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março 12, 2014
Mercado de arte cresce e supera a crise de 2008 por Audrey Furlaneto, O Globo
Mercado de arte cresce e supera a crise de 2008
Matéria de Audrey Furlaneto originalmente publicada no jornal O Globo em 12 de março de 2014.
Setor cresceu 8% em relação a 2012
Vendas milionárias nos EUA foi o principal fator, segundo pesquisa da feira Tefaf
RIO - Mais tradicional feira de arte antiga do mundo, a Tefaf, em Maastricht, na Holanda, divulgará nesta sexta-feira os dados de sua pesquisa anual sobre o setor. Os números, antecipados pelo GLOBO, revelam que as vendas de obras de arte e antiguidades no mundo somaram € 47,4 bilhões — o equivalente a cerca de R$ 154 bilhões, ou 8% a mais do que no ano anterior.
O estudo, encomendado pela European Fine Art Foundation (Fundação Europeia de Belas Artes), será apresentado durante a Tefaf, que será aberta ao público nesta sexta. Segundo a pesquisa, o setor cresceu tanto que se aproximou de seu recorde histórico, alcançado em 2007, quando chegou aos € 48 bilhões (em vendas de obras no mundo todo).
Coordenadora do estudo, a pesquisadora Clare McAndrew, formada em Economia da Cultura e especializada no mercado de artes, enfatiza o fato de o setor estar voltando aos patamares atingidos antes de 2008, ano que marcou a recessão econômica mundial. Ela apresentará as conclusões do estudo na própria sexta.
Brasil tem apenas 1% dos negócios
A pesquisadora afirma que os negócios foram alavancados não pelos mercados emergentes, com seus novos milionários colecionadores de arte. Os Estados Unidos são, outra vez, os responsáveis por impulsionar os negócios: as vendas de arte no país cresceram 25% em relação a 2012, e o país responde por cerca de 38% de todas as vendas da área.
A China, que chegou a passar os americanos em 2011, recuou bruscamente, segundo o estudo, e sua participação no mercado global em 2013 ficou em 24%, embora o país ainda seja, entre os mercados ditos recentes, o mais aquecido.
Apesar do alardeado boom, o setor no Brasil tem parcela ínfima no montante global: o país representa apenas 1% dos negócios, percentual que se manteve idêntico de 2012 para 2013. Segundo a pesquisa, os 200 maiores colecionadores do mundo estão nos EUA — país que concentrou, em 2013, 49% dos compradores de arte. O Brasil, por outro lado, tem só 1% do total de colecionadores.
O estudo se concentra nos EUA e na China. O primeiro somou € 18 bilhões (R$ 58,5 bilhões) em vendas de arte no ano passado, enquanto o segundo fechou o ano com € 11,5 bilhões (R$ 37,4 bilhões). Mas, como ressalta a pesquisa, os chineses têm um problema grave nos leilões de arte: as vendas nem sempre se confirmam — apenas 56% dos lotes vendidos são pagos no prazo de seis meses.