Página inicial

Como atiçar a brasa

 


julho 2021
Dom Seg Ter Qua Qui Sex Sab
        1 2 3
4 5 6 7 8 9 10
11 12 13 14 15 16 17
18 19 20 21 22 23 24
25 26 27 28 29 30 31
Pesquise em
Como atiçar a brasa:
Arquivos:
junho 2021
abril 2021
março 2021
dezembro 2020
outubro 2020
setembro 2020
julho 2020
junho 2020
maio 2020
abril 2020
março 2020
fevereiro 2020
janeiro 2020
novembro 2019
outubro 2019
setembro 2019
agosto 2019
julho 2019
junho 2019
maio 2019
abril 2019
março 2019
fevereiro 2019
janeiro 2019
dezembro 2018
novembro 2018
outubro 2018
setembro 2018
agosto 2018
julho 2018
junho 2018
maio 2018
abril 2018
março 2018
fevereiro 2018
janeiro 2018
dezembro 2017
novembro 2017
outubro 2017
setembro 2017
agosto 2017
julho 2017
junho 2017
maio 2017
abril 2017
março 2017
fevereiro 2017
janeiro 2017
dezembro 2016
novembro 2016
outubro 2016
setembro 2016
agosto 2016
julho 2016
junho 2016
maio 2016
abril 2016
março 2016
fevereiro 2016
janeiro 2016
novembro 2015
outubro 2015
setembro 2015
agosto 2015
julho 2015
junho 2015
maio 2015
abril 2015
março 2015
fevereiro 2015
dezembro 2014
novembro 2014
outubro 2014
setembro 2014
agosto 2014
julho 2014
junho 2014
maio 2014
abril 2014
março 2014
fevereiro 2014
janeiro 2014
dezembro 2013
novembro 2013
outubro 2013
setembro 2013
agosto 2013
julho 2013
junho 2013
maio 2013
abril 2013
março 2013
fevereiro 2013
janeiro 2013
dezembro 2012
novembro 2012
outubro 2012
setembro 2012
agosto 2012
julho 2012
junho 2012
maio 2012
abril 2012
março 2012
fevereiro 2012
janeiro 2012
dezembro 2011
novembro 2011
outubro 2011
setembro 2011
agosto 2011
julho 2011
junho 2011
maio 2011
abril 2011
março 2011
fevereiro 2011
janeiro 2011
dezembro 2010
novembro 2010
outubro 2010
setembro 2010
agosto 2010
julho 2010
junho 2010
maio 2010
abril 2010
março 2010
fevereiro 2010
janeiro 2010
dezembro 2009
novembro 2009
outubro 2009
setembro 2009
agosto 2009
julho 2009
junho 2009
maio 2009
abril 2009
março 2009
fevereiro 2009
janeiro 2009
dezembro 2008
novembro 2008
outubro 2008
setembro 2008
agosto 2008
julho 2008
junho 2008
maio 2008
abril 2008
março 2008
fevereiro 2008
janeiro 2008
dezembro 2007
novembro 2007
outubro 2007
setembro 2007
agosto 2007
julho 2007
junho 2007
maio 2007
abril 2007
março 2007
fevereiro 2007
janeiro 2007
dezembro 2006
novembro 2006
outubro 2006
setembro 2006
agosto 2006
julho 2006
junho 2006
maio 2006
abril 2006
março 2006
fevereiro 2006
janeiro 2006
dezembro 2005
novembro 2005
outubro 2005
setembro 2005
julho 2005
junho 2005
maio 2005
abril 2005
fevereiro 2005
janeiro 2005
dezembro 2004
novembro 2004
outubro 2004
setembro 2004
agosto 2004
julho 2004
junho 2004
maio 2004
As últimas:
 

março 30, 2007

"Quando colecionadores importantes se unem", por Dorothy Spears

"Quando colecionadores importantes se unem", matéria de Dorothy Spears, originalmente publicada no sítio do The New York Times em 28 de março de 2007

Enquanto museus estabelecidos se debatem com a queda na filantropia que há muito têm os ajudado a formar suas coleções, uma recente doação ao Museu de Arte de Dallas se destaca como um modelo de generosidade. A força motriz por trás dessa doação - uma contribuição conjunta de 900 obras de arte prometida por colecionadores locais, com valor estimado superior a 300 milhões de dólares — é Jack Lane, o diretor do museu, que chegou à cidade com um histórico de formação de associações de apoio aos museus que tem dirigido.

No vernissage em fevereiro do "Fast Forward: Contemporary Collections for the Dallas Museum of Art" ("Uma Visão do Futuro: Coleções Contemporâneas para o Museu de Arte de Dallas"), os colecionadores — Marguerite Hoffman, Cindy e Howard Rachofsky e Deedie Rose — dirigiram-se a marchands e colecionadores americanos e europeus sobre suas promessas de doarem suas coleções, inclusive obras que vierem a comprar no futuro, ao museu. Todos os três mencionaram o contagiante amor pela arte do Sr. Lane, assim como sua liderança e suas conexões com o mundo da arte contemporânea, como estímulos para sua decisão.

"Se um diretor tem um interesse em especial", disse o Sr. Rachofsky em entrevista, "é ao redor disso que o financiamento gravita". O Sr. Lane "foi a cola", ele afirmou, "que nos estimulou a agir em conjunto".

O envolvimento do Sr. Lane com o museu, conhecido por sua coleção enciclopédica, começou na primavera de 1998, quando ele recebeu um telefonema da Srta. Rose, a trustee que encabeçava a busca por um novo diretor. A Sra. Rose estava familiarizada com as prévias atuações do Sr. Lane como diretor do Museu Carnegie de Pittisburgh e do Museu de Arte Moderna de San Francisco, no qual ele foi figura chave em momentos fundamentais de sua história. Ele percebeu a oportunidade que Dallas representava. "Algumas importantes coleções de arte contemporânea estavam sendo formadas lá", ele disse.

No entanto, embora sofisticados em seus gostos e aquisições, os colecionadores de Dallas tendiam a agir de forma independente. "Tenho colecionado de forma regular desde o final dos anos 1970", disse o Sr. Rachofsky. "Não necessariamente com um forte relacionamento com o museu, porque o Museu de Arte de Dalas não tinha um programa de arte contemporânea forte".

O Sr. Hoffman concorda, acrescentando que antes da chegada do Sr. Lane, o museu "conduzia uma política de colecionamento de arte contemporânea bastante difusa", e que "não havia um plano geral, e não havia fundos disponíveis. Nos faltava uma geração inteira de artistas".

O Sr. Lane, cujo currículo inclui um diploma do Williams College, um doutorado em história da arte de Harvard, um M.B.A. pela Universidade de Chicago e o serviço militar como tenente da marinha no Vietnã, chegou ao museu em fevereiro de 1999 e começou a angariar o apoio dos colecionadores de Dallas. Depois de comprar uma coleção completa de múltiplos de Gerhard Richter, por exemplo, o Sr. Lane supervisionou uma retrospectiva do trabalho do artista, exibindo 20 de suas pinturas emprestadas por colecionadores locais.

O Sr. Lane também apelou para o orgulho dos colecionadores, encorajando-os a examinarem a história de outros museus enciclopédicos como o Instituto de Arte de Chicago, cuja coleção extraordinária de pinturas Impressionistas e Pós-impressionistas, ele afirmou, foi possibilitada por doações feitas no final do século 19 e início do 20, quando "aqueles artistas ainda eram considerados contemporâneos". Se os colecionadores de Dallas seguissem esse exemplo, ele argumentou, o museu poderia um dia "ter o seu lugar entre os grandes museus".

Especulações sobre uma doação conjunta começaram no Ano-Novo de 2000, quando a Sra. Hoffman e seu marido, Robert (que faleceu em agosto), estavam dividindo uma garrafa de vinho com o Sr. Rachofsky e sua esposa, Cindy, num resort no vale de Napa. Para angariar apoio para um campanha de levantamento de fundos em honra do centenário do museu, em 2003, os Hoffmans sugeriram que ambos os casais fizessem uma promessa: se o objetivo da campanha fosse alcançado, eles fariam a doação irrevocável de suas coleções ao museu. Os Rachofskys não apenas concordaram, como ofereceram a inclusão de sua casa, projetada por Richard Méier. Os casais contataram a Sra. Rose e seu marido, Rusty, que adicionaram sua coleção ao desafio.

No final de 2004 a campanha não havia atingido seu objetivo. O Sr. Lane disse: "Precisamos agradecer nossos doadores e andar em frente. Então resolvemos dar uma festa". Vários dias antes do evento, em fevereiro de 2005, o Sr. Lane, que obviamente tinha dificuldades em aceitar a derrota, ligou para a Sra. Rose, que cuida da coleção do casal, e pediu-lhe que contatasse os Hoffmans sobre a possibilidade de doarem suas coleções de qualquer forma.
Os Hoffmans concordaram, desde que os Roses fizessem o mesmo. Quando os Roses aceitaram, os Hoffmans estenderam o pedido aos Rachofskys, que concordaram.

"Foi um momento realmente transformador", afirma o Sr. Lane. "E aconteceu de um dia para o outro". Bem, não exatamente. Tanto a Sra.. Hoffman quanto a Sra. Rose citam a decisão do Sr. Lane em 2002 de indicar Bonnie Pitman como representante da diretoria como uma de suas melhores decisões e um ingrediente fundamental para sua generosidade. "Os colecionadores querem suas coleções sendo vistas e admiradas", comenta a Sra. Hoffman.

"Quando a Sra. Pitman chegou", a Sra. Rose disse, "ela costumava dizer, 'é possível rolar uma bola de boliche no hall central e não acertar em ninguém', de tão poucas pessoas que freqüentavam o museu". A Sra. Pitman criou um programa com o objetivo de incrementar o engajamento do visitante com arte.

Sob sua supervisão, o número de visitações aumentou em 42%, com um surpreendente índice de 53% dos visitantes participando de programas educativos. "Entre a credibilidade do Jack no mundo da arte internacional, e a parceria entre ele e Bonnie", afirmou a Sra. Hoffman, "ele foi capaz de levar o museu a um patamar mais elevado de reconhecimento". Maiores índices de visitação inevitavelmente completaram o circuito necessário para que as doações se dessem.

As doações prometidas pelas famílias Hoffman, Rachofsky e Rose ampliarão em muito a coleção de arte contemporânea do museu. "Uma Visão do Futuro", uma exposição temporária de 143 das obras doadas, e visitas às casas dos colecionadores revelaram um conjunto rico em obras do minimalismo, da arte povera e da pintura alemã. Entre as obras incluem-se importantes peças de Ellsworth Kelly e Philip Guston, uma importante instalação de 1990 de Bruce Nauman mostrando uma cabeça giratória e um conjunto de pinturas de Mr. Richter e Sigmar Polke, em especial uma baseada num recorte de um jornal de Dallas.

"Estou verde de inveja", disse Neal Benezra, diretor do Museu de Arte de San Francisco, falando por telefone desde seu escritório. "É o sonho de todo diretor de museu, que todos os seus colecionadores se unam desta forma, voltada ao bem cívico".

A conquista do museu de Dallas torna-se especialmente notável dado ao significativo declínio filantrópico e ao disparo astronômico do preço de obras de arte, que juntos deixaram os museus americanos em apuros para manter a relevância de suas coleções. "Os museus de arte nos EUA são profundamente dependentes do apoio dos colecionadores locais e de seus trustees", disse Sir Nicholas Serota, diretor do Tate em Londres. Persuadir os colecionadores a "colocar as necessidades da comunidade acima de seus ganhos pessoais", ele disse, "pode ser uma tarefa espinhosa". Sob a liderança do Sr. Lane, os colecionadores de Dallas começaram a consultar uns aos outros antes de efetuar compras e a adquirir em conjunto obras para o museu. Como resultado de sua cooperação, eles têm adquirido obras de altíssimo nível.

"Os marchands têm sempre uma escolha", afirma Sir Nicholas, "Podem vender obras mais ou menos importantes, dependendo. Se sabem que um colecionador está comprando para um museu, então ficam mais predispostos a vender um trabalho do mais alto nível". E os fundos dos colecionadores são tipicamente mais maleáveis do que os fundos de aquisição de um museu, dando-lhe mais margem de manobra ao comprar trabalhos de artistas reconhecidos.

Barbara Gladstone, uma marchand de Manhattan, afirma que o poder de persuasão do Sr. Lane é um grande trunfo. "Quando ele chega numa comunidade", ela diz, "ele é capaz de convencê-la do valor de seu museu como parte de sua vida cultural".

Tradução de Renato Rezende

Posted by Leandro de Paula at 3:00 PM

março 28, 2007

Respostas das instituições culturais sobre a compra da Coleção Adolpho Leirner

Respostas das instituições culturais sobre a compra da Coleção Adolpho Leirner

A partir da matéria de Fabio Cypriano na Folha de São Paulo, do dia 21 de março de 2007, ficamos sabendo que duas instituições culturais paulistanas, a Pinacoteca do Estado e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, foram contatadas pelo colecionador Adolpho Leirner para a venda de sua coleção de arte construtiva brasileira.

O Canal Contemporâneo enviou no mesmo dia para Marcelo Araujo, diretor da Pinacoteca, e para Felipe Chaimovich, curador do MAM SP, citados na referida matéria, as seguintes perguntas:

1 - A instituição buscou apoio junto aos membros de seu conselho e associação de amigos;
2 - A instituição buscou apoio junto aos seus parceiros e patrocinadores regulares;
3 - Algum projeto foi aprovado junto às leis de incentivo;
4 - As várias instâncias de governo e suas estatais foram procuradas;
5 - Por que este processo não foi tornado público.

A seguir as respostas recebidas.

De Marcelo Araujo, diretor da Pinacoteca, recebemos no mesmo dia:

Conversei algumas vezes com Adolfo Leirner sobre a possibilidade de aquisição de sua coleção de arte concreta para a Pinacoteca do Estado, bem como com diferentes autoridades da área cultural do Governo do Estado de São Paulo sobre a importância desta coleção. Nunca, entretanto, chegamos, Adolfo e eu, a um estágio de projeto ou proposta concreta. Adolfo sempre declarou que via o MAM SP como a instituição mais adequada para abrigar essa coleção.

De Felipe Chaimovich, curador do MAM SP, recebemos em 27 de março de 2007:

A coleção foi oferecida por Adopho Leirner ao MAM em caráter verbal. Não foi apresentado um projeto detalhado da mesma, de modo que a consideração de incorporação da coleção ao Museu não foi registrada em atas ou demais documentos. Assim, não houver nenhuma tramitação documentada do episódio.

Posted by Patricia Canetti at 9:41 AM | Comentários (1)

março 27, 2007

Manutenção de acervos: a participação da sociedade brasileira?

Manutenção de acervos: a participação da sociedade brasileira?

Em resposta à perda de um acervo tão importante para o Brasil quanto a Coleção Adolpho Leirner, o Canal Contemporâneo foi pesquisar junto aos museus brasileiros como eles desenvolvem os seus programas de manutenção envolvendo pessoas físicas.

A idéia é que, antes de avançarmos para direções mais complexas como a inércia do Estado ou o desinteresse dos patrocinadores, estimulemos a relação básica entre sociedade e instituição pública. A função das instituições museológicas perante a sociedade é um tema claro e debatido, mas nem sempre a recíproca é tão evidente.

Vamos perceber neste levantamento que a maioria de nossos museus ou não desenvolve este vínculo ou o faz de maneira incipiente. O histórico da relação entre instituições públicas e sociedade brasileira não nos indica que este envolvimento aconteça de forma espontânea e, ao mesmo tempo, nossa participação nesse processo não tem sido convocada. Diversos projetos encontram-se aprovados pelo Ministério da Cultura para captação de recursos junto a pessoas físicas ou jurídicas. Contudo, o público que freqüenta estas instituições desconhece o potencial de sua participação. E assim ficamos: alijados, sem saber o que ocorre de bom e de ruim; isolados individualmente, apáticos coletivamente e, por fim, impotentes.

A fragilidade destes programas também aponta para uma inabilidade de nossas instituições em tratar as suas questões de mercado: a captação de recursos e o relacionamento com o consumidor, que vão impactar diretamente na sua função de distribuição de cultura. Alguns desses programas se baseiam no auxílio às atividades regulares dos museus, outros, na arrecadação de fundos para projetos específicos, mas a realidade é que, desarticulados de ações de marketing que potencializem sua comunicação, seu alcance acaba sendo pífio. Mais do que expedientes para questões pontuais, eles devem ser encarados como formas de pertencimento à história destes espaços encarregados de contar e revisar nosso tempo.

Se não é possível percebermos uma atualização frente às demandas contemporâneas de ordem econômica, dificilmente veremos qualquer transformação em relação aos conceitos institucionais e artísticos tão prementes nestes mesmos museus.

Seria muito bom ajudarmos na manutenção de nossas instituições culturais e ainda avançarmos coletivamente para a lógica do "muitos pagando pouco". Mas, para isso, temos que deixar de lado a "aura" do pagamento único e alto e botar o pé na economia contemporânea. Segue aqui o resultado da pesquisa feita com importantes instituições do país: esta é a nossa forma de perspectivar a crise sob um foco mais amplo e de sugerir uma participação mais ativa de todos nós no sistema de arte brasileiro.


PROGRAMAS E PROJETOS DE INSTITUIÇÕES COM ACERVO E FUNDAÇÕES


CURITIBA

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO PARANÁ - MAC PARANÁ
Procurada pelo Canal Contemporâneo, a Sociedade de Amigos do museu não retornou o contato. Informações: mac@pr.gov.br / 41-3222-5172

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Conservação e Restauração de 248 Desenhos do Acervo do Museu de Arte Contemporânea do PR
Visa a restauração de 248 obras de arte em suporte papel, nas técnicas de desenho, pertencentes ao Museu de Arte Contemporânea do Paraná. As obras passarão por processo de conservação e restauração, atuando com profissionais especializados na aplicação de técnicas-científicas para promover uma maior permanência e durabilidade. Período de realização: mai/2006 a out/2007.
Autorizado p/ Captar R$: 265.707,00
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 265.707,00


MUSEU OSCAR NIEMEYER - MON
Não possui programa de afiliação para pessoas físicas. Informações: imprensa@mon.org.br / 41-3350-4400

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Museu Oscar Niemeyer
O projeto prevê a publicação de um livro sobre o Museu Oscar Niemeyer, a criação gráfica do livro será da responsabilidade de Guilherme Zamoner, da Zob Design.
Autorizado p/ Captar R$: 263.560,00
Captado R$ : 263.560,00
Saldo a Captar R$ : 0,00


FORTALEZA

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DO CENTRO DRAGÃO DO MAR
Não possui programa de afiliação para pessoas físicas, os recursos são provenientes somente do governo e de editais públicos. Informações: 85-3488-8625


PORTO ALEGRE

FUNDAÇÃO BIENAL DO MERCOSUL
A arrecadação de recursos de pessoas físicas começou como uma ação espontânea a partir da 4a Bienal e, hoje, ainda não está configurada como um programa específico, mas continua a contribuir para a realização da mostra. Os apoiadores ganham agradecimento no catálogo da exposição. Para contribuir, entrar em contato via e-mail: marketing@bienalmercosul.art.br

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Bienal de Artes Visuais do Mercosul (6ª)
A 6ª Bienal do Mercosul será realizada na cidade de Porto Alegre - Estado do Rio Grande do Sul, contando com a participação de países que integram - ou estão em vias de integrar o Mercosul: Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, além desses, o México. Acontecerá: exposição museológica, de arte contemporânea, cursos, workshops e seminários.
Autorizado p/ Captar R$: 12.443.165,73
Captado R$: 896.800,00
Saldo a Captar R$: 11.546.365,73


FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO
Não possui programa de afiliação para pessoas físicas. Informações: 51-3388-1935

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Museu Iberê Camargo 3º Etapa
Trata-se da 3º Etapa da Construção do Museu Iberê Camargo. Realiza o projeto arquitetônico, bem como projetos técnicos.
Autorizado p/ Captar R$: 13.033.302,51
Captado R$ : 10.397.998,33
Saldo a Captar R$ : 2.635.304,18

Iberê Camargo: A Solidão da Grande Arte
Divulgar a obra de Iberê Camargo, bem como oferecer uma visão e a evolução estética de sua obra.Tiragem 1.000 exemplares. Distribuição: 200 bibliotecas de universidades públicas e comunitárias, 200 patrocinador, 150 bibliotecas públicas do Brasil, 150 centros de pesquisa e documentação de museus e centros culturais no Brasil, 100 embaixadas brasileiras no exterior, 200 Fundação Iberê Camargo e distribuição institucional. Período de realização 365 dias.
Autorizado p/ Captar R$: 168.613,49
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 168.613,49


MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL - MARGS
A partir de contribuições de R$ 100 anuais (R$ 30 p/ estudantes), pessoas físicas tornam-se integrantes da Associação de Amigos do MARGS e parceiras do museu e investem em iniciativas como compra de novas obras (em 2002, foi montado o projeto "Aquisições" com os trabalhos adquiridos via estes recursos) e edições de livros sobre o acervo (projeto de 2005). A Associação de Amigos é a responsável legal pelos projetos e o cadastro pode ser realizado na página do museu. Informações: 51-3224-4255

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

MARGS - Um Acervo em Expansão
Aquisição do acervo da APLUB - Associação dos Profissionais Liberais Universitários do Brasil, constando de 71 esculturas e 601 obras entre pinturas, desenhos, aquarelas, serigrafias, nanquim e gravuras - com a relação das obras e avaliações em anexo, cujo acervo passará a fazer parte do MARGS.
Autorizado p/ Captar R$: 4.016.968,13
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 4.016.968,13

Pró-MARGS
O objetivo do projeto é permitir que o MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul tenha condições de preservar de forma ainda mais adequada o seu patrimônio, além de incrementar e diversificar suas atividades culturais ofertadas à comunidade, organizando, mantendo, ampliando e preservando a atividade principal a qual se destima: a preservação, o acolhimento, a valorização do patrimônio cultural e das diversas manifestações artísticas do RS e do Brasil, disponibilizando-as à comunidade; Ampliando o campo das possibilidades de construção identitária e a percepção crítica da comunidade em que está inserido, por meio da oferta de atividades que estimulem um processo educacional e construtivo que promova a formação ao público.
Autorizado p/ Captar R$: 256.811,36
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 256.811,36


RECIFE

MUSEU DE ARTE MODERNA ALUÍSIO MAGALHÃES - MAMAM
Em fase de estruturação, a Sociedade de Amigos do MAMAM contribuirá para as atividades do museu. Maiores informações no sítio do museu.


RIO DE JANEIRO

CENTRO DE ARTES HÉLIO OITICICA - CAHO
Resposta da Assessoria de Comunicação da Secretaria das Culturas da Prefeitura do Rio, gestora do centro cultural, sobre a existência de programas de afiliação de pessoas físicas à instituição:

"A Secretaria Municipal das Culturas é mantedenora do Centro de Artes Hélio Oiticica. E deve zelar pela conservação e funcionamento de todos os equipamentos urbanos, com recursos públicos, investindo na oferta de uma programação diversificada, na multiplicação do acesso da população à cultura, na inserção do Rio nas redes mundiais de Cultura e na requalificação do patrimônio público, transformando antigas casas em espaços culturais, valorizando os bairros e a qualidade de vida dos cariocas. A Secretaria Municipal das Culturas trabalha em parceria com a iniciativa privada no desenvolvimento de projetos culturais. Segundo o Secretário Municipal das Culturas, cabe a iniciativa privada buscar a sustentabilidade de museus e centros culturais particulares, que muitas vezes são iniciativas importantes para a cidade, mas não podem depender dos recursos do município".


FUNDAÇÃO EVA KLABIN
Em fase de criação, a Sociedade de Amigos da Fundação Eva Klabin terá por missão a arrecadação de recursos para as atividades de conservação de acervo e promoção de novas exposições da instituição através de duas frentes: pessoas jurídicas e pessoas físicas. Em breve, no www.evaklabin.org.br.


MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE NITERÓI - MAC NITERÓI
O Canal Contemporâneo aguarda o encaminhamento das informações do Setor de Desenvolvimento do museu. Informações: 21-2620-2400

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Melhorias e Benfeitorias para o Público do Museu de Arte Contemporânea de Niterói
O objetivo do projeto é proporcionar ao visitante do Museu de Arte Contemporânea de Niterói melhores condições de acesso, atendimento e serviços. Dotando-o de instalações mais adequadas para acolher melhor os visitantes. Equiparando-o aos padrões de serviços aos museus internacionais de acordo com as normas museológicas vigentes.
Autorizado p/ Captar R$: 296.195,71
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 296.195,71


MUSEU DE ARTE MODERNA - MAM RIO

- O programa "Amigos do MAM" oferece benefícios como entrada gratuita em todas as exposições, convites para vernissages, visitas guiadas e descontos nas lojas do museu. A contribuição é de R$ 324/ano (individual) ou R$ 720/ano (familiar - até 4 pessoas). A ficha de inscrição para o programa está disponível no sítio do museu.

- Para incentivar a prática do colecionismo, o MAM Rio desenvolve, desde 2004, o projeto "Colecionadores", através do qual pessoas físicas adquirem cinco obras de cinco diferentes artistas produzidas especialmente para o programa, em tiragem limitada. O projeto será retomado em 2007 e os interessados podem contatar a instituição através do e-mail atendimento@mamrio.org.br.

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Plano Anual de Atividades do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - PAA - 2006
Em 2006, o Museu programou 16 exposições que têm entre os seus destaques a fotografia de Mário Testino, a produção artística de arte moderna dos anos 60 da Espanha, uma coletânea de fotos de Joaquim Paiva, que firmou contrato de comodato em 2005 para abrigar todo seu acervo no MAM, entre outros eventos.
Autorizado p/ Captar R$: 3.013.896,62
Captado R$: 0,00
Saldo a Captar R$: 3.013.896,62.

Restauração do MAM - Rio de Janeiro
Tem como objetivo a atualização e revitalização do espaço do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a restauração e restauração do prédio principal do MAM - RJ se faz necessária, pela constatação da deterioração de diversas partes que compõem a estrutura, sendo necessária a troca de várias delas.
Autorizado p/ Captar R$: 2.891.143,08
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 2.891.143,08


MUSEUS CASTRO MAYA (MUSEU DO AÇUDE E MUSEU DA CHÁCARA DO CÉU)
Patrocinados majoritariamente pelo IPHAN, os Museus Castro Maya possuem uma Sociedade de Amigos, que também contribui nas atividades das instituições. A Associação Cultural dos Amigos dos Museus Castro Maya tem projetos aprovados no Ministério da Cultura, aguardando incentivos de pessoas físicas ou jurídicas. Maiores informações através do e-mail nucleoprojetos@museuscastromaya.com.br e dos telefones: 21-2247-0999, 21-2224-8981, 21-2224-8524.

- Para quem deseja se tornar associado da instituição independentemente dos projetos já aprovados e apoiar a manutenção de suas atividades regulares, a contribuição anual é a partir de R$ 60 (R$ 30 para estudantes), garantindo benefícios como entrada gratuita nos museus, visitas guiadas especiais e descontos nas publicações vendidas. Cadastro disponível no sítio da associação.

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Bichos - Projeto de Comunicação/Educação
Visa a montagem no Museu da Chácara do Céu uma exposição atrativa para o público jovem, com peças variadas do acervo Castro Maya de artes plásticas com a temática animais; prepara material educativo especialmente concebido para a mostra a ser aplicado em visitas guiadas pelos monitores do museu.
Autorizado p/ Captar R$: 32.380,00
Captado R$ : 8.100,00
Saldo a Captar R$ : 24.280,00

Brunch Cultural do Museu do Açude
Realização da programação 2007 de evento que, há mais de sete anos, ocupa o Museu do Açude, no Rio de Janeiro. Este evento é formado por shows com artistas de renome e um bufê oferecido aos espectadores.
Autorizado p/ Captar R$: 184.801,86
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 184.801,86

Coleção museus brasileiros - Museus Raymundo Castro Maya
Editar o livro "Coleção Museus Brasileiros - Museus Raymundo Castro Maya" visando o enriquecimento do público ao visitar o Museu do Açuda e Museu Chácara de Céu. A leitura será através de textos leves e precisos, e inseridos no contexto histórico e social, com grande riqueza iconográfica.
Autorizado p/ Captar R$: 155.854,60
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 155.854,60

MUSEU NACIONAL DE BELAS ARTES - MNBA
Não possui programa de afiliação para pessoas físicas. Informações: 21-2240-0068

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Plano de Recuperação Emergencial para o Museu Nacional de Belas Artes
O Plano de recuperação emergencial para o Museu Nacional de Belas Artes propõe longo de 16 meses promover a recuperação da estrutura museológica compreendendo o edifício, suas funções e equipamentos de modo a garantir a preservação do acervo das exposições temporárias e a segurança das pessoas.
Autorizado p/ Captar R$: 14.964.211,46
Captado R$ : 7.822.891,18
Saldo a Captar R$ : 7.141.320,28


SALVADOR

MUSEU DE ARTE MODERNA DA BAHIA - MAM BAHIA
Procurada pelo Canal Contemporâneo, a assessoria de comunicação do museu não retornou o contato. Informações: 71-3117-6132


SÃO PAULO

BIENAL DE ARTE DE SÃO PAULO - BIENAL SP
Não possui programa de afiliação para pessoas físicas.


INSTITUTO DE ARTE CONTEMPORÂNEA - IAC
Não possui programa de afiliação para pessoas físicas. Informações: 11-3031-1571

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Instituto de Arte Contemporânea - IAC - Abertura 1ª Etapa
Divulgar a trajetória dos artistas Sérgio Camargo, Mira Schendel, Willys de Castro e Amílcar de Castro. Preparação parcial do espaço físico/edifício do IAC, para apresentação de recorte crítico dos acervos dos referidos artistas. Produção editorial de publicação contendo textos críticos e repertório iconográfico dos artistas.
Autorizado p/ Captar R$: 915.647,74
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 915.647,74


INSTITUTO TOMIE OHTAKE
Não possui programa de afiliação pra pessoas físicas. Informações: 11-2245-1900

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Tomie Ohtake Esculturas
O Instituto Tomie Ohtake, tem como objetivo a exposição sobre o trabalho de Tomie Ontake, com apresentação de esculturas da artista, a primeira exposição com obras desta modalidade. Será realizada no Centro Cultural Banco do Brasil - Brasília e posteriormente no Instituto - São Paulo. Período de realização maio a novembro de 2006.

Autorizado p/ Captar R$: 317.080,00
Captado R$ : 205.100,00
Saldo a Captar R$ : 111.980,00


MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - MAC USP
A AAMAC (Associação de Amigos do MAC-USP) e a Fundação de Apoio à USP (FUSP) são as responsáveis pelos aportes dos recursos que mantêm a instituição. Os interessados em contribuir com o MAC-USP devem entrar em contato através do telefone 11-3772-7747.

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Catálogo Geral MAC USP 2005
Ampliar a divulgação do Acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, por meio da publicação impressão e em CD Rom do Catálogo Geral de Obras do Acervo MAC USP. Catalogação do Acervo de Arte Conceitual e do Espólio Rafael França e inserção das informações catalográficas no Banco de Dados e Imagens do Acervo. Tiragem de 5.000 CD Rom e 3.000 catálogos (2 volumes ). Distribuição: 25% patrocinador, 10% MinC, 40% instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais da área de artes (distribuição feita ao longo de dois a três anos), 15% venda/Portaria do Museu (preço de custo), 10% reserva técnica. Período de execução de 12 meses.
Autorizado p/ Captar R$: 502.522,50
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 502.522,50


MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO - MAM SP
Possui duas linhas diferentes de programas voltados para pessoas físicas: os de manutenção de suas atividades regulares (via renúncia fiscal) e os de relacionamento com o público, que oferecem diferentes benefícios.

- Sócio MAM - Programa de relacionamento através do qual diferentes valores de doação garantem níveis de benefícios diversos, sendo dividido por categorias. Informações e Cadastro no www.mam.org.br/participe/socio.

Benefícios para todas as categorias: carteira personalizada de sócio titular; entrada gratuita no MAM; recebimento da programação por e-mail; curso exclusivo e gratuito para sócios; visita monitorada às exposições; desconto nos Serviços da Biblioteca e nos Cursos oferecidos pelo MAM (os descontos variam dependendo da categoria).

Categorias: Estudante R$ 66/ano (comprovante de estudos obrigatório); Colega R$ 164/ano; Individual R$ 33/mês; Amigo R$ 66/mês; Parceiro R$ 131/mês; Patrocinador R$ 262/mês; Patrono R$ 655/mês

- Núcleo Contemporâneo - por R$ 714/ano (individual) ou R$ 1.208/ano (casal), os associados têm direito a visitas a ateliês e coleções particulares, exposições, debates e palestras com especialistas. Neste programa, 50% do valor arrecadado é revertido para a aquisição de novas obras, que passam a integrar a "Coleção Núcleo Contemporâneo no acervo do MAM". Informações e Cadastro no www.mam.org.br/participe/nucleo.

- Colecionadores MAM - dividido em dois sub-projetos, a iniciativa promove a prática do colecionismo a partir da produção de novas obras. Anuidades: R$ 2970 (Clube da Gravura) e R$ 1980 (Clube da Fotografia), por 5 diferentes trabalhos. Informações e Cadastro no www.mam.org.br/participe/colecionador.

- Doações - pessoas físicas podem apoiar o museu destinando parte de seus impostos devidos ao Plano Anual de Atividades. Os projetos estão aprovados na Lei Rouanet (Imposto de Renda) e na Lei Mendonça da Cidade de São Paulo (IPTU ou ISS) . Informações: 11-5085-1331.

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Plano Anual de Atividades 2006/MAM São Paulo
O objetivo deste projeto é realizar as atividades culturais de 2006 do Museu de Arte moderna de São Paulo que tem sede no Parque do Ibirapuera. O MAM possui um acervo de 4.069 obras de artistas brasileiros de arte moderna e contemporânea, que solicita cuidados freqüentes de conservação e restauro. O acervo está condicionado em uma reserva técnica que necessita de constante aferição de seus equipamentos; o restauro é realizado por profissionais especializados a um custo bastante alto além do MAM ter uma apólice de seguros que atende "ali risks".
Autorizado p/ Captar R$: 15.485.361,92
Captado R$ : 7.818.576,14
Saldo a Captar R$ : 7.666.785,78

Plano Anual de Atividades 2007 - MAM São Paulo
Realizar as atividades culturais de 2007 do Museu de Arte Moderna de São Paulo que tem sua sede no Parque do Ibirapuera. As ações consistem em manutenção do acervo próprio, organização de mostras temporárias de arte moderna e contemporânea nacional e internacional.
Autorizado p/ Captar R$: 11.472.647,04
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 11.472.647,04


MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO - MASP
Procurado pelo Canal Contemporâneo, o setor administrativo do museu não retornou o contato. Informações: 11-3251-5644

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Revitalização Galeria Prestes Maia/MASP - Centro
Obra de reforma e adaptação da galeria Prestes Maia para sede do MASP - Centro.
Autorizado p/ Captar R$: 5.942.928,00
Captado R$ : 2.981.709,14
Saldo a Captar R$ : 2.961.218,86


PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO
A Associação de Amigos da Pinacoteca do Estado de São Paulo possui três categorias de participação, distinguidas pelo valor da contribuição anual e benefícios recebidos. Maiores informações: 11-3329-7139 ou icasanovas@pinacoteca.org.br.

- Estudante, R$ 50/ano. Benefícios: direito à entrada gratuita para todas as exposições

- Individual I, R$ 300/ano. Benefícios: direito à entrada gratuita para todas as exposições; convite para inauguração das exposições e 5% de desconto na loja.

-Individual II, R$ 500/ano Benefícios: direito à entrada gratuita para todas as exposições (duas pessoas); convite para inauguração das exposições; visita às exposições em horários especiais, agendados pela Pinacoteca; ingressos para duas pessoas para as palestras, concertos, etc, sob reserva solicitada com 24 horas de antecedência; 10% de desconto na loja e possibilidade de admissão no quadro de Associado Contribuinte.

- Associados Contribuintes para pessoas físicas e jurídicas que participam das atividades de gestão da Associação, tendo direito de voto e voz nas assembléias realizadas pela entidade. Para participar, basta manifestar a intenção quando realizar a inscrição como Associado.

BANCO DE DADOS DA LEI ROUANET - www.cultura.gov.br (veja como incentivar)

Pinacoteca 100 Anos - Livro Sobre a História do Museu
Este projeto tem como objetivo a edição de um livro de arte, predominantemente ilustrado, onde a história da Pinacoteca do Estado de São Paulo será contemplada. Será editado ainda um fascículo do livro. O projeto se encaixa nas comemorações dos 100 anos da mesma.; Tiragem: 4.000 exemplares em português e 1.000 em inglês. O lançamento do livro será no quarto semestre de 2005.
Autorizado p/ Captar R$: 469.295,00
Captado R$ : 0,00
Saldo a Captar R$ : 469.295,00

Pinacoteca na Praça
Tem como objetivo a exposição que levará ao interior de São Paulo mostra sobre a arte brasileira baseada no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, com a curadoria de Marcelo Araújo, conservador e diretor geral da Pinacoteca.
Autorizado p/ Captar R$: 469.600,00
Captado R$ : 250.000,00
Saldo a Captar R$ : 219.600,00

COMO INCENTIVAR fazendo uso da Lei Rouanet

Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Nº 8.313/1991), mais conhecida como Lei Rouanet, tem toda a sua legislação disponível no www.cultura.gov.br, como também todos os projetos aprovados em período de captação.

A Lei Rouanet estabelece os mecanismos de Mecenato que podem receber incentivos por parte de pessoas físicas e jurídicas.

Quais são os tipos de Mecenato?
O investimento pode ser de dois tipos: doação ou patrocínio. A doação é a transferência gratuita, em caráter definitivo, de recursos financeiros, bens ou serviços para a realização de projetos culturais. Neste caso é proibido o uso de publicidade para a divulgação das atividades objetos do respectivo projeto cultural. Já no patrocínio, a finalidade é promocional e de publicidade institucional.

Quem pode incentivar?
- Pessoas físicas que preenchem a Declaração Completa de Renda, até o limite de 6% de dedução do IR devido (antes de subtrair o imposto retido na fonte ao longo do ano).
- Pessoas Jurídicas cujo imposto de renda seja tributado sobre o lucro real, até o limite de 4% de dedução do IR devido.

Quais são as percentagens reembolsadas no incentivo?

100% de incentivo
Projetos enquadrados nos segmentos indicados pelo artigo 18 da Lei 8.3131/91 descontarão 100% do valor doado ou patrocinado. Ou seja, 100% da quantia paga ao projeto será reembolsada pelo governo federal se estiver dentro dos limites da legislação do imposto de renda vigente (atualmente 4% para empresas e 6% para pessoa física). As empresas que investem nesses segmentos não podem lançar o valor incentivado como despesa operacional.

Artigo 18
Segmentos enquadrados neste artigo que recebem 100% de incentivo:
- Artes cênicas;
- Livros de valor artístico, literário ou humanístico;
- Música erudita ou instrumental;
- Circulação de exposições de artes visuais;
- Doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, arquivos públicos e cinematecas, bem como treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para a manutenção desses acervos;
- Produção de obras cinematográficas e videofonográficas de curta e média metragem e preservação e difusão do acervo audiovisual;
- Preservação do patrimônio cultural material e imaterial

Artigo 26
Para todos os outros segmentos, são estas as percentagens reembolsadas sobre o valor total pago ao projeto, sempre levando em conta os limites da legislação do imposto de renda vigente (atualmente 4% para empresas e 6% para pessoa física).
- Pessoas Físicas: são incentivados 60% (patrocínio) e 80% (doação).
- Pessoas Jurídicas, são incentivados 30% (patrocínio) e 40% (doação). Os valores transferidos ao projeto são lançados como despesa operacional e posteriormente é feita a dedução legal. Isso leva a empresa efetuar um resgate tributário na ordem de 62% no caso de patrocínio e 72% no de doação.

Por que incentivar?
- O Incentivo Cultural ainda engatinha em nossa sociedade e acreditamos que, ao estimular a participação de pessoas ligadas à nossa comunidade, podemos dar um passo importante para ampliar o financiamento da cultura no Brasil.
- Incentivando projetos culturais a partir do Mecenato da Lei Rouanet, é possível descontar até 100% do valor incentivado, dentro do limite de 6% para Pessoa Física e 4% para Pessoa Jurídica.
- É importante ressaltar que os benefícios de que trata esta lei não excluem ou reduzem outros benefícios, abatimentos e deduções em vigor.

IMPORTANTE
Os recursos deverão ser depositados em conta específica do projeto para receber o recibo do projeto incentivado para a dedução fiscal.

Posted by Leandro de Paula at 2:27 PM

Manifesto em defesa à Política Nacional de Museus

Manifesto em defesa à Política Nacional de Museus

A equipe do Departamento de Museus e Centros Culturais (DEMU), abaixo assinada, expressa sua indignação em relação à matéria veiculada no Jornal O Globo de 25/03/2007, na coluna de Élio Gaspari.

Os fatos alegados na matéria - ainda sob investigação no IPHAN - buscam denegrir as imagens do Coordenador Técnico, Mário de Souza Chagas, e do Diretor do DEMU, José do Nascimento Júnior, em uma tentativa de reduzir todas as conquistas da Política Nacional de Museus (PNM), implantadas durante os últimos quatro anos.

Tal atitude desconsidera os princípios fundamentais que norteiam a conduta ética e democrática das relações mantidas com setores e atores da cultura e, especialmente, do universo museológico. A reorganização do setor, a criação do Sistema Brasileiro de Museus, os vários editais e outros investimentos em museus do Brasil, o concurso público que permitiu a entrada de 22 museólogos no IPHAN, o Cadastro Nacional de Museus, a Semana Nacional de Museus com mais de 1.400 eventos por todo o país, o lançamento do periódico MUSAS, da Revista do Patrimônio sobre museus e a coleção Museus, Memória e Cidadania, são alguns dos instrumentos de operação da PNM: instrumentos institucionais, de democratização e de fomento. Desejamos enfatizar que todo este avanço só foi possível graças à transparência e à competência da atual gestão do Departamento, que sempre agregou profissionais que desejam o desenvolvimento e a consolidação da área, independentemente de suas orientações ideológicas.

Como membros desta equipe, denunciamos a tentativa de desarticulação, em prol de interesses pessoais, de todo o trabalho realizado. Além disso, causa-nos perplexidade a acusação direcionada ao museólogo e professor Mario de Souza Chagas, profissional nacional e internacionalmente conhecido e respeitado por sua produção e atuação no cenário museal e, principalmente, por sua inquestionável retidão de caráter.

Para evitar a disseminação de práticas nocivas e perversas que resultam em prejuízo para toda a instituição, solicitamos aos órgãos competentes do IPHAN a rápida apuração de todos os fatos, e convocamos todos os profissionais ligados à preservação do patrimônio e todos os que reconhecem as conquistas da Política Nacional de Museus a apoiarem esta manifestação.

Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN

26 de março de 2007.
Adriana Bandeira
Alejandra Saladino
Ana Paula de Lima Freire
Andressa de Lima Faislon
Átila Bezerra Tolentino
Bárbara Froener
Cícero Antônio Fonseca de Almeida
Claudia Maria Pinheiro Storino
Eneida Braga Rocha de Lemos
Fernanda Magalhães Pinto
Flávia Mello de Castro
Flaviane da Costa Gomes
Lilian Oliveira
Gustavo Góes
Humberto Nóbrega
Jânides Miranda da Silva
Jéssica da Silva Santana
Joana Regattieri
Kênia Sabino
Letícia Oliveira
Lidiane Rodrigues Araújo
Monique Batista Magaldi
Maria Isabella Medeiros
Marcelo Helder Maciel Ferreira
Marcio Ferreira Rangel
Marilene Gonçalves Guimarães
Marina Byrro Ribeiro
Newton Fabiano Soares
Paula Regina Almeida de Oliveira
Paulo José Nascimento Lima
Rafael Farias da Silva
Rose Moreira de Miranda
Rosilene do Espírito Santo
Sara Schuabb Couto
Stefany Lima
Tatiana Kraichete Martins
Vinícius Barcelos

Posted by João Domingues at 11:45 AM

Carta Aberta de Mário de Souza Chagas ao Jornalista Élio Gaspari

Carta Aberta de Mário de Souza Chagas ao Jornalista Élio Gaspari

Goiânia, 26 de março de 2007.

Prezado Senhor Élio Gaspari,

Meu nome é Mário de Souza Chagas, nasci no dia 26 de junho de 1956; sou filho de João de Souza Chagas e Sylvia da Costa Chagas. Meus pais não me deixaram riquezas materiais. Eles me deram amor, honra, caráter, inteligência e vontade de trabalhar pelo belo, pelo bom e pelo bem da humanidade.

Estudei toda a minha vida em escolas públicas, e me orgulho disso: fui aluno da Escola Municipal Espírito Santo, do Colégio Estadual Sobral Pinto, da Escola Técnica Federal Celso Suckow da Fonseca, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Fiz Mestrado no Programa de Pós-graduação em Memória Social da UNIRIO e Doutorado no Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da UERJ. Hoje, sou Professor Adjunto da UNIRIO, Professor Visitante da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Museólogo e Coordenador Técnico do Departamento de Museus e Centros Culturais do IPHAN. Sou funcionário público, técnico e pesquisador com 27 anos dedicados à cultura e 20 anos dedicados ao magistério superior.

Nunca fugi de um debate intelectual, sempre escrevi e publiquei o que penso. Nunca me ocultei atrás de cargos, nunca fiz dos cargos que ocupei uma trincheira ou trampolim político. Tenho artigos e livros publicados no Brasil e no exterior, nas áreas da memória, da educação, do patrimônio e dos museus. Além disso, e acima de tudo, sou poeta. Antes de tudo na vida, sou poeta.

No meio museológico brasileiro, sou conhecido e reconhecido. Tenho posições intelectuais, e sei que tenho contribuído para a consolidação do campo dos Museus e da Museologia no Brasil. Minha obra é pública e meu currículo está disponível na Internet. Ajudei, por convicção, a construir a Política Nacional de Museus, que alterou as relações de forças no campo dos Museus brasileiros. No entanto, prezado jornalista, nunca invadi privacidades, nunca me interessei, nem invadi, nem espionei, nem roubei correspondência alheia. O senhor é um jornalista responsável. Aprecio a sua coluna. Por isso mesmo, confesso que fiquei chocado de me ver ali, na sua coluna, citado como um criminoso, ou alguém que precisasse desempenhar papéis sórdidos para construir carreira ou se manter grudado num cargo.

Examine a minha biografia. Eu sei que tenho uma biografia que o senhor não conhece ? é justificável que não a conheça ? mas eu zelo por ela. Até porque zelar por ela é zelar por mim e pelos meus. E eu, como não tenho riquezas materiais, cuido bem da minha biografia, e cuido bem de mim.

Prezado jornalista Élio Gaspari: a nota (ou o artigo) publicada na sua coluna, no dia 25 de março de 2007 poderia, de modo particular, denegrir a minha imagem profissional e afetar o meu ser moral. Eu digo e sustento: não sou e não estou afetado. Caro jornalista Élio Gaspari, ainda que eu seja seu admirador, penso que a sua coluna exagerou e foi ligeira e apressada nas conclusões e insinuações ali presentes. Penso que a sua coluna exagerou mais ainda, quando publicou, sem a minha autorização, o meu e-mail pessoal.

Finalmente, eu gostaria de dizer, prezado jornalista Élio Gaspari, que se os e-mails do Museu Imperial foram clonados, que isto seja inteiramente apurado; no entanto, me acusar publicamente daquilo que não fiz não é correto. Tenho a consciência limpa e o coração tranqüilo.

Mário de Souza Chagas.

Posted by João Domingues at 11:42 AM

Grampearam 8.787 e-mails no Museu Imperial, por Elio Gaspari, Folha de São Paulo

Grampearam 8.787 e-mails no Museu Imperial

Coluna de Elio Gaspari, originalmente publicada na Folha de São Paulo no dia 25 de março de 2007

As mensagens e as conversas dos funcionários eram arquivadas e mandadas ao comissariado da cultura

DESDE A MADRUGADA de 17 de novembro de 1889, quando sumiu a maleta de jóias da imperatriz Tereza Cristina, o patrimônio dos Bragança não passava por transtorno semelhante. No dia 7 de fevereiro, funcionárias do Museu Imperial foram surpreendidas por mensagens eletrônicas do serviço Gmail, informando que as memórias de suas caixas estavam saturadas. Como elas não tinham caixas no Gmail, foram ver o que houve. A diretora do museu, Maria de Lourdes Parreiras Horta, aprendeu que, desde agosto do ano passado, 8.787 mensagens de 34 endereços funcionais do museu haviam sido repassadas para um desconhecido musimp@gmail.com.

O encarregado do serviço, Aluizio Robalinho, explicou-se: por motivo de segurança, criara uma espécie de "backup" no Gmail. Fizera isso sem pedir autorização a quem quer que fosse. Muito menos contara que arquivava numa caixa particular a correspondência funcional dos outros. Seu "backup" era esperto. Antes que fosse apagado, conseguiu-se comprovar que quatro mensagens alheias haviam sido redirecionadas. Três para um endereço do próprio funcionário e uma para Mário de Souza Chagas, coordenador técnico do departamento de Museus e Centros Culturais do Iphan, subordinado ao diretor José do Nascimento Jr. A mensagem incluía um tenebroso "para seu conhecimento". Anexava diálogo da diretora do museu com a chefe do arquivo.

Com 41 anos de serviço público, 20 de Museu Imperial e há 16 na sua direção, Maria de Lourdes Parreiras Horta chamou a Polícia Federal. O Ministério da Cultura abriu uma sindicância interna. O funcionário que privatizou comunicações do serviço público e criou o "backup" esperto, atribui a encrenca à ação de algum hacker. O uso de sítios como o Gmail para fins criminosos permite à polícia varejar a memória da caixa fantasma. Quando mensagens eletrônicas do serviço público são retransmitidas para o comissariado de Brasília, está instalada uma forma inédita de espionagem político-administrativa. As escutas da ditadura passam a ser brinquedo de criança.

Quem deve estar contente com essa marmelada é d. Pedro 2º. Testou o telefone de Graham Bell, e está na crônica do grampo, com o seu museu transformado em Big Brother.

Posted by João Domingues at 11:35 AM

março 23, 2007

REDE NO BRASA Onde está a burguesia paulista ? em Houston – II, por Paulo Henrique Amorim, Portal IG

Onde está a burguesia paulista ? em Houston - II

Matéria de Paulo Henrique Amorim, originalmente publicada no blog conversa-afiada.ig, no dia 22 de março de 2007

Máximas e Mínimas 238

. Estes são os homens e mulheres mais ricos do Brasil, em 2007, segundo a revista americana Forbes:
Joseph Safra; Jorge Paulo Lemann; Aloysio de Andrade Faria; Antonio Ermirio de Moraes; Moise Safra; Marcel Herrmann Telles; Carlos Alberto Sicupira; Rubens Ometto Silveira Mello; Julio Bozano; Abilio dos Santos Diniz; Dorothéa Steinbruch; Elie Horn (da Cyrela); Guilherme Peirao Leal (da Natura); Eliezer Steinbruch (CSN); Constantino de Oliveira (Gol)

. É claro que outros nomes poderiam estar aí - como, por exemplo, nomes da família Setúbal (Itaú), Moreira Salles (Unibanco), outros usineiros de açúcar; e "new money", como os que se fizeram na privatização de Fernando Henrique Cardoso, como Daniel Dantas e André Lara Rezende.

. Nenhum deles impediu que a fantástica coleção de arte construtiva brasileira de Adolpho Leirner fosse vendida a um museu de Houston, no Texas.

. Nenhum museu de São Paulo - um deles, por exemplo, dirigido por Milú Villela, do grupo controlador do Banco Itaú - se interessou pela coleção.

. (Um dos museus estava fora de cogitação, porque não tinha dinheiro para pagar a conta da luz...)

. Não é a primeira vez que São Paulo se vê diante de situação igualmente constrangedora: quer ir ver o "Abapuru", de Tarsila do Amaral? Dê um pulo ao Malba, em Buenos Aires...

. Nos anos 90, um banqueiro argentino arrematou o "Abapuru" numa casa de leilões em Nova York, já que o vendedor brasileiro não conseguiu interessar nenhum milionário brasileiro...

. Leirner procurou todos os museus. Ofereceu a coleção a todos eles.

Leia a matéria completa no blog conversa-afiada.ig

Posted by João Domingues at 10:15 AM

março 22, 2007

Sururu nas artes plásticas, por Marcos Augusto Gonçalves

Sururu nas artes plásticas

Matéria de Marcos Augusto Gonçalves, originalmente publicada na Folha de São Paulo no dia 22 de março de 2007

Patriotada e hipocrisia marcam reações à venda da coleção de arte de Adolpho Leirner para Houston

Estava cheia, na noite de terça, a galeria Millan, na Fradique Coutinho. Artistas, colecionadores, escritores, fotógrafos e modernetes foram ver a bela exposição de fotografias de Miguel Rio Branco. E só se falava de outra coisa: as reações à venda da coleção de Adolpho Leirner para o Museu de Belas Artes de Houston e o arroubo de criatividade do curador Teixeira Coelho e da cenógrafa Bia Lessa, que decidiram "inovar" na mostra da coleção de arte do Itaú. Artistas como Paulo Pasta, Vergara e Antonio Manuel, que haviam chegado à galeria da Vila Madalena vindos da exposição da Paulista, babavam de indignação.

Mas falemos da transferência das obras de Leirner para Houston, já que o bafafá do Itaú está relatado aí acima, na coluna da Mônica Bergamo. A notícia da venda foi publicada pela Ilustrada, no sábado. Seria natural -e apropriado- que se lamentasse o fato de esse importante conjunto de obras do concretismo e neoconcretismo não ter sido adquirido por um museu brasileiro ou por um desses institutos culturais financeiros que usam a renúncia fiscal criada pela Lei Rouanet para fomentar a arte no país.

Mas muito do que se viu nas reações ao anúncio da venda não passou de patriotada preconceituosa, ressentida e hipócrita. Adolpho Leirner parece estar sendo culpado por alguns de ser um indivíduo -ou um "judeu paulista"?- que passou mais de 40 anos a reunir obras de nossos artistas construtivistas, formando uma valiosa coleção privada. Valiosa hoje, pois o establishment da arte brasileira passou anos desprezando solenemente o concretismo e ignorando a grandeza de Hélio Oiticica.

Há anos, a coleção de Leirner, que foi exposta no MAM de São Paulo, está à venda. É óbvio que é preciso criticar a ausência de uma política de aquisições nos museus brasileiros. E não tenho dúvida de que os recursos da Lei Rouanet poderiam ser mais bem utilizados.

Mas o fato é que ninguém quis pagar o preço do colecionador, até que o museu de Houston -uma instituição, diga-se, de alto nível, focada em arte latino-americana- interessou-se.

O que queriam os revoltados? Que Leirner cantasse o hino nacional e enxotasse a pedradas os pretendentes imperialistas?

O mundo está cheio de museus que reúnem obras relevantes de artistas de vários países -é conhecido o caso das coleções francesas do século 19 guardadas na Rússia.

Brasileiros adoram propor leis e regulamentos, tanto quanto descumpri-los. Há quem simplesmente queira impedir por decreto que as obras sejam vendidas. Não poderiam sair do país. Que tal, então, proibir também a participação de galerias brasileiras em feiras internacionais e -para sermos coerentes- a aquisição de obras de artistas estrangeiros por instituições e colecionadores brasileiros?

Ou será que só Leirner vende Hélio Oiticica, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro ou Mira Schendel para o exterior? E os nossos prestigiados artistas contemporâneos? Não seria melhor, preventivamente, trancafiá-los por aqui?

Posted by João Domingues at 11:35 AM | Comentários (3)

março 21, 2007

Depoimento completo de Ligia Canongia a Fabio Cypriano

Depoimento completo da crítica e curadora de arte Ligia Canongia ao jornalista Fabio Cypriano para o jornal Folha de S. Paulo

Caro Fabio,

Não estou fazendo um abaixo-assinado, mas iniciei um debate, daqui de Paris, via internet, com amigos artistas, críticos e diretores de museu, tentando conclamá-los a um protesto, que eu chamaria de cívico, contra essa venda, ou melhor, esse "desastre". A repercussão foi estimulante, e posso lhe garantir que estamos todos chocados.

Soube que, há 15 anos, o Adolpho tenta vender essa coleção no Brasil, sem sucesso. Se encontrou interesse nos EUA, tem seus plenos direitos em fazer a transação, uma vez ser um acervo privado. A questão não é essa. A questão, como todos nós sabemos, é o descaso público com a cultura.

Em qualquer país civilizado do mundo, haveriam leis de proteção contra a saída de acervos importantes de sua história.

Essa é maior coleção construtiva privada das Américas, e possui a nata da produção geométrica brasileira, o melhor momento moderno de nossa arte. Jamais poderemos recuperar essa parcela "imperdível" que perdemos. Isso é inacreditável, chocante, perverso.

Porque o MinC não se pronunciou? Porque não houve uma discussão com a sociedade? Como a alfândega, o fisco, as instâncias políticas deixaram essa coleção sair do Brasil? O museu de Houston está de olho na arte latino-americana, e tem recursos para varrer do mapa todo e qualquer patrimônio disponível. Cada país que segure o que é seu.

Os EUA compraram quantidades de obras modernas européias no pós-guerra, mas era uma Europa falida, com suas riquezas a leilão. O próprio Pietro Maria Bardi soube aproveitar o momento e comprar o acervo moderno do Masp, pois era um "negócio da China".

Não da para acreditar que permitimos um "negócio da China" com nosso patrimônio, nos dias de hoje. Que pais é esse? Essa coleção tinha que ter sido comprada, tombada e exposta em caráter permanente no Brasil. É a história do país saindo pelo ralo.

Abraços, Ligia

Posted by Patricia Canetti at 8:41 AM | Comentários (2)

’Simplesmente não se interessaram’, por Suzana Velasco

'Simplesmente não se interessaram'

Matéria de Suzana Velasco, originalmente publicada no Jornal O Globo, no dia 21 de março de 2007

Artistas reagem à venda de coleção de Adolpho Leirner para o Museu de Houston

Avenda da coleção de Adolpho Leirner para o Museu de Belas Artes de Houston (MFAH), nos EUA, anunciada anteontem, vem causando um intenso debate e reações iradas no meio artístico. Segundo Leirner, depois de mais de dez anos tentando vender seu acervo para uma instituição brasileira, ele não teve outra opção. Considerada a mais importante coleção construtivista do país, ela reúne cerca de cem obras de nomes como Cícero Dias, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Alfredo Volpi e Sérgio Camargo.

- Você acha que eu não gostaria de ter a coleção no Brasil? Não consegui - lamenta Leirner. - O problema é estrutural. Uns podem ter recursos, outros não, mas simplesmente não se interessaram, seja por falta de dinheiro, por ciúme de curadoria, por egos.

Em "Arte concreta no Brasil: a coleção Adolpho Leirner" (DBA Melhoramentos, 1998), organizado por Aracy Amaral, Leirner já atentava para o fato de instituições estrangeiras muitas vezes darem mais valor à arte brasileira do que o próprio Brasil, que freqüentemente se importa mais com exposições de fora. Sua coleção segue completa para o Museu de Houston, que vem investindo fortemente na arte latino-americana, restaurando obras de Hélio Oiticica e preparando um catálogo raisonné do artista. A coleção será exposta em maio, e ninguém tem dúvida do cuidado que o museu terá com ela. O que vem revoltando artistas e críticos é justamente a ausência desse cuidado em instituições brasileiras.

- É importante pensar como, havendo R$1 bilhão disponível em isenção fiscal este ano, ninguém esteve disposto a comprar essa coleção - diz o crítico de arte Paulo Sergio Duarte. - Há 15 anos Leirner tenta vender essa coleção e teve a coragem imensa de não dispersá-la num leilão, com o qual ele ganharia três vezes mais. É isso que dá a política cultural do Brasil, financeiramente, ficar à disposição das diretorias de marketing das empresas.

Artistas e críticos mostram espanto com o caso

No site Canal Contemporâneo, multiplicam-se as manifestações de espanto. "Por que nosso governo não interveio para comprar esse patrimônio insubstituível e mantê-lo no país?", escreve o artista Roberto Cabot. "O pior de tudo ainda é ouvir que, pelo menos em Houston, ela estará preservada e valorizada. Que país é esse?", dispara a crítica Ligia Canongia.

- Essa venda expressa a total incapacidade do Estado e da sociedade brasileira de conservarem seu patrimônio - afirma Moacir dos Anjos, diretor do Museu de Arte Moderna Aluísio Magalhães, em Recife.

O crítico Agnaldo Farias diz não ter uma visão "tão catastrofista", justamente porque a coleção estará bem cuidada:

- Seria interessante a coleção ficar aqui, mas o museu saberá cuidar dela. Os artistas pertencem ao mundo e temos que fazer por merecê-los.

Posted by João Domingues at 8:31 AM | Comentários (1)

Venda da coleção de Leirner gera protesto, por Fabio Cypriano

Venda da coleção de Leirner gera protesto

Matéria de Fabio Cypriano publicada originalmente no jornal Folha de S. Paulo, Ilustrada, em 21 de março de 2007.

Artistas e curadores se manifestam contra a transferência das obras aos EUA; colecionador diz que procurou a Pinacoteca e os principais museus do Brasil

"Falta espírito público por parte das instituições brasileiras, em nível federal, estadual e municipal, da elite financeira e do próprio colecionador", diz a historiadora da arte Aracy Amaral, resumindo a expressão de vários artistas e curadores que têm se manifestado, de modo intenso, pela internet, em relação à venda da coleção de arte construtiva brasileira do paulista Adolpho Leirner ao Museum of Fine Arts de Houston (EUA) -noticiada pela Folha no sábado. Amaral foi a editora da publicação "Arte Construtiva no Brasil", sobre a coleção Leirner, em 1998.

"Todos sabemos que o Leirner estava vendendo a coleção; ele ofereceu ao MAM paulista e à Pinacoteca, mas ninguém aqui se preocupa com patrimônio cultural, há uma falta de comprometimento", diz.

De Paris, a curadora Ligia Canongia tem liderado na internet um "protesto cívico" contra o que ela chama de "desastre": "A questão é o descaso público com a cultura. Em qualquer país civilizado do mundo, haveria leis de proteção contra a saída de acervos importantes de sua historia". (Leia o depoimento na íntegra.)

No site Canal Contemporâneo (www.canalcontemporaneo.art.br), o caso mereceu vários comentários indignados, entre eles da jovem artista Renata Lucas, que participou da última Bienal. A criadora do site, Patrícia Canetti, escreveu um texto intitulado "Houston, we have a problem/ Houston, nós temos um problema".

Adolpho Leirner diz que já havia colocado sua coleção à venda desde 1993. "Meu sonho era deixá-la no Brasil; conversei com todos os curadores, diretores de museus, a Milú Villela [presidente da diretoria do MAM de São Paulo e do Instituto Itaú Cultural], mas não agüentei mais. Sou a pessoa mais infeliz porque a coleção foi para fora, mas também sou a mais feliz porque ela está em Houston, em boas condições."

O colecionador relativiza os protestos afirmando que "nos últimos quatro anos, 400 obras do mesmo período da coleção saíram do Brasil, o que ninguém diz".

Marcelo Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado, confirma ter "realizado gestões para adquirir a coleção". Entretanto, segundo ele, a venda agora concretizada atesta que "nossas elites e nossos governos não conseguem formular um mínimo projeto de formação de acervo para nossos museus".

Felipe Chaimovich, curador do MAM-SP, diz que "de fato a coleção foi oferecida, mas não conseguimos recursos suficientes para comprá-la".

Há quatro anos, segundo a Folha apurou, a colecionadora venezuelana Patricia Cisneros teria oferecido US$ 10 milhões (cerca de R$ 20,8 milhões) pela coleção. Cisneros é a mais importante colecionadora de arte brasileira no exterior e foi responsável, ao lado do curador Paulo Herkenhoff, pela introdução de Hélio Oiticica e Lygia Clark no MoMA (Nova York). Dois galeristas consultados pela Folha, que pediram para não ser identificados, estimam que a venda da coleção tenha ultrapassado US$ 15 milhões (cerca de R$ 31 milhões).

Legalmente, o governo brasileiro não pode fazer nada em relação à negociação. "A legislação do país protege aquilo que é tombado, o que não é o caso dessa coleção, e as obras até o período monárquico", diz Luiz Fernando Almeida, presidente do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).

Posted by Patricia Canetti at 7:25 AM | Comentários (3)

março 20, 2007

Colecionar é uma busca, por Adolpho Leirner

Colecionar é uma busca

Trecho do texto de Adolpho Leirner escrito em 1998 e publicado no mesmo ano no livro Arte Construtiva no Brasil - Coleção Adolpho Leirner*.

A alegria de presenciar no momento atual o resgate e o reconhecimento, no exterior, dos trabalhos de Lygia Clark e Hélio Oiticica, em grandes e importantíssimas exposições itinerantes em capitais européias e americanas, infelizmente organizadas por instituições internacionais que se adiantaram ao Brasil.

Tenho preocupações com relação à nossa política cultural e, felizmente, observo uma nova ordem e interesse com relação a patrocínios e incentivos. Vejo com muita alegria, nos últimos anos, o desenvolvimento de nossas instituições culturais. Observo com reservas o patrocínio de exposições milionárias somente para a obra de artistas internacionais. Elas são necessárias e importantíssimas, mas o apoio à nossa arte deveria ser privilegiado em todos os aspectos e não situar-se numa posição da inferioridade para que, a partir de nossa casa, possamos nos respeitar e receber o reconhecimento do exterior. Observei que a programação de nossos museus chegou, nos últimos dois anos, a 70% de exposições dedicadas a artistas estrangeiros.

Não compreendo como artistas da qualidade de um Guignard e de uma Tarsila, por exemplo, não estejam presentes até hoje no Brasil inteiro, em nenhuma instituição ou sala, onde se posse ver a trajetória de suas obras em exposições permanentes. Uma política de aquisições e doações é essencial aos museus. Falta a organização de exposições temáticas, retrospectivas de artistas vivos ou mortos que, infelizmente, ainda não foram resgatados, proteger a dispersão de suas produções, um aumento substancial da nossa pequena bibliografia e a formação de catálogos raisonnés. Uma dedicação maior à arte brasileira é premente.

* AMARAL, Aracy (org.), Arte Construtiva no Brasil - Coleção Adolpho Leirner, DBA / Melhoramentos, São Paulo, 1998 - Patrocínio Lloyds Bank (sem lei de incentivo)

Posted by Patricia Canetti at 3:23 PM | Comentários (2)

março 19, 2007

Houston, we have a problem... / Houston, nós temos um problema..., por Patricia Canetti

Houston, we have a problem... / Houston, nós temos um problema...

PATRICIA CANETTI

A Coleção Adolpho Leirner decolou do Brazil para aterrissar no Museu de Belas Artes de Houston e ficamos a nos perguntar o porque dela não estar pousando na Pinacoteca do Estado de São Paulo, ou no Museu de Arte Moderna de São Paulo, ou no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, ou no Museu Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro... Enfim, porque o seu destino não foi uma instituição em terras brasileiras.

Em primeiro lugar, parece que depois de longos anos tentando vender sua coleção para alguma instituição brasileira (o colecionador não revela para quais), Adolpho Leirner, legítimo dono de sua coleção, achou que "Houston era o local mais adequado", como disse ele na matéria de sábado passado da Folha de S. Paulo. E pronto: mandou o nosso patrimônio para o espaço!

"Colecionadores compreendem que formam suas coleções não apenas para sua fruição privada, mas pelo benefício da sociedade, e por esta razão ele as mantém e preserva", diz Leirner na matéria do artdaily.org. Pena que este brilhante entendimento do que seja ser um colecionador não inclua a percepção de que a valorização de sua coleção se deu não apenas a partir de seu próprio trabalho em desenhá-la e manter seu foco, mas também a partir do trabalho de gerações de profissionais de arte brasileiros, que agora se vêem um pouco mais pobres e com a sensação de terem sido roubados.

Mas, digamos que ele tenha razão, que nenhuma instituição brasileira fosse tão ou mais adequada quanto à de Houston, como ficamos? Vamos continuar a ver outras obras e coleções irem para o espaço por falta de engajamento de nossa sociedade na questão patrimonial específica de acervos e museus? Quem se importa?

Os profissionais franceses andam estrilando com o aluguel de seu patrimônio para museus estrangeiros, com o objetivo de financiar a gestão de suas instituições culturais (Leia as matérias Museus à venda e Quando os museus viram mercadoria). Imaginem, isto para nós seria um luxo! Já pensou. Nossa sociedade e governo percebendo a importância da arte e de nossa produção artística, reformando nossas instituições para receber acervos (como manda o figurino, sem goteiras e riscos de curtos-circuitos; com segurança e seguro para todas as obras; com profissionais gabaritados para tratar das questões contemporâneas dos museus) e depois fazê-los viajar pelo mundo, gerando receita e divulgação da cultura brasileira... Só depois, com uma agenda de itinerância movimentada, poderíamos começar a reclamar, como os franceses, em relação ao absurdo que seria ver nossas obras "sofrendo" com tantas viagens.

Os franceses reclamam também de não terem a mesma tradição americana do investimento regular por parte da sociedade nas suas instituições. Lá na França, como aqui, esperamos que os governos, com os nossos suados impostos, resolvam tudo.

Os nossos governos municipais, estaduais e federal, mais à direita ou mais à esquerda, não parecem muito ligados em nossa importância. Menos ainda, estão os departamentos de marketing da maioria das empresas patrocinadoras, pois outros segmentos culturais têm muito mais apelo junto à população. Por sua vez, a nossa sociedade tampouco parece preocupada. Afinal, quantos de nós, pessoas físicas ou jurídicas, doam recursos regularmente para as instituições culturais brasileiras?

O triste fato é que perdemos uma coleção de arte muito importante e, se não modificarmos a situação atual, perderemos outras.

BRASÍLIA, NÓS TEMOS UM PROBLEMA...

(Só para manter o meu otimismo de brasileira, termino polianamente lembrando que pelo menos ganhamos a Casa Daros no Rio de Janeiro, com o maior acervo europeu de arte latino-americana.)


Patricia Canetti é artista, criadora e coordenadora do Canal Contemporâneo.

Posted by Patricia Canetti at 5:27 PM | Comentários (2)

MFAH Adquire a Coleção Leirner de Arte Concreta, artdaily.org

MFAH Adquire a Coleção Leirner de Arte Concreta

Matéria originalmente publicada no artdaily.org, no dia 19 de março de 2007

HOUSTON, Texas.- O Museu de Belas Artes de Houston (MFAH) adquiriu a prestigiosa coleção Adolpho Leirner de Arte Concreta Brasileira, o Dr. Peter C. Marzio, diretor do MFAH anunciou hoje. A coleção, formada pelos melhores exemplos da abstração geométrica em pinturas, objetos, pôsteres e materiais gráficos produzidos pelos mais importantes artistas brasileiros no segundo pós-guerra, tem há muito sido considerada uma janela deslumbrante para as décadas seminais da modernização brasileira. A compra da coleção foi possibilitada por recursos provenientes do Fundo de Doações para Aquisições Caroline Wiess Law e é um presente da Fundação Caroline Wiess Law.

"Ao montar esta coleção, Adolpho Leirner criou um novo padrão de colecionamento", afirma Marzio. "A força e o impacto internacional da coleção provêm de seu altíssimo nível de foco e disciplinado discernimento ao adquirir novas peças, que vão desde os primeiros exemplos da geometria abstrata aos últimos trabalhos das vanguardas surgidas no Rio de Janeiro e em São Paulo. Neste sentido, a coleção é insuperável. A adição desta coleção inspiradora ao MFAH fortalecerá a atual pesquisa sobre a contribuição de artistas latino-americanos à arte de nosso tempo. Ela representa um capítulo central na história global do Modernismo".

Embora peças individuais da coleção tenham sido incluídas em exposições coletivas ou em retrospectivas individuais de artistas na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina, suas únicas exposições completas aconteceram em 1998 e 1999 nos Museus de Arte Moderna de São Paulo e do Rio de Janeiro. A primeira mostra completa nos EUA acontecerá no MFAH numa exposição denominada Dimensões da Arte Concreta no Brasil: A Coleção Adolpho Leirner. Concebida pela Dra. Mari Carmen Ramírez, curadora Wortham de Arte Latino-Americana e diretora do Centro Internacional das Artes das Américas do MFAH, a exposição será organizada com a intenção de revelar a inovação e a originalidade alcançadas pelas várias tendências concretistas brasileiras e de ilustrar suas características específicas que as distinguem de movimentos co-relatos na Europa e nos Estados Unidos. A exposição será montada no Pavilhão Upper Brown do edifício Caroline Wiess Law, que pertence ao museu e foi projetado por Mies van der Rohe, de 20 de maio a 3 de setembro, 2007. Aproximadamente 100 trabalhos, cobrindo duas décadas (1950-1965), serão apresentados na exposição. A mostra será acompanhada de duas publicações, um catálogo completo e em cores de 160 páginas, e um catálogo ampliado contendo ensaios de proeminentes críticos de arte e que acompanhará a turnê internacional de 2008-2009.

"Nas décadas de 1950 e 1960, as contribuições de artistas do eixo Rio-São Paulo iniciaram um capítulo altamente original na história internacional do Modernismo, que apenas agora tem sido inteiramente reconhecido fora do Brasil", diz Ramírez. "Eu tive o privilégio de trazer alguns exemplos da Coleção Leirner em duas das principais exposições do MFAH sobre a arte latino-americana: Utopias Invertidas: Vanguarda na América Latina, organizada em 2004 e Hélio Oiticica: O Corpo da Luz, montada este ano. Estamos entusiasmados por termos agora esta extraordinária coleção adicionada à crescente coleção de arte latino-americana do museu. A Coleção Leirner oferece uma rara oportunidade para a compreensão de certos desenvolvimentos críticos na arte brasileira que são relevantes para a história da arte de vanguarda na América Latina e no mundo".

Principais obras da Coleção - Com obras dos pioneiros da arte abstrata no Brasil, a Coleção inclui peças representativas do primeiro artista a abraçar o abstracionismo geométrico, Cícero Dias (1907-2003) e do influente professor Samson Flexor (1907-1971), bem como trabalhos de artistas e grupos de vanguarda ativos na década de 1950: o Grupo Ruptura, de São Paulo, e o Grupo Frente, do Rio de Janeiro. Entre os artistas destes grupos representados na Coleção estão Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Mauricio Nogueira Lima (Grupo Ruptura); e os irmãos César (1939-) e Hélio Oiticica (1937-1980) e Lygia Pape (1929-2004) do Grupo Frente. A Coleção também traz uma forte representação de obras do movimento Neoconcreto, com seis importantes objetos de Lygia Clark (1920-1988). Além disso, a Coleção inclui também trabalhos de artistas importantes que abraçaram princípios construtivistas, mas se desenvolveram independentemente destes grupos, como Alfredo Volpi (1896-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Sérgio Camargo (1930-1990).

O colecionador - Filho de imigrantes judeu-poloneses que chegaram no Brasil na década de 1930, Adolpho Leirner nasceu em 1935 na cidade de São Paulo. Em 1953 ele foi para a Inglaterra estudar engenharia e design têxtil. Durante sua estadia de quatro anos, ele se familiarizou com o legado dos movimentos construtivistas internacionais da primeira metade do século 20. Ao mesmo tempo, desenvolveu uma paixão por arquitetura e design. Ao retornar ao Brasil no final da década de 1950, Leirner focou sua atenção na arte decorativa e contemporânea brasileira. Em 1961 ele comprou a primeira obra do que mais tarde seria sua coleção singular: Em vermelho (1958) do artista Milton Dacosta (1915-1988). Naturalmente atraído pelo concretismo brasileiro, ele percebeu seu desaparecimento da atenção pública durante a década de 1960, com o florescimento de tendências figurativas como a Pop Art. Neste momento Leirner decidiu concentrar seu esforço como colecionador na abstração geométrica brasileira. Em grande parte através do contato direto com artistas vivos e marchands influentes, ele foi capaz de sistematicamente reunir obras exemplares destes movimentos fundamentais em seu país.

Como um colecionador de arte, Leirner possui tanto uma paixão por arte como um sentido de responsabilidade social. Numa bastante veiculada declaração sobre o sentido e o propósito de colecionar, retirado de seu extraordinário livro Arte concreta no Brasil: a coleção Adolpho Leirner, ele descreve seu moto: "Colecionar é manter um romance, uma paixão; é fazer descobertas num jogo de esconde-esconde, e todas essas obras fazem parte da minha vida". Ao mesmo tempo, ele compreende a responsabilidade ética que vem com o ato de colecionar:

"... colecionadores compreendem que formam suas coleções não apenas para sua fruição privada, mas pelo benefício da sociedade, e por esta razão ele as mantém e preserva". Uma referência essencial para a coleção e também para este período específico da história da arte, este livro de 363 páginas foi editado por Aracy Amaral e publicado em 1998 pela DBA Melhoramentos.

Tradução: Renato Resende

MFAH Acquires Leirner Collection of Constructive Art

HOUSTON, TX.- The Museum of Fine Arts, Houston, has acquired the celebrated Adolpho Leirner Collection of Brazilian Constructive Art, Dr. Peter C. Marzio, director of the MFAH, announced today. The collection, which consists of the finest examples of geometric abstraction in paintings, constructions, drawings, posters, and graphic materials by Brazil 's foremost artists of the post-World War II era, has long been regarded as a brilliant window into the seminal decades of Brazil 's modernization. Purchase of the collection is made possible by funds from the Caroline Wiess Law Accessions Endowment Fund and a gift from the Caroline Wiess Law Foundation.

"In building his collection, Adolpho Leirner created a new st and ard of collecting," said Marzio. "The collection's strength and international impact derives from its highly focused and disciplined accretion of works, from the earliest examples of geometric abstraction to the later avant-garde work originating in São Paulo and Rio de Janeiro . As such, the collection is unsurpassed. The addition of this inspiring collection to the MFAH will invigorate the ongoing investigation of the contributions of Latin American artists to the art of our time. It represents a key chapter in the global story of Modernism."

While individual objects from the collection have been included in group exhibitions or in individual artists' retrospectives in Europe, the United States , and Latin America, the only complete presentations were in 1998 and 1999, at São Paulo 's Museum of Modern Art and Rio de Janeiro 's Museum of Modern Art . The first comprehensive showing in the United States will be at the MFAH in an exhibition called Dimensions of Constructive Art in Brazil: The Adolpho Leirner Collection. As conceived by Dr. Mari Carmen Ramírez, the Wortham Curator of Latin American Art and director, International Center for the Arts of the Americas at the MFAH, the presentation will be organized to reveal the innovation and originality achieved by the various Brazilian constructive tendencies as well as to illustrate specific traits that separate them from related movements in Europe and the United States. The show will be in the Upper Brown Pavilion of the museum's Mies van der Rohe-designed Caroline Wiess Law Building from May 20 through September 3, 2007 . Approximately 100 pieces spanning two decades (1950-1965) will be featured in the show. The exhibition will be accompanied by two publications, a 160-page full-color catalogue, and an exp and ed catalogue with essays by leading scholars that will accompany an international tour in 2008-2009.

"In the 1950s and 1960s, the contributions of artists from the São Paulo-Rio de Janeiro axis opened up a highly original chapter in the history of international Modernism that has only now been fully been recognized outside Brazil ," said Ramírez. "It has been my privilege to highlight examples from the Leirner Collection in two of the MFAH's major presentations of Latin American art: Inverted Utopias: Avante-Garde Art in Latin America, organized in 2004, and Hélio Oiticica: The Body of Color, presented this year. We are now thrilled to have this outst and ing addition to the museum's burgeoning collection of Latin American art. The Leirner Collection offers a rare opportunity to underst and certain critical developments in Brazilian art which are also relevant to the history of avant-garde art in Latin America and elsewhere."

Highlights of the Collection - Forerunners of abstract art in Brazil , including the first artist to embrace geometric abstraction, Cícero Dias (1907-2003) and the influential teacher Samson Flexor (1907-1971) are represented, as are major works by the most cutting-edge and avant-garde artists and groups active in the 1950s: the Grupo ruptura of São Paulo , and Rio de Janeiro 's Grupo Frente. Artists from these groups include Waldemar Cordeiro (1925-1973) and Mauricio Nogueira Lima (Grupo ruptura); and the brothers César (1939-) and Hélio Oiticica (1937-1980) and Lygia Pape (1929-2004) from Grupo Frente. The collection is also strong in work from the Neo-concrete movement, with six major constructions by Lygia Clark (1920-1988). In addition, the collection features major artists who embraced constructive tenets yet worked independently of these groups, including Alfredo Volpi (1896-1988), Mira Schendel (1919-1988), and Sergio Camargo (1930-1990).

The Collector - The son of Polish Jewish immigrants who arrived in Brazil in the 1930s, Adolpho Leirner was born in 1935 in the city of São Paulo . In 1953 he went to Engl and to study textile engineering and design. During his four-year stay, he became acquainted with the legacy of the international Constructivist movements of the first half of the 20th century. At the same time, he developed a passion for architecture and design. Upon his return to Brazil in the late 1950s, Leirner focused his attention on Brazilian decorative arts and contemporary art. In 1961 he bought the first work of what would later constitute his unique collection: Em vermelho [In Red] (1958) by the artist Milton Dacosta (1915-1988). Naturally drawn to Brazilian constructivism, he noticed its disappearance from the public's attention in the 1960s, as the emergence of figure-based trends such as Pop Art flourished. At that point, Leirner decided to concentrate his collecting efforts on Brazilian geometric abstraction. Largely through his direct contact with living artists and influential dealers, he was able to systematically gather exemplary works of these key movements in his country.

As an art collector, Leirner combines both a passion for art as well as a sense of social responsibility. In a well-publicized statement about the meaning and purpose of collecting taken from his superb book, Constructive Art in Brazil: The Adolpho Leirner Collection, he describes his motto: "To collect is to nurture a love affair, a passion; it is to uncover findings in a game of search and find, all of which are part of my life." At the same time, he underscored the ethical responsibility that comes with collecting:

"… collectors underst and they gather their collections not only for private fruition but for the benefit of society, and for this reason they keep and preserve them." An essential reference for the collection as well as for this specific period of art history, the 363-page volume was edited by Aracy Amaral and was published in 1998 by DBA Melhoramentos.

Posted by João Domingues at 4:51 PM

março 18, 2007

EUA compram coleção construtivista brasileira por Fabio Cypriano

EUA compram coleção construtivista brasileira

Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de São Paulo, Ilustrada, em 17 de março de 2007.

Obras pertenciam a Adolpho Leirner; valor da negociação não foi revelado

As cerca de cem peças, entre elas "Metaesquema", de Oiticica, e "Bicho", de Lygia Clark, serão expostas em maio em Houston

A mais importante coleção de arte construtiva brasileira, que pertencia ao paulistano Adolpho Leirner, foi vendida ao Museum of Fine Arts, de Houston (EUA), anunciou ontem a assessoria da instituição.

A venda dessas obras é comparável à aquisição, pelo argentino Eduardo Constantini, do "Abaporu" de Tarsila do Amaral -que inspirou o Manifesto Antropófago-, comprado em um leilão por cerca de US$ 1,5 milhão, em 1995.

Com cerca de cem obras, realizadas entre 1950 e 1965, as peças da coleção Leirner representam um dos momentos mais importantes da produção nacional, com obras emblemáticas como "Bicho", de Lygia Clark, ou "Metaesquema", de Hélio Oiticica. Entre outros, fazem parte da coleção artistas como Volpi, Mira Schendel, Sérgio Camargo, Waldemar Cordeiro e Cícero Dias.

"Vendi ao Museu de Houston porque me pareceu o local mais adequado", disse Leirner, ontem, à Folha. O colecionador não revela o valor: "Isso é considerado sigilo por contrato".

O museu norte-americano, por meio de um departamento denominado ICAA (Centro Internacional para as Artes das Américas), tem se destacado por sua ação em relação à arte latino-americana. Atualmente, o museu exibe a exposição "Body of Color" (corpo da cor), que aborda um recorte da obra de Hélio Oiticica, e segue, em junho, para a Tate inglesa.

O ICAA está elaborando, em colaboração com o Projeto Oiticica, o catálogo raisoné do artista, além de elaborar uma compilação denominada Documentos Latino-Americanos do Século 20: Projeto de Arquivo Digital de Publicações, em fase de pesquisa.

A coleção Leirner, que foi tema de mostra do MAM-SP em 1998, será vista na íntegra em Houston a partir de 20 de maio. Sua venda atesta a crescente repercussão do construtivismo brasileiro no exterior.

Posted by Patricia Canetti at 1:13 PM | Comentários (24)

março 15, 2007

Hola, que Tal?, por Manoela César

Hola, que Tal?

Matéria de Manoela César originalmente publicada no Caderno de TV do Jornal do Brasil em 11 de março de 2007

Primeiro canal de televisão voltado à integração da América Latina e brasileiro e tem estréia prevista para julho

A frase pode parecer clichê: "O Brasil está de costas para a América Latina". No entanto, lembrada pelo comunicador Gabriel Priolli, expressa uma condição real. Ao ligar a TV, aberta ou por assinatura, o brasileiro é tragado por uma infinidade de programas internacionais oriundos da Europa e dos Estados Unidos, mas poucos sabem do cotidiano cultural do Chile ou do Panamá, por exemplo. Preocupado com a falta de integração não só do Brasil com os seus países vizinhos, mas dos próprios hermanos, um grupo de comunicadores brasileiros idealizou a Televisão América Latina, ou simplesmente TAL.

Promessa de veicular a integração midiática no continente latino-americano, a Televisão América Latina surge no Brasil com a proposta de servir de rede para a exibição das produções independentes provenientes dos 21 países associados. No total, são 130 afiliados que lutam por uma televisão com diversidade estética e temática. Presidente e um dos idealizadores da TAL, o brasileiro Gabriel Priolli lembra que a inauguração da emissora estava prevista para 2004, mas foi adiada por três anos em função de dificuldades na negociação com operadoras de TV por assinatura. Depois de receber o apoio do Ministério da Cultura, a emissora será colocada no ar em julho.

Com sede em São Paulo, a TAL funcionará como uma rede de compartilhamento de conteúdo cultural sem fins lucrativos. "Mesmo no mundo hispânico, a troca cultural ainda é ínfima. Telenovelas e Chávez? Isso não é suficiente. Nossa cultura não é só indiozinho ou folclore, temos de difundir a contemporaneidade da América Latina, para aprimorar a formação de uma identidade", vislumbra.

A programação da TAL será cooperativada, isto é, formará um mosaico do que é produzido pelos canais, produtores e instituições associadas ao projeto. Além disso, contará com produtos próprios. A primeira produção do canal será o programa Os latino-americanos. Na série semanal, cada episódio apresentará um documentário sobre o cotidiano dos habitantes de cada país latino. Estão prontos longa-metragens sobre Argentina, México, Colômbia, Uruguai e Paraguai. Da aldeia Guarani, em Misiones, aos quatro mil metros de uma cantina italiana em Buenos Aires, nada é visto de forma superficial. "Os documentaristas procuraram entrevistar o maior número de habitantes dos países, das mais diferentes classes sociais, para garantir abordagens inusitadas. Não nos interessa a homogeneidade. Embora exista uma forte identidade comum, temos grandes diferenças e elas devem aparecer no canal", esclarece Gabriel.

Em princípio, a emissora trabalhará, prioritariamente, com documentários e programas culturais. "Estes dois formatos já apresentam uma grande variedade de linguagens."

A grande dificuldade enfrentada pela TAL, no entanto, é conseguir vencer os limites impostos pela TV aberta. Muitos países fazem restrições com canais falados em língua estrangeira e, por isso, a previsão é de que a TAL - falada em espanhol e português - ainda demore a chegar à TV aberta. "Nosso canal tem conteúdos em espanhol e em português, e isso ainda é um entrave", justifica Priolli.

Todos os canais que formam a rede têm direitos iguais e, ao firmarem acordo de compartilhamento de conteúdos, passam a ter acesso a programação disponibilizada pelos mais 130 associados. A TAL será financiada por comunicação institucional e participativa. "Não haverá publicidade convencional. Tudo o que vai ao ar, inclusive os comerciais, são de interesse público", explica Priolli. Minidocumentários patrocinados, com até dois minutos de duração, já foram criados para complementar a programação com assuntos de serviços e conhecimentos gerais. Do total de valores líquidos captados em cada país, um total de 70% formará um fundo de produção nacional que deverá cobrir os gastos de infra-estrutura. Os outros 30% serão usados para pagar custos com os programas bem como para o desenvolvimento de novos.

Confundida com a multiestatal TeleSur, criada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, a TAL, esclarece Priolli, não segue nenhuma linha política. Apesar disso, o presidente da emissora lembra que, em tempos de fortalecimento da união econômica e política latinas, uma emissora voltada exclusivamente para o compartilhamento cultural ê fundamental. "Não há integração política e econômica sem confiança. Não há confiança sem conhecimento democrático. A união na América Latina se estabelecerá, especialmente, pela troca intelectual. E Impulsionar este processo é nosso objetivo principal", salienta.

Posted by João Domingues at 10:36 AM

março 14, 2007

"Brasil é o império das ilusões", entrevista de Jean Baudrillard a Katia Maciel

"Brasil é o império das ilusões"

Entrevista de Jean Baudrillard a Katia Maciel, originalmente publicada na Folha On Line no dia 11 de março de 2007

Em 1992, realizou-se na cidade do Rio de Janeiro a Segunda Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco 92.

Jean Baudrillard havia sido convidado para uma conferência, e a enorme mobilização da cidade em torno do evento provocou esta entrevista, que aconteceu no Jardim Botânico.

Esta não foi a nossa primeira conversa e nem seria a última.


Filósofo francês Jean Baudrillard morreu na última terça-feira aos 77 anos, em Paris. Durante muitos anos foram muitas conversas, mas só tenho o registro desta, que trata da relação entre a natureza e a alteridade, o ciclo da metamorfose, da vida e da morte.

As idéias de hiper-realidade e de simulacro são experimentadas no cenário brasileiro a partir de uma análise que considera os processos comunicacionais como aceleradores do consenso.

A forma de confrontação escolhida pelo autor é a da teoria fatal, a teoria no meio das coisas, uma teoria que não considera mais a separação entre sujeito e objeto e que acolhe em seu centro os gestos da indiferença como estratégia.

Para o Brasil as palavras são de encantamento.

Baudrillard sempre acreditou neste país confuso e generoso e nunca pensou no Brasil como o país do futuro; ele sempre preferiu o presente.

PERGUNTA - É possível pensar a natureza como alteridade?

JEAN BAUDRILLARD- Será que tivemos a alteridade como a alteridade? Não sei se tivemos relação de alteridade radical como essa. Tenho a impressão de que o estado em que estamos seria antes o da metamorfose e de que a natureza não existe como tal. Existem animais, plantas, mas isso está no mesmo ciclo da metamorfose, e aí não há, portanto, identidade verdadeira, portanto também não há alteridade, não há eu e um outro, há fases sucessivas.

Nós achamos isso no ciclo da metamorfose, nós estamos todos nesse ciclo e em um dado momento temos medo porque é preciso encontrar uma individualidade e portanto resistimos a isso por meio da morte individual _se há um indivíduo que morre todo o resto torna-se outro, há outra coisa que não morrerá ao mesmo tempo em que ele, o outro é aquele que não sou eu, certamente, mas é sobretudo aquele que não morre comigo, sou forçado a considerar que o que sobrevive, o mundo é radicalmente diferente porque, por exemplo, não vai morrer, é outra vida.

A natureza eu não consigo muito bem saber o que é, porque é um conceito extremamente moderno, ou nós o consideramos como os gregos, a natureza como a ordem do mundo, a ordem do cosmos, isto é, imortal, enquanto que os homens são mortais, mas podem também adquirir a imortalidade, mas pelas explorações, pelas obras etc. Quer dizer: há uma imortalidade natural e uma imortalidade humana que não é a mesma, que pode ser adquirida por meio das explorações.

PERGUNTA - Vivemos outra coisa porque agora a natureza para os ecologistas é mortal.

BAUDRILLARD - Dizer "a natureza é mortal" significa afirmar que o nosso espaço humano é mortal. Pela primeira vez podemos conceber que essa espécie humana é mortal e ao mesmo tempo todo o contexto que a envolve. Ela não possui privilégios, ela compartilha da mesma mortalidade que a natureza, então é preciso sobreviver enquanto espécie não-natural, artificial, é preciso criar uma espécie-artefato em simulação.

É o que estamos fazendo através da genética, da biologia. É a substituição de uma espécie humana não-natural por uma espécie humana natural, tudo isso pode desaparecer porque não há justamente o ciclo da metamorfose. Porque antes não havia problema, porque os homens se pensavam como os animais.

Não havia o medo da morte porque tudo era transferido de uns aos outros. Um ciclo sem interrupção simbólica, não havia o medo da morte. Hoje há a possibilidade da morte. É preciso portanto escapar da morte, por uma espécie de prótese, uma espécie de projeção sob a forma de clone, de máquina.

PERGUNTA - O movimento ecológico talvez seja uma forma de decretar o fim da natureza na medida em que a trata como o mesmo e não como o outro.

BAUDRILLARD - Isso é certo. A ecologia procura uma domesticação total, de pacificação total, o reequilíbrio. E no fundo realmente a energia se origina de um tipo de antagonismo, de desafio. O mundo é energia conflitual, diferencial etc. Ao passo que aí procuramos um mínimo vital, o menor denominador comum, equilibrar as forças, procuramos uma força homeostática da vida.

Isso me parece uma ilusão vinda talvez da economia, de um sentido econômico que tem a idéia de equilibrar os recursos e os gastos, enquanto não me parece que é isso que está em jogo. A energia é inesgotável, não é esse o problema. O problema é o da liberação da energia. Quando liberamos alguma coisa, isso faz parte de um processo que é verdadeiramente incontrolável. A energia é uma forma de catástrofe e não é uma forma de equilíbrio, é uma forma de desequilíbrio.

PERGUNTA - O sr. acredita que esta conferência terá resultados mesmo sendo um tipo de simulacro?

BAUDRILLARD - Parece-me que tudo isso faz parte de uma nova ordem mundial. No sentido político a ecologia faz parte de um novo establishment mundial, fundado sobre uma extensão formal da democracia, dos direitos humanos, fundado sobre um consenso. É mais um pacto simbólico com a natureza. Não é exatamente um contrato natural, não é um contrato em termos racionais. É um consenso, não é um contrato. Não é nem um pacto nem um contrato.

Um consenso é como uma uniformidade para se obter o equilíbrio pela ausência de negatividade. Porque não pode haver negatividade, nem na natureza, nem na sociedade. Essa ideologia consensual me parece a pior forma de mudar. É a pior forma de dissuasão de uma relação verdadeira. O consenso não é um consenso, me parece.

PERGUNTA - Não há mudança de toda forma.

BAUDRILLARD - Neste momento de consenso, só há mudanças de tipo mecânicas ou eletrônicas. A rede funciona, o processo é de rede, de circuito. Estabelecemos o consenso pela circulação acelerada das coisas. Se você está dentro de uma rede, você está em consenso. Não é uma questão de ideologia.

PERGUNTA - A aceleração é produzida pela mídia, por exemplo? O que promove toda a aceleração?

BAUDRILLARD - Na verdade parece uma espécie de imensa maquinaria que circula em forma de circularidade indefinida. Tudo comunica e tudo se torna comunicação. Nada muda verdadeiramente, não há uma forma de alteridade, de antagonismo, de relação dual. Não. Tudo circula. Isso é a comunicação.

Tudo se torna comunicação, seja a sexualidade, as imagens e até mesmo os processos científicos. Temos a impressão de que nós somos reconhecidos no mercado da pesquisa científica por descobertas e hipóteses que possam comunicar. O universo da comunicação é monofuncional. Existe uma mobilidade e é preciso que tudo seja dito.

É preciso que tudo circule. De onde vem esse imperativo? Eu não sei... um mecanismo de dissuasão, de desqualificação. Tudo que é substancial, que tem valor, é perigoso. Então é preciso reduzi-lo, é preciso consensualizar fazendo circular.

PERGUNTA - O sr. vê a questão da hiper-realidade no Brasil?

BAUDRILLARD - Eu não vejo o Brasil como um país hiper-real. Não é como a Califórnia, a América do Norte. Talvez porque o Brasil não possa passar pelo princípio de realidade. Portanto, se ele ainda não passou pela realidade, não pode se tornar hiper-real, porque o hiper-real é mais que o real, um tipo de confusão entre o real e o imaginário.

Tem-se a impressão de que não existe um princípio de definição da realidade. É bem uma espécie de país de ficção, mas não de ficção de transparência. Não é o país da semiologia ou da semiótica. Não sei, mas tenho a impressão de que o Brasil está mais próximo do jogo da ilusão, da sedução desta relação dual, mas confusa.. E que não há essa forma de abstração que é a hiper-realidade... Enfim, essa forma de transmutação no vazio, de perda de substância, de referência, de perda de tudo isso. Aqui, é claro, tem televisão por todo lado, tem imagens... tem isso tudo. Temos a impressão de que é uma matéria muito mais bruta, imediata, primitiva, é uma matéria da relação coletiva.

Não é a mesma coisa a definição que podemos ter na Europa entre o "medium" e a mensagem. Toda a teoria da comunicação, que não funciona assim, porque são as funções de um modelo abstrato, uma realidade abstrata. Justamente por meio das novas imagens há uma espécie de confusão entre o emissor e o receptor. Uma confusão de rede, portanto, mesmo a hiper-realidade é uma espécie de roteiro transparente da modernidade, mesmo na Europa.

Aqui eu tenho a impressão de que é uma confusão não primitiva, porque seria pejorativa, mas original. Uma confusão que é ainda uma forma anterior à da discriminação das coisas, da distinção das coisas. A hiper-realidade é quase tardia porque ela veio depois da divisão das coisas.

PERGUNTA - Mas nos EUA também não houve uma realidade anterior.

BAUDRILLARD - Sim, certamente. Não exatamente um princípio de realidade, na medida em que não houve uma acumulação primitiva de realidade por dois séculos, como na Europa. Não há um histórico de realidade, mas um princípio tecnológico, operacional, pragmático, isso é um problema de infra-estrutura própria, não é uma infra-estrutura de princípios metafísicos, realidade de princípios do sujeito. [...]

Aqui eu não tenho a impressão de que ele funcione realmente e não é ele que governa as formas simbólicas da relação. Portanto, é uma situação original, mas evidentemente quando fazemos a análise da hiper-realidade ela é universal. Todo mundo é submetido a esse regime de potencialização de signos. Mas talvez o Brasil escape do universal.

Pode parecer um paradoxo, mas a hiper-realidade não é a mesma coisa em todo lugar. É uma espécie de universalidade e certamente ela é menos forte nas culturas que guardaram uma forma de singularidade, mesmo dentro da confusão. É uma situação singular, portanto não podemos transportar o modelo universal e o hiper-real. É ainda muito ocidental, uma forma de análise crítica.

É preciso saber se a cultura brasileira passou pela modernidade, se os elementos de modernização, de abstração, de mediatização se tornaram os mais fortes. Se ela foi engolida e absolvida por isso, eu não estou muito certo. Não há julgamento estatístico, não há julgamento metafísico. Talvez no Brasil haja uma certa tradição, talvez ele tenha muito mais de surrealismo que de hiper-realismo.

PERGUNTA - Então seriam principalmente efeitos do inconsciente?

BAUDRILLARD - O hiper-realismo é, na verdade, uma zona da desencarnação dos corpos. Não é o caso, aqui os corpos não são de forma alguma desencarnados. Os gestos, o movimento aqui são verdadeiramente sensuais.

A hiper-realidade é um tipo de desencarnação, de desilusão, um pragmatismo das coisas. Aqui ainda é o império das ilusões, mas no sentido positivo do termo, ou seja, o jogo de aparências, incluídas no gestual, na dança, na música, no jogo, no culto. Esse tipo de coisa não demonstra absolutamente uma alternativa política, apenas mostra que ainda existe uma forma de ilusão, isto é, de gestão simbólica das coisas.

PERGUNTA - Sem dúvida, aqui existe a ordem do simbólico.

BAUDRILLARD - Sim, mas eu penso que ela é mais forte, foi isto o que Muniz Sodré colocou: - É o Brasil real e o Brasil simulado. O Brasil real esperará mais ainda uma espécie de substrato simbólico e o Brasil simulado é um Brasil à ocidental, mas que na realidade não consegue essa espécie de transformação, em algum sentido ela é melhor. É uma cultura em que vemos se oporem as duas ordens: a simbólica e a racional, sem que os jogos sejam feitos... Os jogos nunca são feitos... [Sobre] quem vencerá, nós não temos a mais vaga idéia e isso é real para todo mundo, apenas para nossa cultura temos a impressão de ter passado para o outro lado, há ainda seqüelas, velhas relações simbólicas e ainda uma cultura mais profunda que desaparecerá de qualquer forma. Nós passamos para o outro lado. Aqui isso não é verdade, e, retrospectivamente, a partir do momento em que existe um país como um Brasil, nós vemos que os jogos ainda não estão feitos, podemos chegar à conclusão de que os jogos não estão feitos em lugar algum. Já para os país de cultura moderna hipermoderna vemos que tudo é instável, desestabilizado.

PERGUNTA - Mas os jogos não são feitos na relação das duas ordens, é como se não tivesse relação. A ordem racional, se olharmos para os movimentos intelectuais, o movimento modernista, por exemplo, onde havia várias correntes, havia uma, liderada por Oswald de Andrade, mais adaptada ao sentido da fragmentação da cultura, de um certo erotismo, e ele foi superado pela versão de Mário de Andrade, pela versão de São Paulo, que era sobretudo do progresso, o simulacro do ocidente.

BAUDRILLARD - E você acha que esse perdeu em relação ao outro ?

PERGUNTA - O progresso venceu de uma certa maneira.

BAUDRILLARD - Sim, mas isso é a ordem manifesta, as idéias, os intelectuais, o discurso.

PERGUNTA - Mas ele venceu apenas no interior do próprio discurso, ele não tocou a outra ordem. Oswald de Andrade tentou estabelecer uma ligação entre as duas ordens. Então o discurso manifesto seria um discurso sobre o simbólico. Seria um discurso sobre a outra ordem, por isso havia uma possível relação. Uma realidade e um discurso sobre essa realidade. Mas não, isso era fechado porque talvez a relação não tivesse sustentação de outros que não fossem os intelectuais.

BAUDRILLARD - Eu sei o jogo de tentar reconciliar os dois, mas eu não creio muito nisso. Isso me parece uma utopia. Não há nada a fazer, a modernidade se instalou sobre uma estrutura tradicional, é preciso a destruição. A única questão, e nossa única chance, é que a modernidade, quando se instala, destoa das estruturas arcaicas ou simbólicas e decreta também uma ideologia que é o evolucionismo... Sou o melhor porque sou o mais avançado e o que passou desaparece. Isso é uma ideologia própria da modernidade.


O que se revela é que esse evolucionismo progressista, linear, está afundando, e o fato de as estruturas tradicionais, simbólicas, terem ficados para trás não significa que tenham desaparecido, há um efeito de reversão, e novamente os jogos estão abertos. E entre os dois existe uma relação de exclusão, uma relação de antagonismo, de duelo, não entre o bem e o mal, mas uma relação irredutível. Então, o fato de ser irredutível ou bem a uma exterminação de termos, nós exterminamos os índios, os aborígines. Ou então conseguimos exterminar esse estruturais tradicionais, pelo fato de ser irredutível, ou bem há uma exterminação de termos _nós exterminamos os índios, os aborígines, ou então conseguimos exterminar essas estruturas tradicionais, todas as estruturas simbólicas e entramos em uma cultura da confusão porque nenhuma das duas ordens pode liqüidar a outra. Não há possibilidade de liqüidação.

PERGUNTA - Nem de conciliação.

BAUDRILLARD - Talvez no sentido de mistura, de confusão, quer dizer, se fusiona. Mas o estado de confusão é hoje o estado universal. Nenhuma cultura é original, pura. No Brasil há uma forma de sedução na confusão.

PERGUNTA - Sedução no sentido de que não podemos mais distinguir os termos?

BAUDRILLARD - Sim. Um sentido de que na sedução não se podem distinguir dois sujeitos separadamente, como há na relação contratual. Não há relação contratual, não há dois sujeitos, há uma reversibilidade de funções, uma perda de identidade de cada um em jogo, em termos de prazer e que secreta uma energia, justamente porque cada um dos dois termos perde a sua identidade.

Enquanto a cultura moderna quer sempre identificar as coisas, ela quer criar sujeitos que perdem identidade etc. Mas na sedução não temos a perspectiva pessoal individualista da sedução. Mas isso pode ser a forma simbólica de toda uma cultura.

PERGUNTA - O seu pensamento não se faz através de conceitos ou de metáforas.

BAUDRILLARD - O mais próximo seria a metamorfose. O sistema de metamorfose é diferente da metáfora. A metáfora tem uma espécie de significância e significado, há um sistema de sentido. Há um jogo de metáfora. Uma espécie de transubstanciação como essa, de metamorfose das coisas.

Nenhum desses conceitos tem identidade própria, é preciso ser transformado em outro, como nos mitos. São como metáforas na mitologia quando se identificam espécies humanas e animais, por exemplo. A metáfora é mais discursiva, faz parte do discurso.

Há um tipo de legislação da metáfora, enquanto na metamorfose há uma regra de sucessão de formas. E as formas não têm amanhã, a sedução, a reversibilidade, isso são as formas e certamente essas são formas poéticas para mim. Um anagrama, por exemplo, é uma forma de desaparecimento, de uma palavra sagrada em um poema, são formas poéticas de disseminação.

Em um texto que publiquei sobre a Revolução Romena, discuti a diferença entre o cinema e a televisão, entre imagens que implicam a existência do imaginário ou não, o que passa pelo negativo e o que não passa pelo negativo e que cria duas categorias de imagens bem diferentes. E isso se passa entre o cinema e a televisão.

Na televisão a imagem não precisa mais de negativo, no sentido técnico do termo. E não há mais negatividade no sentido... no sentido metafísico também não. Há uma ruptura na esfera das imagens e no limite não há mais imagens, a não ser no cinema. Há duas coisas que são interessantes: a liberação incondicional da imagem, por isso o simulacro incondicional, e ainda o problema da liberdade oposta à liberação. Esse é um tema sobre o qual escrevo.

PERGUNTA - Muitos o consideram indiferente, quando o que o sr. faz é falar sobre a indiferença. Há uma grande confusão.

BAUDRILLARD - Sim, isso é interessante.

PERGUNTA - Na verdade é uma provocação, o que não significa que o sr. seja indiferente à indiferença do mundo. A proposição teórica seria do fim do consenso artificial, o ressurgimento do negativo, da parte maldita, do princípio do mal.

BAUDRILLARD - O tema da indiferença é muito importante, é o mesmo problema do pessimismo do qual me acusam. Não é uma indiferença subjetiva, é a indiferença do mundo, mas com ela é preciso responder através de uma indiferença superior. Sempre o princípio do mal pelo mal, da ilusão por uma ilusão maior.

Se o mundo é uma ilusão, o então pensamento não pode ser senão uma ilusão superior. Não é a realidade que vai contra ela, é uma ilusão maior. A mesma coisa vale para a indiferença. É como um duelo. Os historiadores falaram dessa indiferença do mundo, mais precisamente, à qual ele deve responder. Não é um modelo indiferenciado, ao contrário, é um universo que pede um duelo de indiferença, que na minha opinião é mais forte do que o jogo da diferença. A compatibilidade das diferenças.

É preciso fazer o contrário, uma dramaturgia da indiferença. Porque para mim a indiferença é do mundo, mas, como para os gregos, o mundo é imortal, mas os homens são mortais _mas se tornam imortais se chegarem a brincar, a jogar por desafio com a imortalidade do mundo. E a indiferença é a mesma coisa. Se nós chegarmos a jogar com, a se fazer mundo, a se fazer objeto, mais ainda indiferente que o mundo, isso se torna uma situação muito mais interessante que praticar a diferença do sujeito-objeto.

PERGUNTA - A indiferença é então uma confrontação.

BAUDRILLARD - Sim. O problema é que há várias indiferenças. Há uma que resulta da perda da diferença. Mas isso é o sistema da metástase, é o sistema moderno. Essa não é interessante. É a perda de tudo, é a perda da diferença, mas no fundo é a perda da verdadeira indiferença, o jogo das aparências.

Por exemplo, a analogia do jogo, a regra do jogo. Ela é completamente indiferente, ela não resulta de uma escolha de liberdade, ela é arbitrária e indiferente, mas com isso, nós jogamos. Eu tenho um problema bastante particular com essa história da indiferença, é que a estratégia da indiferença é privilegiada, é uma estratégia forte. Mas quando chegamos a uma situação como a de hoje, em que as pessoas não acreditam mais no que fazem, aí a posição é difícil a firmar porque é como se nós quiséssemos entrar na indiferença.

Se você se torna indiferente, sua indiferença não é mais estratégica. Eu tenho essa questão muito pessoal _como se fossem roubar a estratégia da indiferença. É muito difícil falar, porque na realidade não vale a pena contestar o sistema de diferenças quando não existe mais, não funciona mais. Não podemos mais realizar a verdadeira indiferença. Aí está a armadilha.

PERGUNTA - Até o seu livro intitulado "Da Sedução", o sr. defendia uma teoria critica, depois passou a polemizar com o que chamou de "teoria fatal". A teoria fatal seria ainda uma teoria?

BAUDRILLARD - Não exatamente, porque a teoria por definição me parece crítica, e, se a escrita é fragmentária, ela não é mais uma escrita teórica. Não é filosofia, não é teoria. Eu prefiro o termo "teoria" a "filosofia".

Ou então é preciso aprender a teoria no sentido da teoria, não contemplação, mas visão das coisas. Quer dizer, nós não procuramos ou criticamos o sentido, mas nós jogamos o jogo e nesse momento o discurso é uma forma de aceleração, ele pega a forma de seu objeto. Ele não tem a distância tradicional do sujeito-objeto, não há mais dimensão crítica. E é muito difícil eliminar a dimensão crítica porque, seja qual for, funciona assim, joga nessa posição.

PERGUNTA - Mesmo a teoria fatal é critica no que se refere, por exemplo, à parte maldita.

BAUDRILLARD - Sim. Mas isso não se propõe a uma negatividade. Não é uma crítica. Não há resolução. Porque o pensamento crítico objetiva sempre a ultrapassagem.

PERGUNTA - O que provocou essa ruptura? Talvez o sr. tenha sido seduzido pelos efeitos dos acontecimentos...

BAUDRILLARD - Sim, em 1968 houve acontecimentos como esse, é verdade. Uma espécie de metáfora temporal.

KATIA MACIEL é professora de comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro

Posted by João Domingues at 11:15 AM | Comentários (1)

março 9, 2007

Gil lista na Câmara prioridades do Ministério da Cultura

Gil lista na Câmara prioridades do Ministério da Cultura

Matéria originalmente publicada no Globo Online, no dia 8 de março de 2007

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, listou cinco prioridades estratégicas para o seu ministério a serem apreciados pela Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados. Entre as prioridades citadas pelo ministro na quarta-feira está o aumento de recursos para a cultura, a aprovação do Plano Nacional de Cultura e a preservação do patrimônio público brasileiro. Gilberto Gil participou de uma reunião na comissão para discutir prioridades para o setor.

Gilberto Gil apresentou como prioridade para este ano a necessidade de se constituir uma comissão especial para analisar as propostas de emenda à Constituição (PEC nº 150/03 e 324/01), que vinculam receitas orçamentárias para a cultura. A primeira vincula 2% do orçamento e a segunda 6%. O ministro também pediu empenho dos deputados para a aprovação do Plano Nacional de Cultura e para avançar na implementação de políticas públicas para o setor. O quarto ponto listado pelo ministro pede a reaproximação da cultura e da educação.

- Essa é uma pauta que eu gostaria de ver ser discutida por essa casa. A cultura tem papel importante na qualificação da educação - disse Gilberto Gil.

Por fim, o ministro pediu a participação da Câmara na comemoração dos 70 anos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que serão comemorados neste ano.

- Queremos envolver o Congresso Nacional na discussão sobre a preservação do patrimônio brasileiro - afirmou o ministro.

O deputado Paulo Rubem (PT-PE), um dos autores da proposta que cria o Plano Nacional da Cultura, elogiou as prioridades destacadas pelo ministro e afirmou que elas já estão em discussão na comissão, mas com o reforço do ministro, o trabalho será intensificado.

- As prioridades listadas são extremamente importantes. São projetos que já estão sendo analisados mas que demonstram, com a escolha feita pelo ministro, a necessidade desta comissão trabalhar intensamente para aprová-los já no primeiro semestre de 2007 - disse Paulo Rubem.

De acordo com o parlamentar, com o objetivo de discutir as demandas da cultura, a comissão aprovou a criação da Subcomissão Permanente de Cultura.

Posted by João Domingues at 12:31 PM | Comentários (1)

março 8, 2007

Noema é a primeira galeria de arte brasileira no Second Life, por Adriana Ferreira Silva

Noema é a primeira galeria de arte brasileira no Second Life

Matéria de Adriana Ferreira Silva, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 8 de março de 2007

Espaço abre com mostra de Giselle Beiguelman e terá obras no mundo real

Os brasileiros já têm uma galeria de arte digital, a Noema (www.noema.art.br). Mas, por enquanto, para conhecê-la, é preciso se "teleportar" para o mundo virtual do Second Life.

A partir de hoje, o público poderá acompanhar a montagem da primeira exposição desse espaço criado dentro do Second Life (SL), que irá abrigar trabalhos de arte digital, performances e espetáculos multimídia. A vernissage em si ocorre no dia 15, quando estarão prontas as obras de "nowhere/anywhere/somewhere", mostra com fotos e vídeos da artista Giselle Beiguelman.

Também responsável pela curadoria da Noema, Beiguelman explica que essa é uma "galeria nômade", cuja base será virtual, mas que também terá eventos no mundo real, em locais como o Paço das Artes, além de museus e clubes.

A idéia de criar a galeria foi do pesquisador Abel Reis, que escolheu fazer a Noema no SL porque é um espaço onde é "fácil criar". "Ao contrário dos ambientes digitais tradicionais, mais restritos em termos de potencial criativo ou que exigem de seus usuários uma habilidade técnica bastante avançada de programação, no SL é possível fazer coisas muito originais sem ser um habilidoso programador", explica Reis.

A Noema tem um elenco de artistas que inclui os norte-americanos Mark America e Heidi Kumao, além dos brasileiros Luiz Duva, Rick Silva, Lucas Bambozzi, Marcus Bastos, Vera Biguetti, Helga Stein e VJs Spetto, entre outros.

Os custos para montar a galeria, diz Reis, "giram em torno de US$ 50 mil", gastos em programação, aluguel de terrenos, configuração do ambiente e "upload" dos conteúdos.

Para manter o projeto, eles já contam com o patrocínio da Fiat e pretendem atrair outros investidores. "A arte digital é um espaço de inovação. Muitas marcas têm interesse de estar vinculadas às oportunidades que o meio traz", afirma Reis.

Mas, mais que criar um mercado para a arte digital, a intenção, fala Beiguelman, é experimentar. "A Noema não pretende ser apenas um centro para inventar novas formas de comercialização de um determinado tipo de obra, mas, sim, ser uma usina e um espaço de criação, produção e circulação dessas obras", diz a curadora.

Posted by João Domingues at 10:58 AM | Comentários (3)

março 6, 2007

Carta Aberta à Sociedade sobre a permanência de Ricardo Resende à frente do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar, Fortaleza-CE

Carta Aberta à Sociedade sobre a permanência de Ricardo Resende à frente do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar, Fortaleza-CE

Em decisão tomada pelo Chefe de Gabinete do Governo do Estado do Ceará, Ivo Gomes, determinou a indicação dos nomes de José Guedes (artista) e de Roberto Galvão (crítico da Associação Brasileira dos Críticos de Arte) para ocuparem os cargos de Diretor do MAC e Diretor de Ação Cultural do Centro Dragão do Mar, respectivamente.

A decisão surpreendeu a classe artística pela maneira como foi outorgada.

O diretor do MAC Dragão do Mar, Ricardo Resende, foi escolhido em março de 2005 através de um processo democrático de envio de currículo avaliado por um Conselho Curador composto por Agnaldo Farias , Moacir dos Anjos e Rodrigo Moura. A partir de uma análise criteriosa o Conselho indicou Resende como o nome mais capacitado para o cargo.

Os (as) artistas cearenses consideram a escolha do cargo de Diretor do MAC Dragão do Mar através do Conselho Curatorial um avanço no processo e lutam pela sua continuidade. Por isso vêm até a sociedade se manifestar contrários (as) à escolha de nomes para cargos de tamanha importância no meio artístico e cultural do Estado através de critério meramente político, excluindo a competência técnica.

Pedimos apoio ao nosso movimento no sentido de mostrar a capacidade de organização e de indignação do meio artístico e cultural com tais atitudes. Pedimos que os interessados se manifestem mandando contribuições e mensagens de repúdio ao acontecido através dos seguintes meios:

Blog "Apoio Ricardo Resende": apoioricardoresende.weblogger.terra.com.br

Comunidade do Orkut "Apoio Ricardo Resende"

Mensagens para o e-mail: apoioricardoresende@hotmail.com que serão enviadas ao Conselho do Instituto de Arte e Cultura do Ceará, a quem cabe a decisão final

Para saber mais informações:
Canal Contemporâneo:
10 de janeiro de 2005
Seleção pública para diretor do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

2 de março de 2005:
Entrevista com o novo curador do MAC Dragão do Mar Ricardo Resende - Processo de seleção do MAC é exemplo de ética para o país

Jornal Diário do Nordeste
2 de março de 2007
Caderno Cidade
Auto Filho enfrenta primeira crise na Secult - Artistas plásticos protestam contra a escolha de José Guedes e Roberto Galvão para o MAC e Ação Cultural

Jornal O Povo
2 de março de 2007
Vida & Arte
Fogo cruzado

5 de março de 2007
Museu: impasse até meio-dia

Portal Net Processo
5 de março de 2007
Cearenses apóiam Resende - Direção do MAC em questão

Posted by João Domingues at 11:02 AM

março 1, 2007

Museus podem perder obras de Edemar, por Mario Cesar Carvalho

Museus podem perder obras de Edemar

Matéria de Mario Cesar Carvalho, originalmente publicada na Folha de São Paulo, no dia 1º de março de 2007

Decisão sobre o destino da coleção será dada pelo STJ; Museu do Ipiranga, MAC e MAE seriam os maiores prejudicados

Julgamento previsto para março decidirá se as mais de 12 mil peças pertencem à União ou à massa falida do Banco Santos

O vaivém judicial que engolfou a antiga coleção de arte de Edemar Cid Ferreira pode acabar em prejuízo para os museus. As mais de 12 mil obras da coleção que foram distribuídas para instituições como o Museu do Ipiranga e o MAC (Museu de Arte Contemporânea da USP) podem ir para a massa falida do Banco Santos e serem leiloadas.

A eventual perda dos museus depende de decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre quem tem direito sobre os bens que pertenceram ao antigo banqueiro: a União ou a massa falida do banco.

O julgamento do STJ deve ocorrer neste mês de março. Em decisão provisória, o ministro Castro Filho, do STJ, optou pela massa falida. Agora, um grupo de ministros julgará o mérito da questão.

O destino da antiga coleção de Edemar foi parar no STJ por causa de uma decisão do juiz federal Fausto Martin de Sanctis.

Em novembro de 2005, o juiz deliberou que as obras da chamada Cid Collection deveriam ficar com a União porque Edemar cometera o crime de lavagem de dinheiro -na mesma decisão, ele entregou mais de 10 mil obras para sete museus.

Presente dos deuses
Na sentença que condenou Edemar a 21 anos de prisão, de dezembro último, Martin de Sanctis explica melhor por que os credores não têm o direito de serem ressarcidos -segundo ele, eles eram cúmplices nas fraudes. O Banco Santos deixou um rombo de R$ 2,2 bilhões.

A distribuição das obras para os museus "foi um presente dos deuses", segundo a historiadora Eni de Mesquita Samara, diretora do Museu Paulista da USP (Museu do Ipiranga) -a instituição recebeu cerca de 8.000 obras.

Entre outras preciosidades, o museu ganhou o sarcófago de uma múmia egípcia (cerca 1069 a.C.- 945 a.C.), um monumento maia (300 d.C.- 900 d.C), uma bíblia impressa em 1493, menos de 50 anos após a de Gutenberg, e um tablete com escrita suméria de 1900 a.C.
"A USP não teria como comprar um acervo desses nunca", diz Eni.

Arqueologia
A decisão judicial entregou ao Museu do Ipiranga todos os processos usados desde a invenção da fotografia, na primeira metade do século 19 -daguerreótipo, ferrótipo, fotos em papel salgado, em carvão, gelatina, daguerreótipos estereoscópicos coloridos. Essa diversidade abre uma frente de estudos que não existe em museus brasileiros, afirma a historiadora Shirley Ribeiro, responsável pela documentação.

"O museu está parado há seis meses para catalogar todo o acervo. Agora vamos jogar tudo para o alto? Não tem sentido tirar do museu um acervo que beneficia o coletivo", diz Eni. O Museu do Ipiranga gastou R$ 50 mil na catalogação.

Prejuízo maior pode ter o MAE (Museu de Arqueologia e Etnologia) da USP, que recebeu 2.100 peças arqueológicas que pertenceram a Edemar. A instituição já investiu R$ 500 mil para receber o acervo, gastos com instalações, reserva técnica, segurança e um seminário que será realizado até o final do ano, segundo José Luiz de Morais, diretor do MAE.

O imbróglio legal das peças arqueológicas é ainda maior. Caso o STJ decida que a coleção de Edemar deve ficar com a massa falida, será criado um novo conflito : peças arqueológicas não podem ser comercializadas, de acordo com a Constituição.

"Creio ser impensável a retirada dessas peças arqueológicas do MAE. Não há como colocá-las à disposição da massa falida, isso fere um dispositivo constitucional", diz Morais.

No caso do MAC, que recebeu cerca de 2.000 obras de Edemar, das quais 1.450 são fotografias, a perda do acervo interromperia algumas linhas de pesquisa, diz Helouise Costa, vice-diretora do museu. "Não há nenhuma coleção brasileira que se equipare à do MAC depois que recebemos a coleção de Edemar. Seria uma perda muito grande se essas fotos saíssem daqui", afirma.

As obras de Edemar cobrem a história da fotografia do século 19 aos dias de hoje. Helouise criou uma divisão que começa com os pioneiros (Edouard Muybridge e Étienne Carjat), passa pela fotografia moderna nacional e internacional (Rodchenko, Edward Weston, Thomaz Farkas), tem representantes da fotografia humanista francesa (Robert Doisneau e Man Ray), dos fotógrafos de moda (Richard Avedon e Helmut Newton) e desemboca na fotografia contemporânea (Cindy Sherman, Andres Serrano e Chris Bierrenbach).

A coleção virou matéria de um curso de pós-graduação e já há dois estudantes que querem desenvolver teses sobre ela.

Posted by João Domingues at 11:20 AM