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dezembro 17, 2014

Pavilhão brasileiro em Veneza terá obras de Antonio Manuel, Berna Reale e André Komatsu

“É tanta coisa que não cabe aqui”

Pavilhão brasileiro em Veneza terá obras de Antonio Manuel, Berna Reale e André Komatsu

Comunicado oficial da Fundação Bienal de São Paulo recebido em 16 de dezembro de 2014.

Responsáveis pela concepção do pavilhão brasileiro na 56ª Bienal de Veneza, o curador Luiz Camillo Osorio e o curador assistente Cauê Alves anunciaram que vão trabalhar com obras dos artistas Antonio Manuel, Berna Reale e André Komatsu. A escolha teve como principal critério a relevância de suas poéticas na cena contemporânea e, ao mesmo tempo, o pertencimento a uma história, não só da arte, mas da conflituosa sociabilidade brasileira.

Segundo os curadores, “o enfrentamento da ditadura no final da década de 1960 obrigou alguns artistas a um tipo de engajamento no qual estratégias conceituais vinham aliadas à precariedade material e à fragilidade corporal. Tais ações e obras, sem perda da intensidade lírica, fraturavam as formas instituídas de percepção da realidade.”

Antonio Manuel pertence a esta geração e se manteve desde então com uma obra em que o rigor construtivo recusa qualquer tipo de discursividade ilustrativa sem abrir mão - pelo contrário, afirmando - sua tonalidade política. Dialogando com sua obra dois artistas cujas trajetórias já nascem no século XXI: a paraense Berna Reale e o paulista André Komatsu. “Nos dois artistas destacamos o mesmo destemor no uso do corpo e da materialidade crua à nossa volta, trazendo à luz o que fica à margem do visível, mas que revela os conflitos de um país e de um mundo fragmentado e brutal”, enfatiza Osorio.

O título da mostra, “É tanta coisa que não cabe aqui” foi inspirado pelos cartazes das manifestações que tomaram as principais capitais brasileiras em junho de 2013. O contato direto com a rua é também comum aos três artistas. Detalhes sobre as obras apresentadas e/ou desenvolvidas serão divulgados no início de 2015.

Sobre a participação brasileira na 55 ª Bienal de Veneza

A mais antiga das grandes mostras internacionais de arte, a Bienal de Veneza oferece, a cada dois anos, uma grande exposição coletiva e dezenas de pavilhões nacionais. O pavilhão do Brasil, por sua vez, construído em 1964 no espaço mais prestigiado do evento italiano, o Giardini, é o lugar onde o próprio país escolhe e expõe artistas que a cada nova edição o representam. Desde 1995, a responsabilidade por essa escolha foi outorgada pelo governo Brasileiro à Fundação Bienal de São Paulo, reconhecimento da grande importância da instituição – a segunda mais antiga no gênero em todo o mundo – para as artes visuais do país.

Desde 1995, as participações brasileiras no evento são organizadas em colaboração conjunta entre o Ministério das Relações Exteriores - mantenedor do pavilhão brasileiro -, o Ministério da Cultura – por meio do aporte de recursos da Fundação Nacional de Arte (Funarte) - e a Fundação Bienal de São Paulo - responsável pela escolha do curador e produção das mostras. “A organização da participação brasileira nas Bienais de arte e arquitetura de Veneza já faz parte da tradição da Fundação Bienal, uma instituição independente, respeitada internacionalmente e comprometida com o pensamento e a produção da arte contemporânea”, afirma Luis Terepins, comissário da exposição e Presidente da Fundação Bienal de São Paulo.

SOBRE OS ARTISTAS

Antonio Manuel
(Avelãs de Caminho, Portugal, 1947; vive e trabalha no Rio de Janeiro)

Um dos principais nomes ligados ao experimentalismo no Brasil a partir dos anos de 1960, Antonio Manuel estabeleceu-se no Rio de Janeiro a partir de 1953, onde desenvolveu toda a sua formação artística e intelectual. No evento “Apocalipopótese” (1968) criou as Urnas Quentes, caixas de madeiras hermeticamente fechadas para serem abertas pelo público. Já no 19º Salão Nacional de Arte Moderna (1970) apresentou-se como a própria obra: O Corpo é a Obra. "Os suportes da arte naquele momento não atendiam as necessidades vigentes, e os chamados objetos artísticos solicitavam uma nova ordem de atuação diante do obscurantismo da época. No Salão de Arte Moderna decidi não usar qualquer suporte. Eu próprio era a obra."

Ao longo de quase 50 anos de trabalho, desenvolveu obras marcantes na arte brasileira, como por exemplo, a série de Flans (1968 a 1975), Repressão outra vez: eis o saldo (1968), Frutos do Espaço (1980), Fantasma (1994), Até que a imagem desapareça (2013) entre outras.

Suas principais exposições individuais são: "Antonio Manuel", no MAM Rio, em 2013; “I want to act, not represent”, na Americas Society, em Nova York, em 2011; “Fatos”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2007; mostra no Pharos Centre of Contemporary Art, em Chipre, em 2005; no Museu da Chácara do Céu, em 2002; na Fundação Serralves, em Portugal, em 2000; no Jeu de Paume, em Paris, em 1999; no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, em 1998; no Centro de Arte Hélio Oiticica, em 1997, entre outras.

Dentre suas principais exposições coletivas estão: “America Latina 1960-2013", na Fundação Cartier, Paris (2014); “30 × Bienal - Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição”, na Fundação Bienal de São Paulo (2013); “Arte de contradicciones. Pop, realismos y política. Brasil - Argentina 1960”, na Fundación PROA, em Buenos Aires (2012), “29° Bienal de São Paulo” (2010); “Art Vida: Action by Artists of the Americas, 1960-2000”, no Museo Del Barrio, em Nova York (2008); “Arte como questão - Anos 70”, no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo (2007); “5th Mercosul Biennial”, em Porto Alegre, e “L’Art Contemporain Brésilien dans sa diversité”, no Carreau du Temple, em Paris, ambas (2005); “Beyond Geometry; Experiments in Form. 1940-70’s”, em Los Angeles Museum of Art e Miami Art Museum, e “Inverted Utopias”, Museum of Fine Arts Houston, ambas em 2004; “Caminhos do Contemporâneo 1952-2002”, no Paço Imperial, no Rio (2002); “Brazil: Body and Soul”, no Guggenheim Museum, em Nova York; “Experiment: art in Brazil 1958-2000”, no Museum of Modern Art, em Oxford, Londres (2001); entre outras.

Berna Reale
(Belém, 1964; vive e trabalha em Belém)

Graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará (UFPA), pós-graduada em Arte- Educação pela PUC-MG e em Educação Profissional pelo NAEA-UFPA. Formada em Perita Criminal pela Academia de Polícia - IESP-PA-2009.

Realizadora de instalações e performances, participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e na Europa, como a Bienal de Cerveira, Portugal (2005) e a Bienal de Fotografia de Liege, Bélgica (2006), além da exposição “Amazônia - Ciclos da Modernidade”, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (2012). Recebeu o grande prêmio do Salão Arte Pará, em Belém (2009), e foi selecionada para o Rumos Visuais - Itaú Cultural (2012-2013) e para o Prêmio PIPA (2012/2013), sendo ganhadora do Pipa on line 2012. Participou da exposição “From the margin to the edge” Somerset House, Londres (2012), “Boletim” - Galeria Millan, São Paulo (2013), e realizou a individual “Vazio de Nós”, no Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR 2013). Integrou as mostras “Cães sem Plumas”, Galeria Nara Roesler, São Paulo (2013), “Arquivo Vivo”, Paço das Artes, São Paulo (2013) e a 1ª Bienal de Fotografia MASP-Pirelli (2013). Sua mais recente individual “Vapor” acontece na Galeria Millan, São Paulo, até 20/12.

André Komatsu
(São Paulo, 1978; vive e trabalha em São Paulo)

Formado em Artes Plásticas pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), participa de diversas exposições individuais e coletivas nacionais e internacionais. Entre as mais recentes individuais, destacam-se: “Insustentável Paraíso”, galeria Vermelho, São Paulo (2014); “André Komatsu”, galleria Continua, Itália (2014); e “Corpo Dócil”, galeria Vermelho (2013). Já entre as coletivas estão: “Beyond the Supersquare”, Bronx Museum, Nova York (2014); 30ª Bienal de Ljubljana, Eslovenia (2013), "Future Generation Art Prize", Veneza, Itália (2013); Trienal Poli/grafica de San Juan e Caribe, San Juan, Porto Rico (2012); “Sextanisquatsi-Desordem habitable” (2012); X Bienal de Monterrey, México (2012); “The natural order of things", Max Wigram Gallery, Londres, Inglaterra (2011); 8ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2011); "The Peripatetic School: Itinerant drawing from Latin America" - Drawing Room /MIMA, Londres, Inglaterra (2011); “Para ser construídos”, MUSAC, Leon, Espanha (2010); e “Ponto de Equilíbrio”, Instituto Tomie Othake, São Paulo (2010).

SOBRE OS CURADORES

Luiz Camillo Osorio (Rio de Janeiro, 1963, Brasil), professor de estética no departamento de Filosofia da PUC-RJ e curador-chefe do MAM Rio, realizou importantes projetos curatoriais no Brasil e no exterior, entre os quais “Iberê Camargo: Um trágico nos trópicos" (Fundação Iberê Camargo/CCBB-RJ), “O Desejo da Forma” (Akademie der Künste, Berlim, 2010), “MAM 60” (2008) e “Haus der Kulturen der Welt” (Copa da Cultura Berlim, 2006). É autor de “Razões da Crítica” (Zahar) e de livros monográficos sobre Flavio de Carvalho, Abraham Palatnik e Angelo Venosa (CosacNaify).

Cauê Alves (São Paulo, Brasil, 1977), mestre e doutor em filosofia pela USP, professor da PUC-SP e do Centro Universitário Belas Artes, desde 2006 é curador do Clube de Gravura do MAM-SP. Realizou, entre outras curadorias, "MAM[na]OCA: arte brasileira do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo" (2006), "Quase líquido", Itaú Cultural (2008) e "Mira Schendel: avesso do avesso" (2010), Instituto de Arte Contemporânea. Foi curador-adjunto da "8ª Bienal do Mercosul" (2011) e um dos curadores do "32º Panorama da Arte Brasileira" do MAM-SP (2011).

Participação do Brasil na 56ª Exposição Internacional de Arte - la Biennale di Venezia
Comissário: Luis Terepins, Presidente da Fundação Bienal de São Paulo
Curador: Luiz Camillo Osorio
Local: Pavilhão do Brasil
Endereço: Giardini Castello, Padiglione Brasile, 30122 Veneza, Itália
Bienal: de 09 de maio a 22 de novembro de 2015
Curador geral 56ª Exposição Internacional de Arte - la Biennale di Venezia: Okwui Enwezor

Posted by Patricia Canetti at 10:15 AM