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fevereiro 23, 2014
Um novo Espaço Sérgio Porto no Humaitá por Luiz Felipe Reis, O Globo
Um novo Espaço Sérgio Porto no Humaitá
Matéria de Luiz Felipe Reis originalmente publicada no jornal O Globo em 21 de fevereiro de 2014.
Orçado em R$ 19,5 milhões e previsto para 2016, projeto aprovado pela prefeitura prevê ampliação do espaço
RIO — Um dos mais emblemáticos endereços culturais da Zona Sul do Rio, o Espaço Sérgio Porto quer, precisa e vai crescer. Em meados do ano passado, um grupo formado pela diretora da residência artística do espaço (ENTRE), Daniela Amorim, pelo presidente da Associação de Moradores e Amigos do Humaitá (Amahu), Luiz Carlos Santos, e pelo arquiteto Rodrigo Azevedo elaborou um projeto de ampliação do espaço. O resultado foi entregue ao prefeito Eduardo Paes, que já deu seu aval para a proposta e determinou as primeiras medidas para a mudança. A nova Praça Cultural Sérgio Porto será entregue em 2016, quando o espaço completa 30 anos.
— A prefeitura recebeu o projeto de ampliação e apoia a iniciativa — diz o prefeito, por e-mail ao GLOBO. — Neste projeto, caberá à prefeitura viabilizar a cessão do terreno, hoje ocupado por um posto de combustível, que já foi notificado.
No último dia 3, a prefeitura apresentou uma notificação aos proprietários do posto de gasolina, que fica localizado ao lado do espaço, num terreno cedido pelo governo do estado ao município. A notificação determina a desocupação do imóvel em até um mês. Com a remoção, o terreno passará por um processo de descontaminação.
— É uma etapa que o prefeito se comprometeu a custear — conta Daniela.
Paes explica:
— O processo (de remoção) ainda não foi finalizado — diz. — Mas, a partir daí, a responsabilidade pela construção do novo equipamento não fica a cargo da prefeitura, que tem como prioridade investir nas Arenas Cariocas, nas Zonas Norte e Oeste. Os autores do projeto agora precisam apresentar a viabilidade econômica para isso.
Até agosto de 2014, o grupo traça como meta a contratação e o término dos projetos de arquitetura, assim como o início da captação de recursos para as obras, orçadas em R$ 19,5 milhões.
— A prefeitura se comprometeu com as etapas iniciais e a ajudar na captação numa parceria conjunta, podendo, até, mais à frente aportar algum recurso — diz Daniela. — Mas entendemos que é uma obra na Zona Sul, já privilegiada em em relação às zonas Norte e Oeste. A ideia é contar o mínimo possível com verba pública. Estamos elaborando um plano misto de captação, de que poderiam participar pessoas físicas, assim como empresas e bancos, e já temos interessados. É preciso que seja via patrocínio direto, porque não há lei que se enquadre nisso, não é um prédio tombado.
Assinado por Rodrigo Azevedo, o projeto da praça cultural ocupará um espaço nove vezes maior do que o atual — de 500 para 4.500 metros quadrados. Atualmente com uma sala de teatro para 130 espectadores e duas pequenas galerias, o novo Sérgio Porto terá dois espaços teatrais (330 e 150 lugares), uma sala multiuso, uma galeria de arte, duas praças públicas (no térreo e no terraço da cobertura), além de, mediateca/centro de memória do bairro, restaurante, café, livraria e bar.
— Quando começamos a gerir a programação artística aqui, em 2010, recebíamos cerca de cem pedidos por ano de produções interessadas em usar o espaço. Hoje, são cerca de 200, e não conseguimos atender nem a 10% — diz Daniela. — A demanda aumentou muito, mas, além disso, o novo projeto resolve nossos problemas estruturais.
O arquiteto vai além:
— O projeto tem tripla função: cultural, social e econômica — diz Azevedo. — A ideia é transformar um espaço de arte frequentado só em horários de espetáculo num lugar de encontro, a serviço das demandas e dos moradores do bairro.