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Como atiçar a brasa

 


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julho 30, 2015

Bienal do Mercosul anuncia lista com 402 artistas por Camila Molina, Estado de S. Paulo

Bienal do Mercosul anuncia lista com 402 artistas

Matéria de Camila Molina originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 29 de julho de 2015.

Hiperbólica, 10.ª edição da mostra será inaugurada em 8 de outubro em Porto Alegre; entre os participantes, Aleijadinho e Diego Rivera

A Fundação Bienal do Mercosul anunciou nesta quarta-feira, 29, a lista de participantes da 10ª Bienal do Mercosul, marcada para ocorrer entre 8 de outubro e 22 de novembro em Porto Alegre. Foram selecionados 402 artistas de 21 países para as mostras do evento, que tem a curadoria-geral do brasileiro Gaudêncio Fidelis.

A 10.ª Bienal do Mercosul é intitulada Mensagens de Uma Nova América. Segundo seus organizadores, serão apresentadas cerca de 700 obras históricas, como o quadro Tiradentes Esquartejado (1893), de Pedro Américo, e criações contemporâneas. Entre os selecionados estão o muralista mexicano Diego Rivera, o escultor brasileiro Aleijadinho e a pintora Tarsila do Amaral.

"De fato é necessária uma nova estratégia capaz de dar conta das mudanças ocorridas nos últimos anos no contexto das mostras de arte de larga-escala e é importante evitar mergulhar em uma tendência internacional de exposições que se tornaram por demais excêntricas e que mais serviriam para serem realizadas como plataformas experimentais em centros de arte contemporânea destinadas a um público reduzido e para especialistas”, afirma Fidelis no comunicado da Fundação Bienal do Mercosul.

Veja abaixo a lista completa dos artistas da 10ª Bienal do Mercosul:

Abraham Palatnik (Natal-RN, 1928)

Adán Vallecillo (Danlí-Honduras, 1977)

Adriana Minoliti (Buenos Aires-Argentina, 1980)

Adriana Varejão (Rio de Janeiro-RJ, 1964)

Adriano Costa (São Paulo-SP, 1975)

Aixa Vicuña (Arica-Chile, 1939)

Albano Afonso (São Paulo-SP, 1964)

Alberto Baraya (Bogotá-Colômbia, 1968)

Alberto Bitar (Belém-PA, 1970)

Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo-RJ, 1896 - Belo Horizonte-MG, 1962)

Alberto Greco (Buenos Aires-Argentina, 1931- Barcelona-Espanha, 1965)

Aleijadinho [Antônio Francisco Lisboa] (Ouro Preto-MG,1730 - 1814)

Alejandro Puente (La Plata-Argentina, 1933 – Buenos Aires-Argentina, 2013)

Alexander Apóstol (Barquisimeto-Venezuela, 1969)

Alexandre Vogler (Rio de Janeiro-RJ, 1973)

Alfredo Jaar (Santiago-Chile, 1956)

Alfredo Ramírez (Caracas-Venezuela, 1957)

Alfredo Volpi (Lucca-Itália, 1896 - São Paulo-SP, 1988)

Alicia Barney (Cali-Colômbia, 1952)

Allora & Calzadilla (Filadélfia-EUA, 1974 – Havana-Cuba, 1971)

Almandrade (São Felipe-BA, 1953)

Almir Mavignier (Rio de Janeiro-RJ, 1925)

Álvaro Barrios (Barranquilla-Colômbia, 1945)

Alvaro Seixas (Rio de Janeiro-RJ, 1982)

Amélia Toledo (São Paulo-SP, 1926)

Amilcar de Castro (Paraisópolis-MG, 1920 - Belo Horizonte-MG, 2002)

Ana Flores (Porto Alegre-RS, 1962)

Ana Mendieta (Havana-Cuba, 1948 - Nova York-Estados Unidos, 1985)

Ana Norogrando (Cachoeira do Sul-RS, 1951)

Analivia Cordeiro (São Paulo-SP, 1954)

André Petry (Porto Alegre-RS, 1958)

Andres Bedoya (La Paz-Bolívia, 1979)

Andrés Marroquín Winkelmann (Lima-Peru, 1983)

Andrés Matías Pinilla (Bogotá-Colômbia, 1988)

Andrés Orjuela (Bogotá-Colômbia, 1985)

Angélica Pérez (Califórnia-EUA, 1972 - Ilhas Juan Fernández-Chile, 2010)

Anibal López (Cidade da Guatemala-Guatemala, 1964 - 2014)

Anna Maria Maiolino (Scalea-Itália, 1942)

Anthony Arrobo (Guayaquil-Equador, 1988)

Antonieta Santos Feio (Belém-PA, 1897 - Santos-SP, 1980)

Antonio Berni (Rosário-Argentina, 1905 - Buenos Aires-Argentina, 1981)

Antonio Caro (Bogotá-Colômbia, 1950)

Antonio Dias (Campina Grande-PB, 1944)

Antonio Manuel (Avelãs de Caminho-Portugal 1947)

Arthur Bispo do Rosário (Japaratuba-SE, 1911 - Rio de Janeiro-RJ, 1989)

Ascânio MMM (Fão-Portugal, 1941)

Augusto de Campos (São Paulo-SP, 1931)

Avatar Moraes (Bagé-RS, 1933 - Rio de Janeiro-RJ, 2011)

Ayrson Heráclito (Macaúbas-BA, 1968)

Barrão (Rio de Janeiro-RJ, 1959)

Beatriz Daza (Pamplona-Colômbia, 1927 - Cali, Colômbia, 1968)

Beatriz Dagnese (Nova Bassano-RS, 1954)

Beatriz Milhazes (Rio de Janeiro-RJ, 1960)

Benjazmin Ocampos (Fuerte Olimpo-Paraguai, 1964)

Benvenuto Chavajay (San Pedro La Laguna Atitlán, Sololá-Guatemala, 1980)

Berenice Gorini (Nova Veneza-SC, 1941)

Bernardo Salcedo (Bogotá-Colômbia, 1939 - 2007)

Beto Shwafaty (São Paulo-SP, 1977)

Bettina Brizuela (Asunción-Paraguai, 1969)

Blanca González (Cidade do México-México, 1981)

Brígida Baltar (Rio de Janeiro-RS, 1959)

Britto Velho (Porto Alegre-RS, 1946)

Burle Marx (São Paulo-SP, 1909 - Rio de Janeiro-RJ, 1994)

Camila Ramirez (Antofagasta-Chile, 1988)

Camila Sposati (São Paulo-SP, 1972)

Camilo Yañez (Santiago-Chile, 1974)

Carlo Spatuzza (Asunción-Paraguai, 1966)

Carlos Asp (Porto Alegre-RS, 1949)

Carlos Castro Arias (Bogotá, Colômbia, 1976)

Carlos Cruz-Diez (Caracas-Venezuela, 1923)

Carlos Fajardo (São Paulo-SP, 1941)

Carlos Ginzburg (La Plata, Argentina, 1946)

Carlos Leppe (Santiago-Chile, 1952)

Carlos Ortuzar (Santiago-Chile, 1935-1985)

Carlos Rojas (Facatativá-Colômbia, 1933 - Bogotá-Colômbia, 1997)

Carlos Zerpa (Valência-Venezuela, 1950)

Carmelo Arden Quin (Rivera-Urugua, 1913-2010)

Carmen Piemonte (Venetto-Itália, 1930)

Christian Bendayán (Iquitos-Peru, 1973)

Cícero Dias (Escada-PE,1907 - Paris-França, 2003)

Cildo Meireles (Rio de Janeiro-RJ, 1948)

Claudio Girola (Santa Fe-Argentina, 1923 - Viña del Mar-Chile, 1994)

Claudio Perna (Milão-Itália, 1938 - Holguín-Cuba, 1997)

Claudio Roman (Santiago-Chile, 1944)

Claudio Tozzi (São Paulo-SP 1944)

Conlon & Harker (Atlanta-EUA, 1966 – Quito, Equador, 1975)

Cristina Piffer (Buenos Aires-Argentina, 1953)

Cristina Schiavi (Buenos Aires-Argentina, 1954)

Dámaso Ogaz [Victor Manuel Sánchez Ogaz] (Santiago-Chile, 1928 – CaracasVenezuela, 1992)

Daniel Lezama (Cidade do México-México, 1968)

Daniel Mallorquín (Asunción-Paraguai, 1984)

Daniel Monroy Cuevas (Guadalajara, Jalisco-México,1980)

Daniela Seixas (Rio de Janeiro, 1985)

Darío Escobar (Cidade de Guatemala-Guatemala, 1971)

Décio Noviello (São Gonçalo do Sapucaí-MG, 1929)

Diana Fonseca (Havana-Cuba, 1978)

Didonet Thomaz (Bento Gonçalves-RS, 1950)

Diego Masi (Montevideo-Uruguai, 1965)

Diego Rivera (Guanajuato-México,1886 - Cidade do México-México, 1957)

Ding Musa (São Paulo-SP, 1979) · Dirnei Prates (Porto Alegre-RS, 1965)

Diyi Laañ (Buenos Aires-Argentina, 1927 - 2007)

Dora Ramírez (Medellín-Colômbia, 1923)

Dudi Maia Rosa (São Paulo-SP, 1946)

Edgardo Antonio Vigo (La Plata-Argentina, 1928 - 1997)

Eduard Moreno (Bogotá-Colômbia, 1975)

Eduardo Costa (Buenos Aires-Argentina, 1940)

Eduardo Haesbaert (Faxinal do Soturno-RS, 1968)

Eduardo Terrazas (Guadalajara-México, 1936)

Elsa Bolivar (Santiago-Chile, 1930)

Elsa Gramcko (Puerto Cabello-Venezuela, 1925 - Caracas-Venezuela, 1994)

Emilia Azcárate (Caracas-Venezuela, 1964)

Emilia Sandoval (Chihuahua-México, 1975)

Ernesto Neto (Rio de Janeiro-RJ, 1964)

Esteban Piedra León (San José-Costa Rica, 1978)

Estevão da Silva (Rio de Janeiro-RJ, 1844 -1891)

Estrada (Buenos Aires-Argentina, 1942)

Eugenio Dittborn (Santiago-Chile, 1943)

Eugenio Espinoza (Guárico-Venezuela, 1950)

Federico Herrero (San José-Costa Rica, 1978)

Feliciano Centurión (San Ignacio-Paraguai, 1962 - Buenos Aires-Argentina, 1996)

Felipe Cohen (São Paulo-SP, 1976)

Felipe Ehrenberg (Cidade do México-México, 1943)

Felipe Rivas (Valdivia-Chile, 1982)

Feliza Bursztyn (Bogotá-Colômbia, 1933 - Paris-França, 1982)

Fernando “Coco” Bedoya (Amazonas-Peru, 1952)

Fernando Bryce (Lima-Peru, 1965)

Fernando Corona (Santander, Espanha, 1895 – Porto Alegre-RS, 1979)

Fernando Lindote (Santana do Livramento-RS, 1960)

Fernando Prats (Santiago-Chile, 1967)

Ferreira Gullar (São Luís-MA, 1930)

Flávio Cerqueira (São Paulo-SP, 1983)

Flávio de Carvalho (Amparo da Barra Mansa-RJ, 1899 - Valinhos-SP, 1973)

Flávio Morsch (Porto Alegre-RS, 1963)

Francisco Goitia (Fresnillo-México, 1882 - Cidade do México-México, 1960)

Francisco Salazar (Quiriquire-Venezuela, 1937)

Francisco Ugarte (Guadalajara-México, 1973)

Frantz (Rio Pardo-RS, 1963)

Franz Weissmann (Knittefeld-Áustria, 1911 - Rio de janeiro-RJ, 2005)

Frederico Arnaud (Salto-Uruguai,1970)

Fredi Casco (Asunción-Paraguai, 1967)

Fritzia Irízar (Culiacán-México, 1977)

Gabriel de la Mora (Colima-México, 1968)

Gabriel Fernández Ledezma (Aguascalientes, 1900 - Cidade do México, 1983)

Galeno (Parnaíba-PI, 1957)

Gastón Ugalde (La Paz-Bolívia, 1944)

Gê Orthof (Petrópolis-RJ, 1959)

Gego [Gertrud Goldschmidt] (Hamburgo-Alemanha, 1912 - Caracas-Venezuela, 1994)

Geórgia Kyriakakis (Ilhéus-BA, 1961)

Geraldo de Barros (Chavantes-SP, 1923 - São Paulo-SP, 1998)

Gerd Leufert [Gerhard Leufert] (Memel-Alemanha, 1914 - Caracas-Venezuela, 1998).

Germaine Derbecq (Paris-França, 1899 - Buenos Aires-Argentina, 1973)

Giancarlo Scaglia (Lima-Peru,1981)

Gilda Vogt (Rio de Janeiro-RJ, 1953)

Gilvan Samico (Recife-PE, 1928 - 2013)

Gracia Barrios (Santiago-Chile, 1927)

Gustavo Poblete (Curicó-Chile, 1915 - 2005)

Gustavo Tabares (Montevidéu-Uruguai, 1968)

Héctor Fuenmayor (Caracas-Venezuela, 1949)

Hélio Oiticica (Rio de Janeiro-RJ, 1937 - 1980)

Heloisa Schneiders da Silva (Porto Alegre-RS, 1955 - 2005)

Herlyng Ferla (Cali-Colômbia, 1984)

Horacio Zabala (Buenos Aires-Argentina, 1943)

Huanchaco (Trujillo-La Libertad - Peru, 1978)

Hudinilson Jr. (São Paulo-SP, 1957 - 2013)

Iberê Camargo (Restinga Sêca-RS, 1914 - Porto Alegre-RS, 1994)

Ilsa Monteiro (Porto Alegre-RS, 1925)

Iole de Freitas (Belo Horizonte-MG, 1945)

Ione Saldanha (Alegrete-RS, 1919 - Rio de Janeiro-RJ, 2001)

Irvin Morazan (San Salvador-El Salvador, 1972)

Isidora Correa (Santiago-Chile, 1977)

Ismael Monticelli (Porto Alegre, RS, 1987)

Iván Candeo (Caracas-Venezuela, 1983)

Iván Navarro (Santiago-Chile, 1972)

Ivan Serpa (Rio de Janeiro-RJ, 1923 - 1973)

Jac Leirner (São Paulo-SP, 1961)

Jaildo Marinho (Santa Maria da Boa Vista-PE, 1970)

James Smith Rodriguez (Mejillones-Chile 1924)

Javier Castro (Havana-Cuba, 1984)

Javier León (Caracas-Venezuela, 1970)

Jesús Rafael Soto (Ciudad Bolívar-Venezuela, 1923 - Paris-França, 2005)

Jhafis Quintero (La Chorrera-Panamá, 1973)

João Castilho (Belo Horizonte-MG, 1978)

João Fahrion (Porto Alegre-RS, 1898 - 1970)

João Modé (Resende-RJ, 1961)

João Osório Brzezinski (Castro-PR, 1941)

Joaquim do Rego Monteiro (Recife-PE,1903 - Paris-França,1934)

Joaquín Rodríguez del Paso (Puebla-México, 1961)

Joaquín Torres García (Montevidéu-Uruguai, 1874 - 1949)

John Mario Ortiz (Medellín-Colômbia, 1973)

Jonas Arrabal (Cabo Frio-RJ, 1984)

Jonathan Torres (San Juan-Porto Rico, 1983)

Jorge Gumier Maier (Buenos Aires-Argentina, 1953)

Jorge Pedro Nuñez (Caracas-Venezuela, 1976)

Jorge Piqueras (Lima-Peru, 1925)

José Alejandro Restrepo (Bogotá- Colômbia, 1959)

José Balmes (Barcelona-Espanha, 1927)

José Carlos Martinat (Lima-Peru, 1974)]

José Castrellón (Ciudad de Panamá, 1980)

José Clemente Orozco (Ciudad Guzmán-México, 1883 - Cidade do México-México, 1949)

Jose Dávila (Guadalajara-México, 1974)

José Guadalupe Posada (Aguascalientes-México, 1852 - Cidade do México, 1913)

José Hidalgo-Anastacio (Guayaquil-Equador, 1986)

José Luis Falconi (Lima-Peru, 1975)

José Luis Landet (Buenos Aires-Argentina, 1977)

José Maria Jara (Veracruz-México, 1866 - Micoacán-México, 1939)

José Miguel Figueroa (Bogotá-Colômbia, ? -1874)

José Resende (São Paulo-SP, 1945)

Juan Burgos (Durazno-Uruguai, 1963)

Juan Camilo Uribe (Medelin-Colômbia, 1945 - 2005).

Juan Carlos Romero (Avellaneda-Argentina, 1931)

Juan Dávila (Santiago-Chile, 1946)

Juan Downey (Santiago-Chile, 1940 - Nova Iorque-EUA, 1993)

Juan Fernando Herrán (Bogotá-Colômbia, 1963)

Juan Manuel Echavarria (Medellín-Colômbia, 1947)

Juan O'Gorman (Coyoacán-México, 1905 - Cidade do México-México, 1982)

Juan Pablo Romero (Bogotá-Colômbia, 1992)

Juan Pablo Renzi (Casilda-Argentina, 1940 - Buenos Aires-Argentina, 1992)

Judith Lauand (Pontal-SP, 1922)

Julio Plaza (Madri-Espanha, 1938 - São Paulo-SP, 2003)

Julio Suarez (San Juan-Porto Rico, 1947)

Juraci Dórea (Feira de Santana-BA, 1944)

Karin Lambrecht (Porto Alegre-RS, 1957)

Kimani Beckford (St. Catherine- Jamaica, 1988)

Kukuli Velarde (Cusco-Peru, 1962)

Kurt Herdan (Áustria,1923)

Laura Lima (Governador Valadares-MG, 1971)

Laura Mandelik (Buenos Aires-Argentina, 1977)

Laura Miranda (Curitiba-PR, 1958) · Laura Vinci (São Paulo-SP, 1962)

León Ferrari (Buenos Aires-Argentina, 1920 - 2013) ·

Leonardo Finotti (Uberlândia-MG, 1977)

Leonardo Ramos (Bogotá-Colômbia, 1980)

Leonilson (Fortaleza-Ceará, 1957 - São Paulo-SP, 1993)

Leopoldo Plentz (Porto Alegre-RS, 1952)

Leticia Parente (Salvador-BA, 1930 - Rio de Janeiro-RJ, 1991)

Lidy Prati (Resistencia-Argentina, 1921 - Buenos Aires-Argentina, 2008)

Liliana Angulo (Bogotá-Colômbia, 1974)

Liliana Maresca (Avellaneda-Argentina, 1951- Buenos Aires-Argentina, 1994)

LIUBA (Boyadjieva, Sofia, Bulgária, 1923 - São Paulo-SP, 2005)

Lothar Charoux (Viena-Áustria, 1912 - São Paulo-SP, 1987)

Lucas Di Pascuale (Córdoba-Argentina, 1968)

Lucas Simões (Catanduva–SP, 1980)

Lucio Fontana (Rosário-Argentina, 1899 - Varese-Itália, 1968)

Luis Camnitzer (Lübeck- Alemanha, 1937)

Luis Diharce (Iquique-Chile, 1926

Luis Ernesto Arocha (Barranquilla-Colômbia, 1932)

Luis Molina-Pantin (Genebra-Suíça, 1969)

Luis Roldán (Cali-Colômbia, 1955)

Luís Sacilotto (Santo André-SP, 1924 - São Bernardo do Campo-SP, 2003)

Luis Tomasello (La Plata-Argentina, 1915 - 2014)

Luis Vargas Rosas (Osorno-Chile, 1897 - Santiago-Chile, 1977)

Luiz Paulo Baravelli (São Paulo-SP, 1942)

Luiz Zerbini (São Paulo-SP, 1959)

Luvier Casali (Asunción-Paraguai, 1982)

Lygia Clark (Belo Horizonte-MG, 1920 - Rio de Janeiro-RJ, 1988)

Lygia Pape (Nova Friburgo-RJ, 1927 - Rio de Janeiro-RJ, 2004)

Macaparana (Macaparana-PE, 1952)

Magdalena Jitrik (Buenos Aires-Argentina, 1966)

Manfredo de Souzanetto (Jacinto-MG, 1947)

Manuel de La Cruz González (San José-Costa Rica, 1909 - 1986)

Manuel Hernández (Bogotá-Colômbia, 1928)

Marçal Athayde (Pedreiras-MA, 1963)

Marcela Sinclair (Buenos Aires-Argentina, 1972)

Marcelo Armani (Carlos Barbosa-RS, 1978)

Marcelo Medina (Asunción-Paraguai, 1979)

Marcelo Pombo (Buenos Aires-Argentina, 1959)

Marcelo Silveira (Gravatá-PE, 1962)

Márcia X (Rio de Janeiro-RJ, 1959 - 2005)

Márcio Sampaio (Santa Maria de Itabira-MG ,1941)

Marcius Galan (Indianápolis-Estados Unidos, 1972)

Marcos Benítez (Asunción-Paraguai, 1973)

Marepe (Santo Antônio de Jesus-Bahia, 1970)

Margarita Azurdia – [Margoth Fanjul] (Antigua-Guatemala, 1931 - 1998)

María Freire (Montevidéu-Uruguai, 1917)

Maria Izquierdo (Jalisco-México, 1902 - Cidade de México-México, 1955)

Maria Martins (Campanha-MG, 1894 - Rio de Janeiro-RJ, 1973)

Mario Carreño (La Habana-Cuba, 1913 - Santiago-Chile, 1999)

Mario Carvajal (Valdivia-Chile, 1919 - 1988)

Mário Cravo Jr. (Salvador-BA, 1923)

Mário Röhnelt (Pelotas-RS, 1950)

Maris Bustamante (Cidade do México-México, 1949)

Marisol Malatesta (Lima-Peru, 1976)

Martha Peluffo (Buenos Aires-Argentina, 1931 - 1979)

Matilde Pérez (Santiago-Chile, 1916 - 2014)

Mauricio Bentes (Rio de Janeiro-RJ, 1958 - 2003)

Mauricio Kabistan (Manágua-Nicarágua, 1980)

Melissa Barbery (Belém-PA, 1977)

Melissa Guevara (San Salvador-El Salvador, 1984)

Mercedes Pardo (Caracas-Venezuela, 1921-2005)

Mestre Piranga (Piranga-MG, Século XVIII)

Miguel Ángel Rojas (Bogotá-Colômbia, 1946)

Miguel Rio Branco (Las Palmas de Gran Canaria, Ilhas Canárias-Espanha, 1946)

Miguel Rodríguez Sepúlveda (Tamaulipas-México, 1971)

Milner Cajahuaringa (Huarochirí-Peru, 1932)

Milton Dacosta (Niterói-RJ, 1915 - Rio de Janeiro-RJ, 1988)

Milton Kurtz (Santa Maria-RS, 1951 - Porto Alegre-RS, 1996)

Milton Machado (Rio de Janeiro-RJ, 1947)

Mira Schendel (Zurique-Suíça, 1919 - São Paulo-SP, 1988)

Mirtha Dermisache (Buenos Aires-Argentina, 1940 - 2012)

Moises Barrios (Cidade da Guatemala-Guatemala, 1946)

Mónica Restrepo (Bogotá-Colômbia, 1982)

Montez Magno (Timbaúba-PE, 1934)

Nadín Ospina (Bogotá-Colômbia, 1960)

Naiana Magalhães (Fortaleza-CE, 1986)

Naomi Rincón Gallardo (Carolina do Norte-Estados Unidos, 1979)

Naufus Ramirez-Figueroa (Cidade de Guatemala-Guatemala, 1978)

Nazareth Pacheco (São Paulo-SP, 1961)

Nedo [Nedo Mion Ferrario] (Milão-Itália, 1926 - Caracas-Venezuela, 2001)

Nelson Leirner (São Paulo-SP, 1932)

Nicolás Gómez Echeverri (Bogotá, Colômbia, 1984) ·

Niura Bellavinha (Belo Horizonte-MG, 1962)

Norton Maza (Lautaro-Chile, 1971)

Nuno Ramos (São Paulo-SP, 1960)

Omar Rayo (Roldanillo-Colômbia, 1928 - Palmira-Colômbia, 2010)

Oscar Bony (Misiones-Argentina, 1941 - Buenos Aires-Argentina, 2002)

Oscar Figueroa (San José-Costa Rica, 1986)

Oscar Muñoz (Popayán-Colômbia, 1951)

Oscar Santillan (Milagro-Equador, 1980)

Osvaldo Salerno (Asunción-Paraguai, 1952)

Oswaldo Goeldi (Rio de Janeiro-RJ, 1895 - 1961)

Oswaldo Maciá (Cartagena-Colômbia, 1960)

Oswaldo Terreros (Guayaquil-Equador, 1983)

Pablo Lobato (Bom Despacho-MG, 1976)

Paola Monzillo (Montevidéu-Uruguai, 1986)

Patricia Wich (Asunción-Paraguai, 1978)

Paul Ramirez Jonas (Los Angeles-Estados Unidos, 1965)

Paulo Bruscky (Recife-PE, 1949)

Paulo Climachauska (São Paulo-SP, 1962)

Paulo Flores (Porto Alegre-RS, 1926 - Santa Maria-RS, 1957)

Paulo Nazareth (Governador Valadares-MG, 1977)

Paulo Osir (São Paulo-SP, 1890 - 1959)

Paz Olea (Linares-Chile, 1944)

Pedro Américo de Figueiredo e Melo (Areia-PB, 1843 - Florença-Itália, 1905)

Pedro Lira (Santiago-Chile, 1845 - 1912) · Pedro Sandino (Colômbia)

Pedro Weingärtner (Porto Alegre-RS, 1853 - 1929)

Pia Camil (Cidade do México-México, 1980)

Rafael Alonso (Niterói-RJ, 1983)

Rafael Ferrer (Santurce-Porto Rico, 1933)

Ramón Vergara Grez (Mejillones-Chile, 1923)

Raquel Bessio (Montevidéu-Uruguai, 1946)

Raquel Stolf (Indaial-SC, 1975)

Raúl Lozza (Alberti-Argentina, 1911 - Buenos Aires-Argentina, 2008)

Raúl Zurita (Santiago-Chile, 1950)

Raymundo Colares (Grão Mogol-MG, 1944 - Montes Claros-MG, 1986)

Regina de Paula (Curitiba-PR, 1957)

Ricardo Migliorisi (Asunción-Paraguai, 1948)

Roberto Obregón (Barranquilla-Colômbia, 1946 - Tarma-Venezuela, 2003)

Rodolfo Díaz Cervantes (Cidade do México-México,1980)

Rodrigo Canala (Santiago-Chile, 1972)

Rodrigo Cass (São Paulo-SP, 1983)

Rodrigo Elgueta (Santiago-Chile, 1971)

Rodrigo Garcia Dutra (Rio de Janeiro-RJ,1981)

Rodrigo Matheus (São Paulo-SP, 1974)

Rogelio Polesello (Buenos Aires-Argentina, 1939 - 2014)

Romanita Disconzi (Santiago-RS, 1940)

Rommulo Vieira Conceição (Salvador-Bahia, 1968)

Rosa Mena Valenzuela (San-Salvador - El Salvador, 1913 - 2004)

Rosana Ricalde (Niterói-RJ, 1971)

Rubem Valentim (Salvador-BA, 1922 - São Paulo-SP, 1991)

Rubén Ortiz-Torres (Cidade do México-México, 1964)

Rubens Gerchman (Rio de Janeiro-RJ, 1942 - São Paulo-SP, 2008)

Rulfo (Montevidéu-Uruguai, 1970)

Saidel Brito Lorenzo (Matanzas-Cuba, 1973)

Saint Clair Cemin (Cruz Alta-RS, 1951)

San Poggio (La Plata-Argentina, 1979)

Sandra Cinto (Santo André-SP, 1968)

Sandu Darie (Roman-Romênia, 1908 - La Habana-Cuba, 1991)

Santiago Cárdenas (Bogotá-Colômbia, 1937)

Santiago Roose (Lima-Peru, 1975)

Saturnino Herrán (Aguascalientes-México, 1887 - Cidade do México -México, 1918)

Sergio Zevallos (Lima-Peru, 1962)

Sérvulo Esmeraldo (Crato-CE 1929)

Shirley Paes Leme (Cachoeira Dourada-GO, 1955)

Sigfredo Chacón (Caracas-Venezuela, 1950)

Simón Vega (San Salvador-El Salvador, 1972)

Solá Franco (Guayaquil-Equador, 1915 - Santiago-Chile, 1996)

Sonia Gutiérrez (Cúcuta-Colômbia, 1947)

Tarsila do Amaral (Capivari-SP, 1886 - São Paulo-SP, 1973)

Teresa Burga (Iquitos-Peru, 1935)

Thiago Martins de Melo (São Luís-MA, 1981)

Tiago Tebet (São Paulo-SP, 1986)

Tomás Espina (Buenos Aires-Argentina, 1975)

Tomie Ohtake (Kyoto-Japão, 1913 - São Paulo-Brasil, 2015)

Toño Salazar (Santa Tecla-El Salvador, 1897 - 1986)

Tony Camargo (Paula Freitas-PR, 1979)

Valerie Brathwaite (San Fernando-Trinidad y Tobago, 1940)

Véio [Cícero Alves dos Santos] (Nossa Senhora da Glória-PE, 1948)

Vicente do Rego Monteiro (Recife PE 1899 - 1970)

Victor Meirelles (Florianópolis-SC, 1832 - Rio de Janeiro-RJ, 1903)

Waldemar Cordeiro (Roma-Itália, 1925 - São Paulo-SP, 1973)

Walter Lima (Salvador-Bahia, 1946)

Waltércio Caldas (Rio de Janeiro-RJ, 1946)

Walterio Iraheta (San Salvador-El Salvador, 1968)

Wanda Pimentel (Rio de Janeiro-RJ, 1943)

Wesley Duke Lee (São Paulo-SP, 1931 - 2010)

Willys de Castro (Uberlândia-MG, 1926 - São Paulo-SP, 1988)

Wilson Alves (Porto Alegre-RS, 1948)

Wilson Cavalcante (Pelotas-RS, 1950) · Wilson Díaz (Pitalito-Colômbia, 1963)

Xavier Guerrero (San Pedro de las Colonias, Coahuila-México, 1896 - Cidade do México-México, 1974)

Xul Solar (San Fernando-Argentina, 1887 - Tigre-Argentina, 1963)

Yeguas del Apocalipsis [Francisco Casas e Pedro Lemebel] (Santiago-Chile, 1988)

Zenón Páez (Tobati-Paraguai, 1927)

Zilia Sánchez (Havana-Cuba, 1928)

Posted by Patricia Canetti at 2:42 PM

julho 27, 2015

Sobre os livros "Words Not Spent Today Buy Smaller Images Tomorrow" e "Post-Photography: The Artist with a Camera" por Francisco Quinteiro Pires, Folha de S. Paulo

Fazer imagens é fácil, difícil é decifrá-las, analisa crítico

Matéria de Francisco Quinteiro Pires originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 27 de julho de 2015.

David Levi Strauss é um otimista. Embora corra o risco de ser chamado de arcaico, o crítico defende uma antiga crença sobre a fotografia em seu livro mais recente, "Words Not Spent Today Buy Smaller Images Tomorrow".

Para ele, as imagens permanecem na era digital como instrumento de evidência e conscientização sobre a realidade.

Em "Words Not Spent...", coleção de "ensaios sobre o presente e o futuro da fotografia", Strauss faz uma leitura do poder político de fotos documentais e artísticas em um momento em que a pós-fotografia propõe um novo entendimento sobre o uso da imagem.

O ensaísta britânico John Berger elogiou os escritos de Strauss, professor da School of Visual Arts, em Nova York, e um dos críticos de fotografia mais prestigiados dos Estados Unidos, por priorizarem "o que tem sido esquecido, o que é sistematicamente censurado e o que nós precisamos lembrar amanhã".

Nos ensaios, o americano alerta para os efeitos de uma produção crescente e uma distribuição mais ampla em plataformas digitais como Flickr, Snapchat, Instagram, Facebook e WhatsApp. Segundo o Yahoo, 880 bilhões de fotos foram produzidas em 2014.

"Podemos produzir, guardar, manipular e selecionar fotografias com uma rapidez inédita, mas não conseguimos decifrá-las. Esse é um processo que exige mais tempo do que aquele imposto pela economia de mercado", diz ele.

"Nós examinamos as imagens com menos frequência e menos cuidado". De acordo com o crítico, uma observação descuidada leva à perda de autonomia política. "As fotografias perdem significado e viram informação, um elemento que precisa ser apenas administrado."

Ao contrário da escritora Susan Sontag e dos críticos pós-modernos, Strauss considera as fotografias uma oportunidade legítima para lidar com o mundo real e o aparente.

"Muitos têm tratado o ponto de vista dos pós-modernos como uma verdade inquestionável. Mas com o 11/9, que abalou as teorias persistentes sobre os significados das imagens, o nosso pensamento pôde tomar um rumo novo", defende Strauss.

ESCOLHA HUMANA

"Mais uma vez reconhecemos e confrontamos a nossa atração irracional e persistente pelas fotografias, capazes de ser um termômetro confiável das aspirações que orientam um sistema político e social."

Ao argumentar a favor dessa opinião, Strauss analisa os trabalhos de artistas (Chris Marker, Frederick Sommer, Carolee Schneemann, Jenny Holzer, Larry Clark), de fotojornalistas (Susan Meiselas, Kevin Carter, James Natchwey) e de fotógrafos de rua (Helen Levitt, Daido Moriyama).

Haveria entre eles um elemento comum: "O testemunho de um escolha humana sendo realizada em uma certa circunstância". Tal noção, diz Strauss, "é o que faz o exame das fotografias importante para qualquer discussão sobre a liberdade humana".


A fotografia morreu; viva a "pós-fotografia"

Matéria de Francisco Quinteiro Pires originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 27 de julho de 2015.

Ao contrário de David Levi Strauss, o crítico Robert Shore não vê mais sentido na discussão sobre o poder das imagens para representar a realidade.

Autor de "Post-Photography: The Artist with a Camera", um dos primeiros livros sobre o fenômeno da pós-fotografia, Shore acredita que "o verdadeiro valor do registro fotográfico passou por um teste destrutivo no passado".

Centrada na edição, reinterpretação e apropriação de imagens espalhadas pela web, "a pós-fotografia é um momento que permite a expansão dos meios tradicionais de trabalhar com fotos", diz Shore.

"Uma obra concebida a partir de imagens disponíveis são uma resposta à capacidade da internet de engolir em segundos o que é criado."

Nenhum dos 53 profissionais elencados em "Post-Photography" se considera pós-fotógrafo. De acordo com Shore, além do emprego de tecnologias digitais, não haveria diferença entre praticantes da pós-fotografia e artistas como Sherrie Levine e Richard Prince, protagonistas da arte realizada a partir da apropriação.

A espanhola Laia Abril prefere se apresentar como "uma contadora de histórias multimídia", embora adote recursos da pós-fotografia. Em 2011, ela iniciou um projeto sobre anoréxicas que resultou no fanzine "Thinspiration".

O trabalho de Abril foi selecionado para a exposição "From Here On", em 2013, com trabalhos de pós-fotografia, após um manifesto assinado pelo pesquisador espanhol Joan Fontcuberta e pelo fotógrafo Martin Parr.

"A princípio, pensei na abordagem tradicional para registrar garotas que sofrem de anorexia e participam de uma comunidade virtual", explica Abril. "Elas compartilhavam autorretratos para reforçar um estilo de vida, e não para revelar uma doença. Passei a fotografar as fotos que as anoréxicas tiraram de si mesmas para denunciar o uso que faziam das imagens."

Diante da circulação crescente de informações tanto Abril quanto Shore enfatizam a necessidade do papel do editor, responsável por selecionar e reinterpretar, entre bilhões de imagens, o que merece ser observado.

WORDS NOT SPENT TODAY BUY SMALLER IMAGES TOMORROW
autor: David Levi Strauss
editora: Aperture
quanto: US$ 19 (192 págs.)

POST-PHOTOGRAPHY: THE ARTIST WITH A CAMERA
autor: Robert Shore
editora: Laurence King
quanto: US$ 28 (272 págs.), ambos na amazon.com

Posted by Patricia Canetti at 12:05 PM

MoMA adquire obras de pioneiros da fotografia moderna brasileira e olha contemporâneos por Antonio Gonçalves Filho, Estado de S. Paulo

MoMA adquire obras de pioneiros da fotografia moderna brasileira e olha contemporâneos

Matéria de Antonio Gonçalves Filho originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 22 de julho de 2015.

Museu incorporou recentemente a seu acervo trabalhos de Gaspar Gasparian, Alair Gomes, Regina Silveira e Rosângela Rennó

Em 1949, o fotógrafo brasileiro de origem húngara Thomaz Farkas (1924-2011), um dos pioneiros da moderna fotografia no Brasil, entregou sete imagens suas ao então diretor do Departamento de Fotografia do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), o também fotógrafo Edward Steichen (1879-1973). Passaram-se anos até que essas fotos fossem oficialmente incorporadas ao acervo com a cooperação da família Farkas – uma delas foi comprada em 1959, mas as outras seis restantes tiveram de passar pelo crivo dos curadores do museu americano. Em 2016, Farkas vai finalmente figurar no segundo volume da coleção de fotografias, que já conta com vários fotógrafos brasileiros, entre eles o concreto Geraldo de Barros (1923-1988).

Para tornar a coleção brasileira do MoMA ainda mais orgânica, a atual curadora do Departamento de Fotografia do museu, Sarah Hermanson Meister, incluiu recentemente no acervo fotos de outro pioneiro integrante do histórico Foto Cine Clube Bandeirantes, o paulistano Gaspar Gasparian (1899-1966), filho de imigrantes armênios, um inovador não só no campo da fotografia como no setor têxtil (ele criou um lanifício que marcou o setor industrial paulistano nos anos 1940).

Gasparian foi autor de belas paisagens de São Paulo, além de um refinado fotógrafo experimental que enveredou pela abstração. Hoje, além do MoMA, museus internacionais como a Tate de Londres (que tem cinco fotos suas na coleção) disputam sua obra. A curadora Sarah Meister fala com entusiasmo dele e outros brasileiros que ajudou a incorporar ao MoMA – Alair Gomes, Regina Silveira, Rosângela Rennó e Vik Muniz –, fazendo crescer o time de profissionais que já figuravam na coleção do museu – Claudia Andujar, Mário Cravo Neto, Nair Benedicto, Sebastião Salgado e Valdir Cruz.

“Os últimos três anos foram muito importantes para sedimentar a coleção brasileira do MoMA”, diz Sarah Meister por telefone, em entrevista exclusiva ao Estado. E os brasileiros não conversam apenas entre eles. A curadora colocou nas galerias do museu o fotógrafo, designer e pintor Geraldo de Barros ao lado do americano Richard Misrach, um dos pioneiros da fotografia em cores nos anos 1970, hoje comparado aos alemães Thomas Struth e Andreas Gursky pela monumentalidade de suas imagens.

Os fotógrafos brasileiros vão ser contemplados ainda com uma palestra que a curadora vai fazer durante a SP-Arte/Foto, em agosto, como convidada especial dos organizadores do evento. Sarah Meister, responsável pela instalação das galerias de fotografia Edward Steichen no MoMA, que resumem a história da fotografia entre 1840 e 1970, tem dirigido seu olhar aos fotógrafos latino-americanos. Tanto que, no ano passado, levou ao Grand Palais, em Paris, a mostra American Photography, em conjunto com a Paris Photo. “Os europeus ficaram surpresos, pois imaginavam que eu só levaria os americanos do Norte, mas as reações foram positivas”, garante. “É nossa obrigação divulgar outros americanos, também porque o MoMA tem como missão promover o intercâmbio entre os povos, como deixou claro em 1942, ao comprar nove fotos de Manuel Álvarez Bravo.”

A curadora não revela o montante destinado pelo museu americano às aquisições de seu departamento, que tem um comitê formado por 25 profissionais responsáveis por aprovar ou não os trabalhos que devem entrar na coleção. “Não temos exatamente uma única direção, mas o que me chamou a atenção, logo que entrei no MoMA, foi que, desde a época em que Alfred Barr era diretor, sempre se privilegiou a experimentação, a considerar as primeiras entradas no acervo, Eugene Atget e Moholy-Nagy.”

Atget, que já foi chamado o “Balzac da câmera”, talvez seja o fotógrafo de maior presença na coleção do MoMA, que tem mais de 200 mil obras no acervo – e 10 mil artistas representados nele. Seus negativos renderam quatro volumes dedicados ao fotógrafo francês pelo museu, que comprou a coleção Abbott/Levy com seu trabalho em 1968. “Normalmente, não usamos nosso acervo comercialmente”, esclarece a curadora. “Mas a venda dos livros de Atget nos ajudou a comprar fotos que eram fundamentais para o museu.”

O MoMA foi um dos primeiros museus a incluir a fotografia em sua coleção. Em 1938, promoveu uma exposição individual do fotógrafo Walker Evans (1903-1973), um dos mais influentes da fotografia documental, que registrou com grande sensibilidade a miséria dos americanos durante a Grande Depressão americana.

“Acabamos de incorporar ao acervo, em junho, a coleção completa de 619 retratos de August Sander, produzidos num período de 60 anos, com a generosa contribuição de sua família.” Como os familiares de Sander, considerado o maior retratista alemão de todos os tempos, os parentes de fotógrafos brasileiros – como a família Farkas e Gasparian – têm desempenhado um papel exemplar no crescimento do acervo do MoMA. A curadora Sarah Meister tem visitado o Brasil regularmente e conhece as principais coleções de fotografia do País, entre elas a do Instituto Moreira Salles.

Martin Parr é uma das atrações da feira SP -Arte/Foto

Os fotógrafos brasileiros ainda são as estrelas da SP-Arte/Foto, que abre suas portas para o público em 20 de agosto, no JK Iguatemi, reunindo 31 galerias na maior feira de fotografia da América Latina. Entre as atrações internacionais, a Lume Galeria vai trazer o fotógrafo britânico Martin Parr, membro da Magnum e conhecido por sua sarcástica visão da sociedade de consumo, captada sem piedade por suas lentes macro e em cores saturadas, o que torna suas imagens inconfundíveis.

Entre as mostras de brasileiros está programada uma retrospectiva de um documentarista predecessor de Parr, Jean Manzon (1915-1990), um francês que chegou ao Brasil em 1940, fugindo da guerra. O inovador do fotojornalismo brasileiro vai ser homenageado pela Galeria Fass.

A Galeria Millan presta homenagem a duas mulheres fotógrafas, Rochelle Costi e Sofia Borges, a mais jovem participante da 30ª Bienal (2012), onde a curadora do MoMA, Sarah Meister, descobriu a fotografia do carioca Alair Gomes (1921-1992), um engenheiro e professor que, nos anos 1970 e 1980, carregou na sensualidade homoerótica.

Ainda na SP-Arte/Foto, a Dan Galeria mostra Cristian Mascaro e a Luciana Brito destaca a obra do mexicano Hector Zamora.

Posted by Patricia Canetti at 11:56 AM

julho 13, 2015

Dramática e pessimista, Bienal de Veneza reflete horrores do século 20 por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Dramática e pessimista, Bienal de Veneza reflete horrores do século 20

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 12 de julho de 2015.

A 56ª edição da Bienal de Veneza, "All the World's Futures" (todos os futuros do mundo), segue a linha de outras mostras do mesmo formato, como a Bienal de São Paulo do ano passado e a Bienal de Istambul de 2013: todas usam a arte como um filtro para retratar crises sociais atuais.

Veneza, com curadoria do nigeriano Okwui Enwezor, é de certa forma mais dramática e pessimista, a começar pelas telas negras penduradas na entrada do pavilhão central, feitas pelo colombiano Oscar Murillo.

Elas imprimem um tom fúnebre logo no início da exposição, que será mantido na sala seguinte, com uma série de trabalhos do italiano Fabio Mauri (1926 - 2009): "Máquina para Fixar Aquarelas", um tratorzinho com uma escada onde no fim se vê uma tela com a palavra fim, além de uma imensa parede de malas, "O Muro Ocidental ou das Lamentações" (1993).

Em ambas, Mauri aponta para sociedades sem futuro.

Assim, muito mais pessimista que as outras bienais recentes, a de Enwezor constrói, com obras poéticas e nada literais, um lamento para um século 20 marcado por guerras e explorações, centrando sua leitura em uma, aqui sim literal, leitura marxista.

O grande diferencial desta bienal, que segue até 30 de novembro, é a construção da Arena, um rearranjo interno do pavilhão central, onde diariamente lá é lido um trecho de "O Capital", de Karl Marx, segundo
encenação de Isaac Julien.

Apontando que as questões centrais do conflito entre capital e trabalho analisadas pelo pensador alemão continuam atuais, o curador, contudo, coloca no mesmo plano outras manifestações, como baladas tristes e belas feitas por presos, trabalhadores e camponeses cantados pelos norte-americanos Jason Moran e Alicia Hall Moran.

É apenas mais uma das atividades da Arena, que possui uma intensa programação e que consegue trazer a Bienal um caráter vívido, como outras já vinham buscando, caso de São Paulo, no ano passado, mas que aqui, com uma programação permanente torna a mostra mais dinâmica.

FACÕES E NEONS

Outro ponto alto da mostra é o início do Arsenale, onde está a continuação da mostra de Enwezor. Ela tem início com uma nova instalação do argeliano Adel Abdessemed, "Water Lilies", uma paródia às ninfeias de Monet, só que aqui construídas com facões.

Elas estão circundadas por diversos neons do norte-americando Bruce Nauman, dos anos 1970 e 1980, nos quais o artista usa esse instrumento publicitário para falar da fixação por morte e violência.

Essa mistura entre artistas renomados, como Nauman, e outros mais jovens, segue no decorrer da exposição, sempre lembrando o caráter trágico do mundo atual.

Outro bom exemplo é a dupla projeção do cineasta britânico Steve McQueen, "Ashes". De um lado, vê-se uma lápide sendo construída em Granada, uma ilha do Caribe. Do outro, imagens de arquivo de um jovem em cima de um barco. Testemunhos de amigos do rapaz contam então que ele morreu após se envolver com drogas.

No catálogo Enwezor afirma que a arte não precisa, necessariamente, abordar questões sociais, mas uma Bienal de Veneza, neste momento do mundo, precisa. Sem dúvida, esta é uma Bienal necessária. Afinal, ela se encerra com as fotos de Walker Evans, tiradas durante os anos da depressão norte-americana, nos anos 1930, e parece que nada mudou muito desde então.

56ª BIENAL DE VENEZA
AVALIAÇÃO ótimo

Posted by Patricia Canetti at 6:49 PM

julho 8, 2015

Mostra discute a imaterialidade com obras que ficam no limiar do invisível por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Mostra discute a imaterialidade com obras que ficam no limiar do invisível

Matéria de Silas Martí originalmente publicada na Ilustrada no jornal Folha de S. Paulo em 6 de julho de 2015.

Imaterialidade, Sesc Belenzinho, São Paulo, SP - 02/07/2015 a 27/09/2015

Exagerado, ele caminha sobre os contornos de um quadrado no chão, pondo um pé na frente do outro na mesma linha, o quadril mexendo para os lados num requebrar mais do que desajustado.

Nessa performance solitária, filmada em seu ateliê no fim dos anos 1960, Bruce Nauman dava corpo -de forma literal- a um desenho hipotético, inerte no assoalho. É dessas coisas frágeis, quase resvalando no invisível, que fala uma exposição agora em cartaz no Sesc Belenzinho.

Na montagem organizada por Adon Peres e Ligia Canongia, o filme do artista americano está um pouco escondido na segunda sala da mostra, mas serve de síntese dessa ideia de imaterialidade.

Mais histérica, uma instalação de Carlito Carvalhosa logo na entrada da exposição dá outro resumo do conceito, com lâmpadas fluorescentes e taças de cristal coladas num paredão - a potência da luz transformando tudo num borrão brilhante e intenso.

É uma imagem que demora a desgrudar da retina, deixando um eco visual como filtro para o resto das obras, como um cacho de objetos de vidro de Laura Vinci. Vista logo depois do trabalho de Carvalhosa, sua escultura parece vibrar na galeria.

Também funcionam como uma espécie de dueto visual os trabalhos do francês François Morellet, um dos nomes fortes da arte cinética, e do minimalista americano Keith Sonnier. Enquanto Morellet pendura do teto uma série de hastes arqueadas de neon vermelho, Sonnier cria prateleiras de vidro contornadas por feixes de neon colorido.

Nesse ponto, a noção de imaterialidade da mostra arrisca parecer literal demais, com trabalhos quase virando ilustração de uma ideia só por serem transparentes ou luminosos, um tanto etéreos.

Mesmo dotados de solidez inquestionável, o vidro, as lâmpadas e os neons delineiam, uma atmosfera fantasmagórica. Enquanto contornos de um terreno intangível, essas peças, como Nauman fez com o próprio corpo, acabam estruturando uma outra esfera do real.

Diante disso, a obra do americano James Turrell, uma forma geométrica que surge num canto escuro como projeção de luz, dá o passo mais decisivo da mostra. É um trabalho que clama para ser tocado, já que a intensidade da luz dá um aspecto quase sólido ao volume, mas joga com a decepção - de perto, ele não passa de uma sombra flutuante.

Na mesma pegada, Brígida Baltar aparece no alto de um morro tentando encher de neblina uma série de frascos de vidro presos a um colete. Num estranho registro visual, algo como um cruzamento entre "A Noviça Rebelde" e "O Morro dos Ventos Uivantes", Baltar cria um belo filme sobre a vontade de pôr as mãos no infinito, naquilo que se esvai.

É um prelúdio aos tubos metálicos de Paola Junqueira, na outra sala da mostra. Quase na altura dos olhos, eles chamam a atenção como estranhas lunetas, mas ventiladores lá dentro sopram um ar frio na cara de quem se aproxima - o estranho frescor dessa tal imaterialidade.

Posted by Patricia Canetti at 7:54 PM

Exposição apresenta a arte de lidar com o impalpável por Camila Molina, Estado de S. Paulo

Exposição apresenta a arte de lidar com o impalpável

Matéria de Camila Molina originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 1 de julho de 2015.

Na mostra 'Imaterialidade', no Sesc Belenzinho, artistas criam obras usando elementos como a luz, o som e as palavras

Imaterialidade, Sesc Belenzinho, São Paulo, SP - 02/07/2015 a 27/09/2015

Quando o francês Claude Monet (1840-1926) pintou a Catedral de Rouen sob a luminosidade de diferentes momentos do dia, a “percepção começou a ter um lugar essencial na compreensão daquilo que se vê”, explica a curadora Ligia Canongia. Ainda no século 19, ela completa, o impressionismo colocou a “questão da desmaterialização” na arte. Entretanto, este tema da história da arte não ficou no passado, tornando-se candente e sendo retomado de tempos em tempos por distintos artistas, como se pode ver na exposição Imaterialidade, que será inaugurada nesta quarta-feira, 1º, para convidados, e na quinta-feira, 2, para o público no Sesc Belenzinho.

A mostra, com curadoria de Ligia Canongia e Adon Peres, apresenta uma bela seleção de obras de criadores nacionais e estrangeiros – entre eles, Waltercio Caldas, James Turrell, Anthony McCall, Carlito Carvalhosa, Laura Vinci e José Damasceno –, que, exclusivamente ou pontualmente, dizem os curadores, enfatizam o – “filosófico” – tema do intangível através do uso da luz, de palavras, sons, transparência – e até do ar.

Cinco frases (em francês e em espanhol) de Ben Vautier, um dos integrantes do histórico grupo Fluxus, estão espalhadas pela exposição como “sopros”, descreve Peres, que dizem “Eu Sou Transparente” (1990) e “É Difícil Amar” (2006), mas é a sentença “Como Into the (W) Hole” (2002), do carioca Marcos Chaves, estampada em vinil sobre a parede, que sintetiza a discussão proposta em Imaterialidade. O jogo de palavras refere-se às ideias de cheio e de vazio – e as indagações filosóficas, define Ligia, colocadas nos trabalhos da coletiva também abrem-se para questões sobre o ser e o não ser, a luz e a sombra, o real e o irreal. A riqueza ou potência da mostra está, assim, na união que os trabalhos expostos criam entre o conceitual e o sensorial – ou até o poético, em muitos casos.

A obra de Turrell, de 1968, é das mais emblemáticas da exposição. Em uma sala escura, o artista estabelece no espaço, apenas com o uso da luz, a “ilusão de um volume” (verde), diz Ligia Canongia. “Turrell trabalha essencialmente sobre o impalpável”, afirma Adon Peres. A criação do efeito ótico também está relacionada à instalação Seção Diagonal (2008), de Marcius Gallan, entretanto, é melhor destacar a histórica peça do norte-americano como elemento fundamental de um segmento dedicado a trabalhos feitos com uso de lâmpadas ou projetores.

Desse conjunto ainda, Você e Eu, Horizontal II (2006), de Anthony McCall, é primordial. Pioneiro da relação entre arte e cinema, o britânico “transforma a luz em volume”. Lamentável Vermelho (2006), do francês François Morellet, também é importante presença com seus tubos de néon, assim como o trabalho do norte-americano Keith Sonnier.

Outro nicho interessante da mostra é o dedicado ao som e à efemeridade da performance (representada por Bruce Nauman). Em outro espaço expositivo do Sesc Belenzinho, a sala da inglesa de origem paquistanesa Ceal Floyer tem apenas um amplificador e alto-falantes que reproduzem uma voz dizendo repetidamente a frase “Till I get it Right” (Até eu Acertar). Seria como se a artista se referisse à imaterialidade de uma ação através da obsessão – uma obra que, ainda define a curadora, remete ao “mito de Sísifo”.

Posted by Patricia Canetti at 7:48 PM

julho 5, 2015

Exposição retrospectiva destaca ousadia de Geraldo de Barros por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo

Exposição retrospectiva destaca ousadia de Geraldo de Barros

Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 23 de maio de 2015.

Geraldo de Barros e a fotografia, SESC Belenzinho, São PAulo, SP - 08/04/2015 a 31/05/2015

No princípio era a pintura. Assim como grande parte dos artistas que passaram da produção moderna para a contemporânea, Geraldo de Barros (1923-1998) começou sua carreira usando os pincéis.

Contudo, o percurso da ótima retrospectiva de sua obra, "Geraldo de Barros e a Fotografia", em cartaz no Sesc Belenzinho, em parceria com o Instituto Moreira Salles, não se inicia com seus primeiros trabalhos nas telas, mas com uma espécie de reencenação de um dos momentos mais significativos de sua carreira: a exposição "Fotoforma", realizada no Masp, quando o museu ainda ocupava o primeiro andar da sede dos Diários Associados, em 1951.

É realmente impressionante como a mostra foi ousada, apresentando até mesmo fotografias recortadas e amparadas em pedestais, como se fossem esculturas.

TOM RADICAL

É com esse tom radical que a retrospectiva, com curadoria de Heloisa Espada, segue a partir de então com um percurso do artista de maneira cronológica, apresentado entre as primeiras obras um autorretrato do artista.

É inegável, no entanto, que a pintura de 1947, um tanto convencional, ganha outro contorno a partir do impacto do experimentalismo da primeira sala.

A ampla exposição, com 258 obras, abarca as distantes e variadas produções importantes de sua carreira como artista: as fotografias realizadas a partir de 1946, quando adquire sua primeira câmera; a série das "Fotoformas", realizada a partir das múltiplas exposições na mesma chapa fotográfica; as pinturas concretas dos anos 1950; as obras pop dos anos 1970; a série "Sobras", dos anos 1980.

Em cada uma dessas fases, a curadora selecionou peças significativas, nas quais é possível vislumbrar algumas particularidades de sua poética, como a influência das aulas de gravura que teve com Lívio Abramo –o que certamente estimulou o desenho realizado em alguns negativos fotográficos.

Além de um começo potente, a mostra se encerra com um conjunto de impacto: a série completa de 268 colagens de negativos e positivos sobre vidro, realizado pelo artista no fim de sua carreira.

Inovador, esse trabalho, junto a 70 ampliações das colagens, atesta o que se viu já na primeira sala: Barros é um dos mais radicais criadores em artes visuais na segunda metade do século 20 no país.

Posted by Patricia Canetti at 10:19 PM

Em retrospectiva, José Resende questiona curadoria por Fabio Cypriano, ARTE! Brasileiros

Em retrospectiva, José Resende questiona curadoria

Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada na revista ARTE! Brasileiros em 25 de maio de 2015.

Com 70 anos, 50 deles dedicados à arte, o artista apresenta 12 novas obras monumentais que dialogam com seu percurso

José Resende, Pinacoteca do Estado, São Paulo, SP - 26/04/2015 a 14/06/2015

No Jardim de Esculturas do Museu de Arte Moderna de São Paulo, os visitantes costumam jogar pedras em uma das obras ali instaladas. Não é sinal de vandalismo, tampouco de protesto contra o trabalho: o objetivo é apenas usar a escultura como se fosse um instrumento musical. “A primeira vez que fui lá, estranhei que as pessoas apedrejavam o trabalho. Mas depois gostei da forma como se apropriaram dela”, conta José Resende, o autor da peça.

Criada em 1997, a obra sintetiza algumas das questões recorrentes no processo criativo de Resende, que, aos 70 anos, comemora 50 de carreira com uma retrospectiva na Pinacoteca do Estado. Entre as marcas registradas estão o uso de materiais encontrados no ambiente urbano, como o aço dessa obra sem título, e o equilíbrio como um princípio construtivo, ambas envolvendo a arquitetura, área de formação do artista.

Nem sempre, e na maioria dos casos isso deve ser mesmo evitado, dados bibliográficos explicam a produção de um artista, mas no caso de Resende parece um tanto incontornável lembrar seus estudos em arquitetura na FAU Mackenzie, junto a Decio Tozzi e Ruy Ohtake, entre outros. “No segundo ano da faculdade, eu trabalhei no escritório de Paulo Mendes da Rocha. Aprendi muito lá, pois ele sempre discutiu tudo com todos”, recorda.

Contudo, a formação como artista vem do impulso de outro encontro. Na mesma época, o início dos anos 1960, junto aos colegas Carlos Fajardo, Luiz Paulo Baravelli e Frederico Nasser, Resende, para “aprender a desenhar”, começou a estudar com o artista Wesley Duke Lee (1931-2010). Esse encontro marcaria todo o início de sua carreira. Foi graças a ele que Resende e os colegas (menos Baravelli), junto a Duke Lee, Nelson Leirner e Geraldo de Barros criaram o Grupo Rex, em 1966. O coletivo contou com um espaço expositivo e um jornal, que tinha o sarcasmo com o circuito da arte como marca central.

“Creio que, até 1970, minha obra teve muita influência do Wesley. É só depois desse ano que começo a andar com as próprias pernas”, explica Resende. É em 1970 que ele e os mesmos três colegas fundaram a Escola Brasil:, um centro de formação artística livre, por isso os dois pontos no final do nome. A escola durou até 1974, contou com professores como Claudia Andujar e George Love, e mais de 400 alunos, entre eles as galeristas Regina Boni e Luisa Strina, e os artistas Dudi Maia Rosa e Flávia Ribeiro.

Foi também no ano 1970 que o quarteto que estudou com Duke Lee participou de uma mostra no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo – MAC, e no Museu de Arte Moderna do Rio. Uma das obras na Pinacoteca, Coluna, uma escultura com peças de madeiras sobrepostas que se sustentam por conta da ampla base de metal, reutiliza a mesma solução estrutural, só que em outra escala, de um trabalho exposto nessas mostras de 1970.

Com 12 obras inéditas, essa exposição na Pinacoteca é, na verdade, uma retrospectiva dos procedimentos do artista. E a ironia, provável herança do Rex, não está apenas no paradoxo de uma retrospectiva com novas obras, mas também no questionamento à ideia de curadoria, já que foi Resende quem organizou a própria mostra com um discurso um tanto anticuratorial. “Acho que as narrativas dos curadores determinam muito como se deve olhar para a obra, eu prefiro mais liberdade.”

Para tanto, Resende rompeu com qualquer ordem cronológica ou mesmo sequencial, deixando ao visitante a possibilidade de escolher por onde entrar ou sair da exposição. Nas salas refrigeradas, por exemplo, ele deixou todas as portas livres, sem manter uma orientação fixa de entrada e saída, como costuma ocorrer. “A concepção de retrospectiva me assusta: entra-se por uma porta e antes da última está o atestado de óbito do artista. Eu tenho 70 anos, estou jovem, ainda não quero morrer”, ironiza.

Das 12 obras da mostra, oito foram feitas para a Pinacoteca e quatro, inéditas em São Paulo, estiveram na mostra do artista no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 2011. Todas elas dialogam com outras obras realizadas em sua carreira, como que repetindo estratégias. Macaco nos Galhos, escultura exibida no MAM carioca e alocada em uma das extremidades das salas refrigeradas, por exemplo, suspende-se por uma tração. De modo similar, Resende levantou vagões de trens, em 2002, no projeto Arte/Cidade Zona Leste, um de seus trabalhos mais impactantes.

Outro exemplo é a escultura em formato circular Covo, que lembra aqueles cestos que índios usam para pescar. A estrutura da obra, onde a superfície externa adentra a área interna, é semelhante a outra escultura apresentada por Resende em 1999, na última mostra organizada por Marcantonio Vilaça (1962-2000) na galeria Camargo Vilaça.

Resende também desafia na retrospectiva a ocupação do Octógono: “Por sua dimensão, em geral esse espaço é usado para receber apenas uma grande obra, eu preferi colocar aqui duas”.

O que chama ainda atenção na retrospectiva é como, por meio dessas 12 esculturas, é possível observar o passado e o presente da arte contemporânea. Há uma relação inesperada com artistas como Rivane Neuenschwander, em sua série Conversations. Nela, a artista apresenta fotos de arranjos de objetos em mesas de bar, que parecem pequenas esculturas, o que, no caso de Resende, é o mesmo procedimento ao reunir distintos materiais. A diferença, especialmente no caso da retrospectiva na Pinacoteca, é que Resende trabalha em grandes dimensões.

Há também um evidente paralelo com artistas como Marcelo Cidade, André Komatsu e Nicolás Robbio, por conta dos materiais usados – aço, vergalhões, madeira – e do surpreendente resultado dessas associações.

Finalmente, há um diálogo óbvio com a tradição escultórica brasileira, como em obras que lembram os Bichos, de Lygia Clark, ou as dobras, de Amilcar de Castro. Afinal, como lembra o próprio Resende, parafraseando Willys de Castro, “em arte quem não tem pai é filho da puta”.

Posted by Patricia Canetti at 10:07 PM

Leilão abre precedente para cobrança sobre valorização de obras de arte por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Leilão abre precedente para cobrança sobre valorização de obras de arte

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 30 de junho de 2015.

Mais do que as obras à venda, uma presença ilustre chamou a atenção na primeira fila do último leilão da Bolsa de Arte em São Paulo. Antes dos lances, o ministro Luís Roberto Barroso do STF, o Supremo Tribunal Federal, fez um discurso sobre a coleção do amigo Nelson Diz que em seguida encararia o martelo.

Na condição de testamenteiro do advogado morto há um ano, Barroso quis ver todos os lances na venda do dia 28 de maio. A noite terminou com um saldo de R$ 13 milhões pagos por 119 peças –só quatro delas não encontraram um comprador, enquanto outras quatro saíram por mais de R$ 1 milhão cada uma.

"Foi um sucesso o leilão", resume Viviane Perez, inventariante de Diz, que deixou todo o seu patrimônio para três empregadas e uma namorada. Mas antes de repassar a elas a fortuna arrecadada com a venda das obras, sua advogada terá de reservar uma parte aos artistas e herdeiros daqueles já mortos que decidirem cobrar o direito de sequência.

Essa medida, que está na Lei do Direito Autoral, prevê que quando uma obra de arte é revendida o artista ou seus herdeiros têm direito a receber 5% do lucro do vendedor. Pela dificuldade em calcular esse valor, já que muitas vezes não se sabe quanto o colecionador pagou pela obra que está leiloando, ninguém costuma ver a cor desse dinheiro.

Mas agora a situação pode ser diferente. Isso porque o preço pago por Nelson Diz por cada uma das obras consta de suas declarações à Receita Federal e do testamento, um documento público. O fato de o caso ter o envolvimento de um ministro do STF também dá maior visibilidade ao assunto.

Ou seja, essa é uma rara circunstância em que a lei pode ser aplicada, já que é possível calcular quanto cada artista ou herdeiro tem direito a receber. Uma vez determinadas as quantias, os pagamentos serão feitos àqueles que se manifestarem. "Nosso interesse é dar cumprimento à lei", diz Perez. "Da nossa parte não haverá nenhuma oposição."

Nem poderia haver. "Se o ministro tem o Imposto de Renda do falecido, sabe quanto custaram as obras. É matemática simples", diz o advogado Pedro Mastrobuono, especialista em direito autoral.

"Na condição de ministro, ele não pode alegar que desconhece a lei. Ele fica numa situação desconfortável", afirma Mastrobuono, um dos maiores colecionadores de Alfredo Volpi e responsável pelo espólio do artista ítalo-brasileiro morto em 1988.

Se aplicada a matemática, por exemplo, uma tela de Volpi comprada por Diz há seis anos por R$ 25 mil e arrematada no leilão por R$ 650 mil sofreu uma valorização de R$ 625 mil –ou seja, os herdeiros de Volpi poderiam receber então 5% de R$ 625 mil, ou pouco menos de R$ 32 mil.

Mas a cobrança não é tão simples. "Se eu pagar hoje para um herdeiro, amanhã aparece outro, e às vezes estão todos brigando", diz Jones Bergamin, dono da Bolsa de Arte. "Essa lei é tão mal escrita que não tem como funcionar."

Nesse sentido, famílias como a de Candido Portinari vêm tentando evitar longos processos judiciais e chegaram a um acordo com leiloeiros, aceitando 3% do valor total da venda de uma obra. "É um acordo informal que nos foi proposto por alguns marchands", diz Maria Edina Portinari, nora do pintor. "Eles reservam a quantia e pagam."

SEM ACORDO

Nos casos em que não se chega a um acordo, no entanto, as brigas se arrastam na Justiça. Os Portinari tentam até hoje receber o direito de sequência sobre um desenho arrematado por R$ 9.000 num leilão no Rio há quatro anos.

Soraia Cals, a leiloeira em questão, diz que é impossível determinar qual foi a valorização sofrida pela obra e por isso não cabe fazer esse pagamento. Em todo caso, deixou de vender qualquer peça de Portinari por precaução.

Em resposta ao caso Portinari, que agora chega ao Superior Tribunal de Justiça, tramita no Congresso uma lei que muda o texto do direito de sequência, que passaria de 5% sobre o lucro para 5% do valor total da venda –ou seja, seria igual à lei europeia.

Embora possa eliminar dúvidas e tornar mais fácil a aplicação da lei, a mudança não garante que ela seja usada por quem poderia, já que leiloeiros, como Cals, podem se recusar a vender obras de artistas com herdeiros que costumam cobrar o direito de sequência. Ou seja, criaria uma lista negra no mercado.

"Todos os artistas podem entrar com esses pedidos, mas acontece que não vou botar mais no leilão", diz Bergamin. "Os proprietários não vão querer mais vender, e os artistas vivos têm medo que caiam os preços e eles sejam aposentados do mercado."

De fato, os artistas vivos ficam mais melindrados. A maioria nem sabe que existe o direito de sequência, uma herança do direito francês que criou a regra no século 19 para evitar que autores não fossem remunerados pela venda de seus livros fora do país. E aqueles que sabem preferem não fazer a cobrança para não se indispor com o mercado.

"Se isso for mais um instrumento que possa engessar o duro trabalho do mercado de arte, acho que deve ser mais discutido", diz Tunga, artista que teve obras vendidas por quase R$ 400 mil no leilão da Bolsa de Arte. "Nesse ponto, eu sou pragmático."

ECAD DAS ARTES

Enquanto não impera o pragmatismo –e a lei não muda–, o advogado Leonardo Cançado vem tentando criar um sistema para arrecadar o direito de sequência em nome dos artistas, uma espécie de Ecad das artes. Ele diz já ter 70 nomes que apoiam seu projeto, embora nenhum venha a público porque "tem medo de sofrer represálias".

"Esse mercado é muito delicado, e as pessoas que defendem direitos contrários aos dos artistas são muito poderosas", diz Cançado. "Por isso esse caso envolvendo o ministro Barroso é tão importante. Se fosse um colecionador comum, ele poderia dizer que não pagaria. Só que um ministro não pode dar um exemplo desses para todo o país."

Procurado, Barroso não quis comentar o tema para não antecipar seu voto, já que a questão diz respeito a casos que serão julgados pelo Supremo.

Posted by Patricia Canetti at 9:58 PM

White Cube fecha filial brasileira após 3 anos por Antonio Gonçalves Filho, Estado de S. Paulo

White Cube fecha filial brasileira após 3 anos

Matéria de Antonio Gonçalves Filho originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 4 de julho de 2015.

Galeria inglesa que representa os artistas Damien Hirst e Jac Leirner vai manter só projetos especiais no País

Em dezembro de 2012, a White Cube, galeria inglesa que representa Damien Hirst, Tracey Emin, Anselm Kiefer, Baselitz, Andreas Gursky e a brasileira Jac Leirner, abriu suas portas em São Paulo, nove meses após a inauguração da primeira filial fora da Inglaterra, em Hong Kong. Três anos depois, ela encerra aqui suas atividades. A White Cube paulistana era um projeto de apenas três anos, justifica o Departamento de Comunicação da matriz inglesa da galeria, em entrevista feita por e-mail. Nela, a White Cube diz que pretende manter laços comerciais com o Brasil e desenvolver “projetos especiais”, negando que a crise econômica esteja relacionada com o fechamento da galeria.

O saldo das atividades da White Cube São Paulo não foi negativo, segundo os responsáveis pela galeria. “A White Cube São Paulo, na Vila Mariana, sempre foi um projeto de três anos, o de apresentar o trabalho de nossos artistas ao público brasileiro, sob a direção de Karla Meneghel e Peter Brandt. Acreditamos ter atingindo essa meta e estamos contentes com o sucesso do projeto.” A galeria, diz o e-mail, “não fechou as portas”. Ela vai continuar trabalhando em projetos especiais no Brasil, como o de Antony Gormley, que realizou em conjunto com o CCBB, em 2012.

De modo geral, o resultado comercial das operações da White Cube em feiras de arte brasileiras tem sido bom, garantem seus administradores. As vendas na galeria acompanharam esse saldo positivo das feiras. “Participamos de feiras brasileiras há anos e consideramos a experiência compensadora e produtiva, tanto em termos de público como de vendas. A galeria, de modo similar, obteve considerável êxito comercial e vai continuar a desenvolver projetos no Brasil e a participar de feiras.”

O fato de a White Cube representar mais artistas estrangeiros que brasileiros não interferiu na decisão de encerrar as atividades da galeria, dizem os administradores. O resultado não teria sido melhor se a White Cube trabalhasse só com artistas brasileiros.

“A exposição em cartaz, que será a última na Vila Mariana, exibe trabalhos de um brasileiro, Christian Rosa. Jac Leirner, que teve sua primeira individual na White Cube de Londres, em 2013, é também representada pela galeria, assim como Beatriz Milhazes, que expôs seus trabalhos, no começo deste ano, em nossa filial de Hong Kong. Tivemos ainda uma coletiva, Open Cube, na White Cube de Londres, em 2013, com curadoria de Adriano Pedrosa, que incluiu 17 artistas brasileiros, entre eles Daniel de Paula, que teve uma individual na filial paulistana em 2014.”

Ainda como exemplos de brasileiros promovidos pela galeria, foi citada a exposição Até Aqui Tudo Bem, que teve como curadora Fernanda Brenner e cuja seleção incluiu artistas brasileiros emergentes ao lado de europeus e americanos já estabelecidos. “Sempre acreditando que a arte é um diálogo transnacional, a galeria mostrou no Brasil alguns dos artistas de maior projeção no cenário internacional, abrigando individuais de Tracey Emin, Julie Mehretu, Anselm Kiefer, Damien Hirst, Theaster Gates e Antony Gormley, entre outros”, cita a White Cube.

A White Cube tem uma filial em Hong Kong. O mercado de arte asiático seria mais atraente para a galeria? Ela teria planos de abrir filiais em outros países? “Cada mercado é diferente e tem distintas recompensas e desafios. Nunca pretendemos submeter as filiais a um modelo uniformizador, o que descarta a possibilidade de qualquer comparação.”

A despeito da crise econômica que afeta o Brasil, o mercado de arte não se encontra exatamente numa situação ruim, considerando os últimos leilões em São Paulo e no Rio. As expectativas da White Cube em relação ao futuro desse mercado são bastante positivas. “Os anos recentes mostraram que já existe um mercado de arte bastante desenvolvido no Brasil, com museus fabulosos, artistas renomados internacionalmente e apoio desses nomes por parte das galerias comerciais brasileiras. Essa infraestrutura, aliada ao crescente número de colecionadores, sugere que o Brasil é um mercado sólido, informado e engajado, o que justifica certa esperança de que ele continuará crescendo.”

A White Cube organizou exposições importantes em São Paulo, como a de Anselm Kiefer, no começo deste ano. A galeria não revela o montante vendido na mostra, mas diz que muitos colecionadores brasileiros ficaram com obras do artista alemão, um dos maiores nomes ligados ao advento do neoexpressionismo europeu nos anos 1980. “Anselm Kiefer exibiu suas novas pinturas e algumas já integram importantes coleções brasileiras.” Esse trabalho, garante a White Cube, vai continuar nas feiras.

Galeristas reclamam que os altos impostos desestimulam a atuação no Brasil, mas esse não foi o caso da White Cube, garantem seus diretores. “Embora muitos reclamem dos impostos e dos entraves burocráticos para importar obras de arte, nós provamos que é possível para uma galeria estrangeira funcionar com sucesso no Brasil.”

Posted by Patricia Canetti at 9:49 PM

julho 2, 2015

Catálogo raisonné de Leonilson, morto em 1993, dever sair em 2016 por Antonio Gonçalves Filho, Estado de S. Paulo

Catálogo raisonné de Leonilson, morto em 1993, dever sair em 2016

Matéria de Antonio Gonçalves Filho originalmente publicada no jornal Estado de S. Paulo em 29 de junho de 2015.

Com curadoria de Ricardo Resende, produção da Base7 e edição da Cosac Naify, a publicação será bilíngue

Morto dois meses antes de completar 36 anos, de complicações advindas da aids, o artista cearense José Leonilson (1957-1993) é, hoje, um dos artistas brasileiros contemporâneos de maior presença nos museus internacionais. Sua obra está presente no MoMA de Nova York, no Centre Pompidou de Paris e na Tate Modern de Londres, ultrapassando o impressionante número de 4 mil obras, segundo Ricardo Resende, curador do Museu Bispo do Rosário e responsável pela catalogação de sua obra, agora no estágio final. No segundo semestre do próximo ano, o catálogo raisonné de Leonilson será finalmente lançado, após 20 anos de pesquisas do projeto que leva seu nome.

Criado por um grupo de familiares e amigos em 1995, para pesquisar, divulgar e catalogar sua obra, o Projeto Leonilson já tem quase 3 mil imagens digitalizadas dos trabalhos do artista, que vai ganhar um catálogo dividido em três volumes – os dois primeiros com reproduções das obras levantadas até a data da publicação e o segundo com uma reunião dos principais textos críticos e jornalísticos publicados sobre ele.

Com curadoria de Ricardo Resende, produção da Base7 e edição da Cosac Naify, a publicação, bilíngue, tem o patrocínio direto da Fundação Edson Queiroz, sem recorrer às leis de incentivo. Poucas obras do artista integram o acervo da instituição, que mantém o Espaço Cultural Unifor, um andar inteiro de exposição permanente na Universidade de Fortaleza. Na cidade cearense, o museu que abriga parte da produção inicial de Leonilson é o Dragão do Mar.

Leonilson deixou cedo o Ceará. Veio com a família ainda garoto para São Paulo, estudou artes plásticas na Faap, mas não concluiu o curso. Isso não impediu que, antes dos 30 anos, já fosse um artista conhecido no meio paulistano por sua originalidade e, principalmente, pela coragem de expor publicamente sua vida pessoal nos trabalhos. Muito ligado aos quatro irmãos, Leonilson aprendeu a bordar com a mãe, dona Carmem, hoje com 87 anos, recorrendo à técnica artesanal para realizar obras que, a despeito dos temas densos – entre eles, os efeitos da devastação da aids e o sofrimento de sua geração – são de uma delicadeza extrema.

Leonilson escrevia em desenhos e bordava letras ao lado de figuras, como se escrevesse um diário destinado às gerações futuras. Mais precisamente nos últimos quatro anos de vida, a palavra passa a ser usada não como apêndice, e sim como elemento formal que rivaliza em beleza com o próprio desenho. Ambos se tornam elementos indissociáveis.

Ana Lenice, psicóloga, irmã do artista e presidente do Projeto Leonilson, tem no acervo familiar vários poemas e reflexões suas, mas fica em dúvida se deve ou não publicá-los. “Li num de seus cadernos que ele detestaria ser escritor, que jamais publicaria um texto, e acho que devemos respeitar sua vontade”. Ela não descarta, porém, a ideia de aproveitar parte desse material. “Muitas vezes ele fazia esboços dos trabalhos em cadernos, inclusive os bordados, que minha mãe, excelente bordadeira, via com olhar crítico”. Dona Carmem, claro, atentava para a execução, sem entender, provavelmente, que os “erros” – tanto de ortografia como de alinhamento – eram deliberados. Leonilson traduzia, enfim, o malogro da tentativa de ser perfeito ou incorporar um ofício culturalmente ligado às mulheres. Nesse sentido, a ambiguidade é um dos traços que identificam a obra autobiográfica de Leonilson.

Os trabalhos mais “reveladores” de Leonilson são também os mais “misteriosos”. Ainda que pareça paradoxal, grande parte da obra do artista é propositalmente ambígua, pois não “entrega” diretamente a verdade, como o próprio artista admitia. A obra reproduzida nesta página traz, por exemplo, o coração como figura dominante. Aparentemente, o uso do signo sugere uma vocação jocosa para o camp, um comentário sobre a representação do órgão como sinônimo romântico da paixão, mas Leonilson, certamente, não era cínico. Ainda que recorra a uma metonímia, trocando sua paixão por um objeto simbolizado, Leonilson acreditava na materialização de um sentimento por meio do gesto expressivo – seja um bordado ou uma pincelada. Sua poética, no entanto, vai na contramão da pintura expansiva, neoexpressionista, que emergia na época de suas primeiras exposições, na década de 1980.

“Leonilson faz um voo solo entre os artistas da chamada Geração 80”, observa o curador do catálogo, Ricardo Resende. Com isso ele quer diz que, avesso aos gestos expansivos, extrovertidos, dos pintores marcados pela influência dos pós-modernos italianos ou dos “novos selvagens” alemães – figuras dominantes na época do retorno à pintura, nos anos 1980, como uma resposta à ditadura conceitual dos anos 1970 –, Leonilson “enveredou por outras formas de expressão”. Intimistas, seus pequenos bordados, que lembram os das antigas civilizações do Eufrates, por vezes assumem uma dimensão liliputiana, quase um pentimento, em que um ponto se sobrepõe a outro como um desenho camuflado, enigmático.

Parte dessa obra estará disponível para visualização ainda este ano no site do Projeto Leonilson. Para o primeiro semestre do próximo ano está previsto um seminário com especialistas em sua obra para definir o que, afinal, é esboço ou trabalho final em sua produção. Antes disso, ainda este ano, deve estrear A Paixão de JL, de Carlos Nader, filme vencedor do festival É Tudo Verdade, que foi baseado nas fitas gravadas pelo artista nos últimos três anos de vida. Também será realizada em Fortaleza, em 2016, no Espaço Cultural Unifor, uma exposição com obras suas.

Posted by Patricia Canetti at 5:21 PM