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fevereiro 18, 2020

Novo diretor do MAM, Fabio Szwarcwald quer reativar Bloco Escola e ampliar público do museu por Nelson Gobbi, O Globo

Novo diretor do MAM, Fabio Szwarcwald quer reativar Bloco Escola e ampliar público do museu

Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 17 de fevereiro de 2020.

Com 40 mil visitantes por ano, instituição quer se espelhar no Masp, que recebeu mais de 700 mil pessoas em 2019

RIO — Quase três meses depois de sua exoneração da direção da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, em novembro do ano passado, pelo então secretário de Cultura, Ruan Lira, Fabio Szwarcwald vê um novo horizonte da janela de sua sala, no terceiro andar do Museu de Arte Moderna do Rio. Para além das embarcações ancoradas na Marina da Glória, o novo diretor executivo do MAM, que assumiu o cargo em 13 de janeiro, mira a experiência de outras instituições, dentro e fora do Brasil, para aumentar a frequência e superar o episódio da polêmica venda da a tela “Nº 16” (1950), de Jackson Pollock. O administrador e colecionador também tenta implementar no MAM ações bem-sucedidas nos dois anos e oito meses que ficou à frente da EAV, como o foco na captação junto a parceiros e empresas privadas e o investimento na formação, com oferta de bolsas de estudo.
 
— O MAM tem um histórico na formação de artistas que queremos retomar, inclusive com a volta do Bloco Escola. O projeto do Reidy parte dele, a ideia era museu e escola funcionando juntos — comenta Szwarcwald. — Com o Bloco Escola, o museu volta a ser um espaço de vanguarda, e atrai um público que está fora daqui.

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O projeto de reativação do espaço prevê uma parceria com o Capacete, a residência artística mais tradicional da cidade, com mais de 20 anos de atividades. Entre as alterações que o diretor pretende executar a curto prazo, estão uma área de convivência no hall do Bloco de Exposições, mudanças no café e na loja, e uma área voltada às crianças. Szwarcwald também planeja um quiosque do museu no vizinho Santos Dumont e, no futuro, colocar carrinhos entre o aeroporto e o MAM.

— Temos uma posição privilegiadíssima, estamos entre o Centro e a Zona Sul, e a cinco minutos de um aeroporto por onde passam nove milhões de pessoas por ano. No tempo de espera de um voo é possível visitar o museu — frisa o diretor. — Temos que nos comparar com instituições como o Masp, que recebeu 700 mil pessoas ano passado, ou a Pinacoteca, que tem média de 500 mil visitantes. O MAM tem média de 40 mil vistantes anuais, quase o que a EAV recebe por mês. Com o acervo que temos, podemos trazer muito mais gente para cá.

Orçamento de R$ 10 milhões

Para colocar os planos em prática e realizar as reformas estruturais que o museu precisa, Szwarcwald conta com a rentabilidade do fundo criado com a venda do Pollock, em fevereiro do ano passado — o museu e a casa de leilões Phillips não revelam o valor, mas estima-se que a tela tenha sido negociada por US$ 13 milhões de dólares, quase metade do valor pedido inicialmente, de US$ 25 milhões.

Do valor aproximado de R$ 10 milhões para orçamento do MAM para 2020, entre R$ 6 milhões e R$ 7 milhões vêm do fundo da venda. Com despesas na casa de R$ 9 milhões anuais, a captação de recursos ganha importância ainda maior. Numa reunião na semana passada, o diretor conseguiu R$ 2 milhões com a PetraGold, divididos entre 2020 e 2021.

— Temos um plano anual aprovado na Rouanet de R$ 17 milhões, até agora foram captados quase R$ 3 milhões. Estou na rua atrás destes outros R$ 14 milhões, mas antes é preciso investir no museu para conquistar a confiança dos patrocinadores — destaca.

Dentre seus objetivos, o fundo também prevê aquisições de obras para o acervo do museu — além da própria coleção, o MAM mantém outras duas, a Gilberto Chateaubriand e a Joaquim Paiva, dedicada à fotografia.

— Temos 16 mil obras, e recebemos muitas ofertas de doação de artistas e galerias, pelo fato de o MAM ser uma referência internacional. Não temos espaço físico para receber tantas doações, e as despesas de conservação são altas — observa Szwarcwald. — Preencher as lacunas da coleção não é a preocupação imediata. Para projetos específicos, podemos trabalhar em parceria com outras instituições e coleções. O MAM não vai deixar de receber mais gente porque não tem um Picasso. É uma programação forte, um bom projeto educativo, uma Cinemateca vibrante que vão ampliar nosso público.

Posted by Patricia Canetti at 9:46 AM