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outubro 15, 2014

Masp vai ressuscitar os cavaletes de vidro por Silas Martí, Folha de S. Paulo

Masp vai ressuscitar os cavaletes de vidro

Matéria de Silas Martí originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 9 de outubro de 2014.

Num momento que define como "divisor de águas" na história do Masp, o novo diretor artístico do museu, Adriano Pedrosa, quer olhar para o passado, anunciando que vai devolver os famosos cavaletes de vidro de Lina Bo Bardi à galeria de pinturas.

Essas estruturas de vidro com uma base de concreto, aposentadas nos anos 1990, davam a sensação de que os quadros flutuavam no maior espaço do museu. Foi a grande marca do projeto de Bo Bardi na área interna do Masp, com a ideia de confronto cara a cara entre obra e público.

"Voltar com os cavaletes é um gesto genuíno por achar que isso tem uma radicalidade, uma subversão", diz Pedrosa, em entrevista à Folha . "Muitos de nós não conviveram com eles, e há um desejo que voltem. Não é um gesto de marketing, mas vai ser nossa grande ação agora."

Pedrosa também anunciou uma reestruturação arquitetônica do segundo andar, removendo as paredes instaladas ali pela antiga diretoria.

Será uma espécie de expurgo da velha gestão do Masp, substituída em setembro com a eleição para a presidência do empresário Heitor Martins, rompendo um ciclo de 20 anos em que o museu esteve sob o comando do arquiteto Júlio Neves e de seus aliados.

Desde que aceitou o cargo de curador do museu, substituindo Teixeira Coelho, Pedrosa vem frisando que o Masp deve olhar para o passado na hora em que está tentando redefinir seu futuro.

"Não quero chegar e começar algo do zero sem entender a história do museu", diz Pedrosa. "Esse é o momento de olhar para o acervo e retomar exposições históricas."

Nesse sentido, o curador adiantou que suas primeiras mostras no Masp vão revisitar ideias por trás de exposições do museu nos anos 1960 e 1970, como "A Mão do Povo Brasileiro" e "GSP/76".

Enquanto sua maior proposta se volta para o passado, Pedrosa está escalando uma equipe de curadores-adjuntos para trabalhar com o resto do acervo da casa.

TANGAS E REMOS

Na coleção, seu foco inicial será incrementar os acervos de moda e de arte indígena, com novas aquisições.

"Não vou sair por aí comprando tangas e remos", diz. "Quero dialogar com outras instituições e ver o que pode vir para o Masp. É importante olhar para matrizes que não são europeias, algo que tem a ver com ser brasileiro."

Também está em curso uma negociação com a prefeitura para reaver o controle do vão livre —a feira de antiguidades que acontece ali aos domingos seria deslocada para que o espaço abrigue eventos e exposições. "Queremos retomar e potencializar o grande vão do museu", diz Pedrosa. "Esse é um momento em que o Masp se abre para a cidade."

E também para o mundo. Pedrosa quer uma revisão da política de empréstimos, que considerou "conservadora" na gestão passada. A ideia é usar a troca de obras para criar relações com instituições de peso no mundo.

Uma obra de Cézanne será emprestada em novembro para o Metropolitan, em Nova York, e desenhos de Bo Bardi irão para Munique.

Posted by Patricia Canetti at 12:54 AM