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maio 26, 2013
Intervenções artísticas na Virada tentam destacar rostos no anonimato por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Intervenções artísticas na Virada tentam destacar rostos no anonimato
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 19 de maio de 2013.
Mesmo que o centro de São Paulo seja cheio de museus e galerias de arte, como a Pinacoteca do Estado, o Centro Cultural Banco do Brasil e a Caixa Cultural, a Virada Cultural deste ano levou para as ruas uma série de intervenções artísticas luminosas e chamativas.
No vale do Anhangabaú, onde se concentrou boa parte delas, o grupo Bijari construiu uma ponte metálica forrada de luzes vermelhas e brancas. Quanto mais gente atravessasse de um lado para o outro, mais vermelha ela deveria ficar, respondendo ao fluxo intenso do movimento na Virada.
"É experimentar a arquitetura com o corpo", resume Rodrigo Brandão, um dos integrantes do Bijari. "Esse corte no percurso entre o vale do Anhangabaú e a avenida São João é um erro urbanístico. Quisemos criar aqui um atalho."
Embora o atalho funcionasse na hora de cortar caminho, não ficou tão clara a dinâmica das cores. Na noite de sábado, a ponte parecia piscar de forma aleatória, como uma árvore de Natal desregulada, sem responder de fato aos estímulos de quem passava por ali. De qualquer forma, servia para iluminar uma cicatriz do tecido urbano da cidade, o vale que, em vez de abrigar o movimento que recebe na Virada, costuma estar abandonado e escuro.
Outro ponto do projeto era lembrar que, por baixo do asfalto do vale, passa o rio Anhangabaú canalizado, como se os artistas despertassem ali parte da memória da cidade. "Isso lida um pouco com a opacidade de São Paulo, como as coisas são desqualificadas e requalificadas", diz Giselle Beiguelman, curadora de artes visuais desta Virada. "Misturar tudo isso aqui era um desafio interessante."
Mais adiante, também no Anhangabaú, pessoas faziam fila para entrar em duas cabines, uma com luzes azuis e outra avermelhada, para conversar on-line com alguém que entrasse na cabine em frente, com o detalhe que toda a conversa seria projetada em tempo real na empena cega de um prédio.
"É diferente, parece que mistura a internet com uma construção de relacionamentos", diz a enfermeira Letícia Silva, que saía de uma cabine. "Você está isolado e ao mesmo tempo exposto, mas não dá tempo de dizer muita coisa em cinco minutos, é só uma apresentação."
Na mesma pegada de identificar rostos no anonimato da multidão, outro projeto estampava na fachada do prédio da prefeitura um monte de gente fazendo gracinhas diante da câmera. Eram imagens que revezavam com a visão de onomatopeias de histórias em quadrinhos também exibidas ali, sem muito nexo.
Enquanto alguns projetos focavam o rosto de quem passava pela Virada, outro quis mostrar o que pensam. Numa empena cega do Anhangabaú, imagens garimpadas do Google eram projetadas de acordo com palavras-chave enviadas pelos frequentadores da festa via celular.
Bastaram cinco minutos diante da obra para ver que muita gente tinha fixação por passistas de escola de samba, o ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, Lady Gaga, beijos entre pessoas do mesmo sexo, Raul Seixas, Marilyn Monroe e Lady Di.
"Sempre tem jogadores de futebol, lugares bonitos, artistas, músicos", diz Rachel Rosalen, artista que assina o projeto já apresentado em Roma, no Rio, em Basileia e Natal, com Rafael Marchetti. "Estávamos com muita expectativa para ver o que aconteceria aqui."
Algumas quadras distante dali, no Palácio da Justiça, uma instalação menos tecnológica chamava atenção. Na sala dos Passos Perdidos, onde acusados aguardam a sentença que será proferida pelo júri, os artistas Rejane Cantoni, Leonardo Crescenti e Raquel Kogan instalaram placas de plástico espelhado que criam um reflexo parecido com uma superfície aquática na arquitetura rígida de Ramos de Azevedo, que projetou o prédio público.
"É aquela luz que você vê quando está dentro de uma piscina", diz Cantoni. "Ela tem esse ar de piscina congelada, é uma máquina ótica", completa Crescenti. Em turnos de 50 pessoas, e depois de passar por detectores de metal, o público podia se jogar nas placas de plástico.
Por volta das 21h deste sábado (18), muitos davam cambalhotas, fingiam mergulhar e treinavam passinhos de dança sobre o tablado de água de mentira. "O que é mais legal é eles se apropriarem de um prédio que as pessoas não conhecem", dizia o jornalista Paco Sampaio, deitado sobre a obra. "É algo bonito e ao mesmo tempo poético", acrescentou seu amigo, o cenógrafo Tobias Nunnes.
Pelo menos até 22h do sábado, era possível visitar todas as instalações de artes visuais da Virada Cultural sem tumultos ou qualquer dificuldade. Ruas no trajeto estavam limpas e sem sinal de problemas com segurança.
Feira ArtRio anuncia lista de galerias aprovadas para edição 2013
Feira ArtRio anuncia lista de galerias aprovadas para edição 2013
Matéria originalmente publicada no G1 em 22 de maio de 2013.
Festival acontece entre 5 e 8 de setembro, nos armazéns do Píer Mauá. Evento terá participação de 13 países, além do Brasil.
A ArtRio, Feira Internacional de Arte Contemporânea do Rio de Janeiro, apresentou nesta quarta-feira (22) a lista das galerias aprovadas para a edição de 2013. O festival acontece de 5 a 8 de setembro no Píer Mauá, na Zona Portuária do Rio e vai ocupar os armazéns de número 1 a 5 do local. Veja a lista de galerias aprovadas no site do evento (reproduzida abaixo).
As galerias foram definidas por um comitê de seleção, composto por especialistas da área. Entre os critérios analisados, está a relevância no mercado de atuação, por exemplo. Veja abaixo os programas.
No programa Panorama, por exemplos, as galerias Gladstone, de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e Victoria Miro, de Londres, na Inglaterra. Já no programa Vista, estão galerias como a Curro & Poncho, de Guadalajara, no México, e Emannuel Hervé, de Paris, na França. A feira terá a participação de representantes de mais nove países: Alemanha, Argentina, Colômbia, Espanha, Itália, Peru, Portugal, Suíça e Uruguai.
PANORAMA
A Gentil Carioca
Almeida & Dale Galeria de Arte
Am Galeria Horizonte
Amparo 60
Anita Schwartz
Arte57
Artur Fidalgo
Athena Galeria de Arte
Aut Aut
Baginski
Baró
Bergamin
Blain Southern
Bolsa de Arte de Porto Alegre
Carbono
Cardi (Galleria Cardi)
Casa Triângulo
Celma Albuquerque
Choque Cultural
Dan Galeria
David Zwirner
Eduardo Fernandes
Elba Benítez
Eliana Benchimol
Enrique Guerrero
Filomena Soares
Fólio
Fortes Vilaça
Gabinete de Arte Raquel Arnaud
Gagosian
Gávea
Gisèle Linder
Gladstone Gallery
Gustavo Rebello
Ingleby
Ipanema
Inox
Jean Boghici
Jorge Mara La Ruche
Laura Marsiaj
Leme
Lemos de Sá
Leon
Tovar
Logo
Luciana Caravello
Luisa Strina
Lurixs
Marcia Barrozo do Amaral
Marian Goodman
Marilia Razuk
Mario Sequeira
Mark Muller
Massimo de Carlo
Mauricio Pontual
Mayoral Galeria D'Art
Mendes Wood
Mercedes Viegas
Mike Karstens
Millan
Monica de Cardenas
Mul.Ti.Plo
Murilo Castro
Nara Roesler
Oscar Cruz
Pace
Parra & Romero
Paulo Darzé
Paulo Kuczynski
Pequena Galeria 18
Pinakotheke
Polígrafa Obra Gráfica
Progetti
Rolf Art
Ronie Mesquita
Sílvia Cintra + Box 4
Sim Galeria
Simões de Assis Galeria
Steiner
Sur
Tempo
Vermelho
Victoria Miro
White Cube
Zipper
VISTA
80M2
Amarelo Negro
Athena Contemporânea
Christian Lethert
Christinger De Mayo
Curro & Poncho
Emmanuel Hervé
Emma Thomas
Koal
La Central
Lume
Societé
Thomas Brambilla
Vogt (Johannnes Vogt Gallery)
Psm
Nosco
maio 22, 2013
Salão de Abril: Seis propostas, O Povo
Seis propostas
Matéria originalmente publicada no jornal O Povo, em 20 de maio de 2013.
64º Salão de Abril - Inscrições
Na semana em que artistas da Cidade se reúnem para avaliar o Salão de Abril, o Vida & Arte convida alguns para pensar e escrever propostas para o evento
1 Enrico Rocha
Artista, educador e mestre em artes visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
Há muito se discute saídas para o Salão de Abril. Poderia ser uma exposição panorâmica, fruto de uma pesquisa curatorial sobre a produção de arte atual. Poderia ser um programa de bolsas ou residências que mobilizasse a produção e promovesse intercâmbios. Poderia ser um conjunto de ações envolvendo exposições, seminários, intervenções etc. Enfim, poderia ter muitos formatos e continuaria a correr o risco de não promover a relação que nos interessa entre a produção de arte e a cidade, pois essa relação não se conquista em uma ação isolada.
Por isso, considero mais urgente começarmos a desenvolver políticas públicas para a cidade que contemplem de modo articulado um programa de arte-educação nas escolas e instituições culturais; programas regulares e complementares de formação em artes; um circuito de instituições que mobilize sistematicamente a produção, promova a sua circulação e sua crítica; programas de interlocução com a produção de arte de outras cidades; enfim, um sistema que seja capaz de comprometer artistas e qualquer cidadão com a experiência de invenção estética, de si e do mundo, que é própria à arte.
Para tanto, precisamos convencer os políticos de que essa experiência é fundamental e estratégica para a conquista da cidade que desejamos viver. Refiro-me aos políticos que ocupam cargos no poder público e, por essa razão, têm obrigação de pensar essas questões, mas também aos políticos que somos, essencialmente, todos nós.
2 Yuri Firmeza
Artista visual e professor do Instituto de Cultura e Arte, da Universidade Federal do Ceará
Do Indo-Europeu, wer significa dobrar. Em Latim, versus – que, em tantas metáforas, sinaliza o arado. Portanto, preparar o terreno. Versus habita, igualmente, o conversar. Versar com, versar junto. Não há como pensar políticas públicas, para além do clientelismo e da politicagem, que desconsidere sua dimensão participativa. Ou seja, a criação de espaços de diálogo entre a sociedade e o poder público tanto na elaboração das políticas – o que engloba pensar o terreno – quanto no acompanhamento das ações implementadas. Projetos pensados à longo prazo e previstos no plano municipal da cultura que não subsistam acuados a celeridade dos eventos e tampouco do mandato político. O Salão moribundo – e não sou eu que declaro sua falência, mas o próprio formato deste Salão – é apenas sintoma desta paisagem árida. Não há, na agenda da Secretaria, um programa para a cultura. Há eventos esporádicos e editais – atrasados e não pagos. Afora isto, o que há? Seminários que pensem o futuro do Salão? Acompanho as prospecções do futuro deste salão há pelo menos dez anos. Constam em sua programação como mea culpa e esperança. Mas, enquanto o futuro não chega é o presente que se desarticula. Ademais, é de salão e editais que sobrevivem as políticas públicas para a cultura? Que outros espaços e projetos estão sendo ativados? Há conversas ou a retórica da inclusão amortiza as diferenças?
3 André Parente
Artista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Em 1976 participei do Salão de Abril. Tentei inscrever fotografias, filmes e instalação, mas não eram categorias aceitas. Consegui inscrever uma monotipia e uma escultura. Ganhei o 2º lugar, não me recordo em que categoria.
Contente da vida (era em algum espaço meio abandonado no Passeio Público), fui ver a exposição, e me informaram que só havia um diploma. Animado, perguntei quantas inscrições teriam havido na categoria em que fui “premiado”. Uma funcionária olhou para mim com um sorriso sarcástico e impaciente como quem me dissesse nas entrelinhas “meu filho, não se anime” e me lascou: “só dois mesmo”. Voltei para casa desolado com meu trabalho e meu diploma. Durante os próximos dois anos, cada vez que alguém falava de Salão de Abril, eu contava a história como se fosse uma piada.
Em 1978, realizei a minha primeira exposição solo numa galeria privada, a Galeria Crédimus. Era uma exposição Multimídia, contendo monotipias, fotografias, filmes super 8, poesia visual e uma instalação intitulada Disciplina (uma gaiola de dois metros de altura por 1,5 metros de largura contendo um terno pendurado num cabide). Era uma forma de afirmação contra a caretice de então. Desde então, eu não soube mais de Salão de Abril.
Há coisa de uns cinco anos, voltei a Fortaleza e eis que vejo um Salão de Abril renovado, com exposição bacana, fotografias, filmes, instalações, gravuras, desenhos, pinturas, exatamente o Salão que eu gostaria de ter participado, só que 30 anos depois! O que teria acontecido para renovarem o Salão em um momento em que os salões, mesmo o nacional, já haviam entrado em declínio ?
Voltei em Fortaleza ano passado e fiquei chocado com as notícias da cena cearense: o BNB, espaço mais experimental da cidade nos últimos cinco anos ia perder seu espaço expositivo; o Alpendre estava fechando as portas; rumores corriam de que a Vila das Artes estava ameaçando quanto a suas verbas, a onda agora era investir no Dragão; já não se falava mais de Salão de Abril. Todos nós estamos de acordo que a cena das artes visuais de Fortaleza vive um momento de grande potência, mas por outro lado, institucionalmente falando, há uma desproporção enorme: a cena é frágil demais, nenhuma política pública continuada e estável.
4 Aterlane Martins
Historiador, professor do IFCE e coordenador de Ação Educativa do Salão de Abril 2013
Na contramão do que já foi dito, não reconheço o Salão de Abril como uma instituição caduca ou moribunda, talvez velha, sim. Mas de uma velhice calcada no acúmulo da experiência. É diante desta que podemos refletir, criticar, propor, revisar e reorientar.
A perspectiva da duração longa ou da continuidade espaço-temporal, como seja preferido compreender, é essencial para o que penso como proposição ao Salão de Abril: o aspecto educativo.
Educação aqui seja entendida na perspectiva freiriana e suas releituras consistentes, do que promove a autonomia, a liberdade e o desenvolvimento social.
O Salão tem experimentado de modo qualificado o desenvolvimento de ações educativas que priorizam a arte como elemento vetor. De uns tempos para cá, ações levadas a cabo nos terminais urbanos, em presídios, praças ou nas galerias de exposição, possibilitaram ao público mais diverso a fruição da arte – coisa rara em nossa cidade.
Profissionais e programas educativos qualificados, como se vê em tantas mostras Brasil e mundo afora, bem podem contribuir com a sanidade desta instituição septuagenária. Porém, assim como a arte, a prática educativa demanda tempo e persistência para ver seus frutos germinarem.
5 Carolina Ruoso
Doutoranda em História da Arte na Universidade de Paris 1 Panthèon-Sorbonne
Pensando o Salão de Abril para o século XXI destaco 7 propostas. Gestão: a Secultfor deve criar uma coordenadoria especialmente para esta instituição sem paredes. Que criará um Conselho Consultivo para que seja elaborado um plano diretor. Este incluirá no seu programa uma equipe de Ação Educativa e uma equipe de Pesquisa. Produzindo registros, construindo uma base de dados, tratando a documentação e elaborando materiais de mediação em arte contemporânea. Proponho que o Formato seja elaborado a partir da noção de artistas-curadores. Os artistas selecionados para a residência artística, elaborarão com o Comitê Curador um projeto coletivo de exposição: resultado de uma experiência alternada entre trabalho de campo e reuniões de orientação. Este evento é um atrativo cultural que fará Produtos: um catálogo com artigos de críticos e pesquisadores, um documentário de arte, postais...
6 Beatriz Furtado
Pesquisadora e professora do Instituto de Cultura e Arte, da Universidade Federal do Ceará
O texto do Yuri Firmeza sobre o Salão de Abril expressa, sobretudo, um movimento de resistência. Em meio ao silêncio, ao comedimento e a apatia, o artista resolve implodir um circuito carcomido, como já o fizera antes, por outras vias. Dessa vez, o release veio assinado pelo próprio punho e se endereçava ao modo do poder público lidar com a cultura, desde sempre.
O fato é que nenhuma gestão, nenhuma, conseguiu reverter, minimamente, a situação de miséria absoluta da área da cultura. Nunca foi destinado e, efetivamente, executado, o orçamento previsto para a Cultura. A prova dos nove dessa conta, muitas vezes escamoteada por gastos com mega-eventos, é que não temos um só equipamento destinado às artes no município de Fortaleza.
Não há um teatro municipal; um cinema público; um museu da história da cidade; uma casa para música; um sala de espetáculos para dança; um museu de arte; uma casa da fotografia. Não temos uma biblioteca que seja capaz de atender uma população de quase três milhões de pessoas. E não é por falta de projetos, inclusive já pagos e amarelando nas gavetas municipais.
O Salão de Abril é feito a toque de caixa para cumprir um calendário. O prédio da galeria Antônio Bandeira, que abrigou no mais das vezes o Salão, é um desprezo ao nome de um dos pintores mais importantes do modernismo brasileiro.
Ou se cria (1) uma instituição séria, com (2) dotação orçamentária, com (3) corpo técnico estável, com (4) curadores/diretores com mandatos definidos, (5) todos concursados, para acabar com os vícios dos eternos chapas brancas; (6) se cria prédio/museu que abrigue não apenas o Salão, em abril, mas para atividades expositivas/educativas durante todo o ano, ou será sempre assim: cairemos, todos, na mesma armadilha do fazer o que é possível e de qualquer jeito. E, o que é pior, clamando pelo consenso da mediocridade.
Abril em outros salões por Alan Santiago, O Povo
Abril em outros salões
Matéria de Alan Santiago originalmente publicada no jornal O Povo em 20 de maio de 2013.
64º Salão de Abril - Inscrições
Salões têm mudado em outras partes do Brasil. Em Belo Horizonte, a Bolsa Pampulha oferece residência artística. Em Recife, as bolsas contemplam desde projetos artísticos tradicionais até mais experimentais
Com premiações que chegam a R$ 160 mil, a 64ª edição do Salão de Abril – que marca seu aniversário de 70 anos – está indo na contramão de salões análogos em outras partes do Brasil. “De um modo geral, os salões têm feito o esforço de deixar de se considerar eventos para pensar uma abordagem da arte o mais processual possível”, explica a curadora pernambucana e crítica de arte Clarissa Diniz.
Isso significa que o salão não age mais como legitimador de uma produção – simplesmente fazendo seleções de artistas e os premiando –, mas passa a apostar, por exemplo, em residências artísticas, bolsas de pesquisa e publicações. Dois casos emblemáticos são o Salão Nacional de Artes de Belo Horizonte e o Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Ambos passaram por metamorfose em 2002.
O primeiro mudou de nome, inclusive. Virou Bolsa Pampulha, que toca bienalmente um programa de residência artística para jovens criadores de todas as partes do Brasil. Os contemplados são acompanhados por uma comissão de críticos, curadores e pesquisadores em artes visuais. Há um ateliê coletivo para os artistas, que recebem bolsa durante um ano, o tempo da pesquisa. No segundo ano, as obras gestadas viram exposição no Museu de Arte da Pampulha na capital mineira. Em 2008, o artista visual cearense Yuri Firmeza foi um dos admitidos.
Segundo a curadora Lisette Lagnado, com a Bolsa Pampulha, a cidade se converte em um campo de investigação na medida em que os contemplados de outros Estados mudam de residência e conseguem efetivamente estabelecer trocas. “Dialogar mais com a cena local é algo que só a residência artística permite, isto é: deixar-se impregnar por uma realidade urbana por uma duração razoável”, pontua.
O Salão de Artes Plásticas de Pernambuco se compartimentaliza: há bolsas para pesquisa e produção em artes visuais, videodocumentário, fotografia e também residência artística. O projeto deve se estender por 10 meses. Aqui, como em Minas Gerais, os artistas são acompanhados por equipe de críticos, curadores e pesquisadores.
“As bolsas oferecidas permitiram abordagens das mais diversas, desde o estabelecimento de relações aparentemente mais tradicionais de pesquisa até mais experimentais, como esforços de diluição da autoria, da dissolução da obra de arte, ou de projetos que ocorrem entre campos distintos da criação e do conhecimento”, explica a coordenadora-geral da 47ª edição do Salão, Luciana Padilha, no texto do catálogo sobre artistas contemplados em 2008.
Para Clarissa, essas alternativas, condensadas em Minas Gerais e em Pernambuco, são significativas para jovens artistas que garantem estabilidade financeira para produzir projetos. Assim, os salões conseguiriam envolver grupos de artistas com a discussão de processo criativo. “O modelo de prêmio causa disfunção social, porque está criando hierarquias e traz um pensamento exclusivista. A própria arte contemporânea é o mais coletiva e horizontal possível”, critica.
O quê
entenda a notícia
Nessa semana, O POVO publicou artigo do professor e artista visual Yuri Firmeza criticando a atual edição do Salão de Abril. Ele reclamava do prêmio como ação de marketing e destacava a ausência de uma ação contínua. A experiência de outros salões pelo Brasil pode iluminar o que o nosso poderá ser no futuro.
Escândalo de obras falsas turbina lobby por nova lei no país por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Escândalo de obras falsas turbina lobby por nova lei no país
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 21 de maio de 2013.
Escândalos nas últimas semanas envolvendo obras falsas de artistas brasileiros em duas das maiores casas de leilão do mundo, a Christie's e a Phillips em Nova York, deixam evidente a sofisticação crescente de falsários no país.
"Estão furando o bloqueio até das casas de fora", diz Jones Bergamin, da Bolsa de Arte, uma das maiores casas de leilão do Brasil. "Esses golpes já se tornaram quase diários."
Enquanto advogados se esforçam para levar ao Congresso um novo projeto de lei que tornaria a falsificação de obras de arte um crime --a ação por enquanto é só enquadrada como estelionato ou falsidade ideológica--, a Phillips adiantou à Folha uma mudança nas regras.
"Sempre que uma obra não estiver catalogada pelo espólio do artista, vamos consultar seus herdeiros", diz Laura Gonzalez, especialista em arte latino-americana da Phillips, que retirou na semana passada um Alfredo Volpi "duvidoso" de um leilão.
"Quem nos entregar obras para venda será informado de que vamos revelar seu nome aos herdeiros. Temos boas relações com o Brasil, mas o número de falsos é cada vez maior. É importante criar regras claras de autenticação."
No caso de obras falsas, advogados que defendem os direitos de artistas como Volpi e Candido Portinari tentam criar mecanismos para evitar que essas peças continuem a circular no mercado mesmo com suspeitas de falsificação.
Nada impede, por exemplo, que as supostas obras de Ivan Serpa, Mira Schendel, Amilcar de Castro, Roberto Burle Marx e Volpi, removidas dos leilões da Christie's e da Phillips, voltem ao mercado brasileiro "chanceladas" pela aparição no catálogo dessas casas renomadas.
"Botar a obra numa casa de leilão é um expediente frequente entre o pessoal que trabalha com coisas duvidosas", diz Marco Antonio Mastrobuono, diretor do Instituto Alfredo Volpi. "A própria pessoa articula para a peça não ser arrematada e depois tenta vender aqui com o catálogo em que ela aparece."
E elas aparecem cada vez mais. Num cenário que combina a fissura internacional por obras brasileiras e preços em alta, mas em que ainda falta conhecimento para identificar falsos, agentes de mercado no Brasil pressionam o governo a apertar o cerco contra falsários.
CAMINHO TORTUOSO
"Estamos agora trabalhando num projeto para tipificar como crime a falsificação", diz Maria Edina Portinari, diretora jurídica do Projeto Portinari. "No Brasil, isso não é crime. Se alguém estiver vendendo uma obra que sabe que é falsa, é estelionato. Se é pego em flagrante dizendo que é daquele artista, é falsidade ideológica. Mas esse ainda é um caminho tortuoso."
Luis Gustavo Grandinetti, desembargador aposentado do Rio, foi consultado pelos Portinari para aprimorar o projeto de lei que deve ser encaminhado ao Congresso. Ele propõe que a corte possa convocar uma comissão de especialistas sobre um artista para determinar se uma obra é ou não inautêntica.
Enquanto outros países têm isso previsto em lei, exigindo que uma obra declarada falsa por especialistas seja apreendida e destruída, a lei autoral no Brasil ainda é "omissa", na opinião de Pedro Mastrobuono, advogado do Instituto Alfredo Volpi.
"Um expert no Brasil não diz que uma obra é falsa porque ele pode ser denunciado por calúnia. Do ponto de vista jurídico, a figura do expert não está fundamentada", diz Mastrobuono. "Enquanto esses agentes estiverem desprotegidos das sanções criminais, estarão melindrados em assessorar as casas de leilão."
No projeto de lei dos herdeiros de Portinari, a comissão de especialistas a ser convocada pela corte teria o poder de um perito e não correria o risco de ser processada pelo dono da obra suspeita. "Esse risco de constrangimento desapareceria", diz Grandinetti. "Isso precisa ser levado ao debate político."
La gran ilusionista por Diana Fernández Irusta, La Nación
La gran ilusionista
Matéria de Diana Fernández Irusta originalmente publicada no jornal argentino La Nación em 12 de maio de 2013.
Sofisticada y talentosa, Adriana Varejão -considerada la mejor artista contemporánea de Brasil- impacta con una obra que utiliza el simulacro y suele inspirarse en la azulejería colonial
El día en que Adriana Varejão pisó por primera vez las abigarradas callecitas de Ouro Preto, su vida experimentó un antes y un después. Tenía 22 años, se iniciaba en el campo del arte y, de manera imprevista, descubrió que el empedrado de la ciudad colonial hablaba. Las piedras de Ouro Preto gritaban mensajes indescifrables, y ella las caminó descalza, embriagada por la profusión de iglesias y por una iconografía religiosa cuyo significado desconocía, pero cuya intensidad la desbordaba. Entre cachaças, amores juveniles y la sinuosa geografía de ese rincón de Brasil, una joven artista carioca definía su modo de estar en el mundo: con mirada contemporánea y espíritu barroco.
Esa misma mujer avanza ahora por los pasillos del Malba, donde presenta una muestra que atraviesa 20 años de su trabajo. Un recorrido que le valió generar obras cuya cotización en el mercado internacional ronda el millón y medio de dólares, integrar las colecciones de la Tate Modern de Londres, el Guggenheim de Nueva York, la Fundación Cartier de París y, el mes pasado, ser nombrada la mejor artista contemporánea por la Asociación Brasileña de Críticos de Arte. Varejão porta toda esta historia profesional con relajado placer. La misma placidez con que lleva, a los 48 años, su segundo embarazo. "Hay una edad en la que estamos siempre construyendo. Y de repente tomas conciencia de que hay una obra realizada, una trayectoria -comenta-. Ver lo que hiciste reunido frente a ti. es una experiencia maravillosa de lo que la madurez puede traer de bueno."
¿Cómo vivís esto de armar una muestra tan abarcativa, al mismo tiempo que estás en plena creación de otra vida?
[La artista hace un gesto difícil de interpretar. Sonríe, amaga con hablar, respira hondo. Se intuye la renuencia a explayarse sobre su vida privada. Contesta, al fin.] "Es mi segunda hija. Tengo una niña de 7 años. Ahora va a ser otra niña. Es un buen momento profesional, pero son cosas distintas. Otra instancia de cosas".
Hasta el 10 de junio, sobre las paredes del Malba se lucirán sus trabajos: de grandes dimensiones, concebidos en un enigmático cruce entre simulacros, exuberancia barroca y cruces interculturales. El territorio de Varejão no es el del pequeño formato: en Inhotim, emprendimiento que, a kilómetros de Belo Horizonte, alberga jardines tropicales y arte contemporáneo, posee todo un pabellón. La artista estuvo casada con Bernardo Paz, creador de ese complejo, con quien tuvo su primera hija. El padre de la niña que hoy se adivina en su vientre suavemente curvado, es el productor Pedro Buarque de Hollanda, primo de Chico Buarque.
Alguna vez dijiste que las piedras de Ouro Preto hablaban. Las superficies que recreás en tus obras también poseen una enorme intensidad. ¿Cómo trabajás el aspecto técnico?
Hago una aproximación poco tradicional a la pintura, algo típico en una artista contemporánea. Utilizo aluminio, poliuretano, en el sentido de construir una narrativa. Una artificialidad.
¿Por qué la frecuente apelación a lo decorativo, los utensilios domésticos, los azulejos?
Era algo muy artesanal en Portugal; hubo una importación de estos íconos portugueses a Brasil. Es como adoptarlos y subvertirlos, devolverlos de un modo distinto. Algunas piezas se inspiran en un ceramista, Bordalo Pinheiro, de fines del siglo XIX, principios del XX. Pero el significado final se da en el espectador.
En muchas de tus obras asoman vísceras, sangre. Algo que puede referir a la colonización. o a infinidad de otras cosas.
Yo prefiero la infinidad de otras cosas (risas). Cuando pienso en la materialidad, la carne y demás, no pienso en sufrimiento. Pienso en voluptuosidad, en erotismo. Algo que se contrapone a la violencia de las superficies frías, asépticas, racionales, previsibles. Para mí es muy violento el minimalismo. El contrapunto es una pulsión apasionada, que desborda, caótica, incontrolable. Una fuerza más interna, animal, salvaje, que rompe todo ese orden para establecer otro. Un poco la metáfora del nacimiento. No hay sufrimiento en el nacimiento, pero hay contundencia.
Llamaste a tu muestra Historias en los márgenes. ¿Aludís también a esos márgenes donde a veces se ubica lo femenino?
En ningún momento de mi vida me sentí marginada por ser mujer. Por ser brasileña o latinoamericana, sí. Lo de los márgenes tiene que ver con una cuestión histórica.
Pero tu lugar dentro del mercado del arte no es marginal.
Sin embargo, todavía hay un largo camino para el arte latinoamericano; no somos tan centrales. Yo no me siento tan central.
¿De ahí la fascinación con Oriente?
Los portugueses fueron increíbles, hicieron colonias en Macao (China), India, África, Brasil. Es muy fuerte la cuestión del mestizaje. Entre gentes, sangres, culturas. Por eso me encanta tener dos polos, China y Brasil, y hacer una conexión entre ellos.
Durante una charla con el curador Adriano Pedrosa, elogiaste el papel del desperdicio en el barroco.
El barroco es un pensamiento del desperdicio en función del placer. Como explica Severo Sarduy, una mente burguesa frente a una obra barroca, exclama: "¡Cuánto trabajo desperdiciado!". Si piensas en el lenguaje periodístico, está hecho para que otro entienda; no hay desperdicio. Pero la poesía es puro desperdicio, no está hecha para comunicar algo específico. Se trata de encontrar un lenguaje que se preste a la poesía y no a la eficiencia.
En un momento en que el arte está tan atravesado por lo institucional y por el mercado, ¿no se complica esta postura?
Cuando estoy creando, sólo hago lo que la obra necesita. Ninguna concesión al mercado ni a límites institucionales. No es ningún esfuerzo. (sonríe).
Es conocida la afición de la artista por el tai chi. Quizás a esa práctica oriental deba lo grácil de sus gestos, la firmeza nunca ruda de sus dichos. La charla termina, la pregunta se impone:
¿Cuándo nace tu niña?
En junio.
¿Se viene, entonces, un momento de detención?
No. Cuanto menos trabajo, más creación.
maio 20, 2013
Más allá del panfleto, la reflexión por Ángeles García, El País
Más allá del panfleto, la reflexión
Matéria de Ángeles García originalmente publicada no jornal espanhol El País em 20 de maio de 2013.
Cildo Meireles, Museo Reina Sofía - Palacio de Velázquez, Madrid, Espanha - 24/05/2013 a 29/09/2013
El brasileño Cildo Meireles, uno de los artistas conceptuales más relevantes, expone sus instalaciones políticas en el Reina Sofía
Sobre un suelo alfombrado por 20.000 huevos de madera se extiende un techo formado por 50.000 balas. La instalación, bautizada con el nombre de Amerikka, es la denuncia del artista brasileño Cido Meirelles de las justificaciones de la violencia de la Asociación Nacional del Rifle de Estados Unidos. Meireles (Río de Janeiro, 1948) controlaba la semana pasada al detalle cada uno de los movimientos de los operarios encargados de reconstruir esta pieza, nunca expuesta en España. Forma parte del centenar de obras de la antológica que a partir del 23 de mayo el Reina Sofía le dedica en el palacio de Velázquez del Retiro, en Madrid.
Amerikka es un buen resumen de las aspiraciones éticas y estéticas de Meireles. Mezcla de investigación, filosofía, poesía y deslumbrante belleza, sus dibujos, esculturas, pinturas e instalaciones lo han convertido en un referente del arte conceptual. “Son trabajos que han acompañado toda mi vida y estoy disfrutando mucho viendo como renacen en este bello espacio”, explica. La exposición viajará en octubre a la Fundación Serralves de Oporto y en primavera se exhibirá en el hangar Bicocca de Milán.
La exposición durante cuyo montaje se celebró el encuentro es consecuencia del premio Velázquez logrado en 2008. El núcleo está formado por sus instalaciones más contundentes y conocidas, escogidas conjuntamente con su amigo y comisario de la muestra, João Fernandes, subdirector del Reina Sofía.
En Abajur (2010), presentado en la Bienal de Sao Paulo, una lámpara gigante rodeada de imágenes marinas se enciende mediante una dinamo activada con el esfuerzo de los visitantes, en otra prueba del interés de Meireles en la contemplación activa de la obra de arte. Y si Olvido (1987), es un particular tipi (tienda típica de los indios nativos americanos) formado con 6.000 billetes de países americanos colocados sobre miles de fémures de buey, dentro del perímetro delimitado por 70.000 velas, Marulho, contiene miles de libros de tonalidades azules que recrean un océano visible desde una enorme plataforma elevada de madera.
El gusto por el concepto y la crítica política confluyen en cada pieza. Aunque no siempre fue así: “Al principio estaba más preocupado por los espacios y por la investigación. Siempre comprometido, claro. Pero, en 1969, tres horas antes de que se abriera mi primera gran exposición el Museo de Arte Moderno de Río, el museo fue fue cercado por la policía política y ordenaron el desmantelamiento de todo”, recuerda. “La reacción interna y externa fue inmediata y mi radicalización definitiva”.
Las dictaduras que en los setenta asolaban el continente latinoamericano y el imperialismo de Estados Unidos se colocaron desde entonces en su punto de mira. Una de sus piezas más famosas, incluida en la exposición, está dedicada a la idea del imperialismo simbolizado en una Coca-Cola. Como ejemplo de transgresión de la realidad, cogió un número indefinido de botellas a las que colocó un logo en el que se leía “Yankees go home” y las puso de nuevo en circulación.
El capitalismo sigue siendo en el centro de sus preocupaciones. “En Brasil somos expertos en crisis y lo que puedo decir es que no es verdad que haya crisis del capitalismo. Los poderes financieros seguirán igual o más enriquecidos. La crisis la sufren los pobres y las clases medias”.
Y el arte... ¿Qué puede hacer, si es que puede hacer algo, en todo esto? “Me coformo con que la gente sepa que siempre se puede empezar de cero. No se transformarán grandes cosas, pero si una o dos personas salen conmovidas, yo estaré contento. El arte tiene que seguir criticando a la política. Huyo del panfleto, pero quiero reflexión”.
maio 19, 2013
9ª Bienal do Mercosul inclui nomes estelares da arte contemporânea por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
9ª Bienal do Mercosul inclui nomes estelares da arte contemporânea
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 17 de maio de 2013.
Uma mensagem telepática enviada pelo artista argentino Eduardo Navarro, de sua casa em Buenos Aires, a 1.200 pessoas que lotavam o Theatro São Pedro, na quinta-feira (16), em Porto Alegre, foi um dos pontos altos do anúncio dos selecionados para a 9ª Bienal do Mercosul, programada para ser aberta no dia 13 de setembro.
"Muita gente está dizendo que recebeu a mensagem", comentava satisfeita a curadora mexicana Sofia Hernández Chong Cuy, diretora artística da Bienal.
Entre os presentes estava também a ministra da Cultura, Marta Suplicy, que não contou se recebeu a mensagem telepática, mas em seu discurso defendeu o Vale-Cultura, que deve entrar em vigor em julho próximo.
Suplicy ainda se referiu à temática da mostra, a relação entre arte e tecnologia, observando nela a importância da chamada economia criativa.
Cuy anunciou a lista de 66 nomes selecionados da 9ª Bienal, intitulada "Se o tempo for favorável", que inclui nomes estelares da arte contemporânea, como os norte-americanos Robert Rauschenberg (1925-2008) e Tony Smith (1912-1980), ou o alemão Hans Haacke. A lista completa está no site da Bienal (http://www.bienalmercosul.art.br).
Se em suas últimas edições, a Bienal do Mercosul já se afastava de sua missão original de mapear artistas vinculados aos países do chamado Mercado Comum do Sul, a 9ª Bienal sedimenta a internacionalização do evento.
Apesas de alguns nomes com grande reconhecimento, caso também de Mira Schendel (1919-1988), a maioria dos escolhidos é composta por jovens artistas, grande parte dela desconhecida do público brasileiro, e "com obras criadas especificamente para a exposição", segundo Bernardo de Souza, um dos curadores do evento.
Dos 66 selecionados, o Brasil participa com 17 artistas, sendo que apenas dez participarão da exposição. Os demais sete farão registros dos Encontros na Ilha do Presídio, no rio Guaíba, uma programação especial do evento, e irão postar as fotografias ou vídeos em uma publicação virtual. Entre os brasileiros que participam da mostra, que irá ocupar o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, a Usina do Gasômetro, o Memorial do Rio Grande do Sul e o Santander Cultural, estão Eduardo Kac, Cinthia Marcelle, Sara Ramo, Thiago Rocha Pitta e Erika Verzutti.
Seleção da Bienal do Mercosul apresenta mais de 60 artistas, de 26 países por Francisco Dalcol, Zero Hora
Seleção da Bienal do Mercosul apresenta mais de 60 artistas, de 26 países
Matéria de Francisco Dalcol originalmente publicada no jornal Zero Hora em 17 de maio de 2013.
Entre os 15 nomes brasileiros, 10 são gaúchos. Mostra ocorre entre setembro e novembro
Mais de 60 artistas, de 26 países, fazem parte dos convidados da 9ª Bienal do Mercosul | Porto Alegre divulgada nesta sexta-feira pela manhã, no Theatro São Pedro. Há 15 brasileiros, sendo 10 gaúchos.
A seleção está dividida em dois grupos: artistas que irão apresentar obras já prontas (algumas inéditas) e outros que realizarão trabalhos ao longo dos três meses da mostra, entre setembro e novembro. Nesse segundo grupo, estão os que se deslocarão para a Ilha das Pedras Brancas, mais conhecida como Ilha do Presídio, e também os que trabalharão de forma colaborativa com empresas e indústrias gaúchas que abrirão suas portas.
– Apresentaremos artistas que fazem investigações e experimentações. Temos três abordagens de como os artistas trabalham hoje: artista como inventor, artista como colaborador e artista como mediador. Essas são as três aproximações em termos de critérios de seleção – diz a mexicana Sofía Hernández Chong Cuy, diretora artística e curadora-geral da 9ª Bienal.
Sobre a seleção, diz ela que, em lugar de critérios geográficos, de nacionalidade, identidade e fronteira, que estiveram presentes em maior ou menor grau nas oito edições da Bienal desde 1997, a prioridade foi escolher nomes que dialoguem com a proposta curatorial:
– Questões de Estado, nação e fronteira são muito importantes, porque os artistas vivem em condições sociais e políticas distintas. Esses contextos informam a maneira com que os artistas trabalham e talvez o tipo de arte que fazem, mas não são temas das obras de arte e das exposições da Bienal. São dados e experiência que informam a prática artística.
Entre os brasileiros, Sofía destaca a paulista Erika Verzutti e o gaúcho Michel Zózimo. Dos latinos, cita a dupla argentina Faivovich & Goldberg e o equatoriano Anthony Arrobo. A lista ainda traz artistas históricos, como Robert Rauschenberg (1925 – 2008), Mira Schendel (1919 – 1988) e Tony Smith (1912 – 1980).
– Apresentaremos uma série de projetos colaborativos realizados a partir da década de 1960, como os do norte-americano Tony Smith, do qual traremos uma obra preciosa e monumental – promete.
Artistas convidados
São mais de 60 nomes, nascidos em diferentes países
Veja abaixo a lista dos artistas convidados
> Alemanha – 1
> Argentina – 6
> Austrália – 1
> Bélgica – 1
> Brasil – 15
> Canadá – 1
> China – 1
> Colômbia – 2
> Cuba – 1
> Egito – 1
> Equador – 1
> Espanha – 2
> EUA – 6
> França – 3
> Filipinas – 1
> Geórgia – 1
> Holanda – 1
> Líbano –1
> Lituânia – 1
> México – 5
> Peru – 3
> Polônia – 1
> Reino Unido – 5
> Suíça – 4
> Tailândia – 1
> Venezuela – 1
Os brasileiros
> Beto Shwafaty (1977, São Paulo)
> Cinthia Marcelle (1974, Belo Horizonte)
> Danilo Christidis (1983, Porto Alegre)
> Eduardo Kac (1962, Rio de Janeiro)
> Erika Verzutti (1971, São Paulo)
> Fernanda Gassen (1982, São João do Polêsine – RS)
> Fernando Duval (1937, Pelotas – RS)
> Katia Prates (1964, Porto Alegre)
> Leonardo Remor (1987, Ipiranga do Sul – RS)
> Leticia Ramos (1976, Santo Antonio da Patrulha-RS)
> Luiz Roque (1979, Cachoeira do Sul – RS)
> Michel Zózimo (1977, Santa Maria – RS)
> Romy Pocztaruk (1983, Porto Alegre)
> Thiago Rocha Pitta (1980, Minas Gerais)
> Tiago Rivaldo (1976, Porto Alegre)
Artistas históricos
> Juan José Gurrola (1935 – 2007, México)
> Luis F. Benedit (1937 – 2011, Argentina)
> Mira Schendel (1919 – 1988, Suíça)
> Robert Rauschenberg (1925 – 2008, EUA)
> Tony Smith (1912 – 1980, EUA)
Aleksandra Mir (1967, Polônia)
Anthony Arrobo (1988, Equador)
Audrey Cottin (1984, França)
Aurélien Gamboni & Sandrine Teixido (1979, Suíça)
Beto Shwafaty (1977, São Paulo)
Bik Van der Pol – Liesbeth Bik (1959, Holanda) e Jos Van der Pol (1961, Holanda)
Cao Fei (1978, China)
Cinthia Marcelle (1974, Belo Horizonte)
Christian Bök (1966, Canadá)
Daniel Santiago (1985, Colômbia)
Daniel Steegmann Mangrané (1977, Espanha)
Danilo Christidis (1983, Porto Alegre)
David Medalla (1942, Filipinas)
David Zink Yi (1973, Peru)
Edgar Orlaineta (1972, México)
Eduardo Kac (1962, Rio de Janeiro)
Eduardo Navarro (1979, Argentina)
Elena Damiani (1979, Peru)
Erika Verzutti (1971, São Paulo)
Faivovich & Goldberg – Guillermo Faivovich (1977, Argentina) e Nicolás Goldberg (1978, França)
Fernanda Gassen (1982, São João do Polêsine – RS)
Fernanda Laguna (1972, Argentina)
Fernando Duval (1937, Pelotas – RS)
Fritzia Irizar (1977, México)
George Levantis (Reino Unido)
Gilda Mantilla & Raimond Chaves – Gilda Mantilla (1967, EUA) e Raimond Chaves (1963, Colômbia)
Grethell Rasúa (1983, Cuba)
Hans Haacke (1936, Alemanha)
Hope Ginsburg (1974, EUA)
Jason Dodge (1969, EUA)
Jessica Warboys (1977, Reino Unido)
Jorge Villacorta (1958, Peru)
Juan José Gurrola (1935 – 2007, México)
Koenraad Dedobbeleer (1975, Bélgica)
Katia Prates (1964, Porto Alegre)
Leonardo Remor (1987, Ipiranga do Sul-RS)
Leticia Ramos (1976, Santo Antonio da Patrulha-RS)
Liudvikas Buklys (1984, Lituânia)
Lucy Skaer (1975, Reino Unido)
Luis F. Benedit (1937 – 2011, Argentina)
Luiz Roque (1979, Cachoeira do Sul-RS)
Malak Helmy (1982, Egito)
Marta Minujín (1943, Argentina)
Michel Zózimo (1977, Santa Maria-RS)
Mario Garcia Torres (1975, México)
Mira Schendel (1919 – 1988, Suíça)
Nicholas Mangan (1979, Austrália)
Nicolás Bacal (1985, Argentina)
Pratchaya Phinthong (1974, Tailândia)
Rodrigo Derteano (1979, Suíça)
Romy Pocztaruk (1983, Porto Alegre)
Robert Rauschenberg (1925 – 2008, EUA)
Sara Ramo (1975, Espanha)
Sandrine & Aurélien – Sandrine Teixido (1974, França) e Aurélien Gamboni (1979, Suíça)
Suwon Lee (1977, Venezuela)
Tarek Atoui (1980, Líbano)
Tania Pérez Córdova (1979, México)
Thiago Rocha Pitta (1980, Minas Gerais)
Tony Smith (1912 – 1980, EUA)
Trevor Paglen (1974, EUA)
The Otolith Group – Londres, Reino Unido
Tiago Rivaldo (1976, Porto Alegre)
Zhenia Kikodze (1967, Geórgia)
Willian Raban (1948, Reino Unido)
maio 15, 2013
Magela Lima responde a Yuri Firmeza: Que salão queremos?, O Povo
Magela Lima responde a Yuri Firmeza: Que salão queremos?
Texto do secretário de Cultura Magela Lima originalmente publicado no jornal O Povo em 15 de maio de 2013.
64º Salão de Abril - Inscrições
Em resposta ao artigo de Yuri Firmeza publicado ontem no Vida & Arte, o secretário de Cultura Magela Lima defende o atual formato do Salão de Abril
Um salão caduco por Yuri Firmeza, O Povo
É fato: a arte sobrevive sem tudo. Quase tudo, aliás. Ela respira sem recursos, inclusive os financeiros. É capaz de prosperar até na escassez de criatividade. Só não tem perspectiva, no entanto, sem opinião. É fundamental que a arte proporcione a quem a produz e também a quem a consome alguma inquietação. Na edição de ontem do O POVO, o artista plástico Yuri Firmeza, um dos vates da nossa cena contemporânea, publicou texto em que expunha críticas severas ao Salão de Abril, projeto atualmente tocado pela Prefeitura de Fortaleza, que comemora 70 anos de sua primeira edição agora em 2013.
Em linhas gerais, o texto de Firmeza é muito assertivo. Opinião, ao contrário de talento, é algo que, a priori, todo e qualquer um pode ter. A questão é que opinar requer segurança de argumentos. Li o artigo com entusiasmo. Há tempos, não via um intelectual da cidade se posicionar com tanta vontade e intensidade diante da nossa programação cultural. Yuri, entretanto, se atropela. Erra, por exemplo, ao julgar que o Banco do Nordeste, um dos apoiadores do evento este ano, arque com todo o volume de recursos. Isso não procede. Dos R$ 500 mil investidos na programação que segue até novembro, apenas R$ 100 mil são aporte do BNB.
Mas isso é preciosismo. O artista se equivoca, essencialmente, ao não se permitir ser propositivo. Para Yuri Firmeza, o Salão de Abril é velho, moribundo. E aí? O que mais é possível ser dito? Que saídas se colocam para o evento? Ou é certo que o Salão de Abril não tem perspectiva alguma? Questiono isso porque, ao longo desta edição festiva, o futuro do Salão de Abril está literalmente em debate. Entre as muitas atividades pensadas pela curadoria de Ricardo Resende, está justamente um encontro para discutir novas possibilidades que possam ser agregadas à programação nos próximos anos.
Firmeza, entretanto, trabalha com ideia de falência. E faz isso com uma argumentação tacanha e equivocada. Em nome do novo, se apega a uma das lógicas mais perversas e frágeis do panorama cultural local. Fortaleza se acostumou a dividir migalhas. Aqui, fala-se muito que, com o dinheiro X usado para fazer tal atividade, seria possível fazer outras coisas mil vezes mais interessantes. Somos, pois, irresponsavelmente desapegados. Desapegados e ingênuos. Acreditamos num devir imaginário e nos recusamos a mudar e transformar nossa realidade. É mais fácil, sempre, abrir mão do que se tem em busca de uma novidade supostamente melhor.
Eu espero tudo de um artista jovem como Yuri Firmeza, menos essa retórica do “não presta, então acaba”. Não! Que tal ressuscitar o Salão de Abril apontado como morto? Onde, de fato, está o problema? Eu, por exemplo, concordo que o caráter competitivo é delicado. Como curador do Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga, fui um dos mais aguerridos defensores do fim da competição no evento. Entretanto, reconheço que essa opção trouxe lacunas à programação da mostra, tão importante para as artes cênicas locais como o Salão de Abril para as artes visuais. Se premiar um único artista com R$ 70 mil é marketing, o que seria o ideal então?
Nas muitas conversas que aguçaram a realização do Salão de Abril de 2013, uma das fragilidades mais recorrentes apontadas por diferentes artistas, curadores e programadores era a timidez da nossa premiação, já que é praxe dos eventos do gênero esse tipo de fomento. Mas isso também é preciosismo. O fundamental é saber identificar os problemas e se dispor a enfrentá-los. Para uma cidade com 287 anos, uma ação cultural, seja ela qual for, que envergue 70 anos é digna, no mínimo, de zelo. Negar a importância do Salão de Abril é se omitir diante de uma realidade cultural que, apesar de, é nossa. Sim, de tão velhas, as coisas apodrecem. Mas as sementes não se vão e, com carinho e cuidado, podem vingar. Basta acreditar.
Magela Lima é secretário de Cultura de Fortaleza
maio 14, 2013
Um salão caduco por Yuri Firmeza, O Povo
Um salão caduco
Texto de Yuri Firmeza originalmente publicado no jornal O Povo em 14 de maio de 2013.
64º Salão de Abril - Inscrições
Para o artista e professor Yuri Firmeza, o Salão de Abril incitaria "a competitividade através de uma ação marqueteira". Este ano, artista vencedor leva R$ 70 mil
Magela Lima responde a Yuri Firmeza: Que salão queremos?, O Povo
Ao adentrarmos no McDonalds vemos, estampado em uma parede, o retrato de um funcionário que se sobrelevou naquele mês. O destaque inscreve, mais do que uma imagem, o rosto do vencedor. A meta foi alcançada, o herói satisfez seu patrão e o lisonjeio o enche de orgulho.
Este procedimento, da promoção salarial por mérito, produz competitividade e garante, de maneira perversa, que o bom funcionamento da empresa esteja diretamente vinculado ao desejo de destaque de seus empregados. Ademais, a rivalidade é o motor desenfreado nas relações com os outros e consigo.
Tendo como base esta lógica empresarial, predominante no capitalismo cognitivo, a edição 2013 do Salão de Abril incita a competitividade através de uma ação marqueteira.
O Salão, que retrocede a cada edição, tenta desta vez ressuscitar o seu corpo agonizante através do prêmio de 70 mil reais conferido a um único artista – o funcionário premiado. Este é o slogan publicitário do Salão que tem como álibi a cristalizada assertiva de ser o mais antigo Salão do País. Mais grave do que este equívoco histórico é a afirmação, veiculada no site do Salão de Abril e reiterada por diversas vozes, de que trata-se do “principal evento de artes plásticas do Ceará”. O principal ou um dos poucos promovidos por uma Secretaria sucateada e negligente?
No entanto, a frase é bem formulada pois a operação é a mesma de um evento. Evento espetaculoso em total disparidade e descaso com a produção dos artistas em Fortaleza. Evento volátil que não cria pertencimento com a cidade – a não ser pela sua mera reincidência apática ano após ano. Evento que não deixa lastros e que para cumprir agenda precisa ser feito às pressas antes que o mês de Abril definhe – pensemos no prazo diminuto que foi dado ao curador desta edição do Salão de Abril, Ricardo Resende, para que apresentasse uma curadoria tirada da cartola. Não é possível desenvolver pesquisa curatorial com prazos exíguos que não permitem que o curador se debruce sobre a produção da cidade. Do mesmo modo que não é possível que curadores e artistas continuem aceitando estas condições descabidas de trabalho. Em suma, evento que não agrega, mas tenta desastrosamente maquiar a falta de políticas públicas que assola a cidade. Mas parte dos empregados da arte já começam a tirar seus velhos projetos empoeirados, esquecidos em seus baús, e almejam, agora, serem o funcionário do mês.
Não haverá surpresa se este for o Salão mais concorrido em sua história. E não haverá espanto se isto for massivamente veiculado como uma conquista, pois é o mecanismo quantitativo, os números e os recordes que pautam a pertinência destes eventos.
É preciso lembrar que esta edição do Salão está ocorrendo majoritariamente com o patrocínio do Banco do Nordeste e que sem esse patrocínio seria inviável a sua realização. Nem a verba de 70 mil reais concentrados a um artista e nem mesmo a realização do “principal evento...” estavam na rubrica da prefeitura.
Enquanto isso, à revelia das políticas públicas inexistentes na cidade (por mais paradoxal que seja esta frase), artistas inauguram espaços e produzem pensamento a partir e com Fortaleza, em total assimetria com o ranço colonialista alencarino (que não é um mérito nosso, pois existe igualmente em cada cidade do Brasil, em menor ou maior escala). Em Fortaleza, a Milu Vilela tem outros nomes, mas a operação de poderio é semelhante.
O montante investido neste antigo Salão – que mais do que antigo é velho, mofado e caduco em seu formato e anseios – poderia facilmente ser investido em uma série de ações que se desdobrariam ao longo do tempo. Ao invés de um evento espetaculoso, pontual e passageiro, uma ação continuada, processual e formativa.
Visivelmente a cultura está sendo tratada nos moldes do mercado transnacional. O que esperar senão Big Macs, o rosto do funcionário do mês e sua “obra de arte” escancarados nas páginas de algum jornal?
O Salão moribundo não pode nem mesmo descansar em paz, pois é através dele que uma tacanha rede de politiqueiros mantêm seus rostos em visibilidade nos cargos que ocupam há tanto tempo quanto a existência do Salão.
Mas atentem-se, de tão velhas as coisas apodrecem.
Yuri Firmeza é artista visual e professor do curso de Cinema e Audiovisual, da Universidade Federal do Ceará.
maio 10, 2013
Réplica: MAC-USP supera limitações na mostra "O Agora, O Antes" por Tadeu Chiarelli, Folha de S. Paulo
MAC-USP supera limitações na mostra "O Agora, O Antes"
Réplica de Tadeu Chiarelli originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 7 de maio de 2013.
Mais do que o título "O MAC tem problemas estruturais e conceituais", em texto de Fabio Cypriano publicado nesta "Ilustrada", estranhei o subtítulo: "Mostra pouco ambiciosa que inaugura nova sede do museu é prejudicada por excesso de colunas e pé direito baixo".
A Folha esqueceu que o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo atua ali faz mais de um ano? O texto informa que a exposição O Agora, o Antes: Uma Síntese do Acervo do MAC "finalmente ocupa o sétimo andar da nova sede".
Crítica: MAC tem problemas estruturais e conceituais de Fabio Cypriano
Como assim? Não se trata do fim de um processo. Essa exposição, junto com "Di Humanista", inaugurada na mesma data, dá continuidade ao processo de implantação do Museu naquele espaço, iniciado em janeiro de 2012, e que no estágio atual já comporta sete exposições.
Portanto, não é a mostra que deve ou não ser julgada ambiciosa. Ambicioso é o processo total de implantação de um museu público universitário naquele complexo e o que quer que se escreva sobre a mostra deveria levar em conta esta situação.
O jornalista parece ter ficado decepcionado com a montagem da exposição que, para ele, não teria dado conta dos problemas resultantes da adaptação do edifício para seu novo objetivo.
Lamento a decepção, mas afirmo que a equipe conseguiu driblar as dificuldades apresentadas pelo espaço sem esconder, com recursos cenográficos, os condicionantes físicos do lugar. Este é um partido expográfico assumido pelo Museu e que será mantido nas próximas. (Lidar com limitações impostas pela adaptação de edifícios históricos é uma problemática constante na história da arquitetura de museus que não deve ser camuflada).
Quando Cypriano escreve sobre a mostra "em termos de conteúdo", fala da suposta dificuldade do MAC USP em apresentar seu acervo.
Para embasar essa impressão lembra que o Museu Reina Sofia "vem tentando rever a história da arte de um ponto de vista menos eurocêntrico". Já o MAC USP, "parece não buscar um realinhamento dentro desse panorama".
Rever a história da arte não significa seguir ditames dessa ou daquela instituição ou ditames "politicamente corretos" das penúltimas teorias. O MAC USP optou por reexaminar as narrativas mais arraigadas da história da arte "eurocêntrica", atacando um de seus baluartes: os gêneros artísticos tradicionais.
A partir da mostra fica claro como esses gêneros foram e vêm sendo processados por artistas modernos e contemporâneos, numa relação complexa de reiteração e superação de valores que transcendem a simples aproximação entre passado e presente.
Colocar em relação obras de arte que, separadas no tempo e no espaço turvam a hierarquia dos gêneros, é propor outro patamar para rever as narrativas canônicas da história da arte e mesmo aquelas que, sob pele de cordeiro, atuam para manter hegemonias centenárias.
Tal atitude perturba o conforto dos contentes ou os novos preconceitos da velha mídia? Paciência, este é o papel de um museu de arte contemporânea.
TADEU CHIARELLI, 56, é diretor do MAC USP.
Crítica: MAC tem problemas estruturais e conceituais por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
MAC tem problemas estruturais e conceituais
Crítica de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 29 de abril de 2013.
A inauguração da mostra "O Agora, o Antes", que finalmente ocupa o sétimo andar da nova sede do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), revela uma série de dificuldades que envolveram a reforma do antigo prédio do Detran.
Réplica: MAC-USP supera limitações na mostra "O Agora, O Antes" de Tadeu Chiarelli
O próprio autor do projeto do edifício, Oscar Niemeyer (1907-2012), quando consultado sobre a reforma, propôs que a disposição dos andares fosse alterada, reduzindo alguns pisos, para assim se ampliar o pé-direito. Contudo, os órgãos reguladores do patrimônio, lamentavelmente, não permitiram a mudança.
Por conta disso, com "O Agora, o Antes" constata-se a inadequação da reforma para um espaço expositivo e, pior, a incapacidade da equipe expográfica do museu em lidar com essa situação.
Com pé-direito baixo e excesso de colunas, foram criados painéis em abundância, que mais lembram uma acanhada feira do que uma exposição museológica propriamente dita.
Dessa forma, o percurso torna-se excessivamente seccionado, sem organicidade, com um exagero de recortes. A expectativa, agora, é se nos demais andares a ocupação será tão problemática como a dessa primeira mostra.
Em termos de conteúdo, "O Agora, o Antes" revela ainda uma outra dificuldade, que diz respeito ao projeto do museu em apresentar seu acervo.
Enquanto instituições internacionais, como o Museu Reina Sofia, vêm tentando rever a história da arte de um ponto de vista menos eurocêntrico, o MAC parece não buscar um realinhamento dentro desse panorama.
A exposição, com curadoria de Tadeu Chiarelli, diretor do MAC, agrupa trabalhos por gêneros tradicionais da história da arte, como o retrato ou a natureza-morta, sem uma ambição maior, dando a impressão de ocorrer como um mero exercício de aproximações entre o passado e o presente.
A primeira sala, nesse sentido, é um bom exemplo. Exibir o "Autorretrato" (1919), de Modigliani, junto com a ótima série "Uma Situação Estimulada" (1976), da polonesa Anna Kutera, poderia representar uma mudança de perspectiva no papel do artista.
Afinal, enquanto na obra de Modigliani o artista se autorepresenta de forma majestosa, Kutera aborda a fragilidade. Contudo, especialmente se tratando de um museu universitário, faltam textos educativos que apontem para tais questões.
NÃO CRONOLÓGICO
Dessa forma, se por um lado percebe-se a tentativa em construir um percurso que não seja cronológico, o que já vem acontecendo em instituições como a inglesa Tate há muito tempo, seria importante ir além de agrupamentos temáticos.
Reunir obras de clássicos do modernismo --como os estrangeiros Picasso, Chagal, De Chirico e Matisse, além dos brasileiros Tarsila do Amaral e Flávio de Carvalho-- com contemporâneos como Cildo Meireles, Cindy Sherman e Fernando Piola, em uma exposição de acervo é, sem dúvida, um grande avanço para o MAC. Mas uma grande exposição não se faz apenas com grandes obras.
O AGORA, O ANTES
QUANDO ter., das 10h às 21h, de qua. a dom., das 10h às 18h
ONDE MAC-USP (av. Pedro Álvares Cabral, 1.301, tel. 0/xx/11/3091-3039)
QUANTO grátis
AVALIAÇÃO regular
maio 8, 2013
Sob suspeita de falsificação, Christie’s retira dez obras brasileiras de leilão por Audrey Furlaneto, O Globo
Sob suspeita de falsificação, Christie’s retira dez obras brasileiras de leilão
Matéria de Audrey Furlaneto originalmente publicada no jornal O Globo em 7 de maio de 2013.
Casa diz que vai investigar telas de Ivan Serpa e Mira Schendel, entre outros, que seriam vendidas em Nova York, no fim do mês
A maior casa de leilão de obras de arte do mundo, a americana Christie’s retirou às pressas dez obras de artistas brasileiros da venda que fará nos próximos dias 29 e 30, em Nova York. São quatro trabalhos de Ivan Serpa e os demais de Amílcar de Castro, Roberto Burle Marx, Mira Schendel, Hércules Barsotti, Ione Saldanha e Ubi Bava, que foram apontados por colecionadores e especialistas brasileiros como falsificações.
O alerta chegou à Christie’s na semana passada, quando a casa começou a atender telefonemas dos clientes que receberam o catálogo do leilão (uma ampla publicação que tradicionalmente antecede as vendas). Além de imagens e preços, o livro traz a procedência de cada uma das obras a serem negociadas — neste caso, são ao todo 320 trabalhos de arte latino-americana, sendo 50 de brasileiros.
Chamou a atenção dos compradores de posse do catálogo o fato de as dez obras sob suspeita terem a mesma procedência: como indica a publicação, pertencem à “Ralph Santos Oliveira collection” — coleção que, como apurou O GLOBO, é desconhecida entre os principais negociantes de arte do Rio.
Numa pesquisa simples no Google, os poucos registros para a busca do termo completo “Ralph Santos Oliveira collection” levam ao site da própria Christie’s e ao ArtNet, que repete os dados publicados pela casa de leilões.
Segundo a representante da Christie’s no Rio, Candida Sodré, a empresa ainda não concluiu se as dez obras em questão são ou não falsas e decidiu retirá-las do leilão para uma “análise profunda”.
— Quando mais de uma pessoa telefona e levanta suspeitas sobre essa ou aquela obra, nós retiramos e fazemos todas as pesquisas — afirma.
Há, completa Candida (sem detalhar), um trabalho prévio, que antecede a escolha das obras que irão a leilão.
— Nós pesquisamos, sim. Colecionadores vêm a nós e nós vamos a eles, às vezes são conhecidos, às vezes, não. Nós erramos, e não é a primeira vez que isso acontece, embora seja raro. A grande vantagem é que isso foi percebido antes do leilão. Foi tarde para o catálogo, mas cedo para o leilão — defende.
A simples presença das obras sob suspeita no catálogo, porém, já serve para que tenham alguma chancela no mercado de arte, e, agora, a preocupação de colecionadores de arte brasileira diz respeito ao próximo passo da Christie’s. Questiona-se se a casa irá avançar nas pesquisas de autenticidade e denunciar, caso seja comprovada a falsificação, ou se devolverá, sem mais buscas, as peças ao mercado — se o fizer, as obras agora terão o prestígio de terem sido registradas em catálogo internacional e poderão, assim, ser negociadas.
— Não sabemos o que fazer. A lei brasileira é confusa, e nós somos uma casa americana — diz Candida.
Para Haruyoshi Ono, que foi sócio de Roberto Burle Marx desde os anos 1960 até sua morte, em 1994, e que responde pelo acervo do artista, a casa agiu com “irresponsabilidade”.
— Não fui consultado e conheço o trabalho de Burle Marx há mais de 30 anos. Só de olhar eu sei o que é dele. E a falsificação (da obra que seria vendida pela Christie’s) é completamente grosseira — afirma ele, que foi procurado pela casa na semana passada, quando o catálogo já havia sido publicado e as obras do leilão, selecionadas.
Filho de Amílcar de Castro (1920-2002) e à frente do instituto que leva o nome do artista, Rodrigo de Castro também conta que foi procurado pela Christie’s na última semana.
— Me mandaram a imagem da obra por e-mail, mas não dou certificado de autenticidade só por uma foto e pedi para ver a obra, e eles não me procuraram mais — diz Castro. — Numa pesquisa rápida, vi que a obra em questão nunca participou de nenhuma exposição, não está em nenhum catálogo. Isso causa um certo grau de estranheza.
Curadores são tema de livros, mostra e seminário por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Curadores são tema de livros, mostra e seminário
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 7 de maio de 2013.
Diante da câmera, curadores respondem a uma única pergunta, sobre o que "fazem ou esperam fazer" quando organizam uma mostra. Entre jovens e mais experientes, falas destoam, com mais diferenças do que semelhanças.
Na ala dos veteranos estão Paulo Herkenhoff, Suely Rolnik, Lisette Lagnado e Moacir dos Anjos, entre outros. Pela nova geração, Luisa Duarte, Clarissa Diniz, Bitu Cassundé, entre outros. Todos foram interrogados pelos artistas Pablo Lobato e Yuri Firmeza para uma obra mostrada uma só vez até hoje.
Longe do glamour, nova geração de curadores de museus e galerias tem rotina árdua
Invertendo os papéis, Lobato e Firmeza colocaram os curadores na parede, para que explicassem seus métodos e revelassem suas ideias.
"Quem vai para o espaço não é a obra, mas o curador. Sempre teve muita especulação sobre o poder desses caras no Brasil", diz Lobato. "Então, a gente, com um espírito meio punk, queria ver como essa coisa funcionava."
Três anos depois de exibido em forma de instalação em Fortaleza, o projeto "O Que Exatamente Vocês Fazem, Quando Fazem ou Esperam Fazer Curadoria?" vai virar livro, que sai pela Azougue em agosto, enquanto os vídeos devem ser exibidos mais uma vez em mostra em São Paulo.
Esse é só um dos vários projetos que tentam "mapear sensibilidades" entre os curadores do país. Focando a nova geração, Guilherme Bueno e Renato Rezende lançaram há pouco o livro "Conversas com Curadores e Críticos de Arte", em que tentam mapear nomes emergentes.
"Essa é a primeira geração que não passou pelo dilema da transição da arte moderna para a contemporânea", diz Bueno. "A ideia era entender a formação intelectual desses autores, uma tentativa também de gerar história."
E polêmica. Desde que foi lançado, o livro vem provocando debates nas redes sociais, com alguns críticos apontando como falha do livro uma abordagem que põe no mesmo saco as figuras do crítico de arte e do curador.
No fim do mês, essas perguntas também devem ser levantadas no seminário Panorama do Pensamento Emergente. Organizado por Cristiana Tejo, o encontro levará ao Recife dez jovens curadores, entre eles Clarissa Diniz, Ana Maria Maia, Júlia Rebouças e Luiza Proença.
CONVERSAS COM CURADORES E CRÍTICOS DE ARTE
AUTOR Guilherme Bueno, Renato Rezende (org.)
EDITORA Circuito
QUANTO R$ 37 (365 págs.)
PANORAMA DO PENSAMENTO EMERGENTE (ver programação)
QUANDO dias 22/5 e 23/5
ONDE Espaço Fonte (av. Dantas Barreto, 324, Recife; pensamento.emergente@gmail.com)
QUANTO grátis (100 vagas)
Longe do glamour, nova geração de curadores de museus e galerias tem rotina árdua por Silas Martí, Folha de S. Paulo
Longe do glamour, nova geração de curadores de museus e galerias tem rotina árdua
Matéria de Silas Martí originalmente publicada no caderno Ilustrada do jornal Folha de S. Paulo em 7 de maio de 2013.
Eles nasceram "fora do Olimpo", têm as mãos "mais sujas" e dizem que há muito mais trabalho braçal do que glamour em ser curador. A nova geração desses profissionais que desponta no país já conquistou espaço no circuito, mas ainda tenta decifrar a arte contemporânea.
Decifrar, catalogar, ordenar, exibir, criticar, contextualizar e uma série de outros verbos aplicados à dissecação de um dos campos que mais cresce nas artes visuais brasileiras, projetando a imagem do país lá fora.
Curadores são tema de livros, mostra e seminário
Nos últimos dez anos, houve o que esses jovens curadores chamam de "desmistificação" da profissão, com a multiplicação de cursos formadores, a maior inserção da geração nos grandes museus e centros culturais do país e a voracidade de um mercado de arte que catapultou a demanda por novos nomes.
"Nós somos a última geração autodidata, uma geração de passagem", diz Paulo Miyada, 27, que vem organizando mostras de relevância no Instituto Tomie Ohtake. "Mesmo que haja um 'star system' nas artes visuais, vivemos um cotidiano mais braçal do que glamouroso."
Bernardo Mosqueira, 24, carioca que montou sua primeira exposição há três anos, levando obras de 47 artistas a sua casa no Jardim Botânico, é mais direto e denuncia a "falência da imagem do curador", o fim da ideia exagerada "do cara vestido de Armani, viciado em cocaína e preso à agenda telefônica".
"Essa imagem é uma cilada, é irreal", diz Mosqueira. "A ponta visível do iceberg, que é a abertura da exposição, com todo mundo em volta de você, é só o topo brilhante da montanha. Mas abaixo dela, há um trabalho sinistro e árduo de pesquisa. Não é nada 'rock star'."
"Nossa geração já nasceu fora do Olimpo", diz Ana Maria Maia, 28, que será assistente de Lisette Lagnado no próximo Panorama da Arte Brasileira, uma das mostras mais relevantes deste ano.
"Era quase um desígnio divino exercer esse cargo, mas não somos mais essa figura soberba e cultuada. Artistas e curadores hoje são contemporâneos, travam uma conversa que acontece agora."
Moacir dos Anjos, que escalou Maia para ser sua assistente à frente da Bienal de São Paulo há três anos, vê uma "mudança perceptível de atitude" nesse campo. "Há uma insatisfação dessa geração com os modelos já existentes e uma disposição muito maior para experimentar."
Embora seja cedo, na opinião dele, para apontar novas tendências de curadoria, o sistema amadurece. "Essa geração consegue inserir o artista num campo mais amplo, tirar a arte de seu lugar específico e pôr ideias em conflito", diz Anjos. "Mas vai haver uma seleção natural entre os que têm algo a dizer e os que só têm uma pose a defender."
TESÃO E PODER
Isso porque existem os que trabalham "por tesão" e os que vão atrás de "poder", nas palavras de Mosqueira. Mas os que se firmam, na opinião de Luisa Duarte, 33, são os curadores que conseguem ser "intelectuais de seu tempo".
"É um trabalho de ir formando um olhar mais agudo sobre a produção contemporânea", diz Duarte. "Hoje há uma troca mais horizontal entre curadores e artistas, uma relação mais intensa do que nas gerações anteriores."
Solange Farkas, que costuma escalar jovens curadores para ajudar a organizar o festival Videobrasil, também enxerga relações mais próximas entre curador e artista, mas não atribui isso à geração.
"Vivemos um bom momento com a nova safra de curadores. É um contraponto ao mercado voraz", diz Farkas. "Mas, jovem ou velho, sempre acreditei num diálogo de igual para igual com o artista. Não acredito em grandes nomes da curadoria. Isso tem mais a ver com ego e vontade de projeção no mercado."
Se a arte e seu mercado são indissociáveis, equilibrar esses campos de forma inteligente é o desafio da nova leva de curadores, na opinião de Moacir dos Anjos.
"É um processo de construção e demolição constante", diz o curador. "Mas a ambição deve ser fugir da superfície, da coisa rasa, e fazer algo com significado real."
maio 5, 2013
Arte contemporânea do Brasil terá leilão exclusivo em Nova York, G1
Arte contemporânea do Brasil terá leilão exclusivo em Nova York
Matéria originalmente publicada no G1 em 1 de maio de 2013.
Cerca de 50 obras estarão à venda entre 10 e 29 de maio pela Sotheby's
A arte contemporânea do Brasil terá a partir da próxima semana seu primeiro leilão exclusivo em uma das grandes casas de Nova York, a Sotheby's, em mais uma mostra do crescimento do país no cenário internacional.
A exposição e leilão "Brasil Vívido", que inclui quase 50 obras de 16 artistas brasileiros, acontece de 10 a 29 de maio e coloca o país na vitrine do principal mercado mundial de venda de arte contemporânea, ao lado de Londres.
"Esta é a primeira vez que realizamos um evento deste tipo em Nova York e é particularmente importante para a Sotheby's", disse à AFP o porta-voz da tradicional casa de leilões, Dan Abernethy.
Até o momento, a arte do Brasil integrava os leilões de primavera do hemisfério norte (outono no Brasil) dedicados à América Latina, que este ano acontecerão entre 28 e 29 de maio. As obras dos artistas do país, no entanto, continuarão sendo oferecidas nesses eventos.
A outra grande casa internacional de leilões, Christie's, realizará suas vendas de arte latino-americana nos dias 29 e 30 deste mês. Para o primeiro evento exclusivamente brasileiro, os especialistas da Sotheby's decidiram exibir um leque o mais amplo possível do dinâmico cenário das artes plásticas do país.
Foram selecionadas obras de artistas famosos no cenário internacional, como Adriana Varejão, Carlito Carvalhosa e Miguel Rio Branco. Carvalhosa, por exemplo, se apresentou pela primeira vez nos Estados Unidos em 2011 com a monumental instalação sonora "A soma dos dias" no prestigioso Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York.
Varejão também já expôs no MoMA, além de ter mostras individuais na galeria Lehmann Maupin de Nova York, onde é uma das artistas de destaque.
Além dos nomes já conhecidos entre os colecionadores americanos, aparecem artistas jovens promissores como Lucas Arruda e Maria Nepomuceno. A venda é organizada na denominada "S 2", a galeria de arte global contemporânea da Sotheby's que tem um espaço na sede nova-iorquina da casa de leilões.
"Com o Brasil virando um crescente foco para a Sotheby's, estamos felizes de levar a riqueza criativa e sofisticação da arte contemporânea do país a nossa galeria S 2'', afirmou Katia Mindlin Leite-Barbosa, presidente da Sotheby's Brasil.
A Sotheby's tem mostrado um crescente interesse pelo Brasil nos últimos anos, com a abertura de um escritório em São Paulo em 2011 e a expansão de seus funcionários no país. "Com uma sede em São Paulo e representantes no Rio de Janeiro, a Sotheby's é a única casa de leilões internacional com uma presença formal no Brasil", destacou Katia Mindlin Leite-Barbosa.
Virada Cultural apresenta sua nova cara por Mariel Zasso, Select
Virada Cultural apresenta sua nova cara
Matéria de Mariel Zasso originalmente publicada na revista Select em 2 de maio de 2013.
Programação foi feita por colegiado de curadores
Intervenções urbanas e obras de artemídia terão forte presença na Virada Cultural. Google desenvolve app exclusivo para evento
A Virada Cultural, principal evento de rua da cidade de São Paulo, anuncia hoje sua programação. Além da forte presença de shows, já tradicionais no evento, a edição 2013, contará com intervenções urbanas especialmente concebidas para a Virada, maior diversidade de atrações teatrais e uma série de atividades para crianças que constituem a Viradinha Cultural.
Gal Costa, Racionais MCs, Daniela Mercury com Zimbo Trio, a lenda do funk, George Clinton e o duo Black Star são alguns dos highlights do cardápio musical.
As obras de artemídia e intervenções urbanas entram com mais peso nesta edição. O coletivo Bijari, por exemplo, implantará uma ponte interativa no Anhangabaú, recordando a presença do rio homônimo e oculto que atravessa o vale.
“A Ponte possui Led Tapes vermelhas na lateral que são acionadas pela quantidade de pessoas que a atravessam. Ao atravessá-la, os passantes verão abaixo uma grande mancha azul feita com luzes que allude ao rio”, explicam os membros do Bijari.
Outro coletivo que marca presença na Virada é o CoLaboratório, com o projeto Conjunto Vazio, um mapeamento transmídia dos espaços e edifícios desocupados do Vale do Anhangabaú e arredores. O mapeamento é feito por meio de iluminação de espaços, produção de mapas/cartazes, hotsite com mapa colaborativo e distribuição de impressos na Virada Cultural 2013. O projeto, processual, não termina junto com a Virada.
Lucas Bambozzi, a dupla Rafael Marchetti e VJ Alexis fazem projeções em grande escala, de perfis diferentes que certamente modificarão a paisagem do centro da cidade e a experiência do espaço urbano.
Outro ação inédita da Virada Cultural 2103 é a ocupação do Tribunal da Justiça, que terá sua famosa Sala dos Passos Perdidos, onde se esperam as deliberações dos tribunais, transformada em piscina artificial pelos artistas Rejane Cantoni, Leonardo Crescenti e Raquel Kogan.
A programação foi desenvolvida por uma curadoria colegiada formada pelos seguintes membros: Alexandre Youssef, Giselle Beiguelman, editora chefe da seLecT, José Mauro Gnaspini, Marcus Preto, Maria Tendlau, Pena Schmidt, Sérgio Vaz e Tião Soares.
A Virada Cultural acontece entre os dias 18 e 19 de maio em São Paulo. Acesse a programação completa e informações diárias sobre a Virada Cultural no blog: http://viradacultural.org/
A partir do dia 10 o público poderá se orientar também pelo aplicativo para celular que o Google desenvolve especialmente para a Virada.