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março 12, 2014
Governo escolhe pessoas de perfil moderado para avaliar obras de arte por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Governo escolhe pessoas de perfil moderado para avaliar obras de arte
Matéria do crítico Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 6 de março de 2014.
Os 13 representantes da sociedade civil que irão compor o Conselho do Patrimônio Museológico, aprovados pela ministra da Cultura, Marta Suplicy, representam um grupo de perfil moderado, que deve diminuir as tensões provocadas pelo decreto 8.124.
O decreto prevê a possibilidade de declarar de interesse público obras de arte de coleções privadas. Segundo o documento, obras privadas, uma vez declaradas de interesse público, passariam a ser monitoradas pelo governo.
A Folha obteve com exclusividade a lista dos 13 representantes da sociedade civil, indicados pelo presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), Ângelo Oswaldo, à ministra. A portaria com a lista deve ser publicada nesta sexta-feira (7).
Entre os integrantes estão o secretário de Estado da Cultura de São Paulo, Marcelo Mattos Araújo, o banqueiro e colecionador José Olympio Pereira, a colecionadora e diretora de museu Angela Gutierrez e os curadores Fabio Magalhães e Paulo Herkenhoff.
"São eles que vão colocar em prática e aprovar as normas para a declaração de interesse público", disse o presidente do Ibram.
Desde que a portaria foi publicada, em outubro passado, Oswaldo se viu no centro de uma polêmica –colecionadores e galeristas viram o novo instrumento como uma forma de apropriação indevida.
A questão ganhou tanta animosidade que colecionadores estão deixando de emprestar obras para exposições como forma de retaliar e pressionar o governo. O curador do Museu de Arte Moderna de Nova York, Luis Pérez-Oramas, por exemplo, está tendo dificuldade em obter obras de Lygia Clark para uma retrospectiva da artista, por conta da situação.
Oswaldo diz que "não pretende alterar o decreto" e dá a entender que, com o conselho que agora tomará posse, os medos serão dissipados. A turbulência, porém, ainda não está afastada: a Ordem dos Advogados do Brasil estuda a possibilidade de questionar a legalidade do decreto.
"Os nomes são ótimos, agregadores e de grande respeito, mas o decreto continua sendo um problema", diz a galerista Eliana Finkelstein, da Associação Brasileira de Arte Contemporânea.
Além dos 13 indicados pela ministra, o conselho é composto ainda por oito membros, representantes de entidades ligadas à cultura –algumas governamentais, como o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Pessoas da sociedade civil que irão compor o Conselho de Patrimônio Museológico:
Angela Gutierrez
Colecionadora e presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez
Antônio Carlos Motta de Lima
Professor doutor de Antropologia na Universidade Federal de Pernambuco
Fábio Luiz Pereira de Magalhães
Curador, ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo
Gaudêncio Fidélis
Curador, diretor do MARGS (Museu de Arte do Rio Grande do Sul)
João Cândido Portinari
Filho de Cândido Portinari, professor e diretor do Projeto Portinari
João Maurício Ottoni Wanderley de Araujo Pinho
Colecionador e ex-diretor do MAM do Rio
José Olympio Pereira
Banqueiro e colecionador
Leonel Kaz
Curador
Marcelo Mattos Araújo
Secretário de Estado da Cultura de São Paulo
Maria Célia Moura Santos
Museóloga
Modesto Carvalhosa
Jurista
Paulo Herkenhoff
Curador e diretor do Museu de Arte do Rio
Ronaldo Barbosa
Diretor do Museu do Vale do Rio Doce