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fevereiro 19, 2014
Arquiteto israelense vai dividir o pavilhão da Bienal de SP em 4 áreas por Fabio Cypriano, Folha de S. Paulo
Arquiteto israelense vai dividir o pavilhão da Bienal de SP em 4 áreas
Matéria de Fabio Cypriano originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo em 19 de fevereiro de 2014.
A 31ª edição da Bienal de São Paulo irá dividir o pavilhão desenhado por Oscar Niemeyer em quatro áreas distintas e com arquitetura própria, segundo o projeto do israelense Oren Sagiv.
Um dos cindo curadores da mostra intitulada "Como Falar de Coisas que Não Existem" e programada para ser inaugurada no dia 6 de setembro, o arquiteto Sagiv adiantou à Folha como será a organização espacial do principal evento de artes plásticas do país.
"Esse prédio não é como um container todo igual por dentro, mas é composto por áreas. distintas Por isso, estamos propondo um modelo a partir das características do próprio edifício", afirma Sagiv à Folha.
A primeira área é o que o arquiteto denomina edifício-parque, o térreo do pavilhão, que terá arquibancadas espalhadas pelo espaço. Lá, deverão ocorrer performances, debates e projeções.
"A ideia é que essa área seja um espaço aberto o tempo todo, para que as pessoas já façam parte do evento sem nem mesmo ter entrado nele", afirma. Com isso, as catracas da Bienal seriam dispostas após esse setor.
DIVISOR
A segunda área é o "edifício-meio", uma área intermediária que percorre os três andares do pavilhão, mas será uma espécie de divisor de todos os setores.
Segundo Sagiv, "como o edifício é fora de proporção para uma escala humana, com essas áreas bem demarcadas será mais fácil para o visitante se localizar e, assim, tornar o percurso menos fatigante".
Outro setor é o "edifício-rampa", a área em torno da majestosa rampa do pavilhão, onde, em geral, são alocadas obras de caráter monumental, como a polêmica "Bandeira Branca", com os urubus de Nuno Ramos, na 29ª Bienal, em 2010.
A ideia agora não é alocar nesse espaço uma única obra, mas aproveitar o caráter vertical que permite que se observem obras em distintos andares, com um só posicionamento do visitante.
"Creio que o monumental aí é o vazio e é isso que queremos aproveitar", defende o curador-arquiteto.
Finalmente, o último bloco é o "edifício-exposição", nos segundo e terceiro andares, totalizando uma área de cerca de 5.000 m², dos 30 mil m² do total.
Um corredor vazio, em todo o lado esquerdo do pavilhão, de onde se tem a vista para o parque Ibirapuera, será uma espécie de antessala para os espaços reservados às obras. Aliás, obras existirão, de acordo com Sagiv, em todas as seções, mas a divisão ocorre como "uma forma elegante de não usar todos espaços do pavilhão".
SEM OBRAS
Por enquanto, todo esse projeto foi realizado sem se saber exatamente o seu conteúdo, isso é, as obras —já que a maior parte delas está sendo encomenda aos artistas e em fase de produção.
"Criamos uma espécie de matriz, agora muita coisa ainda pode ser alterada de acordo com as obras, vamos ter muito trabalho nos próximos meses", diz Sagiv.
O arquiteto é design de exposições do Museu de Israel, em Jerusalém, e um de seus projetos mais ousados foi para a Quadrienal de Praga, em 2011, quando criou um espaço público aéreo acima da exposição.
Para a Bienal de São Paulo, ele tem a colaboração de Anna Helena Villela, do escritório Metrópole Arquitetos.