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outubro 21, 2015
Galpão VB: São Paulo ganha espaço dedicado à videoarte por Alessandro Giannini, O Globo
Galpão VB: São Paulo ganha espaço dedicado à videoarte
Matéria de Alessandro Giannini originalmente publicada no jornal O Globo em 8 de outubro de 2015.
Fora do grande circuito cultural da cidade, sede é inaugurada na Vila Leopoldina
Trinta e dois anos após abrir o 1º Festival de Vídeo Brasil, no Museu da Imagem do Som, em São Paulo, Solange Farkas, enfim, realizará o sonho de inaugurar uma sede permanente. O Galpão VB abrigará exposições e a reserva técnica da Associação Cultural Videobrasil, na Vila Leopoldina, Zona Oeste da capital paulista.
O endereço, numa região fora do circuito cultural mais badalado da cidade, já abrigou a Elétrica, empresa de equipamentos cinematográficos da família Farkas.
— Estamos com esse plano há mais de 20 anos e devíamos isso à cidade. Quero que as pessoas convivam com a arte, quero que esse lugar seja habitado — diz Solange.
A inauguração oficial será hoje, às 19h, com a abertura da exposição Projetos Comissionados, que reúne quatro instalações selecionadas a partir de 446 propostas provenientes de 71 países. Nas obras, Carlos Monroy (Colômbia), Cristiano Lenhardt (Brasil), Keli-Safia Maksud (Quênia) e Ting-Ting Cheng (Taiwan) levantam temas socioeconômicos e culturais de suas regiões. Cada artista recebeu R$ 30 mil para desenvolver suas ideias.
Monroy, por exemplo, participa com “Llorando se foi. O museu da lambada. In memoriam de Francisco ‘Chico’ Oliveira”, que relaciona dois fenômenos dos anos 1980 no Brasil: a consagração da lambada e sua influência na construção de uma identidade nacional, e o crescimento da imigração boliviana em São Paulo.
Também hoje será lançado o livro Videobrasil: três décadas de vídeo, arte, encontros e transformações, que sumariza a história do festival desde a primeira edição, em 1983.
A curadora do evento não revela o investimento na reforma e adaptação do prédio, um espaço de 800m², com galeria, sala de vídeo, sala de leitura e jardim. Diz apenas que não conseguiu captar recursos pela Lei Rouanet e investiu do próprio bolso. A manutenção do local, calcula, custará cerca de R$ 2 milhões por ano.
— O contexto político e econômico me deixa preocupada — afirma Solange, que admite perder o sono com a conjuntura de vez em quando. — Quando todo mundo está retraindo, eu estou expandindo. Mas já passei por outras crises e tenho que enxergar isso como uma oportunidade.
A inauguração do Galpão VB é parte do 19º Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, que abriu ontem e seguirá até o dia 6 de dezembro também no Sesc Pompeia e no Paço das Artes.
OUTRAS MOSTRAS DO FESTIVAL
No Sesc Pompeia, o festival promove as exposições Artistas convidados e Obras selecionadas. A primeira traz a produção de cinco artistas: os brasileiros Sônia Gomes e Rodrigo Matheus; o português Gabriel Abrantes; o malinês Abdoulaye Konaté e a marroquina Yto Barrada. A segunda reúne obras de 53 artistas de 28 países, entre vídeos, instalações, performances, fotografias, obras sonoras e esculturas.
Amanhã, no Paço das Artes, será lançada a exposição paralela Quem nasce pra aventura não toma outro rumo, composta de 16 obras de 7 países, realizadas e apresentadas no festival desde o seu início, em 1983, até 2012.