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setembro 27, 2018
Mostra em homenagem a Antonio Dias reúne 58 obras do acervo do MAM por Nelson Gobbi, O Globo
Mostra em homenagem a Antonio Dias reúne 58 obras do acervo do MAM
Matéria de Nelson Gobbi originalmente publicada no jornal O Globo em 22 de setembro de 2018.
'O ilusionista' ressalta a relação entre o museu e o artista paraibano, morto em agosto
RIO — A profunda relação de Antonio Dias (1944-2018) e o Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio, marcada por individuais e pela participação em mostras emblemáticas, como “Opinião 65”, é ressaltada pelo número de obras do artista pertencentes à instituição. Todos os 58 trabalhos da panorâmica “Antonio Dias: o ilusionista”, que será inaugurada hoje, às 15h, fazem parte da Coleção Chateaubriand, mantida em comodato desde 1993, ou do próprio acervo do museu.
Este conjunto já era analisado pelos curadores Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes para a programação de 2019, quando a notícia da morte de Dias (em 1º de agosto, aos 74 anos, em decorrência de um tumor no cérebro) fez com que a homenagem fosse adiantada. As obras ocupam parte do terceiro andar, espaço dedicado a mostras de longa duração com o acervo do museu, como a coletiva “Alucinações à beira-mar”, em cartaz desde o ano passado e que incluía obras de Dias.
Antonio Dias, em 2014: artista morreu aos 74 anos, em decorrência de um tumor no cérebro - Camilla Maia
— Para o ano que vem, pensávamos em voltar a fazer individuais de artistas com forte presença no acervo, como Antonio Dias. Com a notícia de sua morte, abrimos espaço na programação para esta homenagem — conta Fernanda.
A mostra cria relações entre diferentes fases e linguagens exploradas pelo paraibano, que iniciou sua carreira no Rio, antes de se mudar, na década de 1960, para Paris e Milão. A panorâmica pega emprestado o título de uma acrílica sobre tela de 1974.
— Os títulos dele reforçavam a dimensão poética de suas obras, além de estabelecerem relações com a própria história da arte — observa Cocchiarale. — Se pensarmos nas técnicas desenvolvidas para criar perspectiva e volume numa tela plana, o artista não deixa de ser um ilusionista. O título abre várias possibilidades de leitura.
Compreendendo a produção de Dias entre 1961 e 1983, a mostra inclui ainda material documental e retratos do artista assinados por nomes como Carlos Vergara, Ivan Cardoso e Roberto Magalhães.
— O conjunto aponta para a independência que Dias manteve em sua produção, transitando entre várias linguagens. E, ao mesmo tempo, reforça a visão crítica sempre presente em sua obra , assim como nas de artistas de sua geração — conclui Fernanda.
Onde: MAM — Av. Infante Dom Henrique, 85, Parque do Flamengo (3883-5600). Quando: Ter. a sex., 12h às 18h; sáb., dom. e fer., 11h às 18h. Abertura hoje, às 15h. Até 11/11. Quanto: R$ 14. Classificação: Livre.