|
novembro 25, 2019
Representantes de museus criam Frente pela Cultura para defender setor e atrair investimentos por Nelson Gobbi, O Globo
Representantes de museus criam Frente pela Cultura para defender setor e atrair investimentos
Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 22 de novembro de 2019.
Proposta surgiu em reunião na casa de Fabio Szwarcwald, exonerado na última quinta da direção da EAV do Parque Lage
RIO — Uma reunião realizada na noite de quinta-feira, no apartamento do recém-exonerado diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, Fabio Szwarcwald, no Leblon, definiu a criação da Frente pela Cultura, reunindo gestores de equipamentos, curadores, artistas, empresários e outros membros da sociedade civil.
Estavam presentes na reunião representantes do Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Moderna (MAM), Museu Casa do Pontal, Museu do Amanhã, entre outras instituições. Um conselho, que deverá reunir, além de Szwarcwald, nomes como Evandro Salles, ex-diretor cultural do MAR , vai estabelecer diretrizes para a frente, que serão levadas ao poder público. A intenção é ampliar a articulação política, tanto com o poder público quanto com membros do legislativo, além de reforçar junto à população o valor da cultura e dos equipamentos.
— A proposta é definir estratégias para garantir o funcionamento destas instituições, desde buscar parcerias com a iniciativa privada até mostrar para a sociedade o quanto valem os museus e as coleções, quantos empregos geram e que retorno dão — diz Szwarcwald. — Além de sensibilizar os gestores públicos, queremos o apoio de vereadores, deputados, senadores. Vamos começar pelo Rio, que vem sofrendo com equipamentos fechados ou em risco de fechar, além da falta de investimentos em todos os níveis. Mas a ideia é criar um movimento nacional.
Desdobramentos : Após exoneração de diretor, Associação de Amigos da EAV deixa administração do Parque Lage
Para Evandro Salles, é fundamental unir diferentes pontos de vista em defesa da cultura, de artistas a empresários, passando por educadores e pensadores:
— É importante pensar a cultura e a arte como um projeto de muitas vozes, e não de uma instituição ou de um governo específico. E defender a cultura do Rio é defender a de todo o Brasil. Sem abraçar o setor não conseguiremos evoluir em nenhuma área, nem socialmente, nem na educação ou na economia.
Mesmo tendo como ponto de partida o setor de artes visuais, a proposta é abranger outras áreas, como cinema, música e teatro. Para Szwarcwald, é fundamental criar um clima de confiança nas gestões profissionais para atrair investimentos privados.
— A crise do setor não tem a ver com a qualidade do trabalho, muito pelo contrário. O MAR, a Casa do Pontal, a EAV, entre tantos outros, têm programas de excelência. Falta ao Estado reconhecer que a cultura é uma área prioritária, em que valha a pena investir — comenta. — Os recursos privados só virão se as empresas tiverem confiança no trabalho e na sua continuidade. E se estes espaços puderem cumprir livremente seu compromisso com o conhecimento e a diversidade.