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janeiro 20, 2014
Confusão no Salão por Paulo Renato Abreu, O Povo
Confusão no Salão
Matéria de Paulo Renato Abreu originalmente publicada no jornal O Povo em 20 de janeiro de 2014.
A divisão da premiação do Salão de Abril 2013 criou uma polêmica entre artistas, comissão organizadora e o júri, que acusa a Secretaria de Cultura de Fortaleza de não ter respeitado as decisões dos jurados
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O Salão de Abril 2013 é um evento que ainda não acabou. O motivo é o destino do prêmio de R$70 mil da Mostra Competitiva da 64° edição do evento, que encerrou sua programação em novembro passado. Uma polêmica em torno da divisão do prêmio tem gerado impasse entre a organização do evento – promovido pela Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) – e a comissão julgadora, além dos próprios artistas.
Responsáveis pelo júri da Mostra Competitiva, os curadores Ricardo Resende, Eder Chiodetto e Diego Matos manifestaram, por meio de carta enviada à Secultfor no último dia 16, insatisfação em relação “aos rumos da premiação”. Segundo o documento, “a decisão do júri não foi respeitada” ao contemplar o artista plástico cearense Zé Tarcísio com o prêmio único de R$ 70 mil.
Enviada ao secretário de cultura Magela Lima e à coordenação do Salão – em especial, à coordenadora Germana Vitoriano e à produtora Dora Faria –, a carta detalha as idas e vindas em relação ao destino do prêmio. Entre os 30 artistas concorrentes, o júri decidiu pela divisão do prêmio de R$ 70 mil entre o cearense Zé Tarcísio (R$ 50 mil), o mineiro João Castilho (R$ 10 mil) e o pernambucano Bruno Faria (R$ 10). Zé Tarcísio, contudo, contestou a divisão, alegando que o edital definia premiação única.
Atendendo aos pedidos da Secultfor e à exigência de premiação única, os jurados se reuniram novamente optando, dessa vez, por premiar apenas Bruno Faria. A decisão do júri, entretanto, não foi atendida pela organização do evento, que entregou o montante em dinheiro apenas a Zé Tarcísio.
“A nossa primeira decisão como júri foi que o prêmio de R$ 70 mil seria dividido entre três artistas, mas o Zé Tarcísio entendeu que tinha direito ao prêmio integral”, conta Ricardo Resende, afirmando também que a decisão de divisão do dinheiro foi acatada pela organização do evento. Segundo Resende, ele e os outros curadores tiveram de voltar atrás, atendendo pedido da coordenação do evento. “Mudamos mesmo sabendo que o júri poderia decidir pela premiação e que eles nos deram liberdade de dividir o prêmio”, afirma.
Edital
“Eu não aceitei a decisão dos jurados. E em 18 de novembro eu procurei a Dora Freitas, o Magela Lima e Germana Vitoriano para explicar o porquê”, afirma Zé Tarcísio. Após contestação, o pedido do artista cearense foi acatado e ele recebeu o prêmio logo em seguida, dia 2 de dezembro. “Todo esse caso gira em torno do edital. Ele parece que não foi lido, tenho a impressão de que esse edital não foi compreendido”, diz Tarcísio.
Ricardo Resende afirma que o júri estava ciente das informações no edital, mas “achou justo” dividir entre três artistas. Entretanto, alega que, posteriormente, eles atenderam à exigência de premiação única, porém sem optar por Zé Tarcísio. “Já que o setor jurídico da Secultfor exigia que o prêmio fosse único, achamos mais justo dar a um jovem artista, o Bruno Faria, enquanto o Zé Tarcísio receberia menção honrosa pelo seu trabalho”, explica.
Sem o prêmio, Bruno Faria pede “profissionalismo” para que se esclareça a “confusão” em relação ao pagamento. “Só peço respeito e ética. Para mim, esses problemas são questões de interesses locais, entre a coordenação e o premiado que se conhecem, tem uma relação afetiva”. Segundo o artista pernambucano, falta comunicação entre a organização e os artistas. “Eu não fui informado sobre nada, só soube o que saiu publicamente. Quando soube da premiação de R$ 10 mil, tentei entrar em contato com a coordenação, mas eles sempre ficavam escondendo as informações de mim”.
“Todo esse caso gira em torno do edital. Ele parece que não foi lido, tenho a impressão de que esse edital não foi compreendido”, diz Zé Tarcísio
“Só peço respeito e ética. Esses problemas são entre a coordenação e o premiado que têm uma relação afetiva”, acusa Bruno Faria