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novembro 18, 2004
Acervo Lygia Pape
Nota de Ricardo Boechat publicada originalmente no Jornal do Brasil do dia 18 de novembro de 2004.
Artes
Filha de Lygia Pape, falecida este ano, a também artista plástica Cristina Pape obteve liminar na justiça do Rio para arrolar todo o acervo deixado por sua mãe, com obras próprias e de outros autores.
O objetivo é impedir a venda de qualquer peça da coleção - que inclui a única coluna neoconcreta (criada por Franz Weissmann) - até que ocorra a partilha.
A irmã de Cristina, Paula Pape, é a inventariante e testamenteira da herança.
novembro 16, 2004
Jornalismo cultural ameaçado, por Dora Leão e Fabiana Dultra Britto
A crítica Helena Katz, em texto publicado no jornal O Estado de S. Paulo no dia 23/10/04 ("Considerações sobre um certo Studio 3"), denunciou a inaceitável associação do Theatro Municipal de São Paulo, um teatro público, com uma escola de dança comercial, o Studio 3, para a realização do programa Personalidades da Dança.
Empregando uma aritmética elementar, seu texto demonstrava que o que havia sido gasto na produção desse espetáculo superava, em dezenas de vezes, o que seria possível arrecadar - permitindo, assim, que se entendesse o seu caráter beneficiente como um álibi jurídico.
Ao invés de exercer o direito democrático de resposta nas páginas do jornal, a Sra. Vera Lafer e o Studio 3 comunicaram estar tomando medidas judiciais contra Helena Katz, inclusive na esfera criminal.
Além disso, em outro ato intimidatório, cancelaram a veiculação de publicidade no jornal O Estado de S. Paulo que, levando adiante a honrosa tradição de defesa da liberdade de opinião que caracteriza a sua história, se colocou ao lado da crítica.
Se você acredita que o jornalismo cultural deve manter-se independente e ser exercido sem subserviência, manifeste a sua indignação assinando abaixo - informando seu RG e atividade profissional - enviando para: jornalismocultural@terra.com.br; dib@estado.com.br; forum@estado.com.br e convidando outros a fazerem o mesmo.
Dora Leão, produtora cultural
Fabiana Dultra Britto, professora da Universidade Federal da Bahia
novembro 7, 2004
Contra o resultado da caravana FUNARTE Sul/Sudeste
São Paulo, 1 de novembro de 2004.
A quem aprecia, vive e defende a legitimidade da arte.
Referente ao Projeto de Circulação Sul/Sudeste Caravana Funarte.
Vimos nestas linhas expressar nosso profundo desapontamento com a condução da arte no Brasil, causado desta vez pelo resultado bastante questionável da seleção para o Projeto Caravana Funarte de Circulação Sul/Sudeste, publicado no último dia 28. Nossa fala direciona-se especificamente à área de dança, onde as premiações mostram-se amplamente tendenciosas, principalmente com relação à cidade de São Paulo.
Nossa indignação refere-se a forma absurda como são conduzidas as decisões e o modo como são distribuídos os poucos recursos direcionados para o trabalho artístico em dança.
O recém nomeado coordenador de dança da Funarte, o Sr. Marcos Moraes, provém de um dos grupos de discussão a respeito de políticas para a Dança, o grupo de artistas intitulado Mobilização Dança - SP, o qual indicou-o e apoio-o para o referido cargo. Agora, com a divulgação dos resultados da Caravana Funarte, alguns questionamentos se fazem necessários, uma vez que basicamente a maioria dos contemplados da cidade de São Paulo (pelo menos quatro dos cinco contemplados) estão ligados ao Mobilização Dança. Mera coincidência?
Antes de respondê-lo, é preciso dizer que este grupo, de maneira alguma tem sido a voz uníssona e exclusiva dos profissionais de dança em São Paulo, além de estar encontrando oposição de artistas e pensadores da dança, os quais não concordam com o pensamento do referido grupo(mobidança-SP).
Participando da elaboração do Edital para o Premio Estímulo à Dança - 2003, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, os representantes deste grupo mostraram um pouco sobre o seu modo de pensar em política para a Dança. As premiações eram indistintas entre trabalhos solos e de grupos, mesmo sabendo-se que um trabalho em grupo via de regra consome muito mais recursos para a sua viabilização. O motivo provável: a maior parte dos participantes desse movimento trabalha individualmente.
Agora, na premiação da Caravana em São Paulo mais uma vez, vários premiados são trabalhos solos e, como já dito, ligados ao grupo. Isto não parece coincidência, mas sim uma representação política conduzida com base em interesses particulares, não no desenvolvimento de um todo para o qual esse grupo e, por conseguinte, o novo coordenador Sr. Marcos Moraes, não têm olhos.
Mais um exemplo disso é a participação da Sra. Isabel Maria Meirelles de Azevedo Marques na comissão julgadora, sendo ela também participante deste grupo (Mobilização Dança). Tanto ela como Sr. Marcos Moraes não se mostraram familiarizados com a postura ética que exige uma seletiva como essa, pois não foram imparciais nas escolhas e, portanto, mostraram não ter aptidão para corresponder responsavelmente às exigências de suas atribuições.
Com base nesses fatos solicitamos uma nova avaliação dos projetos da área de dança, envolvendo pessoas aptas a esse tipo de julgamento e que o façam com autonomia em relação a quaisquer grupos e instituições. Também faz se necessário rever a forma como foi distribuída essa verba pública.
Por fim gostaríamos de alertar a diretoria da FUNARTE, o ministério da cultura, a classe artística como um todo e nossos representantes políticos, a respeito da importância da escolha de pessoas para ocupar cargos vitais para o desenvolvimento da cultura neste País. Este é um exemplo do que não podemos mais fazer, do que não podemos mais aceitar, do que não podemos mais calar!
Por isso pedimos a atenção dos responsáveis diretos e indiretos da FUNARTE, que apurem esses fatos relatados e, por favor, tomem as medidas necessárias para que isso não volte a acontecer e que seja possível realmente rever os resultados desta seletiva, que nos perdoem a palavra foi uma "GRANDESSÍSSIMA MARMELADA".
CHEGA DESSA POLÍTICA DO TOMA LÁ DA CÁ, VAMOS CONSTRUIR UMA POLÍTICA CULTURAL DE VERDADE!!!
Colocamo-nos a disposição para eventuais esclarecimentos,
CIA CORPOS NÔMADES
Edson Calheiros
Fabíola Camargo
João Andreazzi
Gustavo Vaz
Tatiana Guimarães
Adriana Grechi e Núcleo Artérias Dança Vila apóiam este protesto da Cia. Corpos Nômades!
Gostaríamos de acrescentar que a falta de ética nesta situação é ainda mais
grave:
1) Alguns premiados fazem parte da EXECUTIVA do Mobilização dança.
2) Isabel Marques é da área de educação e portanto não é capacitada para exercer a função de curadora de projetos artísticos.
3) Marcos Moraes trabalha com Isabel Marques no espaço Caleidos.
Lia Rodrigues
Coreógrafa
Diretora do Festival Panorama da Dança/Rio de Janeiro
Indignada e perplexa com esses acontecimentos, aguardo o mais rápido possivel uma manifestação da FUNARTE e do Ministério da Cultura.
Outro dia
Emeio enviado por Tibério Gaspar às listas forum_musical, M-Musica e conselhocultural.
Meus amigos da música
Estou chegando da reunião com o Gil e a cúpula do MinC. Trago DEFINITIVAMENTE a alma carregada de esperança. Acho que todos, tanto governo como cada um de nós, fomos brilhantes. O Ivan Lins abriu a exposição do fórum do Rio e foi extremamente lúcido colocando nossos objetivos. Quero publicamente parabenizar a Cristina Saraiva e o Dalmo Mota pela apresentação de uma proposta inicial através de uma seqüência de slides mostrando organogramas elucidativos. Quero também me congratular com o pessoal de São Paulo (valeu Juca Novaes) que trouxe uma proposta hábil e condensada que devemos realmente analisar. O Antônio Adolfo trouxe à baila o grande problema da OMB. Lobão apresentou sugestões interessantíssimas tanto para a numeração do disco como para a configuração do jabá. A música erudita colocou suas reivindicações na voz do maestro Ricardo Rocha. Luis Carlos Cseko pediu a palavra e falou em nome da música experimental. O maestro Wagner Tiso defendeu a inclusão da música no currículo escolar. O Maurício Maestro levantou o problema da relação do sindicato x artistas empregadores e músicos contratados. Eu também dei os meus pitacos. Pedi explicações do MinC sobre a posição da ANCINAV e a relação da mesma com o projeto do Senador Saturnino Braga que pretende extinguir a taxa de 2,5% que os exibidores tem que repassar para os autores de trilhas sonoras via ECAD. Indaguei também qual o apoio efetivo que o ministério dá para quem viaja para o exterior divulgando nossa musica em eventos, festivais ou em ações em conjunto como o projeto "Brasil na França em 2005". A todos o ministro ouviu com o máximo respeito e paciência. Respondeu a todas as perguntas, mostrou-se claramente sensível à todas as questões e aberto ao diálogo. Pediu que a classe fundamentasse suas propostas discutindo-as em âmbito nacional e mobilizando a maior quantidade possível de companheiros. Deixou bem claro que É um músico como todos nós e que ESTA sendo ministro como qualquer um de nós poderia ser. Desejo destacar três pontos fundamentais nessa longa conversa de quase quatro horas de duração:
1. NENHUMA liderança foi postulada. Elas vão surgir naturalmente na esteira dos acontecimentos;
2. O tempo foi dilatado até dezembro para nos mobilizarmos e definirmos propostas;
3. O modelo sugerido das Câmaras Setoriais pelo ministério pode ser aceito (ou não), pode ser alterado (ou não) conforme nossas necessidades. Existe uma flexibilidade democrática pontuando o pensamento do nosso ministro. Por conseguinte estamos a vontade, seguros e confiantes para afirmar sem sombra de dúvidas que um outro dia esta amanhecendo. Vamos enterrar as diferenças e as vaidades
e levar a boa nova para todos os cantos do Brasil : A HIDRA COMEÇOU A SUCUMBIR...
Bjs.
Tibério Gaspar
novembro 1, 2004
Júlio Neves é reeleito por unanimidade no Masp
Matéria publicada originalmente na Folha de São Paulo do dia 30 de outubro de 2004
Júlio Neves é reeleito por unanimidade no Masp
da Folha de S.Paulo
O arquiteto Júlio Neves, diretor-presidente do Museu de Arte de São Paulo (Masp) foi reeleito por unanimidade ontem, em eleição --com chapa única-- realizada a partir das 17h, na instituição.
Ao todo, 55 dos 68 conselheiros compareceram à eleição e votaram pela permanência de Neves no cargo. Esse resultado prolonga por mais dois anos sua gestão, que já dura dez anos.
Em protesto à permanência da atual direção, um pequeno grupo de mascarados reuniu-se no vão livre do Masp, trazendo faixas e uma guilhotina. "Funcionários do Masp, cortem a cabeça do rei", dizia um dos cartazes. Um manifestante protestou dizendo que fazia tempo que o Masp não realizava uma grande mostra e pelo fato de o diretor do museu não ser alguém da classe artística.
Por conta do protesto, o museu foi fechado mais cedo, às 15h30, geralmente fecha às 17h. "Vim conhecer o Masp e não pude", lamentou o gaúcho Eduardo Castro, 25, que só ficaria até ontem em São Paulo.