliação não é pessoal, mas discute se catraca é critério de qualidade

Tréplica de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 26 de outubro de 2015.

Em sua réplica [Ilustrada, 22.out, pág. C6] à crítica Patricia Piccinini exibe obras realistas com discurso imbecil [18.out, pág. C8], Marcello Dantas, seu organizador, conclui seu raciocínio dando a impressão de que existe um fundo de ordem pessoal em meu texto: "sei que você não gosta de mim", escreveu.

Não é verdade. Não há nenhuma história pregressa que justifique sua afirmação. Entrevistei Dantas alguma vezes, todas de forma cordial. Contudo, essa é uma justificativa confortável para dar a impressão de que a bola preta dada à exposição em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil foi dada por alguma rixa anterior, desmerecendo assim sua crítica. A pessoa física Marcello Dantas não me interessa, apenas suas ações com caráter público.

Tampouco, em um texto crítico, é preciso, como ele sugere, "ouvir o que os autores, artistas e curadores têm a dizer". Isso se faz em reportagem, como no texto citado por ele, que escrevi há 12 anos, quando Piccinini participou de uma exposição no Paço das Artes. Dantas o aponta como elogioso. Outra inverdade. É apenas uma entrevista, sem adjetivos e com muitas declarações da artista, sem haver qualquer julgamento de sua obra.

Contudo, o que Dantas de fato tenta minimizar, e isso é o cerne de minha crítica, é a maneira como organiza suas mostras, no que ele chama de "construção de público".

É difícil mensurar até que ponto suas mostras sensacionalistas e espetaculares de fato contribuem para formar público, quando o critério de qualidade é a catraca. Trata-se de uma prática do circo, incorporada ao cinema e que hoje também faz parte das artes visuais: quanto mais bizarro, chamativo e populista, mais público. A tarefa do crítico é apontar exatamente contradições como essa.

A outra faceta dessa estratégia é o que ele chama de "simplificar códigos cifrados", e que apontei de forma explicita em meu primeiro texto como algo que ao contrário de facilitar a relação do público com a arte, torna essa relação tão banalizada que ela vira puro entretenimento.

O problema aí é quando isso é feito com verbas públicas, como ocorre com o CCBB. Segundo o site do Ministério da Cultura, a produtora de Dantas teve aprovados, via Lei Rouanet, nada menos que R$ 2,5 milhões para a mostra de Piccinini, o equivalente ao orçamento de um ano inteiro de um museu como o Lasar Segall, incluindo manutenção e programa expositivo.

Claramente, portanto, minha crítica não parte de uma questão pessoal, mas aborda políticas públicas e a necessidade de instituições como o CCBB refletirem se o critério é catraca ou qualidade.

Posted by Patricia Canetti at 5:05 PM

Seres criados por Patricia Piccinini questionam manipulação genética por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Seres criados por Patricia Piccinini questionam manipulação genética

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 6 de novembro de 2003.

Quando Dr. Frankenstein criou seu monstro, de acordo com o romance escrito por Mary Shelley, em 1816, sua reação foi rejeitar o "novo filho". Era impossível para o médico relacionar-se com um ser artificial, gerado apenas pelo uso da tecnologia.

Quase 200 anos depois, quando a engenharia genética já deu mostras que o sonho de Frankenstein não está tão longe, a artista plástica Patricia Piccinini recoloca o drama do monstro: pode-se amar tais criaturas?

Para tanto, Piccinini cria seres híbridos em esculturas hiper-realistas expostas em situações familiares e banais, impossíveis de deixar o público passível. Foi assim na Bienal de Veneza, encerrada no último fim de semana, onde a artista ocupou o pavilhão australiano com uma série de obras que lidavam com essas idéias e tinha filas permanentes na abertura da mostra.

Coração

"Plasmid Region", o vídeo que constava da mostra na Itália, pode agora ser visto em São Paulo, pois faz parte da exposição Metacorpos, inaugurada na última segunda, no Paço das Artes, na Universidade de São Paulo, ao lado de trabalhos de Nan Goldin, Cindy Sherman e Alair Gomes.

"Esse vídeo representava o coração de minha exposição na Bienal de Veneza, pois era o único elemento que se movia e tinha som. Ele é uma metáfora sobre a biotecnologia, que é capaz de criar seres em linha industrial", disse Piccinini à Folha, durante a montagem de sua obra no Paço, na semana passada.

Em "Plasmid Region", estranhos corpos multiplicam-se de forma lenta e ao som de uma composição lírica.

"Poderia ter alterado completamente a percepção da obra se tivesse colocado uma música com mais tensão, aí viraria um filme de horror", afirma a artista, que pretendia também trazer as bizarras esculturas para São Paulo, mas "a falta de patrocínio" inviabilizou sua iniciativa.

"Família"

Piccinini nasceu em Freetown (Serra Leoa), filha de italianos, e há 30 anos vive na Austrália, o que a torna, aos 38 anos, um dos destaques de sua geração na terra dos cangurus.

Além de ter representado o país em Veneza, Piccinini participa agora da Bienal de Havana, aberta na última semana em Cuba, e toma parte de uma mostra de artistas australianos em Berlim, na mais importante casa de arte contemporânea da cidade, a Hamburger Banhof.

"Em minhas obras não me interessa a humanidade das criaturas que realizo, tampouco busco realizar um julgamento moral sobre os transgênicos. O que me interessa é debater qual a nossa responsabilidade sobre eles. Estamos prontos para admiti-los como parte de nossa família?", questiona Piccinini.

O nome da exposição na Itália era justamente "We Are Family" (Somos Família).

Para comprovar que seus seres não estão tão distantes da realidade, Piccinini fez uma montagem fotográfica na qual dispõe o famoso rato com uma orelha humana no ombro de uma linda modelo, com contornos perfeitos criados digitalmente, recurso usado por muitas revistas atualmente.

"Meu trabalho é sobre o mundo em que vivemos. Quando vi o rato, em 1997, achei que tinha que dar uma resposta. Já lidamos com o artificial em nossos próprios corpos e foi isso que busquei apontar ao contrapor as duas imagens."

A inspiração para suas obras vem declaradamente da leitura da obra-prima de Shelley. "Li o livro há dez anos e nunca entendi porque Dr. Frankenstein nunca amou o mostro, sequer deu um nome a ele", diz Piccinini.

A artista também compara o presente com o período em que Mary Shelley escreveu o livro: "Creio que vivemos em momentos muito parecidos. No início do século 19, havia todo um deslumbramento com a tecnologia, a partir do início dos processos industriais e da invenção da eletricidade, muito parecido com o que existe hoje em dia, em relação ao universo digital".

Zoológico

A família da foto no alto desta página foi pensada, segundo a artista, como seres transgênicos que forneceriam órgãos para humanos. "Mas, ao contrário do monstro de Frankenstein, é uma criatura que deu certo, pois procriou", afirma Piccinini.

A idéia de seres que convivam bem com o ambiente é também importante para a artista. Em 2000, ela chegou a colocar uma de suas esculturas ao lado de "wombats", um tipo de canguru gordo, no zoológico de Melbourne. As obras simulavam respirar, mas especialistas contaram à artista que tais seres jamais poderiam sobreviver, pois tinham dimensões que não se adaptariam ao ambiente. "Fiquei muito frustrada ao falhar em minha primeira criatura, adoro tentar criar seres que poderiam sobreviver", explica Piccinini.

Em "Metacorpos", a obra da artista assume justamente a função de apontar para onde pode caminhar a manipulação genética. A questão é se estamos preparados para viver com seres como os das fotos.

METACORPOS
Curadoria: Daniela Bousso
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, USP, tel. 0/xx/11/3814-4832)
Quando: de ter. a sex., das 11h30 às 18h30; sáb. e dom., das 12h30 às 17h30. Até 3/12.
Quanto: R$ 1 (sugestão)

Posted by Patricia Canetti at 4:49 PM

Réplica: Crítico perdeu a chance de ver onde reside a obra de Piccinini por Marcello Dantas, Folha de S. Paulo

Crítico perdeu a chance de ver onde reside a obra de Piccinini

Réplica de Marcello Dantas originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 22 de outubro de 2015.

Surpresa não é a palavra com que recebi a crítica de Fabio Cypriano sobre a exposição ComCiência. [Patricia Piccinini exibe obras realistas com discurso imbecil, Ilustrada, 18.out, pág. C8].

Em 2014, o jornalista escreveu uma crítica similar em relação à mostra "Ciclo", também curada por mim e outro sucesso de público no Centro Cultural Banco do Brasil.

Em ambos os casos, me surpreende o desinteresse em ouvir o que os autores, artistas e curadores têm a dizer, não deixando brecha para o adensamento de uma discussão tão atual quanto essa de construção de público no contexto brasileiro.

Minha prática como curador já soma 25 anos e mais de 200 exposições pelo mundo afora.

O Brasil pôde conhecer a obra de artistas como Anish Kapoor, Laurie Anderson e Brian Eno, dos tantos que confiaram a mim a tradução de seu trabalho para o público. Além disso, sou responsável pela direção artística de 11 museus de sucesso, como o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Caribe (Colômbia).

Tenho consciência de que minha prática multidisciplinar não se encaixa nos discursos tradicionais da crítica, contudo o jornalista demonstra desconhecer o cerne da minha ação cultural, que é exatamente o que parece lhe gerar a maior desconfiança: a construção de público, a criação de novas narrativas e a extensão de uma ponte generosa entre a arte contemporânea e os brasileiros que não tiveram oportunidade de se aproximar desse circuito.

Faço questão de simplificar códigos cifrados para criar uma porta convidativa ao grande público. Isso com o aval dos artistas e usando suas próprias palavras, adequadas à linguagem do público jovem, que é o meu foco.

Essa é uma das razões da receptividade das exposições e museus feitos por mim: as pessoas se sentem parte daquilo. Encher museus é um mérito em qualquer lugar do mundo. Os museus e centros culturais brasileiros despontaram na percepção mundial e em números de visitação porque ousaram criar linguagens mais inclusivas.

Curioso ver como o jornalista muda de opinião: em 2003, escreveu artigo na Folha em que exalta a obra e a capacidade de Piccinini de gerar interesse no grande público. O que claramente era valor para o autor antes por alguma razão se apresenta agora como defeito. Por que será?

O crítico perdeu a oportunidade de observar onde reside de fato a obra de Patricia: na transformação do público.

É vendo que lhe desagradei que confirmo a certeza do que estou fazendo. Não se cria o novo sem ultrajar alguns feudos antigos. Enquanto ele usa termos rasos e desatentos, eu abraço o público legitimamente ansioso por vivenciar arte sem os preconceitos na cabeça. Sei que você não gosta de mim, mas seus alunos gostam.

Posted by Patricia Canetti at 4:40 PM

Crítica: Patricia Piccinini exibe obras realistas com discurso imbecil por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Patricia Piccinini exibe obras realistas com discurso imbecil

Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 18 de outubro de 2015.

Personagens bizarros e meigos pululam na cultura popular há tempos: o alienígena de grandes olhos criado por Steven Spielberg para "E.T - O Extraterrestre", em 1982, ou o jedi Yoda, da série "Guerra nas Estrelas", de George Lucas, são alguns dos mais famosos seres dessa galeria de figuras estranhas.

Leia também:
Réplica: Crítico perdeu a chance de ver onde reside a obra de Piccinini por Marcello Dantas
Tréplica: Avaliação não é pessoal, mas discute se catraca é critério de qualidade por Fabio Cypriano
Tréplica: Mostra 'espetacular' reflete a linguagem da cultura brasileira por Marcello Dantas

O mundo das artes plásticas também se ocupa dessa vertente e a australiana Patricia Piccinini é sua mais reconhecida representante.

Desde 2003, quando ocupou o pavilhão da Austrália na Bienal de Veneza, ela alcançou esse posto com certa facilidade. Isso porque, ao contrário do cinema hollywoodiano, que busca agradar a qualquer preço, na arte contemporânea busca-se um efeito um tanto contrário.

As esculturas tão realistas de Ron Mueck, por exemplo, provocam estranhamento por alterar radicalmente as dimensões humanas.

Contudo, o caso mais radical do universo bizarro pertence aos irmãos Jake and Dinos Chapman, com seus personagens em situações de extrema violência.

FOFURA

ComCiência, a individual de Piccinini em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, apela para o lado mais fofo das obras da artista e acaba infantilizando todo o público com um discurso raso e superficial.

"Quem é esta figura que se equilibra em uma cabra? De longe, ela se assemelha a um garoto forte, talvez até um atleta olímpico. Mas há algo incomum em seu corpo: ele não é 100% humano. Difícil definir de onde ele veio, talvez do mar, já que seu pé lembra a cauda de um golfinho."

Esse texto de parede se refere à obra "A força de um braço"(2009). A mostra, organizada por Marcelo Dantas, segue por este trajeto, tratando o visitante com um discurso imbecil, afinal.

Se, em si, as esculturas de Piccinini já simplificam uma questão complexa como as mutações genéticas, os textos são extensões radicais desse ponto de vista.

Trata-se, obviamente, de uma estratégia populista, que visa encher o CCBB de público. Não há algo errado com o desejo de lotar de pessoas, ao contrário. Mas é imprescindível que esse público seja tratado com mais respeito.

Apelar para uma estratégia de marketing fácil nas exposições reduz o significado da obra. Infelizmente isso tem sido uma prática cada vez mais comum e, por este motivo, merece ser revista. E com urgência.

COMCIÊNCIA - PATRICIA PICCININI
ONDE: CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL, R. ÁLVARES PENTEADO, 112, TEL. (11) 3113-3651
QUANDO: QUA. A SEG., DAS 9H ÀS 21H, ATÉ 4/1/2016
QUANTO: GRÁTIS (VISITANTES PODEM ANTECIPAR A AQUISIÇÃO DO INGRESSO POR MEIO DO SITE E DO APLICATIVO DO INGRESSORAPIDO.COM.BR)

Posted by Patricia Canetti at 4:28 PM

outubro 21, 2015

Videobrasil abre galpão com obras etnológicas por Antonio Gonçalves Filho, Estado de S.Paulo

Videobrasil abre galpão com obras etnológicas

Matéria de Antonio Gonçalves Filho originalmente publicada no jornal Estado de S.Paulo em 9 de outubro de 2015.

A 19ª edição do festival mostra pela primeira vez peças comissionadas

Inaugurado ontem, o galpão do festival Videobrasil, localizado na Vila Leopoldina, exibe projetos de quatro jovens artistas selecionados por edital como parte da sua 19.ª edição, que tem na mostra principal, Panoramas do Sul, instalada no Sesc Pompeia, 53 artistas de 22 países, entre eles o romeno Mihai Grecu, o libanês Roy Dib e a brasileira Vera Chaves Barcellos. Além das duas mostras, o Paço das Artes foi incluído no circuito. Na exposição paralela lá montada, Quem Nasce Para Aventura Não Toma Outro Rumo, o Videobrasil mostra obras de seu acervo, que, segundo a criadora e diretora do festival, Solange Farkas, conta com 8 mil obras.

Na mostra do Galpão, que reúne os projetos comissionados pela primeira vez pelo Videobrasil, o enfoque dos quatro vídeos é etnológico. O brasileiro Cristiano Lenhardt examina em seu filme (Superquadra-saci) o encontro de povos indígenas com o cenário urbano. O colombiano Carlos Monroy relaciona em sua obra o fenômeno da lambada nos anos 1980 com a imigração boliviana no Brasil. Já a artista do Quênia Keli-Safia Maksud preferiu recorrer a outro suporte para discutir o processo de “branqueamento” da cultura africana. Em sua instalação Mitumba, tecidos supostamente africanos (na verdade, produzidos na Holanda) são lavados com sabão, que, na época colonial, representava a superioridade do colonizador inglês, branco. Em tempo: “mitumba” é como os quenianos chamam as roupas de segunda mão que os países ricos enviam para os africanos. Finalmente, a artista chinesa Ting-Ting Cheng mostra uma biblioteca de 500 livros sobre países que não existem.

Este ano, a diretora Solange Farkas trabalhou com quatro curadores convidados, três brasileiros e um português, que selecionaram vídeos e obras contemporâneas com foco nas culturas do Sul geopolítico. Entre os vídeos da mostra principal, no Sesc Pompeia, chama a atenção o do romeno Mihaiu Grecu. Seu vídeo O Reflexo do Poder (2014) relaciona o colapso da ideologia comunista (representada pela Coreia do Norte) com a submersão da capital Pyongyang que, mesmo sob as águas, se recusa a admitir a catástrofe, festejando o líder.

Outro vídeo vigoroso é o da jovem realizadora russa Maria Kramar, ABC do Linchamento, que denuncia a ação de grupos neofascistas na Rússia, que perseguem homossexuais nas redes sociais e promovem uma caça perversa ao diferente. “Há uma equalização no nível dos vídeos e é bom constatar que nossa aposta nesse suporte há 30 anos foi, de fato, acertada”, analisa Solange Farkas.

O Videobrasil promoveu realizadores experimentais cujas obras podem ser vistas na mostra do Paço das Artes, entre eles Geraldo Anhaia Mello, Carlos Nader e Cao Guimarães. Já no Sesc Pompeia, além da mostra principal, o festival convidou quatro artistas para refletir sobre colonialismo e identidade: o africano Abdoulaye Konaté, do Mali, o português Gabriel Abrantes, e os brasileiros Rodrigo Matheus e Sônia Gomes, que está na Bienal de Veneza.

19º SESC VIDEOBRASIL

Sesc Pompeia. Rua Clélia, 93. Paço das Artes. Cidade Universitária. Galpão Videobrasil. Av. Imperatriz Leopoldina, 1.150. Até 6/12.

Posted by Patricia Canetti at 9:18 AM

Galpão VB: São Paulo ganha espaço dedicado à videoarte por Alessandro Giannini, O Globo

Galpão VB: São Paulo ganha espaço dedicado à videoarte

Matéria de Alessandro Giannini originalmente publicada no jornal O Globo em 8 de outubro de 2015.

Fora do grande circuito cultural da cidade, sede é inaugurada na Vila Leopoldina

Trinta e dois anos após abrir o 1º Festival de Vídeo Brasil, no Museu da Imagem do Som, em São Paulo, Solange Farkas, enfim, realizará o sonho de inaugurar uma sede permanente. O Galpão VB abrigará exposições e a reserva técnica da Associação Cultural Videobrasil, na Vila Leopoldina, Zona Oeste da capital paulista.

O endereço, numa região fora do circuito cultural mais badalado da cidade, já abrigou a Elétrica, empresa de equipamentos cinematográficos da família Farkas.

— Estamos com esse plano há mais de 20 anos e devíamos isso à cidade. Quero que as pessoas convivam com a arte, quero que esse lugar seja habitado — diz Solange.

A inauguração oficial será hoje, às 19h, com a abertura da exposição Projetos Comissionados, que reúne quatro instalações selecionadas a partir de 446 propostas provenientes de 71 países. Nas obras, Carlos Monroy (Colômbia), Cristiano Lenhardt (Brasil), Keli-Safia Maksud (Quênia) e Ting-Ting Cheng (Taiwan) levantam temas socioeconômicos e culturais de suas regiões. Cada artista recebeu R$ 30 mil para desenvolver suas ideias.

Monroy, por exemplo, participa com “Llorando se foi. O museu da lambada. In memoriam de Francisco ‘Chico’ Oliveira”, que relaciona dois fenômenos dos anos 1980 no Brasil: a consagração da lambada e sua influência na construção de uma identidade nacional, e o crescimento da imigração boliviana em São Paulo.

Também hoje será lançado o livro Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações, que sumariza a história do festival desde a primeira edição, em 1983.

A curadora do evento não revela o investimento na reforma e adaptação do prédio, um espaço de 800m², com galeria, sala de vídeo, sala de leitura e jardim. Diz apenas que não conseguiu captar recursos pela Lei Rouanet e investiu do próprio bolso. A manutenção do local, calcula, custará cerca de R$ 2 milhões por ano.

— O contexto político e econômico me deixa preocupada — afirma Solange, que admite perder o sono com a conjuntura de vez em quando. — Quando todo mundo está retraindo, eu estou expandindo. Mas já passei por outras crises e tenho que enxergar isso como uma oportunidade.

A inauguração do Galpão VB é parte do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, que abriu ontem e seguirá até o dia 6 de dezembro também no Sesc Pompeia e no Paço das Artes.

OUTRAS MOSTRAS DO FESTIVAL

No Sesc Pompeia, o festival promove as exposições Artistas convidados e Obras selecionadas. A primeira traz a produção de cinco artistas: os brasileiros Sônia Gomes e Rodrigo Matheus; o português Gabriel Abrantes; o malinês Abdoulaye Konaté e a marroquina Yto Barrada. A segunda reúne obras de 53 artistas de 28 países, entre vídeos, instalações, performances, fotografias, obras sonoras e esculturas.

Amanhã, no Paço das Artes, será lançada a exposição paralela Quem nasce pra aventura não toma outro rumo, composta de 16 obras de 7 países, realizadas e apresentadas no festival desde o seu início, em 1983, até 2012.

Posted by Patricia Canetti at 9:08 AM

10ª Bienal do Mercosul divulga nova lista de artistas e exposições por Francisco Dalcol, Zero Hora

10ª Bienal do Mercosul divulga nova lista de artistas e exposições

Matéria de Francisco Dalcol originalmente publicada no jornal Zero Hora em 20 de outubro de 2015.

Elenco de convidados e locais das mostras passaram por readequações em função das dificuldades operacionais e de recursos para transportar obras de países da América Latina. A abertura é sexta-feira (23/10)

A 10ª Bienal do Mercosul divulgou as listas atualizadas das exposições e dos artistas que participam desta edição. A cerimônia oficial de abertura está marcada para esta sexta-feira (23/10), às 19h30min, no Santander Cultural.

Ambas as relações atualizam informações divulgadas anteriormente. As listas passaram por readequações em função das dificuldades operacionais e de recursos para transportar obras de países da América Latina. E também chegam na sequência de uma crise interna que ganhou repercussão após três curadores pedirem desligamento.

Com o título "Mensagens de Uma Nova América", esta edição da Bienal do Mercosul dá foco na arte dos países da América Latina. Segundo dados da organização da mostra, serão apresentadas 646 obras de 263 artistas de 20 países: Brasil, Chile, Paraguai, Cuba, México, Uruguai, Argentina, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Guatemala, Peru, Costa Rica, Panamá, Nicarágua, El Salvador, Porto Rico, Jamaica e Honduras.

De 23 de outubro a 6 de dezembro, estão previstas exposições distribuídas por Usina do Gasômetro, Margs, Santander Cultural, Instituto Ling, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e Memorial do Rio Grande do Sul.

A mostra do Santander será aberta na sexta-feira, junto à abertura. Os demais espaços poderão ser visitados pelo público a partir de sábado, gratuitamente.

Com recursos captados por leis de incentivo federal, estadual e patrocínio direto, a 10ª Bienal do Mercosul deve ter orçamento final de R$ 7,5 milhões. Esse valor foi atualizado: a previsão inicial era de R$ 12,5 milhões, depois reduzida para R$ 6,5 milhões.

MOSTRAS, ESPAÇOS EXPOSITIVOS E HORÁRIOS

Modernismo em Paralaxe
> Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli - MARGS (Praça da Alfândega, s/n - Centro, Porto Alegre). Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h.

Biografia da Vida Urbana
> Memorial do Rio Grande do Sul (Praça da Alfândega, s/n - Centro, Porto Alegre). Horário: De terça a domingo, das 9h às 19h.

Antropofagia Neobarroca
> Santander Cultural (Praça da Alfândega, s/n - Centro, Porto Alegre). Horário: De terça a sábado, das 9h às 19h. Domingo, das 13h às 19h

Marginália da Forma / Olfatória: o cheiro na arte / A poeira e o mundo dos objetos / Aparatos do Corpo
> Usina do Gasômetro (Av. Pres. João Goularte, 551 - Centro, Porto Alegre). Horário: De terça a domingo, das 9h às 21h.

Plataforma Síntese
> Instituto Ling (R. João Caetano, 440 - Três Figueiras, Porto Alegre). Horário: De segunda a sexta, das 10h30 às 22h. Sábado, das 10h30 às 21h. Domingo, das 10h30 às 20h.

Programa Educativo e a obra "A Logo for América", de Alfredo Jaar
> Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (R. dos Andradas, 1223 - Centro Histórico, Porto Alegre). Horário: De terça a sexta, das 10h às 19h. Sábado, das 10h às 18h.

OS ARTISTAS

Abraham Palatnik (Natal-RN, 1928)
Adán Vallecillo (Danlí-Honduras, 1977)
Adriana Minoliti (Buenos Aires-Argentina, 1980)
Adriana Varejão (Rio de Janeiro-RJ, 1964)
Adriano Costa (São Paulo-SP, 1975)
Adrián Gaitán (Cali-Colômbia, 1983)
Albano Afonso (São Paulo-SP, 1964)
Alberto Baraya (Bogotá-Colômbia, 1968)
Alberto Bitar (Belém-PA, 1970)
Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo-RJ, 1896 - Belo Horizonte-MG, 1962)
Aleijadinho (Ouro Preto-MG,1730 - 1814)
Alexander Apóstol (Barquisimeto-Venezuela, 1969)
Alexandre Vogler (Rio de Janeiro-RJ, 1973)mi
Alfredo Jaar (Santiago-Chile, 1956)
Allora & Calzadilla (Jennifer Allora, Philadelphia-USA, 1974 e Guillermo Calzadilla, Havana-Cuba, 1971)
Almandrade (São Felipe-BA, 1953)
Almir Mavignier (Rio de Janeiro-RJ, 1925)
Amilcar de Castro (Paraisópolis-MG, 1920 - Belo Horizonte-MG, 2002)
Álvaro Barrios (Barranquilla,-Colombia, 1945)
Alvaro Seixas (Rio de Janeiro-RJ, 1982)
Amélia Toledo (São Paulo-SP, 1926)
Ana Flores (Porto Alegre-RS, 1962)
Ana Norogrando (Cachoeira do Sul-RS, 1951)
Analivia Cordeiro (São Paulo-SP, 1954)
André Petry (Porto Alegre-RS, 1958)
Andres Bedoya (La Paz-Bolívia, 1979)
Andrés Marroquín Winkelmann (Lima-Peru, 1983)
Andrés Orjuela (Bogotá-Colômbia, 1985)
Angélica Pérez Germain (California-EUA, 1972 - Islas Juan Fernández-Chile, 2010)
Antonieta Santos Feio (Belém-PA, 1897 - Santos-SP, 1980)
Antonio Caro (Bogotá-Colômbia, 1950)
Antonio Dias (Campina Grande-PB, 1944)
Antonio Manuel (Avelãs de Caminho-Portugal, 1947)
Arthur Bispo do Rosário (Japaratuba-SE, 1911 1 - Rio de Janeiro-RJ, 1989)
Ascânio MMM (Fão-Portugal, 1941)
Augusto de Campos (São Paulo-SP, 1931)
Avatar Moraes (Bagé-RS, 1933 - Rio de Janeiro-RJ, 2011)
Ayrson Heráclito (Macaúbas-BA, 1968)
Barrão (Rio de Janeiro-RJ, 1959)
Beatriz Dagnese (Nova Bassano-RS, 1954)
Beatriz Milhazes (Rio de Janeiro-RJ, 1960)
Benvenuto Chavajay (San Pedro La Laguna Atitlán, Sololá-Guatemala, 1980)
Berenice Gorini (Nova Veneza-SC, 1941)
Blanca González (Ciudad de México-México, 1981)
Brígida Baltar (Rio de Janeiro-RJ, 1959)
Britto Velho (Porto Alegre-RS, 1946)
Camila Sposati (São Paulo-SP, 1972)
Carlo Spatuzza (Asunción-Paraguay, 1966)
Carlos Asp (Porto Alegre-RS, 1949)
Carlos Castro Arias (Bogotá, Colombia, 1976)
Carlos Cruz-Diez (Caracas-Venezuela, 1923)
Carlos Zerpa (Valencia-Venezuela, 1950)
Carmelo Arden Quin (Rivera-Uruguai, 1913-2010)
César Paternosto (La Plata-Argentina, 1931)
Cícero Dias (Escada-PE,1907 - Paris-França, 2003)
Cildo Meireles (Rio de Janeiro-RJ, 1948)
Claudio Tozzi (São Paulo-SP 1944)
Daniela Seixas (Rio de Janeiro-RJ, 1984)
Daniel Lezama (Cidade do México-México, 1968)
Daniel Mallorquín (Asunción-Paraguay, 1984)
Daniel Monroy Cuevas (Guadalajara, Jalisco-México,1980)
Décio Noviello (SaÞo Gonçalo do Sapucaiì-MG, 1929)
Diana Fonseca (La Habana-Cuba, 1978)
Didonet Thomaz (Bento Gonçalves-RS, 1950)
Diego Masi (Montevidéu-Uruguai, 1965)
Diego Melero (Buenos Aires - Argentina, 1958)
Diego Rivera (Guanajuato-México,1886 - Cidade do México-México, 1957)
Ding Musa (São Paulo-SP, 1979)
Dirnei Prates (Porto Alegre-RS, 1965)
Donna Conlon (Atlanta, 1966) & Jonathan Harker (Equador, 1975)
Dudi Maia Rosa (São Paulo-SP, 1946)
Eduardo Haesbaert (Faxinal do Soturno-RS, 1968)
Eduardo Terrazas (Guadalajara-México, 1936)
Emilia Sandoval (Chihuahua-México, 1975)
Ernesto Neto (Rio de Janeiro-RJ, 1964)
Estevão da Silva (Rio de Janeiro-RJ, 1844 -1891)
Estrada (Buenos Aires-Argentina, 1942)
Federico Arnaud (Salto-Uruguai,1970)
Federico Herrero (San José-Costa Rica, 1978)
Feliciano Centurión (San Ignacio-Argetina, 1962 - Buenos Aires-Argentina, 1996)
Felipe Cohen (São Paulo-SP, 1976)
Felipe Ehrenberg (Cidade do México-México, 1943)
Felipe Rivas (Chile-Valdivia, 1982)
Fernando Corona (Santander-Espanha, 1895 - Porto Alegre-RS, 1979)
Fernando Lindote (Santana do Livramento-RS , 1960)
Ferreira Gullar (São Luís-MA, 1930)
Flávio Cerqueira (São Paulo-SP, 1983)
Flávio de Carvalho (Amparo da Barra Mansa-RJ, 1899 - Valinhos-SP, 1973)
Flávio Morsch (Porto Alegre-RS, 1963)
Francisco Goitia (Fresnillo-México, 1882 - Cidade do México-México, 1960)
Francisco Ugarte (Guadalajara-México, 1973)
Frantz (Rio Pardo-RS, 1963)
Franz Weissmann (Knittefeld-Áustria, 1911 - Rio de janeiro-RJ, 2005)
Fredi Casco (Asunción-Paraguay, 1967)
Fritzia Irízar (Culiacán-México, 1977)
Gabriel de la Mora (Colima-México, 1968)
Gabriel Fernández Ledezma (Aguascalientes, 1900 - Cidade do México, 1983)
Galeno (Parnaíba-PI, 1957)
Gastón Ugalde (La Paz-Bolívia, 1944)
Gê Orthof (Petrópolis-RJ, 1959)
Geórgia Kyriakakis (Ilhéus-BA, 1961)
Germán Cueto (Cidade do México-México, 1893-1975)
Giancarlo Scaglia (Lima-Perú,1981)
Gilda Vogt (Rio de Janeiro-RJ, 1953)
Gilvan Samico (Recife-PE, 1928 - 2013)
Gustavo Tabares (Montevidéu-Uruguai, 1968)
Hélio Oiticica (Rio de Janeiro-RJ, 1937 - 1980)
Heloisa Schneiders da Silva (Porto Alegre-RS, 1955 - 2005)
Horacio Zabala (Buenos Aires-Argentina, 1943)
Huanchaco (Trujillo-La Libertad - Peru, 1978)
Iberê Camargo (Restinga Seca-RS, 1914 - Porto Alegre-RS, 1994)
Ilsa Monteiro (Porto Alegre-RS, 1925)
Iole de Freitas (Belo Horizonte-MG, 1945)
Ione Saldanha (Alegrete-RS, 1919 - Rio de Janeiro-RJ, 2001)
Ismael Monticelli (Porto Alegre, RS, 1987)
Iván Candeo (Caracas-Venezuela, 1983)
Iván Navarro (Santiago-Chile, 1972)
Ivan Serpa (Rio de Janeiro-RJ, 1923 - 1973)
Jac Leirner (São Paulo-SP, 1961)
Jaildo Marinho (Santa Maria da Boa Vista-PE, 1970)
Javier Castro (Havana-Cuba, 1984) e Luis Gárciga (Havana-Cuba, 1971)
Jhafis Quintero (La Chorrera-Panamá, 1973)
Jesús Rafael Soto (Ciudad Bolívar-Venezuela, 1923 - Paris-França, 2005)
João Castilho (Belo Horizonte-MG, 1978)
João Fahrion (Porto Alegre-RS, 1898 - 1970)
João Modé (Resende-RJ, 1961)
João Osório Brzezinski (Castro-PR, 1941)
Joaquim do Rego Monteiro (Recife-PE,1903 - Paris-França,1934)
John Mario Ortiz (Medellín-Colômbia, 1973)
Jonas Arrabal (Cabo Frio-RJ, 1984)
Jorge Francisco Soto (Montevidéu-Uruguai, 1960)
José Carlos Martinat (Lima-Peru, 1974)
José Castrellón (Ciudad de Panamá -Panamá, 1980)
José Clemente Orozco (Ciudad Guzmán-México, 1883 - Cidade do México-México, 1949)
José Dávila (Guadalajara-México, 1974)
José Luis Falconi (Lima-Perú, 1975)
José Maria Jara (Veracruz-México, 1866 - Michoacán-México, 1939)
José Resende (São Paulo-SP, 1945)
José Ronaldo Lima (Rio Casca-MG, 1939)
Juan Burgos (Durazno-Uruguai, 1963)
Juan Manuel Echavarria (Medellín-Colômbia, 1947)
Juan Pablo Renzi (Casilda-Argentina, 1940 - Buenos Aires-Argentina, 1992)
Judith Lauand (Pontal-SP, 1922)
Julio Plaza (Madri-Espanha, 1938 - São Paulo-SP, 2003)
Juraci Dórea (Feira de Santana-BA, 1944)
Karin Lambrecht (Porto Alegre-RS, 1957)
Kimani Beckford (St. Catherine- Jamaica, 1988)
Kukuli Velarde (Cusco-Peru, 1962)
Laura Lima (Governador Valadares-MG, 1971)
Laura Miranda (Curitiba-Paraná, 1958)
Leonardo Finotti (Uberlândia-MG,1977)
Leonilson (Fortaleza-Ceará, 1957 - São Paulo-SP, 1993)
Leopoldo Plentz (Porto Alegre-RS, 1952)
Leticia Parente (Salvador-BA, 1930 - Rio de Janeiro-RJ, 1991)
Liuba (Boyadjieva, Sofia-Bulgária, 1923 - São Paulo-SP, 2005)
Lucas Simões (Catanduva-SP, 1980)
Lucio Fontana (Rosario de Santa Fé-Argentina, 1899 - Comabbio-Varese, Itália, 1968)
Luis Ernesto Arocha (Barranquilla, Colombia, 1932)
Luiz Paulo Baravelli (São Paulo-SP, 1942)
Luiz Sacilotto (Santo André-SP, 1924 - São Bernardo do Campo-SP, 2003)
Luiz Zerbini (São Paulo-SP, 1959)
Lygia Clark (Belo Horizonte-MG, 1920 - Rio de Janeiro-RJ, 1988)
Lygia Pape (Nova Friburgo-RJ, 1927 - Rio de Janeiro-RJ, 2004)
Macaparana (Macaparana-PE 1952)
Manfredo de Souzanetto (Jacinto-MG 1947)
Marcelo Armani (Carlos Barbosa-RS, 1978)
Marcelo Silveira (Gravatá-PE, 1962)
Márcia X (Rio de Janeiro-RJ, 1959 - 2005)
Márcio Sampaio (Santa Maria de Itabira-MG, 1941)
Marcos Benítez (Asunción-Paraguay, 1973)
Marçal Athayde (Pedreiras-MA, 1963)
Maria Martins (Campanha-MG, 1894 - Rio de Janeiro-RJ, 1973)
Mário Cravo Jr. (Salvador-BA 1923)
Mário Röhnelt (Pelotas-RS, 1950)
Marisol Malatesta (Lima-Peru, 1976)
Mauricio Kabistan (Managua- Nicaragua, 1980)
Melissa Barbery (Belém-PA, 1977)
Mestre Piranga (Piranga-MG, Século XVIII)
Miguel Ángel Rojas (Bogotá-Colômbia, 1946)
Miguel Rio Branco (Las Palmas de Gran Canaria, Ilhas Canárias-Espanha, 1946)
Miguel Rodríguez Sepúlveda (Tamaulipas-México, 1971)
Milton Kurtz (Santa Maria-RS, 1951 - Porto Alegre-RS, 1996)
Milton Machado (Rio de Janeiro-RJ, 1947)
Mira Schendel (Zurique-Suíça, 1919 - São Paulo-SP, 1988)
Moises Barrios (Cidade da Guatemala-Guatemala, 1946)
Mónica Restrepo (Bogotá-Colômbia, 1982)
Montez Magno (Timbaúba-PE, 1934)
Naiana Magalhães (Fortaleza-CE, 1986)
Nazareth Pacheco (São Paulo-SP, 1961)
Nelson Leirner (São Paulo-SP, 1932)
Niura Bellavinha (Belo Horizonte-MG, 1960)
Nuno Ramos (São Paulo-SP, 1960)
Oscar Bony (Misiones-Argentina, 1941 - Buenos Aires-Argentina, 2002)
Oscar Figueroa (San José-Costa Rica, 1986)
Osvaldo Salerno (Asunción-Paraguay, 1952)
Oswaldo Maciá (Cartagena-Colômbia, 1960)
Pablo Lobato (Bom Despacho-MG, 1976)
Paola Monzillo (Montevidéu-Uruguai, 1986)
Patricia Wich (Asunción-Paraguay, 1978)
Paulo Bruscky (Recife-PE, 1949)
Paulo Climachauska (São Paulo-SP, 1962)
Paulo Flores (Porto Alegre-RS, 1926 - Santa Maria-RS, 1957)
Paulo Nazareth (Governador Valadares-MG, 1977)
Paul Ramirez Jonas (Pomona-California, 1965)
Pedro Américo (Areia-PB, 1843 - Florença-Itália, 1905)
Pedro Weingärtner (Porto Alegre-RS, 1853 - 1929)
Pia Camil (Cidade do México-México, 1980)
Rafael Alonso (Niterói-RJ, 1983)
Raquel Bessio (Montevidéu-Uruguai, 1946)
Raquel Stolf (Indaial-SC, 1975)
Regina de Paula (Curitiba-PR, 1957)
Regina José Galindo (Cidade de Guatemala-Guatemala, 1974)
René Francisco (Holguín-Cuba, 1960)
Ricardo Migliorisi (Asunción-Paraguay, 1948)
Rodolfo Díaz Cervantes (Cidade do México-México,1980)
Rodrigo Cass (São Paulo-SP, 1983)
Rodrigo Garcia Dutra (Rio de Janeiro-RJ,1981)
Rodrigo Matheus (São Paulo-SP, 1974)
Romanita Disconzi (Santiago-RS, 1940)
Rommulo Vieira Conceição (Salvador-BA, Brasil, 1968)
Rosana Ricalde (Niterói-RJ, 1971)
Rubem Valentim (Salvador-BA, 1922 - São Paulo-SP, 1991)
Rubén Ortiz-Torres (Cidade do México-México, 1964)
Rubens Gerchman (Rio de Janeiro-RJ, 1942 - São Paulo-SP, 2008)
Rulfo (Montevidéu-Uruguai, 1970)
Saidel Brito Lorenzo (Matanzas-Cuba, 1973)
Saint Clair Cemin (Cruz Alta-RS, 1951)
Sandra Cinto (Santo André-SP, 1968)
San Poggio (La Plata-Argentina, 1979)
Santiago Roose (Lima-Perú, 1975)
Saturnino Herrán (Aguascalientes-México, 1887 - Cidade do México -México, 1918)
Sergio Camargo (Rio de Janeiro-RJ, 1930 - 1990)
Sérvulo Esmeraldo (Crato-CE, 1929)
Shirley Paes Leme (Cachoeira Dourada-GO, 1955)
Solá Franco (Guayaquil-Equador, 1915 - Santiago-Chile, 1996)
Tarsila do Amaral (Capivari-SP, 1886 - São Paulo-SP, 1973)
Thiago Martins de Melo (São Luís-MA, 1981)
Tiago Tebet (São Paulo-SP, 1986)
Tony Camargo (Paula Freitas-PR, 1979)
Tunga (Palmares-PE, 1952)
Zenón Páez (Tobati-Paraguay, 1927)
Véio (Nossa Senhora da Glória-SE, 1948)
Vicente do Rego Monteiro (Recife-PE, 1899 - 1970)
Victor Meirelles (Florianópolis-SC, 1832 - Rio de Janeiro-RJ, 1903)
Xavier Guerrero (San Pedro de las Colonias, Coahuila-México, 1896 - Cidade do México-México, 1974)
Ximena Garrido-Lecca (Lima-Peru, 1980)
Waldemar Cordeiro (Roma-Itália, 1925 - São Paulo-SP, 1973)
Walter Lima (Salvador-Bahia, 1946)
Waltercio Caldas (Rio de Janeiro-RJ, 1946)
Walterio Iraheta (San Salvador-El Salvador, 1968)
Wesley Duke Lee (São Paulo-SP, 1931 - 2010)
Willys de Castro (Uberlândia-MG, 1926 - São Paulo-SP, 1988)
Wilson Alves (Porto Alegre-RS, 1948)
Wilson Cavalcante (Pelotas-RS, 1950)

Posted by Patricia Canetti at 8:58 AM

"Bienal do Mercosul terá obras de 20 países e sete exposições", diz o curador-chefe Gaudêncio Fidelis por Francisco Dalcol, Zero Hora

"Bienal do Mercosul terá obras de 20 países e sete exposições", diz o curador-chefe Gaudêncio Fidelis

Entrevista de Francisco Dalcol originalmente publicada no jornal Zero Hora em 13 de outubro de 2015.

Leia entrevista com o curador-chefe da 10ª edição e declaração do presidente da Fundação Bienal do Mercosul diante da crise que saiu dos bastidores e ganhou repercussão na Internet

Diante da crise que saiu dos bastidores da 10ª Bienal do Mercosul e ganhou espaço em sites e redes sociais após o desligamento de curadores e manifestações de artistas, o curador-chefe desta edição, Gaudêncio Fidelis, concedeu entrevista a ZH. Ele não comentou a repercussão, mas afirmou que as sete exposições previstas estão confirmadas para serem apresentadas de 23 de outubro a 6 de dezembro, em Porto Alegre (leia abaixo).

E o presidente da Fundação Bienal do Mercosul, o empresário José Antonio Fernandes Martins, reiterou o esforço para realização do evento em meio à crise:

– Lamentamos muito abrir mão de determinadas obras inicialmente selecionadas para a 10ª Bienal, mas optamos por readequar o projeto e viabilizar sua execução porque temos convicção de que conseguir executar uma mostra como a Bienal em um contexto de recessão econômica que tem afetado diretamente a área cultural, inclusive gerando o cancelamento de eventos históricos do Estado, já é, por si só, um ato de superação e demonstra todo o nosso respeito à comunidade, artistas, emprestadores e parceiros.

Com recursos captados por leis de incentivo federal, estadual e patrocínio direto, a 10ª Bienal do Mercosul deve ter orçamento final de R$ 7,5 milhões. Esse valor foi atualizado: a previsão inicial era de R$ 12,5 milhões, depois reduzida para R$ 6,5 milhões.

De 23 de outubro a 6 de dezembro, estão previstas sete exposições distribuídas por Usina do Gasômetro, Margs, Santander Cultural, Instituto Ling, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e Memorial do Rio Grande do Sul.

Com o título Mensagens de uma Nova América, esta edição deverá ter, segundo a Fundação Bienal do Mercosul, cerca de 650 obras, com a participação de 20 países: Brasil, Chile, Paraguai, Cuba, México, Uruguai, Argentina, Colômbia, Venezuela, Bolívia, Equador, Guatemala, Peru, Costa Rica, Panamá, Nicarágua, El Salvador, Porto Rico, Jamaica e Honduras. É uma listagem que atualiza a que foi divulgada em julho.

Em comunicado oficial, a Fundação Bienal do Mercosul diz:

"O processo de redimensionamento da mostra tem levado tempo porque a Fundação Bienal do Mercosul tem buscado identificar e garantir recursos complementares para viabilizar a vinda do maior número de obras previstas do projeto curatorial.

A instituição lamenta o desligamento de três curadores da equipe, o que transformou esta fase final em um desafio extra para a conclusão do projeto e a realização da exposição em um período tão próximo a sua abertura.

Esta Bienal esta sendo realizada desde o início com um caráter fortemente museológico, portanto, se de um lado lidar com limitações orçamentárias resultou na retirada de obras de coleções estrangeiras, por outro, já se havía decidido pela inclusão de obras de artistas da América Latina pertencentes a coleções nacionais e que poderiam garantir a estrutura conceitual da exposição. Para além disso, com o intuito de garantir a inclusão de obras de artistas cujas obras pertenciam a coleções estrangeiras, o que se foi um impeditivo em virtude do orçamento, optou-se ampliar o conjunto de obras produzidas em Porto Alegre."

Entrevista: Gaudêncio Fidelis, curador-chefe da 10ª Bienal do Mercosul

O que o senhor tem a comentar sobre a repercussão do desligamento dos curadores e das manifestações em sites e redes sociais?

Não há comentários adicionais por parte da curadoria, apenas que os desligamentos foram de caráter voluntário.

Por que as saídas dos curadores não foram divulgadas?

Porque os curadores divulgaram seu desligamento primeiro, antes que fossem tomados os procedimentos internos da Fundação Bienal do Mercosul para efetivação dos desligamentos e posterior comunicação à imprensa.

Segundo os curadores que se desligaram, a Bienal reduziu o número de obras vindas de outros países das Américas Central e do Sul, para apresentar, em sua maior parte, trabalhos que estão no Brasil. Essa mudança, segundo eles, afetaria a participação de uma série de artistas já selecionados.

A 10ª Bienal do Mercosul continua com a participação de 20 países e inúmeras obras de artistas estrangeiros. A Bienal se divide em obras feitas em Porto Alegre e outras transportadas dos países, pois se trata de uma exposição com um vasto substrato histórico e obras específicas. Não foi possível transportar algumas obras por razões diversas, na seguinte ordem: subida vertiginosa do dólar, que tornou o transporte de alguns países impossível; problemas de logística, pela falta de rotas de aeronaves de cargo; exclusividade de transporte de alguns países que possuem apenas uma transportadora de arte, tornando o envio extremamente caro; e a não confirmação de alguns empréstimos por problemas de leis de patrimônio.

A lista de artistas divulgada em julho trazia mais de 400 nomes, representados por cerca de 700 obras. Essa relação se mantém ou foi alterada?

Esta lista está sendo atualizada e será divulgada à imprensa antes da abertura, pois estamos trabalhando com alguns artistas para ajustar sua participação.

Houve alterações nas sete exposições originalmente previstas?

Todas as sete exposições permanecem conforme o projeto curatorial anunciado em julho.

A Casa de Cultura Mario Quintana e o Museu Julio de Castilhos chegaram a ser anunciados como espaços que receberiam exposições, mas não receberão mais. Por que a mudança?

Todos os espaços expositivos permanecem conforme o fechamento do projeto curatorial, ou seja, quando adequamos as sete exposições aos espaços na medida em que tal tomava forma. Ainda no ano passado, como é de praxe. Havíamos solicitado mais espaços porque havia projetos especiais, mas que os curadores há alguns meses já haviam decidido não realizar. O Museu Julio de Castilhos e a Casa de Cultura Mario Quintana estavam sendo cotados para sediarem esse tipo de projetos.

Não há uma avaliação de que faltou transparência nos processos decisórios e de divulgação de informações tendo em conta um evento tão importante que naturalmente passa pelo processo de crise econômica que atinge todos os setores?

Sob a perspectiva da curadoria, esta é uma exposição de arte, não devemos esquecer-nos disso. Trata-se de um processo artístico e curatorial, e não de outra natureza. Portanto, não se trata aqui de questões de "transparência". Estamos seguindo todos os procedimentos rotineiros de curadoria na construção de uma exposição que, por ser desta envergadura, se mostra extremante complexa. Nessa perspectiva, a prioridade junto à arena pública deve ser para a exposição de seu conteúdo artístico exclusivamente.

Posted by Patricia Canetti at 8:51 AM

outubro 12, 2015

Crise na 10ª Bienal do Mercosul por Francisco Dalcol, Zero Hora

Crise na 10ª Bienal do Mercosul

Matéria de Francisco Dalcol originalmente publicada no jornal Zero Hora em 12 de outubro de 2015.

Curadores pediram desligamento, enquanto artistas se manifestaram em seus perfis no Facebook. Mostra está prevista para ser aberta no próximo dia 23

Uma crise nos bastidores da 10ª Bienal do Mercosul está reverberando na Internet nos últimos dias, desde que chegaram ao conhecimento público, por meio de sites e redes sociais, relatos de artistas e profissionais envolvidos na mostra. Esta edição está prevista para ser aberta no próximo dia 23.

Três curadores assistentes solicitaram desligamento por meio de cartas endereçadas à Fundação Bienal do Mercosul: o argentino Fernando Davis, o chileno Ramón Castillo Inostroza e o brasileiro Raphael Fonseca. E pelo menos dois artistas – os colombianos Andrés Matías Pinilla e Nadín Ospina – manifestaram, em seus perfis no Facebook, contrariedade ao modo como vem sendo conduzida a preparação da mostra de arte contemporânea, bem como o tratamento recebido pelos artistas selecionados.

Completam a equipe curatorial desta edição os brasileiros Gaudêncio Fidelis (curador-chefe), Márcio Tavares (curador adjunto) e Ana Zavadil (curadora assistente), além do chileno Cristian G. Gallegos (curador do educativo).

A brasileira Regina Teixeira de Barros (curadora assistente) e a mexicana Carmen Cebreros Urzaiz (curadora assistente) também integravam o grupo inicialmente, mas não fazem mais parte da equipe de curadores – suas saídas não foram anunciadas, apenas deixaram de constar no material de divulgação enviado à imprensa e no site da Fundação.

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A realização da 10ª Bienal do Mercosul em 2015 tem gerado incertezas ao longo deste ano. Em junho, diante do cenário que se instaurou com a crise econômica, o presidente da Fundação Bienal do Mercosul, o empresário José Antonio Fernandes Martins, garantiu em entrevista a ZH que "a Bienal está confirmada". O orçamento inicial de R$ 13 milhões foi reduzido para R$ 6,5 milhões – um corte de 50%. Os valores viriam de patrocínios de empresas como Petrobras, Gerdau, Itaú, Santander, Vonpar, Lojas Renner e DuFrio.

Na ocasião, o curador-chefe, Gaudêncio Fidelis, argumentou que, mesmo com uma reengenharia em processo envolvendo redução de custos, acreditava que o projeto não seria afetado. Nesta 10ª edição da Bienal do Mercosul, a ideia é dar foco à arte das Américas do Sul e Central.

Em julho, foi divulgada a lista de artistas participantes: mais de 400 nomes, representados por cerca de 700 obras. O tamanho com que a 10ª Bienal do Mercosul se apresentava ali já sinalizava uma grande operação a ser realizada para trazer obras de países das Américas do Sul e Central.

No começo de setembro, a Fundação Bienal do Mercosul divulgou nota oficial que confirmava os boatos que corriam sobre seu adiamento. Marcada anteriormente para 8 de outubro, a abertura foi transferida para o dia 23 de outubro, com encerramento em 6 de dezembro – seria um segundo adiamento, pois a primeira data, não divulgada, era no começo de setembro. No comunicado à época, o motivo da mudança de data foi justamente o argumento de dificuldades para o transporte de obras vindas de outros países.

Nos últimos dias, começaram a circular na Internet relatos vindos dos bastidores. Os curadores que pediram desligamento reclamam que decisões foram tomadas unilateralmente, sem que a equipe curatorial fosse consultada, o que impediria suas permanências nos cargos. Entre as mudanças, a decisão de que a 10ª Bienal do Mercosul apresentaria somente obras que estão no Brasil. Na visão dos curadores que pediram desligamento, essa alteração, além de não ter levado em conta a opinião do grupo, faria com que muitos dos países da América do Sul e Central perdessem a representatividade que teriam nas exposições em relação ao que o projeto curatorial propunha inicialmente. Sem contar que relações e compromissos de trabalho estabelecidos e firmados pelas viagens dos curadores simplesmente estariam sendo desconsiderados.

Em sua carta, o curador chileno Ramón Castillo escreve:

"Esta decisión que está argumentada como un problema económico lesionó gravemente mi trabajo de investigación curatorial que ya estaba organizado desde hacía varios meses antes y en ningún momento hubo advertencias o avisos previos para modificar el envío ni una previsión de que habrían problemas de financiamiento que permitieran, con una mejor organización, solicitar fondos en los países que se verían perjudicados en su representación en la Bienal. Este mail hizo evidente no sólo un problema económico, sino la falta de comunicación y el poco respeto de las competencias profesionales de los curadores asistentes, puesto que no había una información del equipo curatorial, y menos, una plataforma de trabajo común, dialogada, informada y negociada. En otros términos, suprimir el trabajo de los curadores asistentes de manera improvisada sin duda significa redefinir el sentido de la Bienal, que deja fuera de la versión actual las discusiones y nociones curatoriales que previamente se habían formulado"

Os artistas colombianos Andrés Matías Pinilla e Nadín Ospina se manifestaram em seus perfis no Facebook. Pinilla colocou no lugar de sua foto uma imagem com a interrogação da logomarca da Bienal do Mercosul, acrescida da frase "Contrabienal do Mercosur". Já Ospina fez a seguinte postagem em seu perfil no dia 9, atribuída ao curador Fernando Davis como um comunicado aos artistas:

"El pasado 21 de septiembre, a un mes de la inauguración de la Bienal, la Fundación Bienal del Mercosur comunicó al equipo de curadores por correo electrónico que, debido al impacto que la crisis económica de Brasil ha tenido en el presupuesto de la Bienal y ante la falta de patrocinios específicos que financien el traslado de las obras oportunamente seleccionadas, ha decidido solo mantener en la Bienal aquellas obras que se encuentran físicamente en Brasil, junto con las obras de aquellos países para los que se cuenta con un patrocinador que financie el traslado y las obras producidas para la Bienal o que por sus características materiales (fotografía o video, por ejemplo), permiten la realización de copias de exposición.

Esta decisión, tomada de manera unilateral por la Fundación Bienal, sin que mediara ninguna discusión previa con el equipo curatorial, deja afuera de la Bienal a muchos artistas de países como Argentina, Colombia, Chile, Perú y Venezuela, entre muchos otros. Se trata de una decisión que compromete seriamente no solo el guión curatorial de la Bienal y el trabajo de investigación y curaduría llevado a cabo por los curadores desde hace más de un año, sino también la integridad profesional de los artistas que fueron invitados a participar y anunciados oficialmente el 29 de julio y que comprometieron trabajo, tiempo y dinero en su participación en este evento. Tanto en términos profesionales como humanos esta decisión es absolutamente inaceptable y falta de ética, la Fundación Bienal, hasta la fecha no ha respondido los reclamos de los curadores ni ha enviado ninguna comunicación formal de disculpa a los artistas."
Comunicación de Fernando Davis a los Artistas de la Bienal

Todas essas informações foram publicadas em um tumblr e em um site e logo passaram a circular nas redes.

ZH procurou a Fundação Bienal do Mercosul, mas a instituição ainda não se pronunciou oficialmente. No tarde desta segunda-feira (12/10), foram postadas fotos no perfil da Bienal do Mercosul no Facebook indicando que está ocorrendo montagem da mostra na Usina do Gasômetro.

Faltam 11 dias para a abertura. Conforme o projeto da 10ª edição, receberão mostras, além da Usina, espaços como Margs, Santander Cultural, Instituto Ling, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e Memorial do Rio Grande do Sul. A Casa de Cultura Mario Quintana e o Museu Júlio de Castilhos chegaram a integrar essa lista, mas não constaram mais nos materiais de divulgação.

Posted by Patricia Canetti at 7:58 PM