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julho 3, 2013
Nova gestão quer repensar o MAC por Audrey Furlaneto, O Globo
Nova gestão quer repensar o MAC
Matéria de Audrey Furlaneto originalmente publicada no jornal O Globo em 29 de junho de 2013.
Luiz Guilherme Vergara volta à direção do museu em Niterói, que poderá ser visto vazio neste sábado, como forma de reconhecer a potência de sua arquitetura
RIO - Quando assumiu o Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói pela primeira vez, em 1996, Luiz Guilherme Vergara já sabia que a arquitetura do museu era seu principal atrativo, talvez mais do que as obras que o recheavam. Deixou o cargo em 2008 e voltou no início deste ano, com a mesma consciência: o prédio do MAC e sua vista são sua potência.
É por isso que hoje e amanhã, a partir das 9h, o diretor abrirá o museu sem exposição. O MAC é a obra de arte principal a ser apreciada pelo público nos dois dias, ambos com entrada gratuita.
— Abrimos o museu, vazio, no intervalo entre uma exposição e outra, para que seja um laboratório de experiências artísticas — explica Vergara, que, em 2007, também expôs o museu vazio ao público.
O fato de estar vazio, porém, não significa que está sem programação. No evento, batizado de “MAC como obra de arte”, haverá performances do coletivo Filé de Peixe e do Urbanário, concerto da Orquestra de Cordas da Grota e oficina de brinquedos com material reciclado, coordenada pelo artista Deneir Martins, exibição de filmes, apresentação de coreografias, entre outros.
Mais do que uma agenda do museu, o projeto marca a volta de Vergara ao MAC. Ele conta que assumiu depois de negociar com a Prefeitura de Niterói o aumento de verbas para o museu e outras mudanças ainda em fase de elaboração. Se atualmente o MAC é uma unidade dentro da Fundação de Arte de Niterói (sem um CNPJ próprio, segundo Vergara), estuda-se que adote o modelo de organização social, como faz o Museu de Arte do Rio (MAR), por exemplo. Com a mudança, a instituição teria a gestão mais flexível, menos burocratizada.
— Niterói é quase a Iugoslávia se comparada ao Rio — brinca Vergara. — É um museu da cidade, e sua potência ultrapassa a compreensão dos gestores públicos. A máquina administrativa mantinha esse museu como uma carcaça de sucesso. Agora, há uma vontade política de repensar.
Vergara diz ainda que, neste ano, o MAC fará uma convocatória para artistas a fim de receber projetos para a varanda do museu, a rampa e até para a grade — o que confirma a consciência de que a instituição é muito visitada por sua vista e pela arquitetura de Oscar Niemeyer.
— O MAC não é nem pode ser um museu só de exposição de objetos. Ele próprio é uma obra de arte. O museu é como se fosse uma agência para a irradiação de conteúdos — defende o diretor.
Segundo ele, há ainda projeto para construir uma nova reserva técnica para o museu. No próximo sábado, 6 de julho, o MAC abrirá a mostra “Biografia incompleta”, um recorte da coleção João Sattamini.