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junho 9, 2016
Morre aos 64 anos no Rio o artista plástico Tunga, Jornal Nacional
Morre aos 64 anos no Rio o artista plástico Tunga
Matéria originalmente exibida no Jornal Nacional em 6 de junho de 2016.
Com 22 anos, Tunga realizou a sua primeira exposição individual, no Rio. Artista que morreu e câncer era conhecido por ser inquieto e provocador.
Morreu nesta segunda-feira (6), aos 64 anos, o artista plástico Tunga, um dos brasileiros mais prestigiados no cenário internacional. Ele estava internado, no Rio, combatendo um câncer.
Ossos, tranças e tantos outros objetos unidos ganham força e poesia em um espaço no Museu de Inhotim, em Minas. As obras ocupam duas grandes galerias, onde a gente percebe a potência e a dimensão da arte de Tunga.
Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, filho do jornalista e poeta Geraldo Mello Mourão, nasceu em 1952, em Pernambuco. Descobriu a escultura na infância.
“As primeiras esculturas foram meus primeiros gestos, do excremento ao alimento. Foi biscoito, mel, chupeta, leite, justamente um modo diferente de olhar o mundo”, disse o artista.
Mas foi no Rio que ele cresceu e se descobriu como artista. Em 1974, com 22 anos de idade, Tunga realizou a sua primeira exposição individual, no Museu de Arte Moderna.
Tunga era um artista inquieto, provocador. Transformava tudo em arte. Um verdadeiro bombardeio visual.
“A minha principal função é ser um poeta. Não há intenção de ser um especialista, porque a especialidade de um poeta, de um artista, é ser exatamente ser aquele sujeito que está à disposição de todos os especialistas”, destacou Tunga.
Fez esculturas, desenhos, performances e escreveu livros. A poesia, o jeito transgressor e a criatividade das obras de Tunga acabaram chamando atenção das galerias e expositores de várias partes do mundo. Foi o primeiro artista contemporâneo a ter uma obra exposta do Museu do Louvre, em Paris.
“Com certeza a obra dele já entrou para a história importante da arte brasileira e da arte internacional. Ele foi extremamente inovador no desenvolvimento de suas esculturas, utilizando sempre pessoas, o corpo fisicamente, numa espécie de alquimia e ciência, que isso acabava se transformando em objetos”, elogia a artista plástica Beatriz Milhazes.
“Ele é um dos maiores artistas contemporâneos brasileiros e é uma perda irreparável, um artista que tem uma obra que você não pode filiar ou aparentar com nenhuma outra. É uma obra muito própria, muito interessante, e é uma perda para a arte brasileira”, curador do MAM-RJ, Fernando Cocchiarale.